Um Acção da IMPRESA dava para DUAS BICAS em 2017 – Agora ainda Vale Menos

(Dieter Dellinger, 21/04/2018)

bolsanamao

O Expresso da Meia-Noite e o do papel de hoje espumam de RAIVA contra o PS. Tentaram corromper António Costa e Centeno para interceder no sentido da CGD fazer um grande empréstimo. Como ambos não foram na cantiga do velho, o patrão e os jornalistas da Impresa vingam-se com o ato de corrupção que foi a compra e divulgação criminosa dos vídeos e gravações. Nicolau Santos já se pirou do Expresso, mas os restantes jornalistas sabem que têm os dias contados, a não ser que apareça um comprador de peso.

Na minha opinião só o gigantesco grupo de papel, televisão e alta intriga GLOBO é que poderia comprar, mas os brasileiros não estão a deixar sair divisas para investimentos de duvidosa rentabilidade.

O Grupo do Expresso e da SIC fechou o primeiro semestre de 2017 com uma dívida remunerada líquida de 189,1 milhões de euros, uma subida de 5,9 milhões face a dezembro do ano passado (183,2 milhões).

O relatório e contas de 2017 ainda não é conhecido e o mais recente, referente a 2016, indica que, deste valor, cerca de 102 milhões dizem respeito a empréstimos contraídos junto do BPI, que detém também uma participação qualificada na empresa de 3,69%.

Foi a elevada DÍVIDA do grupo de Francisco Pinto Balsemão ao banco, que desde fevereiro é controlado pelos catalães do CaixaBank, que levou a um aumento da pressão para que a Impresa se desfaça dos negócios menos rentáveis para libertar capital de forma a acelerar o pagamento da dívida.

Por ter falhado uma emissão de dívida de 35 milhões – em julho último -, o BPI obrigou há meses o grupo da SIC e do ‘Expresso’ a vender as 13 revistas que detém: ‘Visão’, ‘Caras’, ‘TV Mais’, ‘Courrier Internacional’, ‘Activa’, ‘Exame’, ‘Blitz’, ‘Jornal de Letras’, ‘Caras Decoração’, ‘Exame Informática’, ‘Telenovelas’, ‘Visão Júnior’ e ‘Visão História’.

Os empréstimos contraídos junto do BPI obrigam a que a empresa, através da qual Pinto Balsemão detém 50,31% da Impresa, mantenha uma posição maioritária no grupo de media até 2025. Caso tal não aconteça, o BPI poderá obrigar a um novo acionista a amortização total da dívida ou negociar novas condições..

A Impresa já vendeu praticamente o seu portefólio de revistas a três compradores.

As ações da Impresa desvalorizaram 4,95%, para 30,7 cêntimos e continuam a desvalorizar ao longo de 2018.

Os pedidos de socorro à CGD não foram atendidos, o que levou o líder da bancada do PSD a lançar-se contra a CGD, exigindo a lista dos devedores que parece que incluem o grupo IMPRESA, mas em menor escala que as dívidas que existem aos catalães do BPI..

Gulliver e a Europa liliputiana

(Viriato Soromenho Marques, in Diário de Notícias, 26/04/2017)

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Imaginemos um cidadão europeu, de nome Gulliver, que tivesse tombado em coma em 2002, no mesmo ano em que o euro entrou em circulação e a convenção que visava estabelecer um tratado constitucional para a Europa iniciou os seus trabalhos. No ano em que intelectuais como Charles Kupchan, da Universidade de Georgetown, profetizavam que a UE seria o próximo farol do Ocidente, dada a inevitável queda dos EUA, de que a presidência de G.W. Bush era a definitiva prova. Imaginemos, ainda, que Gulliver despertava nesta Europa de 2017. Confirmaria a justeza de Kupchan, pois Trump promete ser uma mais incisiva prova de decadência do que Bush. Mas ficaria surpreendido com as brutais metamorfoses ocorridas no projeto europeu. Saberia que na UE o impacto regional da crise financeira de 2008 ficaria conhecido como “crise da dívida soberana”. Muito embora a dívida dos Estados europeus tivesse escalado para acudir à derrocada do sistema bancário, e o dinheiro emprestado aos países pelos planos de resgate da troika tivesse sido menos de um décimo da quantia retirada aos contribuintes europeus para salvar a banca (uma significativa parte a fundo perdido…), o diretório europeu preferiu batizar a crise pelo nome da consequência (dívida pública) e não da causa (exuberância de imparidades de um setor financeiro deixado à rédea solta pelo péssimo desenho do euro). Gulliver ficaria também estarrecido por verificar que desde 2010 o nacionalismo e a xenofobia – as mesmas doenças europeias que devastaram o mundo em duas guerras mundiais – regressaram em força ao discurso político, começando debaixo da ideia farisaica de que povos inteiros gastaram para lá das suas possibilidades, sendo por isso a austeridade, simultaneamente, um remédio e uma merecida punição. Em vez das promessas de desenvolvimento da Agenda de Lisboa para 2010, a UE tornou-se um ciclópico centro correcional para promover a disciplina orçamental dos povos, sob os ditames de um novo tratado (2013), que promete um futuro sombrio, sem nenhuma perspetiva de investimento ou solidariedade social.

Ficaria também assustado por ver que a moeda comum se transformou num fator de divergência entre países, e entre grupos sociais, dentro do mesmo país. Perceberia que a desigualdade crescera, que o desemprego, sobretudo o jovem, atingia assimetricamente a UE, sem causar alarme nos países onde os excedentes externos funcionavam como um muro abafando as dores dos vizinhos.

Gulliver ficaria boquiaberto ao constatar que os políticos defensores deste desequilibrado “europeísmo” têm como opositores novos protagonistas, considerados “populistas”, para quem bastaria um gesto mágico de supremacia da vontade nacional soberana para corrigir todos os males, como se pisar o campo minado da zona euro não implicasse um perigo mortal inaceitável. Gulliver sentir–se-ia, de facto, entre liliputianos na Europa de 2017. Ele pressentiria, com um pavor frio, que os horrores da Europa, geralmente causados por gente desmesurada e sequiosa de império, com mais vontade do que entendimento, poderiam igualmente ser provocados por gente pequenina em tudo, tanto nas suas ambições como no escasso pecúlio epistémico. Ele não saberia dizer, tal como nenhum de nós, se Emmanuel Macron, o próximo presidente francês, terá engenho e arte para impedir a única coisa gigantesca neste triste e imenso drama: o preço em sofrimento que todos teríamos de pagar se a Europa do futuro, finalmente, tombasse até ao patamar de irrelevância dos seus recentes e atuais regedores.

Cobranças difíceis … aos indevidamente ricos

(Sandro Mendonça, in Expresso Diário, 16/03/2017)

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Parece haver gente que se endivida para ficar rica. O modelo de negócio é não devolver a massa. É o que fica depois de uma reportagem do Expresso (um magnífico trabalho de Anabela Campos e Isabel Vicente – revista “E”, 4 Março 2017). Fazendo agora cálculos próprios na base das contas actualizadas desta reportagem: entre 2008 e 2012 o crédito malparado cresceu a um ritmo de 3,4 mil milhões ao ano, mas de 2013 e até 2016 esse montante disparou para €6,4mm ao ano. Esta explosiva espiral de imparidades já aquando de um sério governo competente e seríssimo, bem como reguladores independentes a gosto! Pois bem, não soube este “nexo” meter as contas públicas na ordem: e muito menos as privadas.

Atingiu-se assim a um malparado de €40mm. Mais de metade do “resgate” da Troika. Mas o trabalho do Expresso mostra outra coisa: 50 grandes devedores fizeram a festa. Mais: apenas 10 geraram €10mm de “imparidades” (25% do total). E quem foram? Joe Berardo (é de artista, está bem visto), Nuno Vasconcelos (o que é a Ongoing?), Ricardo Salgado, Joaquim Pereira Coutinho, Joaquim Oliveira, Luís Filipe Vieira, só para nomear meia-dúzia de craques financeiros movidos a dopping.

Com toda a vénia às jornalistas permito-me discordar de uma coisa: isto não foi a “embriaguez do crédito”. Isto tem sido a sobriedade do furto. Esta gente tem os contactos, e teve a estratégia. Isto não foi um erro, tem sido o plano. E o salto da dívida pública de €40mm entre 2011 e 2016 foi exactamente o equivalente para tapar o esse assalto dos mega-devedores privados.

Vendo o formidável filme São Jorge, que relata como durante estes anos as pessoas normais foram esmagadas pela austeridade, é óbvio perceber-se que outros usaram essas circunstâncias para se evadir às suas responsabilidades. Mas se esse filme mostra a actuação da indústria de empresas de cobradores que prosperou durante esta época então a pergunta é esta: porque razão é que só os pobres têm direito a ser alvo de cobradores profissionais?

A implicação é simples: qualquer plano concreto de reestruturação da dívida portuguesa tem de ser realista quanto ao reforço da recuperação de dívidas indevidas. A célebre “restruturação da dívida” também tem de ser isto, um ponto que o emaranhado de esquerdas demasiadamente bem comportadas de que dispomos ainda não pressionou o suficiente. Cada mega-devedor tem de ter o seu próprio “gestor de cliente”, e este gestor precisa de estar apoiado por uma equipa jurídica de choque. É preciso recuperar património, e administrar bem o que não foi ainda destruído. É um cálculo custo-benefício, e compensará. E essa gente não pode passear-se assim pela brisa da tarde aparentando ainda ser os deuses que nunca foram. Não basta haver justiça financeira, é preciso parecer que há. Já.

Mas no que toca a temas actuais não basta criticar a esquerda quanto a uma ainda incipiente gestão integrada da problemática da dívida (já se faz tarde!). Há ainda mais razões para arrasar com a direita.

O caso dos offshores é um pre-Núncio do que pode vir aí. Diz quem sabe (inside trading?!) que o ex-secretário de estado dos Audis é um cordeiro a ser sacrificado em prol de divindades maiores. É possível. Assim como também é possível que isto vá dar (finalmente!) ao mistério dos submarinos e das Pandur.

Diz a sucessora de Portas numa entrevista “plantada” no Público que o governo troikista CDS-PSD não discutia a finança em sede Conselho de Ministros e que perante a resolução do BES o pessoal estava era na praia. É como diz o Director do Negóciosisto arrepia, e se não é da água fria só pode ser da água benta de Assunção! Uma coisa é certa, se os distintos governantes do CDS-PSD não discutiam estes assuntos no sítio certo então estavam a fazê-lo em sítios que não deviam. Sempre na informalidade, para não constar em acta.

No fundo o que interessa é mesmo pensar como diz o politólogo-economista Bruno Nogueira: queremos saber quanto é que devemos a Paulo Núncio e a todo este “nexo”, para lhes pagarmos a pronto e em bolívares venezuelanos.