Renomeie o mundo

(Por Batiushka in Reseauinternational.net, Trad. Estátua de Sal, 30/09/2023)

Diz-se que Nero tocou violino enquanto a Roma pagã, que ele próprio incendiou, ardia. Hoje temos a imagem do Presidente Putin a tocar o seu violino enquanto o império sucessor da Roma pagã (o Ocidente pagão) arde. A diferença é que não foi o Presidente quem iniciou o incêndio, foi esta Roma que começou a arder e que, além disso, recusou até agora qualquer ajuda russa para extinguir o incêndio que ela própria criou. 

Portanto, a Rússia não tem pressa em acabar com o incêndio na Ucrânia, pelo qual o Ocidente é inteiramente responsável. Deixe-a lutar: o inverno está a chegar e depois haverá as eleições nos EUA em Novembro de 2024, razão pela qual a elite ocidental egoísta não quer acabar imediatamente com o conflito ucraniano.

O Ocidente já foi forçado a abandonar a sua melhor esperança na Ucrânia, a da vitória, e a sua segunda melhor esperança, a de um “ conflito congelado ” ao estilo coreano. A libertação de toda a Rússia, a leste e a sul da Ucrânia, continuará, enquanto o resto será neutralizado e desnazificado, transformado num satélite inofensivo sem litoral. Depois disso, a Europa terá de adotar uma atitude muito diferente em relação a uma Rússia vitoriosa, bem como aos BRICS. Quanto aos Estados Unidos, terão de organizar a sua própria festa colossal de gangsters e banqueiros cor de fentanil. E é provável que esta união artificial reforçada pela violência se divida, por sua vez, e tenha de ser renomeada.

Mudando nomes de lugares

Deixando de lado o Ocidente pequeno, egocêntrico e em colapso, o resto do mundo já está a planear reformular a sua marca na era pós-americana. A Índia poderá em breve mudar seu nome do inglês “ India ” para o hindi “ Bharat ”. Esta é apenas a última de uma longa e lenta série de mudanças de nomes após a colonização. É completamente normal que os países sejam referidos pelos seus próprios nomes e não por nomes estrangeiros. A China será o próximo país a mudar de nome? Zhong Guo? Independentemente disso, mesmo sem esta última mudança, que daria ao BRICS+6 o nome polaco BRBZS, o BRICS+6 necessitará de um novo nome.

O processo de renomeação de países e colónias no mundo pós-ocidental está em curso há vários anos. Os antigos nomes coloniais são abandonados. Entre muitos exemplos, os mais conhecidos são talvez as mudanças de Pequim para Pequim, de Bombaim para Mumbai, do Sião para a Tailândia, do Alto Volta para Burkina Faso, do Zaire para a RD Congo, da Rodésia para o Zimbabué, da Niassalândia para o Malawi, da Do Sudoeste de África à Namíbia, da Birmânia a Mianmar, do Ceilão ao Sri Lanka e recentemente da Turquia a Turkiye. Contudo, os processos de desocidentalização e de nativização ainda estão longe de estar concluídos.

Considere termos como “Extremo Oriente”, “Oriente Médio” e “Oriente Próximo”. Todos esses termos são absurdos. Leste de quê? Do ponto de vista japonês, o que é chamado de “Médio Oriente” deveria ser chamado de “Médio Oeste”. Felizmente, estes termos já estão a desaparecer em favor dos termos geograficamente precisos “Ásia Ocidental” e “Ásia Oriental”, e o termo sem sentido “Oriente Médio” quase desapareceu. Claro, ainda temos o termo “Europa”. Isto é um problema porque a Europa não é um continente geográfico. Curiosamente, é o único “continente” cujo nome em inglês não começa e termina com a letra “A”.

Todos os outros continentes estão separados uns dos outros por oceanos. Sim, é verdade que um istmo muito estreito, cortado por um canal, liga a África à Ásia e, da mesma forma, a América do Norte à América do Sul. No entanto, a península europeia tem uma “fronteira” com a Ásia que se estende por milhares de quilómetros e a sua posição entre a Europa e a Ásia nunca foi clara. Isto porque a Europa é uma construção, uma divisão, um continente artificial. Chegará o dia em que abandonaremos completamente a palavra “Europa” e chamaremos esta região de “Noroeste da Ásia” ou simplesmente de “Eurásia”? (Etimologicamente, a palavra Europa significa simplesmente “o oeste”, assim como Ásia significa simplesmente “o leste”).

Em seguida vêm a Austrália e as Américas. Estes não são certamente “novos mundos” para aqueles que viveram lá durante dezenas de milhares de anos antes de os europeus os descobrirem e só recentemente os terem renomeado. O nome latino Australásia é gradualmente substituído por Oceânia. Talvez isso seja bom, mesmo que “oceano” ainda não seja uma palavra nativa. Mas e o nome Austrália? Como isso poderia mudar? Quanto ao nome anglo-holandês “Nova Zelândia”, ainda poderia ser substituído pelo nome indígena Aotearoa. Quanto às Américas, não parece haver nenhuma alternativa séria sobre a mesa. Ainda é estranho que dois continentes tenham recebido o nome de um cartógrafo italiano que nunca viveu lá e os visitou apenas brevemente. Alguns sugeriram “Brasília” para a América do Sul, mas de qualquer forma é uma palavra gaélica escocesa que significa “Grande Ilha”. Quanto à América do Norte, “Ilha da Tartaruga” parece uma escolha improvável. A questão permanece, portanto, sem resposta.

Depois há toda a questão do próprio termo “Ocidente”. Esta é novamente uma construção. A Europa deve ser o “Oriente Médio” visto de Nova Iorque, mas Nova Iorque deve ser o “Oriente Médio” visto de Los Angeles e a Europa deve ser o “Extremo Oriente” visto de Los Angeles. No entanto, se abandonarmos o eurocentrismo, que está no cerne do problema, e colocarmos o Japão no centro, então Nova Iorque estará no “Extremo Oriente”, a Europa será o “Extremo Ocidente” e a Austrália, da cultura ocidental, deverá ser o “Extremo Sul”. Um dia teremos que encontrar termos exatos.

Renomeando guerras e história

A renomeação das guerras é outro problema causado pelo eurocentrismo. Os exemplos mais óbvios são a Primeira e a Segunda Guerras “Mundiais”, que na verdade deveriam ser renomeadas como Primeira e Segunda Guerras Imperialistas Ocidentais. Há, no entanto, uma infinidade de exemplos mais recentes. A Guerra do Iraque deveria na verdade ser chamada de Guerra Anti Iraque, tal como as Guerras da Coreia e do Vietname deveriam ser rebatizadas de Genocídio Ocidental na Coreia e de Ocupação do Vietname pelos EUA.

Se recuarmos ainda mais na história, encontraremos o ataque não anunciado dos japoneses à Rússia, chamado de “Guerra Russo-Japonesa”. Uma vez que o Japão foi usado como representante do Ocidente para este ataque (tal como a Ucrânia hoje), deveria ser chamada de Guerra Ocidental e Japonesa contra a Rússia. Depois, no século XIX, temos o chamado “Motim Indiano”, corretamente chamado na Índia/Bharat de “a Primeira Guerra de Libertação”. A Guerra da Crimeia deveria ser renomeada como invasão anglo-francesa da Rússia. Quanto às “guerras do ópio”, seria certamente mais apropriado chamá-las de “genocídios britânicos na China”.

Há também a renomeação de períodos históricos. O que é a “Idade Média”? Na Europa Ocidental, há pouco acordo sobre o significado deste termo, muito menos sobre o absurdo da sua utilização para culturas não-ocidentais. O que podemos dizer com certeza é que os ocidentais que viveram entre os séculos XI e XV, por exemplo, não pensavam que viviam na Idade Média. E então, quando aconteceu o “Renascimento”? E o que é arquitetura “gótica”? Tantos nomes que apenas denunciam os preconceitos e a ignorância de quem os inventou, geralmente séculos depois de terem existido.

Outro exemplo é a estranha expressão “anglo-saxão”. Hoje, curiosamente, tende a ser usado para “anglo-americano”. De qualquer forma, não tem nada a ver com os povos germânicos que eram chamados de anglos e saxões. Eles nunca usaram o termo “anglo-saxão” para se descreverem. Eles foram chamados de “Inglês”. Não pronunciamos “Inglês”, como hoje, mas sim “Inglês”. Eles eram os verdadeiros ingleses. Os normandos (que na verdade foram os últimos piratas e invasores vikings) vieram atrás deles, depois os anglo-normandos.

Estes últimos eram formados por normandos e mercenários traiçoeiros entre os ingleses, que não tinham identidade, princípios ou crenças (viviam principalmente em condições urbanas e não na terra). Eles escolheram conformar-se com aqueles que têm poder e dinheiro, isto é, a nova classe dominante composta por aristocratas e comerciantes famintos por poder e dinheiro. Isto é chamado de “Estabelecimento” porque são invasores estrangeiros que “se estabeleceram” explorando e implicando habitantes locais covardes e sem princípios. E os anglo-normandos ainda hoje constituem o establishment do Reino Unido. Quanto ao povo, ainda hoje é chamado pelo establishment de “plebe”, palavra latina que designa gente comum.

Na Europa continental a situação é semelhante. Assim, os francos na maior parte do noroeste da Europa e os lombardos na Itália substituíram as populações indígenas. No que hoje chamamos de França, eles substituíram os gauleses, no que hoje chamamos de Alemanha, eles substituíram os Wends e os Saxões. Também aqui deveríamos falar de franco-gauleses, franco-saxões, lombardo-italianos como o establishment dominante.

Conclusão

O que está claro é que o mundo pós-ucraniano inaugura uma nova era, o mundo pós-americano. Este mundo acabará sendo muito diferente da era americana de 1922-2022 (descanse em paz – se você puder descansar em paz). Como será chamado? A era pós-moderna? A era pós-imperial? A era pós-ocidental? A era pós-bárbara? A era global? A era multipolar? A verdadeira nova ordem mundial?

Nós, que estamos no alvorecer de tudo isto, descobriremos os nomes nos livros de história do futuro, que ainda não foram escritos. Tudo o que podemos ter certeza é que muitas, muitas mudanças não estão apenas no horizonte, mas estão acontecendo aqui e agora, diante dos nossos olhos atônitos, desde 24 de fevereiro de 2022. Preparem-se para mais convulsões históricas.

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O Complexo de Napoleão Americano

(Dmitry Orlov, in SakerLatam, 16/09/2023)

A psiquiatria prefere ignorar a possibilidade de insanidade em massa e concentrar-se em perturbações individuais, apesar de existir uma grande quantidade de provas históricas de que sociedades e nações inteiras podem ser dominadas por perturbações mentais de um tipo ou outro. Seja como for; o Complexo de Napoleão, assim chamado em homenagem a Napoleão Bonaparte, que era baixo demais para líder nacional no seu tempo, além de ser incrivelmente desagradável e cheio de si para compensar, não é, em qualquer caso, um diagnóstico médico reconhecido.

Trata-se de uma determinada condição mental ou conjunto de traços de caráter que afeta homens de baixa estatura física, fazendo com que sejam excessivamente agressivos e autoafirmativos, usem sapatos de saltos para parecerem um pouco mais altos e se irritem por serem chamados de “coisinha”, “homenzinho”, “mordedor de joelhos” e outros epítetos depreciativos.

Aqui está uma descrição bastante genérica do Complexo de Napoleão feita por um psicólogo:

• Homens com complexo de Napoleão podem ser excessivamente agressivos e exibir comportamentos indevidamente dominadores em ambientes sociais. Além disso, tais homens têm dificuldade em aceitar derrotas ocasionais.

• Os indivíduos com a síndrome podem ultrapassar quaisquer limites para conseguirem as coisas que desejam, mesmo que isso seja moral ou eticamente errado. Essas pessoas podem até cometer crimes para ganhar ou possuir o que desejam.

• Concentram-se mais no trabalho dos outros do que no seu próprio. Consequentemente, tais indivíduos entregam-se tanto às obras dos outros, que esquecem completamente ou ignoram as suas próprias.

• Além da natureza agressiva, essas pessoas estão sempre de olho nos concorrentes, pois não querem ser inferiores a ninguém. Eles acreditam que o sucesso é definido pelo fato de serem melhores do que qualquer pessoa que conhecem.

• A síndrome de Napoleão é especialmente prejudicial porque os homens com este complexo ficam felizes quando os outros ao seu redor falham. Pelo contrário, ficam tristes quando outros conseguem algo.

• Muitas vezes, o complexo de Napoleão provoca muitos danos sem precedentes, uma vez que os homens que sofrem deste complexo veem as pessoas à sua volta como seus adversários.

Isso aplica-se a alguns dos homens que são naturalmente baixos durante toda a vida. Mas imagine agora o que um homem alto deve sentir se de repente perceber que está ficando cada vez mais baixo! A sensação de encolher rapidamente, como o General Decker no filme de Tim Burton “Marte Ataca!”, é matéria de pesadelos. Deve ser uma experiência realmente aterrorizante – o suficiente para fazer um homem correr, e não andar, até ao psiquiatra mais próximo para pegar algumas pílulas mágicas. Felizmente, tais incidentes parecem confinados ao subgénero de terror e comédia de ficção científica e não foram atestados nos anais da ciência médica.

O que acontece, e não muito raramente, é que nações inteiras encolhem, por vezes em tamanho geográfico e população e sempre em termos de estatura geopolítica e poder econômico. Os impérios são especialmente propensos a encolher subitamente: os impérios espanhol, russo, otomano e britânico encolheram todos em apenas uma década. Em cada caso, foi uma experiência muito traumática para as suas sociedades, e a sua recuperação psicológica demorou por vezes muitas décadas.

O que o mundo está testemunhando agora é o rápido encolhimento dos Estados Unidos e dos seus vários Estados vassalos na Europa e noutros lugares. A sua liderança parece estar permanentemente enfurecida e atacando em todas as direções. Enquanto isso, está se autodestruindo ativamente em todos os níveis:

• As políticas de sanções estão perturbando a sua economia e minando o seu sector financeiro. Minaram o status de moeda de reserva do dólar americano, tornando-o tóxico e arriscado para grande parte do mundo. Entretanto, o seu apetite por dívida cresceu a tal ponto que apenas os juros da dívida nacional consumirão uma parte significativa do orçamento.

• O seu militarismo descontrolado está na verdade desarmando-o, ao enviar os seus arsenais de armas para a Ucrânia, onde são destruídos. Ao contrário do setor civil, onde emprega talentos estrangeiros, o seu sector da defesa carece lamentavelmente de cérebros cultivados internamente.

• Está a destruir-se politicamente. Os dois partidos do duopólio político, ao tentarem destruir reciprocamente os seus principais candidatos presidenciais, minam a pouca fé que ainda restava na integridade dos sistemas judicial e eleitoral.

• A sua diplomacia degenerou num espetáculo de um homem só, onde os EUA gritam as suas exigências a um planeta pouco recetivo, o seu presidente insulta líderes nacionais respeitados e quebra tantas promessas e acordos que nenhuma nação, agindo racionalmente, por sua própria vontade, deveria alguma vez querer celebrar novos acordos ou tratados com ele.

• Muitas, senão a maioria das suas famílias, foram minadas pelo feminismo e por políticas sociais que tornam uma escolha irracional para os homens casar e constituir família. Isto dura há tanto tempo que várias gerações de homens e mulheres, que cresceram órfãos de pai e com mães que elevaram o egoísmo a uma virtude, já não têm a menor ideia do que significa estar em família. Muitas delas não querem mais ter filhos. Na verdade, se o contrato intergeracional acaba, as crianças tornam-se acidentes. Dessa forma, sucede a extinção biológica.

• Praticamente todas as suas instituições foram minadas por políticas que discriminam homens brancos capazes em busca do fantasma da diversidade, resultando em setores públicos e privados marcados por uma uniformidade de incompetência. Uma vez que tal nação se torna incapaz de atividades produtivas, a ênfase mudou para o consumo – a crédito – sem planos de alguma vez reembolsar os países que produzem os produtos que consome. Escusado dizer que isto não terminará bem.

• Em particular, as suas outrora excelentes universidades foram minadas por políticas que favorecem os filhos dos ricos, por um lado, os membros de várias classes de vitimização, por outro, e uma preocupação muito pouco saudável com a perversão sexual, mascarada pelo termo inventado “género”. Quando instituições, outrora ilustres como Harvard, consideram adequado ministrar um curso sobre “sexo anal” e professores são despedidos pelo uso politicamente incorreto de pronomes pessoais, a educação está verdadeiramente morta.

• A sua economia está lamentavelmente desequilibrada, fortemente desviada dos produtos e da produção e voltada para os serviços e o consumo. Como sinal revelador disso, a produção caiu recentemente muito, mas o consumo de energia não. Numa economia saudável, a indústria é o principal consumidor de energia; numa economia doente, é o consumo e os serviços.

• Apesar de tudo isto, o seu sector financeiro ainda é muito grande, mas apenas no sentido em que as pústulas inflamadas tendem a aumentar imediatamente antes de rebentarem, resultando por vezes em sépsis e morte. Todos preveem que isto se aproxima, e é por isso que dezenas de nações estão a apressar-se a aderir à organização BRICS, sendo o seu principal know-how organizacional a prevenção de moedas tóxicas, como o dólar americano e o euro, na condução do comércio internacional. Mas, e os países que nunca poderão ser admitidos nos BRICS porque as suas moedas nacionais são tóxicas? Bem, quando tudo o mais falha, há sempre a morte!

A morte é certamente eficaz como tratamento para o Complexo de Napoleão, assim como para todos os outros complexos, síndromes e distúrbios. Tendo procurado uma terapia eficaz para o Complexo de Napoleão, não descobri nenhum bom candidato. A terapia da humilhação parece bastante útil para diminuir os seus efeitos na sociedade envolvente, mas também tende a levar à depressão e ao suicídio. A terapia da humilhação foi certamente eficaz para Napoleão Bonaparte, tal como lhe foi administrada pela Rússia.

Os russos claramente não perderam a receita dessa pílula amarga em particular e estão prontos para administrá-la a qualquer um que ultrapasse uma das suas invisíveis linhas vermelhas. É claramente melhor ser amigo da Rússia do que estar morto, mas a morte pode ser evitada se a terapia da humilhação for eficaz.

Para os EUA, a derrota retumbante na sua guerra por procuração com a Rússia na antiga Ucrânia, que está atualmente em preparação, poderia definitivamente fazer parte de uma terapia de humilhação eficaz, mas apenas para aqueles que têm prestado atenção ao que se está a passar, e o seu número é bastante baixo. Quantos americanos se sentiram pessoalmente humilhados pelo espetáculo da retirada precipitada e desordenada da América do Afeganistão? Muito poucos, ao que parece, já que saltaram direto para a próxima aventura condenada na antiga Ucrânia. Para aqueles que estão nos corredores do poder de Washington, nenhuma humilhação parece suficiente. Na verdade, eles parecem prosperar com isso!

Nem os americanos, nem os seus vassalos europeus, parecem minimamente perturbados ou pensativos pelo espetáculo dos seus líderes nacionais humilhando-se incessantemente no cenário mundial. Para ser humilhado é preciso ter vergonha; mas e se a vergonha, juntamente com a inteligência, a integridade, os princípios, a honestidade e várias outras virtudes, desaparecerem completamente? Pois bem, ainda há a morte – a forma final de tratamento com 100% de sucesso: paciente desaparecido, presumivelmente curado.

No meio de tudo isto, há um vislumbre de esperança: alguns dos jovens, corajosos e talentosos homens americanos parecem ter descoberto uma saída deste redemoinho de corrupção e decadência: estão a casar com mulheres de fora do Ocidente – não para as trazer para dentro do Ocidente, como “noivas por correspondência”, mas emigrar e obter cidadania estrangeira através do casamento como “irmãos passaporte”. Este desenvolvimento enfureceu as feministas americanas, e os irmãos do passaporte sem dúvida acham a sua raiva bem encantadora. Casar para se mudar para o estrangeiro é uma boa estratégia para eles, mas é terrível para a sociedade que deixam para trás, pois nenhuma sociedade alguma vez evitou o colapso após a partida dos seus jovens.

Enquanto isso, aqui estão mais algumas terapias de humilhação:

Randy Newman, “Pessoas Baixas”

Pessoas baixas não têm razão

Pessoas baixas não têm razão

Pessoas baixas não têm razão

Viver

Eles têm mãozinhas

E olhinhos

E eles andam por aí

Contando grandes mentiras

Eles têm narizinho

E pequenos dentinhos

Eles usam sapatos plataforma

Em seus pés nojentos

Bem, eu não quero pessoas baixas

Não quero pessoas baixas

Não quero pessoas baixas

Por aqui

Pessoas baixas são iguais

Como você e eu

(Um tolo como eu)

Todos os homens são irmãos

Até o dia em que eles morrerem

(É um mundo maravilhoso)

Pessoas baixas não têm ninguém

Pessoas baixas não têm ninguém

Pessoas baixas não têm ninguém

Amar

Eles têm perninhas de bebé

E eles ficam tão baixos

Você tem que pegá-los

Apenas para dizer olá

Eles têm carros pequenos

Isso tem bip, bip, bip

Eles têm pequenas vozes

Indo peep, peep, peep

Eles têm dedinhos sujos

E pequenas mentes sujas

Eles vão pegar-te toda vez

Bem, eu não quero pessoas baixas

Não quero pessoas baixas

Não quero pessoas baixas

Por aqui…

Fonte aqui


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A queda das máscaras…

(Hugo Dionísio, in canalfactual, 27/09/2023)

Ele entrou, em passo inseguro de quem está marcado pelo peso da História…. Poderia ser confundido com Biden, na forma como se arrastou pela sala e pela forma como dormiu na sessão. Mas estava no Canadá! Contudo, tal como fariam com Biden, a sala de pé, em uníssono, aplaudiu o subitamente célebre “convidado”.

Cada um dos 338 presentes, na Câmara baixa (Casa dos Comuns) do Parlamento, vigorosamente aplaudiu, assumindo a responsabilidade pelo peso histórico que a situação, em si, exigia. O momento era irrepetível, especial, único na sua essência. Afinal, desde há mais de 78 anos, que uma figura com a identidade política em questão, era recebida em apoteose, num qualquer Parlamento. O aplauso eufórico a um combatente da 2ª grande guerra, com 98 anos, era em si uma oportunidade única. Já não restam muitos, e da qualidade do homenageado, ainda menos. Nunca se sabe se mais alguma vez, aqueles 338 “diligentes” parlamentares, voltarão a ter tal oportunidade.

A cereja no topo do bolo foi, sem dúvida, a monumental particularidade deste combatente, da segunda guerra mundial, ser ucraniano, galiciano (berço do nacionalismo ucraniano) e, mais importante que tudo, ter combatido a URSS. Nacionalidade ucraniana quando associada a anticomunismo, só pode resultar numa poderosa mistura “democrática”, nos dias de hoje. Isto, claro, a fazer fé na doutrina propagada em infindáveis horas de comentário, pela comunicação social do costume.

A própria comunicação social do costume, no próprio dia, encarregou-se de noticiar a efeméride, como um acontecimento sensacional, uma espécie de reencontro entre pai e filho desavindos, materializado pela visita de Zelensky ao Canadá e só tornada possível por causa da “irrefletida invasão de um louco”.

Diz a lengalenga teológica neoliberal que todos os problemas do mundo aí começaram. O dia 24/02/2022, está para o Ocidente como a expulsão de Adão e Eva do Paraíso está para a teologia cristã. Até 24/02/2022 o mundo era uma coisa maravilhosa, sem pecado nem consciência do mal. Vivíamos todos em paz e amor, nada nos faltando. Até que um dia, um homem “louco, solitário e doente” decidiu cometer o pecado da ganância e da cobiça do alheio… Nesse dia, o Paraíso acabou e começou a história humana… A história do bem contra o mal.

E tal é a impreparação para estas coisas do reino da maldade humana – mas apenas de alguns humanos – que: 158 deputados do Partido Liberal (a IL da terra); 119 do partido conservador (o Chega lá do burgo); 33 do partido do Quebeque (o PS local); 25 do partido democrata (o PSD lá da aldeia); 2 do partido Verde (o PAN lá do sítio) e 1 independente; todos e cada um aplaudiram, consciente ou inconscientemente, Yaroslav Hunka, um veterano, voluntário (portanto, consciente) da Primeira Divisão Ucraniana, conhecida como a Divisão Armada – SS Galicia ou a 14ª Divisão armada das SS. Nada mais, nada menos, sob comando direto das tropas nazis.

Tempos houve em que tal cartão de identidade provocaria, desde logo, a maior das repulsas. O simples facto de um fulano ser apresentado como combatente contra a URSS faria despertar os alarmes e, mesmo os mais envergonhados, retirar-se-iam de tal associação.

Mas, o facto desses tempos terem passado, não abona, não desculpa, não torna mais compreensível, a atuação dos parlamentares e governantes canadianos. Apenas torna tudo muito mais grave. O facto de tal suceder no “europeizado” Canadá, ajuda também a demonstrar a gravidade da situação atual no “Ocidente coletivo” e situação atual de elevado estado de decomposição dos valores morais, da memória histórica e da identidade coletiva, destes países que se auto designam por baluartes da liberdade no mundo. Como se a ignorância e a mais cobarde e oportunista das cumplicidades, pudessem conviver com a mais sã das liberdades.

Não poderia haver imagem mais arrebatadora, desconcertante e significativa da falta de seriedade e impreparação política, da hipocrisia doentia e do cego seguidismo, do que a imagem de um nazi a ser agraciado no parlamento canadiano. Eis onde escoa o branqueamento do nazismo e fascismo, sob o qual se ergue o chamado “nacionalismo ucraniano”, made in Galícia (território que até 1945 nunca tinha sido da Ucrânia da Rússia, que outra não havia). Tal branqueamento e cumplicidade, levados a cabo pelos apoiantes e agentes do sistema neoliberal EUA/NATO/EU, desaguam, de forma inexorável e trágica, na promoção da mais agressiva instituição de governação que o ser humano já conheceu: o fundamentalismo reacionário que o nazismo representa, estando presente, sob outras roupagens, em tantos e tantos episódios trágicos da História humana.

Com efeito, hoje, todos têm que dar razão a todos aqueles que chamavam “fascistas” aos que compactuavam, calavam ou branqueavam práticas fascistas ou reacionárias. Tantas vezes ouvimos dizer “para eles é tudo fascista”. Por mais radical que pudesse parecer, era o medo de quem sofreu, na pele, os efeitos nefastos do fascismo, que faziam com que os alarmes soassem quando surgia a mais ténue condescendência com o flagelo fascista, nazi e reacionário.

É que, não são, as elites que nos governam, hoje e ontem, que sofreram as amarguras do fascismo. Quem sofreu a violência e a miséria fascista e nazi, foram os povos trabalhadores e os seus representantes.

É a criança que tem de ir trabalhar, em vez de ir para a escola, quem sofre com o analfabetismo. O filho do industrial, do comerciante rico, esse vai para o colégio privado, para uma universidade no exterior, se não as houver no interior, ao seu gosto.

É o idoso doente que, esgotado de dor, por falta de cuidados de saúde, depois de uma vida de trabalho árduo, quem sofre por não haver hospitais públicos. O pai ou mãe do senhor empresário, do CEO ou do investidor acionista, esses vão para um qualquer hospital privado, ou, uma vez mais, para o exterior.

É o trabalhador, com um misero salário, quem vai morar em tendas, carros, nas barracas ou na rua, por não haver políticas públicas de habitação. O senhor investidor, chateia-se porque não sabe para que mansão há de ir pernoitar… Hoje, tudo isto está a voltar, assistindo-se a uma aceleração dos processos de acumulação capitalista à custa do empobrecimento da classe trabalhadora. Nem a mais reacionária extrema-direita, ou a mais condescendente das sociais-democracias, conseguem negar isto!

E volta porque deixou de ser crime, deixou de ser de mau tom, ser-se fascista, ser cúmplice do fascismo, branquear o fascismo, o nazismo. Hoje, os parlamentos ocidentais recebem, de Zelensky a representantes dos Azov, assumidamente fascistas, assumidamente xenófobos. Isto sucede porque no estágio histórico em que nos encontramos, os interesses económicos ocidentais sentem o chão a fugir-lhes e, com ele, o controlo hegemónico que pensavam manter sobre o mundo. Sem esse controlo hegemónico, vai-se a pilhagem do Sul Global; sem a pilhagem do Sul Global, sobra a pilhagem em casa. Eis a razão pela qual o neoliberalismo acelerou a exploração, porque é que os “Parlamentos” ocidentais estão cada vez mais carregados de direita radical e extrema-direita, emagrecendo a esquerda, mesmo a que falsamente se diz “moderada”; eis a razão pela qual as nossas condições de vida, todos os dias, se degradam; eis a razão porque o bolo Russo se tornou, uma vez mais, tão apetitoso, ao ponto de se voltar a fomentar a russofobia e, à boleia, e por ser o bolo de quem é, o fascismo e o nazismo.

É por tudo isso que é indesculpável, sob qualquer perspetiva, o comportamento do poder canadiano, do poder estado-unidense, do poder europeu. Todos saídos da mesma parideira capitalista, neoliberal, neoconservadora e reacionária. Se para mim é grave alguém, conscientemente, apoiar e homenagear um combatente nazi, ou uma sua iteração, como Zelensky; mais grave se torna fazê-lo, sem sequer o perceber! Ou, até, tendo medo de o perceber, não vá o tacho deixar de existir!

Quando ouço Anthony Rota pedir desculpa e, tornado bode expiatório, dizer que “tudo foi obra minha”; quando ouço Trudeau, uma figura de homem duplicado, de fatinho azul corporate neoliberal, dizer que “foi embaraçoso”; ou, representantes do partido liberal dizerem que “não se tinham apercebido”, limpando-se da responsabilidade política que têm… Apenas posso perguntar: Mas que gente é esta que nos governa? Que plástico deslavado e de má qualidade é este? Que seres são estes, sem espinha dorsal, sem memória histórica e identidade política? De que escola de lavagem cerebral, de que linha de montagem de drones, ou de que universidades da Ivy League, saíram?

Na sua irresponsabilidade, como sempre, não demoraram a declarar-se inocentes de tal feito, chegando ao ponto de, Trudeau, dizer que, o problema principal é “a propaganda russa feita a partir deste incidente”. Claro, o problema não é eles apoiarem nazis, o problema é os russos acusarem-nos disso… Porque isso é propaganda, certo? Eis ao que chega a desfaçatez! Dizer a verdade, passou a ser propaganda!

Também gravíssimo é hoje isto estar a ser discutido na praça pública, simplesmente, porque o poderosíssimo e riquíssimo lobbie sionista se manifestou e exigiu explicações. Não fossem os próprios donos disto tudo se sentirem ofendidos e… uma vez mais, a par de tantas outras, todos os dias, esta informação seria cancelada, apagada da memória coletiva e tratada como propaganda russa, sempre que alguém tivesse coragem de a denunciar. E não querendo eu apagar o sofrimento judeu às mãos do terror nazi (também não foram os únicos), é exemplo disto que refiro, o tratamento que é dado hoje, no Ocidente, à causa palestiniana e o total apagamento do sofrimento do povo palestiniano às mãos do terrorismo fascista sionista.

É, pois, muitíssimo triste que, alguém que se diga “democrata”, possa dizer que ouviu que se tratava de um ucraniano que combateu a URSS e não identifique logo, automaticamente, a possibilidade única de ele ser nazi; é ainda mais triste que tais pessoas sejam representantes “eleitos” de uma Nação. Tal circunstância demonstra a total impreparação desta gente para governar nem que seja a sua própria casa. É preciso ter um tal nível de desconhecimento histórico, aliado a uma ignorância extrema do modo de funcionamento da sociedade, que só o facto de assim serem os devia, desde logo, desqualificar para qualquer cargo público, quanto mais para se ser primeiro-ministro como Trudeau.

Mas esta situação também nos mostra o que é a comunicação social do costume, feita da mesma massa seguidista, acrítica e amorfa. Trata-se de um exército de drones a fazer lembrar os filmes de George Lucas. É impensável que, 78 anos depois de derrotado o nazi-fascismo, tenhamos chegado, pela via da lavagem cerebral, produzida nas melhores escolas, universidades e imprensa que o capitalismo pode comprar, a tal nível de ignorância, impreparação ou cumplicidade. Tão bons a cumprir e tão maus a pensar por si próprios. E depois… querem mandar no mundo inteiro! Não hão de eles apelidar de ditadores todos os que, muito justamente, não os deixam colocar-lhes a pata em cima!

Tudo isto leva-me a pensar sobre o que leem, que fontes consultam, quem ouvem e como se aconselham estes seres. Como podem ser todos tão iguais, não por um qualquer processo de osmose orgânica coletiva, mas através de um processo inverso, o do individualismo exacerbado, o qual, produzido nas mesmas fábricas, debita seres separados, mas sempre iguais.

A forma quase pueril como muitos são manipulados, não tomando contacto com as provas, mais do que retumbantes, de que os grupos neonazis integraram toda a estrutura de poder na Ucrânia; que foram estes grupos que fizeram Maidan; que foram os EUA quem os apoiou para os atirar contra a Rússia e produzir uma guerra por procuração, à custa do povo ucraniano e russo; que o ódio anti russo praticado não é salutar, é doentio; que os símbolos nazis são celebrados, na Ucrânia, por toda a parte; que Bandera era o líder de gente como Yaroslav Honka; que o banderismo é doutrina nacional na Ucrânia do regime de Kiev; que os símbolos nacionais eram os símbolos do neonazi Bandera; que o regime de Kiev e os países bálticos, dominados por partidos de extrema-direita, perseguem os povos de origem russa… Como é que, estando tudo isto provado, documentado e amplamente noticiado, nenhum destes drones, canadianos, europeus, ou portugueses, se questiona e o denuncia?!

Não é desculpa, também, esta informação ter deixado de circular na comunicação social do costume; não é desculpa esta informação ser apelidada de “propaganda russa ou de Putin”; não é desculpa que, quem a divulga, seja objeto de perseguição e cancelamento… Aos representantes de nações que se dizem “livres, democráticas e humanistas” teria de se exigir muito mais… Ao menos que tivessem pensamento crítico, perspetiva histórica e filosófica da vida. Mas nada… Nem um vislumbre. E quem a tem…. Tem medo de a assumir… O que também diz muito do ambiente em que vivemos e da luta de vida ou morte que se trava entre o bloco imperialista liderado pelos EUA e o Sul Global, liderado por Rússia, China, India, Irão, Brasil e África do Sul, entre outros. Uma luta entre um mundo governado por um, e um mundo multipolar, governado por todos!

Não é, de agora, que sinto que, quanto mais alto na hierarquia se senta um representante do establishment, mais medo ele tem de falar, mais genérico é o seu discurso e mais vazio de conteúdo se torna. Não é à toa que o discurso de Marcelo foi um buraco negro sugador de espaço vazio. Querer estar em cima de um muro sem ofender uns e querendo agradar  a outros…. É impossível.

Esse medo, esse alinhamento e a identificação entre os representantes diminutos, médios e intermédios, para com os seus superiores, sentados do outro lado do Atlântico (que por sua vez respondem a outros ainda maiores que circulam nos seus jatos e veleiros pelo mundo), já se tornou tão constatável, tão visível a olho nu e tão desprezível para quem tem um mínimo de pensamento crítico, que Scholz, na 78ª Assembleia Geral da ONU, teve de discursar para uma sala completamente vazia. Afinal, Biden já tinha falado… O que poderia dizer Scholz que Biden não tivesse já dito? O Sul Global não esperou nada dele, mas tão pouco os seus pares foram capazes de prever qualquer diferença… Conhecem-se de ginjeira e o roteiro é o mesmo! Nem uns, nem outros, estiveram presentes, sendo esse momento, uma imagem trágica do que se tornou a Alemanha, de hoje. Um país quebrado na sua alma, no seu orgulho, na sua identidade.

E é assim, que entre declarações de branqueamento do fascismo e do nazismo (compará-lo ao socialismo da URSS é branqueá-lo!), de diabolização da URSS e da Rússia, de desacoplamento da China porque nela não mandam (“desarriscar”, dizem) e de ver partidos como os “socialistas”, sociais democratas, os verdes, não apenas a compactuarem com a eliminação dos seus congéneres na Ucrânia, como ainda a receberem em loas o obreiro de tal tarefa… que me leva a dizer que, hoje, 78 anos após a derrota do nazi-fascismo, a Europa Ocidental (já para não falar dos EUA e do Canadá), voltou a demonstrar que o roteiro político que desagua no fascismo, na xenofobia, na intolerância e no ódio à diferença, está bem vivo e com saúde crescente.

Bastou que os EUA, especialistas em purgas anticomunistas, ao longo do século XX, e já neste século XXI, em profunda crise sistémica, olhassem para o mundo em reorganização e sentissem os seus pilares a abanar, para que tudo voltasse em força. O ponto de inflexão, na Europa, foi inequivocamente propagandeado! Sucedeu quando a própria UE, e a sua nunca eleita Comissão, bem como os “diligentes” representantes políticos dos “estados-membros”, se tornaram coniventes com uma superficial e contraditória comparação entre o nazi-fascismo e o comunismo na URSS.  

Apoiados numa pretensa ideia de que nos dois campos haveria repressão, então, passariam os dois a ser iguais. O que nunca disseram, é quem são os reprimidos de um e de outro. Enquanto no liberalismo, no fascismo e no nazismo (em graus crescentemente diferentes), o reprimido é pobre, que nunca deixa de o ser e é obrigado a ser analfabeto, a viver na rua ou a morrer precocemente doente; nos países socialistas, a acusada “repressão” repercutia-se sobre os mais ricos, simplesmente, porque passaram a ser obrigados a repartir a sua pornográfica riqueza, com quem nenhuma tinha. E as verdades têm de ser ditas, sendo por isso mesmo que temos de dizer que na URSS, por muitos erros que tivessem sido cometidos (e foram cometidos erros!), não existia desemprego, gente a viver nas ruas, fome, analfabetismo e falta de médicos. Tudo isto foi resolvido num espaço de 30 anos. Para se ter uma ideia, ainda hoje, no nosso “democrático” Portugal, é aos pobres que faltam médicos, não aos ricos.

Os países socialistas, goste-se ou não, deixaram para trás nações humanamente desenvolvidas, populações letradas, com qualificação e uma rede de infraestruturas de que ainda hoje gozam. A quem beneficiavam? Os pobres… à custa de quem? Dos mais ricos, através da justa redistribuição da riqueza e de uma racional gestão da existente. A verdade é esta e a verdade não tem ideologia, liberta por si mesma.

Comparar isto com o rasto de destruição, subdesenvolvimento e atraso que o fascismo e nazismo provocaram e o neoliberalismo traz de volta, não é ser sério! Quem se diz democrata e não conseguir distinguir estas duas formas de atuação, apesar dos erros e dos radicalismos próprios de sociedades em construção e nascidas de uma dor insuportável provocada pela violência extrema do passado (todos condenam a violência das revoluções, mas esses que a condenam, nunca condenam a violência dos regimes que as provocam), não é sério, não se pode dizer democrata e ainda menos dizer-se progressista, socialista ou o que for.

Acreditar que podemos construir um mundo mais justo, apoiado numa justa redistribuição da riqueza produzida (de outra forma não é possível) sem tocar nos interesses de quem fica com ela… Não é ingenuidade, é falta de seriedade! É demagogia, é mentira, é idealismo, totalmente divorciado da realidade!

E é esta confusão que colocou ao nível de agressor o país (a URSS) que mais sofreu para nos libertar da noite fascista, e punir o seu herdeiro principal, simplesmente porque tem nas suas fileiras um povo que se orgulha de tal feito… É razão para dizer que o General Zhukov tinha razão quando disse que “a Europa não nos perdoará por a termos livrado do fascismo”. Hoje, assistir a Paulo Portas, conservador, cristão e neoliberal, apelidar Putin de “comunista”, outro conservador, cristão, mas pela soberania do seu país, apenas porque insiste em não se submeter à ordem da desordem capitalista ocidental anglo-saxónica… Leva-me a afirmar que parte do caminho de volta já está feito, pois o fascismo e o nazismo vivem da mentira, da ignorância e da confusão…

Filhos do imperialismo e do capitalismo selvagem, o nazismo e o fascismo prosperam entre a demagogia, a mentira e o obscurantismo. Na Grécia, o povo votou…. Votou na extrem- direita… Agora tomem lá com uma proposta de retorno aos 6 dias de trabalho… O trabalhador, o pobre, trabalhará mais para assim o permanecer, enriquecendo ainda mais quem não trabalha, mas vive de quem o faz!

Seja como for, a máscara cai-lhes de vez! Já ninguém a pode colocar de volta!

Terão de se contentar com a tentativa de nos fechar os olhos a todos, para que não o vejamos!

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