Fez-se luz sobre Zaporozhie

(Hugo Dionísio, in Facebook, 21/04/2023)

Fez-se luz. Meses a fio de tentativas desesperadas, com vista à tomada da Energodar NPP, em Zaporozhie, subitamente iluminadas. A última destas suicidas incursões envolveu dezenas de barcos através do Dniepre e centenas de soldados – da Ucrânia claro -, enviando-se para a morte os filhos dos outros! Meses a fio de bombardeamentos, às proximidades da maior central nuclear da Europa, contando com a leal – e previdente – direção de coordenação da comunicação social mainstream

Sem o desejar, tentar ou enunciar, foi a própria CNN quem desvendou o porquê das duas atividades. Ficámos a saber, no dia 19 de Abril, que os EUA avisaram a Rússia para não tocar na tecnologia nuclear americana, guardada na NPP, (ver aqui ). Senão fosse trágica, a narrativa encomendada à CNN, seria de rir a bandeiras despregadas.

Como não poderia deixar de ser, tanto a notícia, como a carta, só falam de informação técnica, software, etc. Contudo, devemos sempre questionar-nos sobre o que está para além do muito que não é dito, quer na carta enviada à ROSATOM, quer no que a CNN apurou.

Partindo do critério de que, o que é dito visa esconder o que ficou por dizer, ou, a narrativa adotada é o contrário da realidade concreta – o que a recente fuga do Pentágono confirma de todo -, julgo que podemos confirmar ou, pelo menos, tomar como muito prováveis, as seguintes informações:

Na Energodar estão armazenados mais de 300 mil milhões de dólares, em urânio enriquecido a níveis acima dos necessários para produzir energia elétrica, o que vai para além do caracter, meramente “civil”, da “tecnologia” em poder dos russos;

As declarações do comediante Z. sobre a necessidade de o seu regime se armar com armas nucleares, poderiam ter mais na manga que um mero desejo, sendo plausível que, hoje, se especule se os EUA não estariam a promover o desenvolvimento da tecnologia nuclear ucraniana, no sentido de estes poderem chegar, “por si próprios”, à aplicação militar da tecnologia nuclear.

Esta técnica não é nova, tendo sido já usada pelos próprios EUA em Israel, por exemplo. Na notícia aponta-se que esta cooperação foi tornada “pública” pelo Departamento de Energia dos EUA em 2021. A justificação reside em “ajudar a implementar novos procedimentos de manutenção e operações no reactor que visam fortalecer a segurança energética”.

Parece-me que, face ao que os russos terão encontrado, esta carta visa dois objectivos muito concretos:

1. O de tornar conhecida uma narrativa que “desmonte” e substitua qualquer acusação futura, que os russos possam fazer, sobre o facto de os EUA estarem a ajudar um regime hediondo, como o de Z., a armar-se com armas nucleares.

2. Orientar a atividade noticiosa, da imprensa ajoelhada, para a narrativa do caracter civil da cooperação, criando um muro entre a narrativa “oficial” e qualquer outra que surja, logo a classificando como “teoria da conspiração” ou “propaganda russa”.

Seja o que for que lá esteja e a que os russos tenham jogado a mão, o seu valor é superior às largas centenas de homens mortos na tentativa de tomar a central. É, pelo menos, esse o entendimento de quem os mandou para lá! O elevado valor do “material” também justificou o bombardeamento das proximidades, para criar uma ideia de insegurança permanente, face aos combates, e, dessa forma, obrigar a Rússia a aceitar a entrega da central, pelo menos, a uma força da ONU (ou da AIEA), o que equivaleria a dizer que seria uma força controlada pelos EUA. Dessa forma, conseguiriam remover o que lá colocaram.

Estes bombardeamentos foram tão desesperados que justificaram a construção de uma narrativa absolutamente inverosímil, segundo a qual os russos bombardeiam o que é seu. O que envolveu, não apenas, a imprensa ajoelhada, como o próprio Director da AIEA, o qual, estando na central e vendo de onde vinham os bombardeamentos, dizia “não consigo perceber quem os faz”.

Estar sob escuta 24/7/365 e sob bullying constante causa grandes problemas ao nível da percepção da realidade: fala-se do que não existe e vê-se o que não está lá. Basta olhar para os desgraçados dos diretores de informação, comentadores do regime e demais arautos psicóticos, para perceber que o fausto em que vivem, se paga bem pago. Não sinto mais por eles que não pena. Pena por se descer tão baixo, por pensar tão pouco, por estar sempre atrás, por estar sempre para trás.

Não podendo pensar à frente – não vão pensar algo que lhes esteja interdito – também não poderão, alguma vez, pensar no tipo de narrativa que se preparou para a Energodar. Esta narrativa está ao nível de um Nord Stream – já devidamente desmontada -, de umas armas de destruição em massa ou de um “russiagate”. Por comparação e face ao trabalho a que se deram, podemos antever o real valor do que lá está.

Mas a carta é elucidativa noutros aspectos também. Uma das piadas mais interessantes que conta é o facto de sublinhar que “é ilegal, segundo a lei dos EUA, a pessoas não autorizadas, como a ROSATOM e as suas subsidiárias, conscientemente aceder, possuir, controlar, exportar, armazenar, reter, rever, reexportar, embarcar, transferir, copiar, manipular a tecnologia ou os dados, ou autorizar outros a fazê-lo, sem que essas entidades russas sejam autorizadas” pelos EUA. É razão para perguntar o que farão. Se vão prender o diretor da ROSATOM e seus funcionários. Se vão à Rússia buscá-los.

Claro que não podemos ser ingénuos, sobre o real significado desta jurisdição extra fronteiriça que, os EUA, atribuem a todas as suas leis. Na minha opinião, o que a carta – e o correio televisivo da CIA que é a CNN – diz aos russos é o seguinte: “se vierem a público dizer qualquer coisa que contrarie o que dizemos, ficamos a saber que praticaram um dos actos que consideramos ilegais”. Nos termos em que o colocam na lei, até olhar para a coisa é crime. Mas não se ficam por aqui. Agora vem o principal: “se o fizerem, qualquer russo que apanhemos pelo mundo, que trabalhe em qualquer coisa relacionada com o “nuclear”, será sequestrado, raptado, enviado para a estância humanitária de Guantánamo Bay e tratado como espião, por capturar e revelar segredos de estado”. Eis porque se deram ao trabalho de escrever esta carta.

Então, mas porquê a notícia? Porque, como a ROSATOM pegou na carta e a meteu num cartucho de 155 mm e enviou-a aos congéneres do regime de Bandera – estes também vieram falar disto -, teve de se garantir que os russos receberam mesmo a mensagem. Ninguém pensará que eles não ouvem a CNN, certo? Pode nem ser isto e se calhar não é, mas não pensem é que, nos dias que correm, a CNN ou outra gaiola (de papagaios) da mesma estirpe, traria um assunto destes à baila sem objetivos muito concretos. O de preparar o público para a narrativa de substituição da verdade, é um, o outro, pode ser uma tomada de posição pública, numa era em que os canais diplomáticos estão entupidos de ignorância, imbecilidade, estupidez e muita poia que sai das cabeças pensadoras que pensam, por conta do que Biden não pode, nem é capaz de pensar.

Agora, a conclusão que retiro, desta muito confirmativa “notícia”, é a de que esta é mais um resultado das malfeitorias da elite, que controla o regime paranoico que domina os EUA. Por muito que me custe, considerando os dados históricos, o “modus operandi” e sendo tal a predisposição desta gente para o crime, a mentira e a ocultação da informação ao povo, sou obrigado a lançar a suspeita de que estava em marcha um projeto que resultaria, a médio prazo, no armamento do regime Bandera com armas nucleares. Não digo, porém, que fosse objectivo usar armas nucleares… Contudo, um gangue de loucos nazis, com armas nucleares… Já estão a ver o que tal implicaria em termos de submissão da Rússia.

Esta terá sido, para mim, a par de outras, uma das principais causas de entrada dos russos na “Operação Militar Especial”. Tenho a certeza de que eles souberam desta situação e ficaram em pânico, o que obrigou o presidente Putin a tomar, finalmente, a decisão de agir.

Ter a certeza de que, sendo verdade, os russos acederam facilmente à informação, não é nada de fantástico. Só para dar um exemplo do nível de informação que os russos teriam do que se passava em Zaporozhie, temos o canal Telegram de um nazi dos AZOV de Zaporozhie, que lutam pela recuperação da Energodar (chama-se “atual  Energodar”), e dedicam-se a identificar, no Telegram, os trabalhadores da central e da cidade, os quais, sendo ucranianos de nascimento, segundo eles, se “venderam” aos “orcs”. Colocam as fotos, os nomes, currículo, morada, data de nascimento, telefone, tudo, e ameaçam de morte como fazem os nazis que pretendem imitar e que perseguiam as pessoas de que não gostavam. Isto só comprova que, ao contrário do que dizem os sempre desinformadores serviços “secretos” britânicos, não faltavam lá trabalhadores ”pró-russos”, o que equivale a dizer “ucranianos, falantes de russo”.

Isto explica o porquê de, logo nas primeiras horas da operação, terem corrido a tomar a central – foram logo lá -, numa operação que teve tudo de previamente planeada, pensada e executada com forças especiais, de forma que não falhasse, o que só sucedeu com infraestruturas militares muito prioritárias, como o caso dos laboratórios bio militares secretos. Simplesmente, eu não compro a treta de que “ah, foi para garantir a segurança da central”, à qual os Banderas responderam com “ah, nós é que garantimos a segurança”, ao que os caniches ingleses bradaram “ah, os russos estão a violentar os trabalhadores”, concluindo os seus donos com “os russos estão a bombardear a central que tomaram e querem segurar”.

Todos queriam tanto aquela central. Não por ser “aquela”, mas por estar em mão dos russos e, no caso destes, pelo que esta teria lá dentro. Ainda o havemos saber com certeza absoluta. Ultimamente não temos esperado muito tempo pelas confirmações absolutas. Mas, esta confirmação nunca virá do reduto territorial da NATO. Imaginam o que seria saber-se que, para além das outras razões todas que assistem aos russos, ainda acrescentássemos esta?

Agora, o que isto tem de extraordinário? A meu ver, muito pouco. Para quem instalou dezenas de laboratórios bio militares secretos, pagos com dinheiro do orçamento americano e de empresas privadas como a Pfizer, os quais, segundo está documentado, provado e reportado às Nações Unidas – que Guterres leu de olhos fechados para depois vir dizer que não sabia -, desenvolviam perigosíssimas estirpes de vírus, bactérias, fungos e suas formas de transmissão, via humana ou animal… Esta é apenas mais uma aplicação do que constitui o plano de ataque dos falcões e suas crias.

A construção de um projéctil social para ser atirado contra o inimigo russo demorou muitos anos e representa a construção de um edifício que foi crescendo ao longo do tempo. Quando começámos a ouvir falar que havia falcões que consideravam possível ganhar uma guerra nuclear com a Rússia, não deveríamos ter considerado improvável tal acontecimento. Deveríamos ter questionado: como vão fazê-lo? Talvez produzindo uma guerra nuclear contida. Como agora tentam fazer em Taiwan, possivelmente.

Gente desta não tem limites. Portanto, aplicar-lhes os mesmos limites morais e éticos de alguém que trabalha, vive a sua vida e quer simplesmente viver em paz, é um erro crasso. O projecto – hoje mais difícil de concretizar -, passava pelo escudo balístico na Europa que impediria os mísseis de passarem para o Ocidente, necessitando de um país mártir, que fosse traído ao ponto de ser usado como terreno de uma luta nuclear geograficamente contida, mas que destruísse a Rússia. Que tal um país que já estava contaminado? Que tal um país em que foi – pelo menos no Ocidente – criada uma política de ódio tal, que tivesse alguém louco – e corrupto – o suficiente, para o fazer? Seria apenas necessário fazer avançar a tecnologia nuclear de que já dispunham, mas a um ritmo muito mais rápido e no sentido militar.

Mais tarde, quando acontecesse, viriam dizer que os ucranianos o tinham conseguido sozinhos e nem toda a verdade do mundo, destruiria o muro propagandístico que a imprensa ajoelhada criaria para a conter. A verdade seria, como hoje, apenas de uns quantos teimosos e “malucos das teorias da conspiração”.

Não o tendo conseguido e estando em caminho de se dar por perdida a aventura neonazi na Ucrânia – há quem diga que os documentos vazados visam começar a preparar o público para o inevitável – a solução a adoptar está a ser iniciada pela Finlândia, que consiste na construção de mais um muro altíssimo, que separará o país da Rússia.

Considerando o que está em preparação em Taiwan e que visa o mesmo tipo de isolamento… O que ocorrerá na cabeça de vento desta gente, passará talvez por isolar a China e a Rússia do mundo que eles acham que lhes pertence. Não se esqueçam eles é que, a história nunca corre bem para os que erguem os muros…. Normalmente ganha quem os deita abaixo. Vai tentando, tentando até conseguir.

Nem as muralhas mais altas, os castelos mais fortificados e os muros mais sólidos impediram a história de avançar. O Ocidente está prestes a descobrir que o mundo não se confina ao Império anglo-saxónico.

E é isso que espero. Não existe nenhum muro capaz de parar a luz da verdade! E a luz da Energodar é apenas um começo.


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Terá a América um futuro?

(Paul Craig Roberts, in Resistir, 31/03/2023)

Neste artigo, explico porque penso que a guerra nuclear está nas cartas. Sei que a maioria não quer ouvir isto. Mas se ninguém souber, há ainda menos hipóteses de a evitar…

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À beirinha do precipício

(Hugo Dionísio, in Facebook, 24/03/2023)

O governo inglês é, também, o governo mais representativo do que representam, hoje, as designadas “democracias” ocidentais e a indiferença que uma figurinha, ou outra, representam na definição das políticas internas e externas dos apêndices geográficos dos EUA. Daí que, tenha vindo precisamente daí, o informante escolhido para comunicar ao mundo mais um passo nesta histérica escalada belicista – tão irresponsável quanto desesperada -, a qual, continuando, nos arrastará para uma guerra nuclear.

No dia 20/03/23, o Ministro dos Negócios Estrangeiros do Reino Unido, confirmou, perante uma questão colocada por um membro da Câmara dos Lordes, a intenção de enviar munições de urânio empobrecido para a Ucrânia. No dia 22, passadas 48 horas, o mesmo ministro, perante um grupo de pretensos jornalistas, reafirma a intenção, dizendo que não representava um passo no pior dos sentidos possíveis.

Tal como estas figurinhas de coleção não representam qualquer risco de desvio dos caminhos previamente traçados e comunicados nos mais diversos fóruns “formativos” – do G7 à NATO -, os supostos jornalistas situam-se, rigorosamente no mesmo plano, limitando-se a ouvir e reproduzir, não o que ouvem, mas o que escrito está nas inúmeras cartilhas, que também recebem, através dos mais diversos fóruns ligados à “informação”.

A utilização de urânio empobrecido numa guerra levanta inúmeros problemas e questões, do ponto de vista dos princípios plasmados na Convenção de Genebra. Não é apenas no domínio do tipo de arma que o problema se coloca, implicando, também, o uso destas munições, uma violação das regras do direito internacional, em matéria ambiental, como muito bem expõe Nikhil Shah, num artigo sobre o tema (ver aqui). A tudo isto, a zelosa “imprensa livre”, respondeu com a cartilha… Silêncio total!

Independentemente das considerações do TPI a respeito – optando por adotar uma interpretação restritiva em relação à aplicação da Convenção de Genebra ao urânio empobrecido e às armas nucleares -, apenas a enorme força mediática dos EUA faz com que estas armas, não apenas sejam regularmente usadas pela NATO, como a sua utilização não atraia a atenção que a sua força destrutiva deveria suscitar. A tristeza é que, fossem outros a usá-las e logo os juízes do TPI sairiam de dosímetros em punho, para os usar no primeiro foco de radiação que lhes dissessem existir.

E se, esta atitude, por parte do TPI, levanta todas as questões… para mais em tempo de assunção frontal da política de justiça cega. Já a atitude da comunicação social “responsável e credível” é demonstrativa do estado letárgico e vegetal, que assume, quando se tratam de questões que beliscam – mesmo que tenuemente – a imagem internacional dos EUA e seus apêndices.

Daí que, do meu ponto de vista, e contando com tal postura por parte do TPI, ONU e Conselho da Europa, o comportamento mais grave, a que pudemos assistir, consistiu na serena naturalidade e normalidade com que foi comunicada a intenção de uso de armas contendo urânio empobrecido, no conflito que grassa no leste europeu. Esta atitude torna tudo mais chocante. Ao nível disto, só a “ameaça”, por parte da primeira-ministra relâmpago, Liz Truss, de “não hesitar carregar no botão” nuclear, caso alguma situação o suscitasse. Fê-lo com tanta leviandade que, apenas no Sul Global e junto dos residuais seres pensantes, ainda persistentes no Ocidente coletivo, esta revelação suscitou a gravidade que o evento justificava.

Assim, do dia 20 de Março de 2023 em diante, a coisa não foi diferente e a orquestra seguiu o mesmo diapasão a que já nos habituou: a comunicação social ao serviço do país que Lee Camp tão bem caracterizou como um “exército com um mercado de capitais acoplado” (“militar with a stock market”), limitou-se a fazer como fez com Liz Truss – se se disse, está dito! Não se fala mais nisso!

Contudo, quem tem ainda alguma massa encefálica, naquela caixa chamada craniana, e tem amor à sua vida, aos seus filhos, à Humanidade em geral e vive a sua vida de acordo com algum entendimento do que as lições da História nos vão dando, não pode deixar de se encontrar em níveis cardiologicamente perigosos de preocupação, com o nosso destino colectivo.

O Kremlin apressou-se a dizer que “já não existem muitas linhas vermelhas em falta, para serem ultrapassadas”. A este respeito, refira-se que a suposta “não intervenção da NATO” no conflito, que supostamente previne a confrontação nuclear, só acontece porque o Kremlin tem uma postura responsável e adulta – por muito que custe a muita gente -, e finge não ver o que está à frente de todos: A NATO participa directamente no conflito, de muitas e variadas formas.

Se, para a maioria dos militares sérios, da NATO, a possibilidade de uma vitória sobre a Rússia, já se tinha tornado uma miragem; para os mandatários do sistema corporativo e financeiro que nos domina, essa miragem continuava presente nas suas perturbadas mentes. Mas, eis que, nos últimos tempos, aos poucos, foram sendo obrigados a acordar para a vida e, como com qualquer criança mimada, primeiro veio a desilusão, depois a histeria e, agora, o pânico.

E, para quem acha que estou a exagerar, talvez possam consultar uma das muitas páginas a respeito dos danos, desumanos, desnecessários e criminosos, que as armas de urânio empobrecido provocam no meio ambiente, nos solos, nas águas, nas populações, nas gerações e nos soldados, de um e doutro lado (ver aqui). Para quem não acredita em fontes extra ocidentais, fica aqui um trabalho de Harvard.

Ora, tal decisão, tomada pelas mais altas esferas do poder autocrático, oligárquico e pro-apocalíptico que caracteriza, hoje, a elite estado-unidense, visa, na minha modesta opinião, provocar dois tipos de reacção, ambas coordenadas entre si:

  • Face à mais do que anunciada derrota militar, política e económica, não apenas do regime banderista, mas também dos EUA e seus apêndices, o uso de armas de urânio empobrecido visa punir, coletivamente, aquelas populações pela sua decisão de incorporarem o território russo;
  • Perante a introdução da dimensão nuclear no conflito – e lembrar-me que a propaganda hedionda passada no último ano dizia que eram as tropas russas que o fariam primeiro –, e os seus efeitos nefastos ao nível biológico e ambiental, tenta-se arrastar a Rússia para a utilização de armas nucleares – mesmo que tácticas -, que suscitem a entrada direta da NATO e, assim, a confrontação nuclear.

Perceber o primeiro objectivo é mais simples, por radicar no que fizeram os nazis na Segunda Guerra Mundial e os EUA na Coreia do Norte e Vietname, envenenando solos e deixando danos geracionais que – tal como na Sérvia – ainda hoje afectam aquelas pessoas. A esta política, chamou-se “terra queimada”. Uma vez mais, só o poderoso aparato propagandístico dos EUA, que vai da imprensa ao cinema, música, literatura e publicidade comercial, permite que, por cá, não se responsabilize a sua elite criminosa e genocida, pelos crimes hediondos que continuamente pratica.

Já para desmontar o segundo objetivo, é necessário perceber as diferenças políticas entre a elite americana. No caso concreto, as forças neoconservadoras (neocons), afetas aos Bush, Cheney, Rumsfelt, Joe Bolton ou MCcain, que hoje convivem, lado a lado, com as forças neoliberais e globalistas afectas aos Clinton, Biden ou Nulland. Eles consideram – segundo informações mais ou menos veladas – que é possível aos EUA, usando a sua faculdade de “first strike” (primeiro tiro), ganhar uma confrontação nuclear com a federação russa. O governo de Sunak, como conservador que é, tem as suas maiores ligações com os republicanos neoconservadores americanos, como é óbvio.

Segundo esta gente absolutamente abominável, é possível com este “first strike” destruir uma parte muito grande dos silos terrestres contendo armas nucleares russas prontas a disparar, e depois, o que sobrar, é, em parte, abatido pelo escudo antimíssil instalado na Europa e EUA. Claro que, não garantindo que os fariam cair todos, algum haveria de ir ali parar… Mas, nesse caso, é preciso ver em que plano mental esta gente se situa. Para esta gente, o poder é a coisa mais importante de todas e, mesmo acreditando que sobreviveriam, também suspeito de que preferiam morrer a prescindir de tal poder. E é, em parte, a este tipo de gente que estamos entregues.

Claro que, a suspensão, pela federação russa, do último dos tratados de não proliferação que ainda sobrevivia – o 2010 New Strategic Arms Reduction Treaty (New START) -, levantou um problema importante, pois impede os inspectores dos EUA de acederem aos locais de instalação dos silos, podendo estes serem trocados, aumentados, etc… Por outro lado, e como já nos foi possível observar, o arsenal nuclear russo também se fará sentir nos submarinos, barcos e aviões. Ou seja, a força destrutiva remanescente é demasiado grande para ser desconsiderada. Mas, como alguém disse, estamos a falar de gente louca, em estado de pânico, o que é tremendamente perigoso.

Uma vez que a Ucrânia, não sendo membro do TPI, concedeu jurisdição ao mesmo no seu território, caso esta farsa judicial funcionasse, seria esta a hora de declarar o uso de urânio empobrecido como crime de guerra e crime contra a Humanidade. O que poderia impedir, depois da histeria toda montada em torno do mandato de prisão ao presidente russo, o uso destas munições neste conflito, evitando, assim, as portas apocalípticas que, num caso ou outro, se abririam.

Mas, para tal, o TPI tinha de funcionar como tribunal e não como moçoilo de recados dos poderosos, actuando, apenas, quando alguém – faça bem ou faça mal – belisque os interesses da elite autocrática dos EUA e seus apêndices.

Estamos, pois, perante uma das últimas cartadas a jogar por estes incompetentes, cujas acções funcionam sempre ao contrário do que pretendem. Esta, estou em crer, que não será diferente. Até adianto mais, hoje, o Sul Global deve estar, uma vez mais, horrorizado perante o nível de loucura a que esta gente chega no seu seguidismo. Muitos, por lá, se devem mesmo questionar se não sobra alguma réstia de sabedoria e bom senso nos EUA e, principalmente, ao apêndice europeu, continente já destruído por duas Guerras Mundiais.

Esta situação deveria mesmo suscitar que fosse colocada, aos governos dos países da NATO, a seguinte questão: o que têm V.ªs Exas a dizer, sobre a introdução do elemento nuclear, na guerra da Ucrânia, e os perigos que tal comporta, de possível confrontação apocalíptica! A resposta seria: “Não! Todos trabalhamos para que não cheguemos aí… Se chegarmos aí, a culpa é do Mr. Putin!” E, pronto, por aí seguiríamos até ao descalabro final, contentes de que a culpa é do inimigo. Como se numa guerra, só houvesse um culpado!

Perante a incapacidade de provocarem a “revolução colorida” que queriam e de o povo russo não fazer quase ideia do que são as sanções “do inferno”, realidade bem traduzida numa visita por parte de um jornalista americano a Irkutsk, na Sibéria, em que, visitando um concidadão ex-marine, pôde constatar, em directo, que “nada mudou” (ver aqui), e, incapazes – como qualquer ser pensante preveria – de dobrar o maior país do mundo, com um dos dois exércitos mais poderosos, eis que, a opção desta brigada de “escuteiros” consistiu em escalar o conflito para níveis em que tudo correrá o risco de se tornar irreversível.

E para que se perceba que, mesmo estes missionários, já estão a atingir o seu limite, foi o próprio Primeiro-ministro checo que foi o escolhido para anunciar ao mundo – leia-se “Ucrânia” – que, “ou aproveitam esta próxima ofensiva”, recheada de urânio empobrecido, diria eu, ou “irá acabar-se o apoio ao país”.

Ora, a não ser que – e eu acredito piamente nisto -, o uso de urânio empobrecido abra a porta para uma farsa do tipo daquelas que os EUA e as forças do regime neonazi têm tentado vezes sem conta; como seja, a de acusarem a federação russa de usar armas nucleares tácticas e, utilizando a contaminação, das suas próprias munições, como prova, fazer entrar os EUA directamente no conflito – leia-se aqui “apêndices dos EUA como a Polónia e bálticos” -; julgo que não será a introdução deste elemento nefasto que fará alterar, o que quer que seja, no curso desta guerra.

Não custa nada acreditar nisto, uma vez que, quem segue as informações do “inimigo” – e é um dever de quem procura conhecer a realidade -, sabe que estes têm denunciado, inúmeras tentativas, por parte do regime ukronazi, de provocarem situações de bandeira falsa, através da contaminação das zonas de combate com produtos químicos, que armazenam para o efeito, ou, de forma ainda mais desesperada, com os bombardeamentos quase diários à central nuclear de Energodar.

Quanto à desfaçatez do governo de Sunak e companhia… O que esperar de um governo autocrático, não eleito sequer – como se isso fizesse alguma diferença para quem domina os meios poderosíssimos de propaganda à disposição -, liderado por um multimilionário oligarca? Também me vão dizer que representa os interesses do povo? Ora essa!

O que demonstra toda esta corrida desenfreada para o precipício é que, ou os povos europeus se preparam para a luta pelos seus direitos, pela sua liberdade, pela sua democracia, ou, acabarão como acabaram os que estavam do lado de lá das forças nazis… a punição colectiva e a terra queimada!

Em França, já todos podemos antecipar com que disposição estes funcionários estão para nos ouvir! Está na hora do confronto! Ou cairemos, inevitavelmente, no precipício!


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