A queda das máscaras…

(Hugo Dionísio, in canalfactual, 27/09/2023)

Ele entrou, em passo inseguro de quem está marcado pelo peso da História…. Poderia ser confundido com Biden, na forma como se arrastou pela sala e pela forma como dormiu na sessão. Mas estava no Canadá! Contudo, tal como fariam com Biden, a sala de pé, em uníssono, aplaudiu o subitamente célebre “convidado”.

Cada um dos 338 presentes, na Câmara baixa (Casa dos Comuns) do Parlamento, vigorosamente aplaudiu, assumindo a responsabilidade pelo peso histórico que a situação, em si, exigia. O momento era irrepetível, especial, único na sua essência. Afinal, desde há mais de 78 anos, que uma figura com a identidade política em questão, era recebida em apoteose, num qualquer Parlamento. O aplauso eufórico a um combatente da 2ª grande guerra, com 98 anos, era em si uma oportunidade única. Já não restam muitos, e da qualidade do homenageado, ainda menos. Nunca se sabe se mais alguma vez, aqueles 338 “diligentes” parlamentares, voltarão a ter tal oportunidade.

A cereja no topo do bolo foi, sem dúvida, a monumental particularidade deste combatente, da segunda guerra mundial, ser ucraniano, galiciano (berço do nacionalismo ucraniano) e, mais importante que tudo, ter combatido a URSS. Nacionalidade ucraniana quando associada a anticomunismo, só pode resultar numa poderosa mistura “democrática”, nos dias de hoje. Isto, claro, a fazer fé na doutrina propagada em infindáveis horas de comentário, pela comunicação social do costume.

A própria comunicação social do costume, no próprio dia, encarregou-se de noticiar a efeméride, como um acontecimento sensacional, uma espécie de reencontro entre pai e filho desavindos, materializado pela visita de Zelensky ao Canadá e só tornada possível por causa da “irrefletida invasão de um louco”.

Diz a lengalenga teológica neoliberal que todos os problemas do mundo aí começaram. O dia 24/02/2022, está para o Ocidente como a expulsão de Adão e Eva do Paraíso está para a teologia cristã. Até 24/02/2022 o mundo era uma coisa maravilhosa, sem pecado nem consciência do mal. Vivíamos todos em paz e amor, nada nos faltando. Até que um dia, um homem “louco, solitário e doente” decidiu cometer o pecado da ganância e da cobiça do alheio… Nesse dia, o Paraíso acabou e começou a história humana… A história do bem contra o mal.

E tal é a impreparação para estas coisas do reino da maldade humana – mas apenas de alguns humanos – que: 158 deputados do Partido Liberal (a IL da terra); 119 do partido conservador (o Chega lá do burgo); 33 do partido do Quebeque (o PS local); 25 do partido democrata (o PSD lá da aldeia); 2 do partido Verde (o PAN lá do sítio) e 1 independente; todos e cada um aplaudiram, consciente ou inconscientemente, Yaroslav Hunka, um veterano, voluntário (portanto, consciente) da Primeira Divisão Ucraniana, conhecida como a Divisão Armada – SS Galicia ou a 14ª Divisão armada das SS. Nada mais, nada menos, sob comando direto das tropas nazis.

Tempos houve em que tal cartão de identidade provocaria, desde logo, a maior das repulsas. O simples facto de um fulano ser apresentado como combatente contra a URSS faria despertar os alarmes e, mesmo os mais envergonhados, retirar-se-iam de tal associação.

Mas, o facto desses tempos terem passado, não abona, não desculpa, não torna mais compreensível, a atuação dos parlamentares e governantes canadianos. Apenas torna tudo muito mais grave. O facto de tal suceder no “europeizado” Canadá, ajuda também a demonstrar a gravidade da situação atual no “Ocidente coletivo” e situação atual de elevado estado de decomposição dos valores morais, da memória histórica e da identidade coletiva, destes países que se auto designam por baluartes da liberdade no mundo. Como se a ignorância e a mais cobarde e oportunista das cumplicidades, pudessem conviver com a mais sã das liberdades.

Não poderia haver imagem mais arrebatadora, desconcertante e significativa da falta de seriedade e impreparação política, da hipocrisia doentia e do cego seguidismo, do que a imagem de um nazi a ser agraciado no parlamento canadiano. Eis onde escoa o branqueamento do nazismo e fascismo, sob o qual se ergue o chamado “nacionalismo ucraniano”, made in Galícia (território que até 1945 nunca tinha sido da Ucrânia da Rússia, que outra não havia). Tal branqueamento e cumplicidade, levados a cabo pelos apoiantes e agentes do sistema neoliberal EUA/NATO/EU, desaguam, de forma inexorável e trágica, na promoção da mais agressiva instituição de governação que o ser humano já conheceu: o fundamentalismo reacionário que o nazismo representa, estando presente, sob outras roupagens, em tantos e tantos episódios trágicos da História humana.

Com efeito, hoje, todos têm que dar razão a todos aqueles que chamavam “fascistas” aos que compactuavam, calavam ou branqueavam práticas fascistas ou reacionárias. Tantas vezes ouvimos dizer “para eles é tudo fascista”. Por mais radical que pudesse parecer, era o medo de quem sofreu, na pele, os efeitos nefastos do fascismo, que faziam com que os alarmes soassem quando surgia a mais ténue condescendência com o flagelo fascista, nazi e reacionário.

É que, não são, as elites que nos governam, hoje e ontem, que sofreram as amarguras do fascismo. Quem sofreu a violência e a miséria fascista e nazi, foram os povos trabalhadores e os seus representantes.

É a criança que tem de ir trabalhar, em vez de ir para a escola, quem sofre com o analfabetismo. O filho do industrial, do comerciante rico, esse vai para o colégio privado, para uma universidade no exterior, se não as houver no interior, ao seu gosto.

É o idoso doente que, esgotado de dor, por falta de cuidados de saúde, depois de uma vida de trabalho árduo, quem sofre por não haver hospitais públicos. O pai ou mãe do senhor empresário, do CEO ou do investidor acionista, esses vão para um qualquer hospital privado, ou, uma vez mais, para o exterior.

É o trabalhador, com um misero salário, quem vai morar em tendas, carros, nas barracas ou na rua, por não haver políticas públicas de habitação. O senhor investidor, chateia-se porque não sabe para que mansão há de ir pernoitar… Hoje, tudo isto está a voltar, assistindo-se a uma aceleração dos processos de acumulação capitalista à custa do empobrecimento da classe trabalhadora. Nem a mais reacionária extrema-direita, ou a mais condescendente das sociais-democracias, conseguem negar isto!

E volta porque deixou de ser crime, deixou de ser de mau tom, ser-se fascista, ser cúmplice do fascismo, branquear o fascismo, o nazismo. Hoje, os parlamentos ocidentais recebem, de Zelensky a representantes dos Azov, assumidamente fascistas, assumidamente xenófobos. Isto sucede porque no estágio histórico em que nos encontramos, os interesses económicos ocidentais sentem o chão a fugir-lhes e, com ele, o controlo hegemónico que pensavam manter sobre o mundo. Sem esse controlo hegemónico, vai-se a pilhagem do Sul Global; sem a pilhagem do Sul Global, sobra a pilhagem em casa. Eis a razão pela qual o neoliberalismo acelerou a exploração, porque é que os “Parlamentos” ocidentais estão cada vez mais carregados de direita radical e extrema-direita, emagrecendo a esquerda, mesmo a que falsamente se diz “moderada”; eis a razão pela qual as nossas condições de vida, todos os dias, se degradam; eis a razão porque o bolo Russo se tornou, uma vez mais, tão apetitoso, ao ponto de se voltar a fomentar a russofobia e, à boleia, e por ser o bolo de quem é, o fascismo e o nazismo.

É por tudo isso que é indesculpável, sob qualquer perspetiva, o comportamento do poder canadiano, do poder estado-unidense, do poder europeu. Todos saídos da mesma parideira capitalista, neoliberal, neoconservadora e reacionária. Se para mim é grave alguém, conscientemente, apoiar e homenagear um combatente nazi, ou uma sua iteração, como Zelensky; mais grave se torna fazê-lo, sem sequer o perceber! Ou, até, tendo medo de o perceber, não vá o tacho deixar de existir!

Quando ouço Anthony Rota pedir desculpa e, tornado bode expiatório, dizer que “tudo foi obra minha”; quando ouço Trudeau, uma figura de homem duplicado, de fatinho azul corporate neoliberal, dizer que “foi embaraçoso”; ou, representantes do partido liberal dizerem que “não se tinham apercebido”, limpando-se da responsabilidade política que têm… Apenas posso perguntar: Mas que gente é esta que nos governa? Que plástico deslavado e de má qualidade é este? Que seres são estes, sem espinha dorsal, sem memória histórica e identidade política? De que escola de lavagem cerebral, de que linha de montagem de drones, ou de que universidades da Ivy League, saíram?

Na sua irresponsabilidade, como sempre, não demoraram a declarar-se inocentes de tal feito, chegando ao ponto de, Trudeau, dizer que, o problema principal é “a propaganda russa feita a partir deste incidente”. Claro, o problema não é eles apoiarem nazis, o problema é os russos acusarem-nos disso… Porque isso é propaganda, certo? Eis ao que chega a desfaçatez! Dizer a verdade, passou a ser propaganda!

Também gravíssimo é hoje isto estar a ser discutido na praça pública, simplesmente, porque o poderosíssimo e riquíssimo lobbie sionista se manifestou e exigiu explicações. Não fossem os próprios donos disto tudo se sentirem ofendidos e… uma vez mais, a par de tantas outras, todos os dias, esta informação seria cancelada, apagada da memória coletiva e tratada como propaganda russa, sempre que alguém tivesse coragem de a denunciar. E não querendo eu apagar o sofrimento judeu às mãos do terror nazi (também não foram os únicos), é exemplo disto que refiro, o tratamento que é dado hoje, no Ocidente, à causa palestiniana e o total apagamento do sofrimento do povo palestiniano às mãos do terrorismo fascista sionista.

É, pois, muitíssimo triste que, alguém que se diga “democrata”, possa dizer que ouviu que se tratava de um ucraniano que combateu a URSS e não identifique logo, automaticamente, a possibilidade única de ele ser nazi; é ainda mais triste que tais pessoas sejam representantes “eleitos” de uma Nação. Tal circunstância demonstra a total impreparação desta gente para governar nem que seja a sua própria casa. É preciso ter um tal nível de desconhecimento histórico, aliado a uma ignorância extrema do modo de funcionamento da sociedade, que só o facto de assim serem os devia, desde logo, desqualificar para qualquer cargo público, quanto mais para se ser primeiro-ministro como Trudeau.

Mas esta situação também nos mostra o que é a comunicação social do costume, feita da mesma massa seguidista, acrítica e amorfa. Trata-se de um exército de drones a fazer lembrar os filmes de George Lucas. É impensável que, 78 anos depois de derrotado o nazi-fascismo, tenhamos chegado, pela via da lavagem cerebral, produzida nas melhores escolas, universidades e imprensa que o capitalismo pode comprar, a tal nível de ignorância, impreparação ou cumplicidade. Tão bons a cumprir e tão maus a pensar por si próprios. E depois… querem mandar no mundo inteiro! Não hão de eles apelidar de ditadores todos os que, muito justamente, não os deixam colocar-lhes a pata em cima!

Tudo isto leva-me a pensar sobre o que leem, que fontes consultam, quem ouvem e como se aconselham estes seres. Como podem ser todos tão iguais, não por um qualquer processo de osmose orgânica coletiva, mas através de um processo inverso, o do individualismo exacerbado, o qual, produzido nas mesmas fábricas, debita seres separados, mas sempre iguais.

A forma quase pueril como muitos são manipulados, não tomando contacto com as provas, mais do que retumbantes, de que os grupos neonazis integraram toda a estrutura de poder na Ucrânia; que foram estes grupos que fizeram Maidan; que foram os EUA quem os apoiou para os atirar contra a Rússia e produzir uma guerra por procuração, à custa do povo ucraniano e russo; que o ódio anti russo praticado não é salutar, é doentio; que os símbolos nazis são celebrados, na Ucrânia, por toda a parte; que Bandera era o líder de gente como Yaroslav Honka; que o banderismo é doutrina nacional na Ucrânia do regime de Kiev; que os símbolos nacionais eram os símbolos do neonazi Bandera; que o regime de Kiev e os países bálticos, dominados por partidos de extrema-direita, perseguem os povos de origem russa… Como é que, estando tudo isto provado, documentado e amplamente noticiado, nenhum destes drones, canadianos, europeus, ou portugueses, se questiona e o denuncia?!

Não é desculpa, também, esta informação ter deixado de circular na comunicação social do costume; não é desculpa esta informação ser apelidada de “propaganda russa ou de Putin”; não é desculpa que, quem a divulga, seja objeto de perseguição e cancelamento… Aos representantes de nações que se dizem “livres, democráticas e humanistas” teria de se exigir muito mais… Ao menos que tivessem pensamento crítico, perspetiva histórica e filosófica da vida. Mas nada… Nem um vislumbre. E quem a tem…. Tem medo de a assumir… O que também diz muito do ambiente em que vivemos e da luta de vida ou morte que se trava entre o bloco imperialista liderado pelos EUA e o Sul Global, liderado por Rússia, China, India, Irão, Brasil e África do Sul, entre outros. Uma luta entre um mundo governado por um, e um mundo multipolar, governado por todos!

Não é, de agora, que sinto que, quanto mais alto na hierarquia se senta um representante do establishment, mais medo ele tem de falar, mais genérico é o seu discurso e mais vazio de conteúdo se torna. Não é à toa que o discurso de Marcelo foi um buraco negro sugador de espaço vazio. Querer estar em cima de um muro sem ofender uns e querendo agradar  a outros…. É impossível.

Esse medo, esse alinhamento e a identificação entre os representantes diminutos, médios e intermédios, para com os seus superiores, sentados do outro lado do Atlântico (que por sua vez respondem a outros ainda maiores que circulam nos seus jatos e veleiros pelo mundo), já se tornou tão constatável, tão visível a olho nu e tão desprezível para quem tem um mínimo de pensamento crítico, que Scholz, na 78ª Assembleia Geral da ONU, teve de discursar para uma sala completamente vazia. Afinal, Biden já tinha falado… O que poderia dizer Scholz que Biden não tivesse já dito? O Sul Global não esperou nada dele, mas tão pouco os seus pares foram capazes de prever qualquer diferença… Conhecem-se de ginjeira e o roteiro é o mesmo! Nem uns, nem outros, estiveram presentes, sendo esse momento, uma imagem trágica do que se tornou a Alemanha, de hoje. Um país quebrado na sua alma, no seu orgulho, na sua identidade.

E é assim, que entre declarações de branqueamento do fascismo e do nazismo (compará-lo ao socialismo da URSS é branqueá-lo!), de diabolização da URSS e da Rússia, de desacoplamento da China porque nela não mandam (“desarriscar”, dizem) e de ver partidos como os “socialistas”, sociais democratas, os verdes, não apenas a compactuarem com a eliminação dos seus congéneres na Ucrânia, como ainda a receberem em loas o obreiro de tal tarefa… que me leva a dizer que, hoje, 78 anos após a derrota do nazi-fascismo, a Europa Ocidental (já para não falar dos EUA e do Canadá), voltou a demonstrar que o roteiro político que desagua no fascismo, na xenofobia, na intolerância e no ódio à diferença, está bem vivo e com saúde crescente.

Bastou que os EUA, especialistas em purgas anticomunistas, ao longo do século XX, e já neste século XXI, em profunda crise sistémica, olhassem para o mundo em reorganização e sentissem os seus pilares a abanar, para que tudo voltasse em força. O ponto de inflexão, na Europa, foi inequivocamente propagandeado! Sucedeu quando a própria UE, e a sua nunca eleita Comissão, bem como os “diligentes” representantes políticos dos “estados-membros”, se tornaram coniventes com uma superficial e contraditória comparação entre o nazi-fascismo e o comunismo na URSS.  

Apoiados numa pretensa ideia de que nos dois campos haveria repressão, então, passariam os dois a ser iguais. O que nunca disseram, é quem são os reprimidos de um e de outro. Enquanto no liberalismo, no fascismo e no nazismo (em graus crescentemente diferentes), o reprimido é pobre, que nunca deixa de o ser e é obrigado a ser analfabeto, a viver na rua ou a morrer precocemente doente; nos países socialistas, a acusada “repressão” repercutia-se sobre os mais ricos, simplesmente, porque passaram a ser obrigados a repartir a sua pornográfica riqueza, com quem nenhuma tinha. E as verdades têm de ser ditas, sendo por isso mesmo que temos de dizer que na URSS, por muitos erros que tivessem sido cometidos (e foram cometidos erros!), não existia desemprego, gente a viver nas ruas, fome, analfabetismo e falta de médicos. Tudo isto foi resolvido num espaço de 30 anos. Para se ter uma ideia, ainda hoje, no nosso “democrático” Portugal, é aos pobres que faltam médicos, não aos ricos.

Os países socialistas, goste-se ou não, deixaram para trás nações humanamente desenvolvidas, populações letradas, com qualificação e uma rede de infraestruturas de que ainda hoje gozam. A quem beneficiavam? Os pobres… à custa de quem? Dos mais ricos, através da justa redistribuição da riqueza e de uma racional gestão da existente. A verdade é esta e a verdade não tem ideologia, liberta por si mesma.

Comparar isto com o rasto de destruição, subdesenvolvimento e atraso que o fascismo e nazismo provocaram e o neoliberalismo traz de volta, não é ser sério! Quem se diz democrata e não conseguir distinguir estas duas formas de atuação, apesar dos erros e dos radicalismos próprios de sociedades em construção e nascidas de uma dor insuportável provocada pela violência extrema do passado (todos condenam a violência das revoluções, mas esses que a condenam, nunca condenam a violência dos regimes que as provocam), não é sério, não se pode dizer democrata e ainda menos dizer-se progressista, socialista ou o que for.

Acreditar que podemos construir um mundo mais justo, apoiado numa justa redistribuição da riqueza produzida (de outra forma não é possível) sem tocar nos interesses de quem fica com ela… Não é ingenuidade, é falta de seriedade! É demagogia, é mentira, é idealismo, totalmente divorciado da realidade!

E é esta confusão que colocou ao nível de agressor o país (a URSS) que mais sofreu para nos libertar da noite fascista, e punir o seu herdeiro principal, simplesmente porque tem nas suas fileiras um povo que se orgulha de tal feito… É razão para dizer que o General Zhukov tinha razão quando disse que “a Europa não nos perdoará por a termos livrado do fascismo”. Hoje, assistir a Paulo Portas, conservador, cristão e neoliberal, apelidar Putin de “comunista”, outro conservador, cristão, mas pela soberania do seu país, apenas porque insiste em não se submeter à ordem da desordem capitalista ocidental anglo-saxónica… Leva-me a afirmar que parte do caminho de volta já está feito, pois o fascismo e o nazismo vivem da mentira, da ignorância e da confusão…

Filhos do imperialismo e do capitalismo selvagem, o nazismo e o fascismo prosperam entre a demagogia, a mentira e o obscurantismo. Na Grécia, o povo votou…. Votou na extrem- direita… Agora tomem lá com uma proposta de retorno aos 6 dias de trabalho… O trabalhador, o pobre, trabalhará mais para assim o permanecer, enriquecendo ainda mais quem não trabalha, mas vive de quem o faz!

Seja como for, a máscara cai-lhes de vez! Já ninguém a pode colocar de volta!

Terão de se contentar com a tentativa de nos fechar os olhos a todos, para que não o vejamos!

Siga-nos no Telegram e no WordPress:

https://t.me/canalfactual

https://canalfactual.wordpress.com/

https://t.me/noticiasindependentes

Assista ao nosso podcast em:

https://www.youtube.com/@canalfactual-live

https://www.youtube.com/@NoticiasIndependentes-xs8ne

https://novaradio.online/

Gosta da Estátua de Sal? Click aqui.

Sem trégua para a França à medida que uma “Nova África” se ergue

(Pepe Escobar, in Resistir, 26/09/2023)

Ao juntar dois novos Estados-membros africanos à sua lista, a cimeira da semana passada em Joanesburgo anunciando a expansão do BRICS 11 mostrou mais uma vez que a integração euroasiática está inextricavelmente ligada à integração da Afro-Eurásia…


Continuar a ler aqui


Gosta da Estátua de Sal? Click aqui.

O ‘momento ruim’ de Zelensky

(Por Seymour Hersh, in SakerLatam.org, 21/09/2023)

BANDO DE IRMÃOS: O presidente ucraniano Volodymyr Zelensky, o procurador-geral da Ucrânia Andriy Kostin, o ministro das Relações Exteriores da Ucrânia Dmytro Kuleba, o enviado climático dos EUA, John Kerry, e o secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, ouvem o discurso do presidente Joe Biden na 78ª Assembleia Geral das Nações Unidas em Nova York. Cidade de York na terça-feira.

Nota do Saker Latinamérica: A razão para postarmos essa peça de Hersh é fornecer aos nossos leitores uma ideia da extensão da fratura na comunidade de inteligência do Ocidente Coletivo devido às maquinações dos neocons, do ponto de vista da CIA… quase uma declaração oficial. Se me entendem…


Na próxima terça-feira será o aniversárioda destruição de três dos quatro gasodutos do Nord Stream 1 e 2 pela administração Biden. Há mais a dizer sobre isso, mas terá de esperar. Por que? Porque a guerra entre a Rússia e a Ucrânia, com a Casa Branca continuando a rejeitar qualquer conversa sobre um cessar-fogo, está num ponto de inflexão.

Existem elementos significativos na comunidade de inteligência norte-americana, que baseados em relatórios de campo e em informações técnicas, acreditando que o desmoralizado exército ucraniano desistiu da possibilidade de ultrapassar as linhas de defesa russas de três níveis, fortemente minadas, e de levar a guerra à Crimeia e ao quatro oblasts tomados e anexados pela Rússia. A realidade é que o desgastado exército de Volodymyr Zelensky já não tem qualquer hipótese de vitória.

A guerra continua, segundo me foi dito por um funcionário com acesso à informação atual, porque Zelensky insiste que assim deve ser. Não há discussão em sua sede ou na Casa Branca de Biden sobre um cessar-fogo e nenhum interesse em negociações que possam levar ao fim da matança. “É tudo mentira”, disse o funcionário, falando das alegações ucranianas de progresso incremental na ofensiva que sofreu perdas surpreendentes, ao mesmo tempo que ganhava terreno em algumas áreas dispersas que os militares ucranianos medem em metros por semana.

“Vamos ser claros”, disse o funcionário. “Putin cometeu um ato estúpido e autodestrutivo ao iniciar a guerra. Ele achava que tinha um poder mágico e que tudo o que ele queria iria dar certo.” O ataque inicial da Rússia, acrescentou ele, foi mal planejado, com falta de pessoal e levou a perdas desnecessárias. “Ele foi enganado por seus generais e começou a guerra sem logística – sem maneira de reabastecer suas tropas.” Muitos dos generais infratores foram sumariamente demitidos.

“Sim”, disse o funcionário, “Putin fez algo estúpido, não importa o quão provocado, ao violar a Carta da ONU, assim como nós também” – referindo-se à decisão do Presidente Biden de travar uma guerra por procuração com a Rússia, financiando Zelensky e os seus militares. “E agora temos que pintá-lo de preto, com a ajuda da mídia, para justificar nosso erro.” Referia-se a uma operação secreta de desinformação que visava diminuir Putin, empreendida pela CIA em coordenação com elementos da inteligência britânica. A operação bem-sucedida levou os principais meios de comunicação locais e de Londres a informar que o presidente russo sofria de diversas doenças, que incluíam doenças do sangue e um cancer grave. Uma história muito citada dizia que Putin estava sendo tratado com pesadas doses de esteroides. Nem todos foram enganados. O Guardian relatou com ceticismo em maio de 2022 que os rumores “abrangem toda a gama: Vladimir Putin está sofrendo de câncer ou doença de Parkinson, dizem relatórios não confirmados e não verificados”. Mas muitas das principais organizações de notícias morderam a isca. Em junho de 2022, a Newsweek divulgou o que classificou como um grande furo, citando fontes anônimas que afirmavam que Putin havia sido submetido a tratamento dois meses antes para um câncer avançado: “O controle de Putin é forte, mas não é mais absoluto. A disputa dentro do Kremlin nunca foi tão intensa. . . todos sentindo que o fim está próximo.”

“Houve algumas penetrações ucranianas nos primeiros dias da ofensiva de junho”, disse o oficial, “nada perto” da primeira das três formidáveis ​​barreiras de defesa de concreto da Rússia, fortemente encurralada, “e os russos recuaram para atraí-los. Todos os ucranianos foram mortos. Depois de semanas de muitas baixas e pouco progresso, juntamente com perdas horríveis de tanques e veículos blindados, disse ele, grandes elementos do exército ucraniano, sem declarar, praticamente cancelaram a ofensiva. As duas aldeias que o exército ucraniano recentemente reivindicou como capturadas “são tão pequenas que não cabiam entre dois cartazes de Burma-Shave” – referindo-se a outdoors que pareciam estar em todas as estradas americanas após a Segunda Guerra Mundial.

Um subproduto da hostilidade neoconservadora da administração Biden à Rússia e à China – exemplificada pelas observações do Secretário de Estado Tony Blinken, que afirmou repetidamente que não aceitará um cessar-fogo na Ucrânia – tem sido uma divisão significativa na comunidade de inteligência. Uma vítima são as estimativas secretas da Inteligência Nacional que delinearam os parâmetros da política externa americana durante décadas. Alguns gabinetes-chave da CIA recusaram-se, em muitos casos, a participar no processo da NIE devido ao profundo desacordo político com a política externa agressiva da administração. Um fracasso recente envolveu uma NIE planejada que tratava do resultado de um ataque chinês a Taiwan.

Tenho relatado durante muitas semanas o desacordo de longa data entre a CIA e outros elementos da comunidade de inteligência sobre o prognóstico da atual guerra na Ucrânia. Os analistas da CIA têm sido consistentemente muito mais cépticos do que os seus homólogos da Agência de Inteligência da Defesa (DIA) quanto à perspectiva de um sucesso na Ucrânia.

A comunicação social americana ignorou a disputa, mas o Economist, com sede em Londres, cujos repórteres bem informados não recebem assinaturas, não o fez. Um sinal da tensão interna dentro da comunidade americana emergiu na edição de 9 de setembro da revista, quando Trent Maul, diretor de análise da DIA, concedeu uma entrevista extraordinária e oficial ao Economist, na qual defendeu os relatórios otimistas da sua agência sobre a Ucrânia. guerra e sua conturbada contra-ofensiva. Era, como observou o Economist numa manchete, “Uma entrevista rara”. Também passou despercebido pelos principais jornais da América.

Maul reconheceu que a DIA “entendeu errado” na sua reportagem sobre a “vontade de lutar” dos aliados da América quando os exércitos treinados e financiados pelos EUA no Iraque e no Afeganistão “desmoronaram quase da noite para o dia”. Maul discordou das queixas da CIA – embora a agência não tenha sido citada nominalmente – sobre a falta de habilidade da liderança militar ucraniana e as suas tácticas na contra-ofensiva. Ele disse ao Economist que os recentes sucessos militares da Ucrânia foram “significativos” e deram às suas forças uma probabilidade de 40 a 50 por cento de romper as linhas de defesa de três níveis da Rússia até ao final deste ano. Ele alertou, no entanto, informou o Economist, que “munições limitadas e piora do tempo tornarão isso ‘muito difícil’”.

Zelensky, numa entrevista ao The Economist publicada uma semana depois, reconheceu ter detectado – como não poderia? – o que a revista citou como sendo “uma mudança de humor entre alguns dos seus parceiros”. Zelensky também reconheceu que o que chamou de “dificuldades recentes” da sua nação no campo de batalha foram vistas por alguns como uma razão para iniciar negociações sérias sobre o fim da guerra com a Rússia. Ele chamou isto de “um mau momento” porque a Rússia “vê o mesmo”. Mas voltou a deixar claro que as conversações de paz não estão em cima da mesa e lançou uma nova ameaça aos líderes da região, cujos países acolhem refugiados ucranianos e que querem, como a CIA informou a Washington, o fim da guerra. Zelensky alertou na entrevista, como escreveu o Economist: “Não há forma de prever como os milhões de refugiados ucranianos nos países europeus reagiriam ao abandono do seu país.” Zelensky disse que os refugiados ucranianos “se comportaram bem. . . e estamos gratos” àqueles que os acolheram, mas não seria uma “boa história” para a Europa se uma derrota ucraniana “encurralasse seu povo”. Foi nada menos que uma ameaça de insurreição interna.

A mensagem de Zelensky esta semana à Assembleia Geral anual das Nações Unidas em Nova Iorque trouxe poucas novidades e, segundo o Washington Post, ele recebeu a obrigatória “boa recepção” por parte dos presentes. Mas, observou o Post, “ele proferiu o seu discurso perante uma casa meio cheia, com muitas delegações recusando-se a comparecer e ouvir o que ele tinha a dizer”. Os líderes de algumas nações em desenvolvimento, acrescenta o relatório, estavam “frustrados” porque os vários milhares de milhões gastos sem uma responsabilização séria por parte da administração Biden para financiar a guerra na Ucrânia estavam a diminuir o apoio às suas próprias lutas para lidar com “um mundo em aquecimento, confrontando a pobreza e a miséria, garantindo uma vida mais segura aos seus cidadãos.”

O Presidente Biden, no seu discurso anterior à Assembleia Geral, não abordou a posição perigosa da Ucrânia na guerra com a Rússia, mas renovou o seu apoio retumbante à Ucrânia e insistiu que “só a Rússia tem a responsabilidade por esta guerra” – ignorando, como os líderes da muitas nações em desenvolvimento não o fazem, três décadas de expansão da OTAN para leste e o envolvimento secreto da administração Obama na derrubada de um governo pró-Rússia na Ucrânia em 2014.

O presidente pode estar certo quanto aos méritos, mas o resto do mundo lembra-se, e esta Casa Branca parece que esqueceu, que foram os Estados Unidos que escolheram fazer a guerra no Iraque e no Afeganistão, com pouca consideração pelos méritos da sua justificação para o faze-lo.

Não houve qualquer conversa do presidente sobre a necessidade de um cessar-fogo imediato numa guerra que não pode ser vencida pela Ucrânia e que está a aumentando a poluição que causou a atual crise climática que assola o planeta. Biden, com o apoio do Secretário Blinken e do Conselheiro de Segurança Nacional Jake Sullivan – mas o apoio diminuindo noutras partes da América – transformou o seu implacável apoio financeiro e moral à guerra na Ucrânia numa questão de vida ou morte para a sua reeleição.

Entretanto, um implacável Zalensky, numa entrevista na semana passada com um correspondente bajulador do 60 Minutes, outrora o auge do jornalismo agressivo americano, retratou Putin como outro Hitler e insistiu falsamente que a Ucrânia tinha a iniciativa na sua atual guerra vacilante com a Rússia.

Questionado pelo correspondente da CBS, Scott Pelley, se ele pensava que “a ameaça de guerra nuclear ficou para trás”, Zelensky respondeu: “Acho que ele vai continuar a ameaçar. Ele está esperando que os Estados Unidos se tornem menos estáveis. Ele acha que isso vai acontecer durante as eleições nos EUA. Ele procurará instabilidade na Europa e nos Estados Unidos da América. Ele usará o risco de usar armas nucleares para alimentar isso. Ele continuará ameaçando.”

O oficial de inteligência americano com quem falei passou os primeiros anos da sua carreira a trabalhar contra a agressão e a espionagem soviética, tem respeito pelo intelecto de Putin, mas despreza a sua decisão de ir à guerra com a Ucrânia e de iniciar a morte e a destruição que a guerra traz. Mas, como ele me disse: “A guerra acabou. A Rússia venceu. Não há mais ofensiva ucraniana, mas a Casa Branca e a mídia americana têm de manter a mentira”.

“A verdade é que se o exército ucraniano receber ordens para continuar a ofensiva, o exército vai amotinar-se. Os soldados não estão mais dispostos a morrer, mas isso não se enquadra na besteira de autoria da Casa Branca de Biden.”


Gosta da Estátua de Sal? Click aqui.