O declínio de Portugal

(Eugénio Rosa, in Resistir, 21/03/2023)

– numa UE em rápido e acentuado declínio
– numa UE que deixou de ser um interlocutor válido e ouvido internacionalmente
– numa UE cada vez mais dependente e atrelada aos EUA
– num mundo em rápida mudança onde estão a surgir novos blocos políticos
– num mundo em fragmentação e com uma desglobalização crescente tornando mais difíceis os fluxos internacionais


Arrisco-me a que este estudo seja considerado longo e cause a desistência do leitor, mas mesmo assim aventurei-me a publicá-lo, pois dividi-lo em partes poderia levar a que se considere o momento em que vivemos, de um confronto crescente entre grandes potencias e de fragmentação mundial, como menos perigoso do que é. Só a analise conjunta das diversas partes é que poderá dar uma ideia da gravidade da situação que se procura esconder com faits divers nos media.

É impossível compreender as graves dificuldades que o país e os portugueses enfrentam atualmente se a análise for desligada do contexto mundial como alguns fazem. Crescimento anémico, inflação, aumento vertiginoso dos preços da energia e dos produtos alimentares, subida das taxas de juro com efeitos dramáticos para as famílias e para as empresas, falências de empresas, instabilidade crescente no sistema financeiro, a perda de acesso a mercados importantes quer de exportações quer de importações devido à guerra e às sanções, o ascendente de uma Comissão Europeia, sem visão estratégica e totalmente subserviente ao poder americano o qual colocou a UE num beco sem saída, que se assume como governo da UE, como aconteceu na recente ida de Úrsula von der Leyen aos EUA onde negociou um acordo sobre matérias-primas com Biden sem conhecimento dos governos dos países europeus (só possível pelo facto destes governos serem submissos a tudo que vem de Bruxelas), a degradação da democracia em que os sintomas mais visíveis são “ quem pensa diferentemente do pensamento dominante veiculado pelo governo e pelos medias é considerado amigo do inimigo” e “a proibição de acesso a meios de comunicação que não sejam de países do ocidente alargado” (agora pretendem proibir os europeus de ter acesso ao TikTok mas não ao Facebook ou o Twitter porque são americanos). “Eles”, os “senhores” é que querem escolher o que podemos ver e ouvir como acontecia no salazarismo, com a justificação semelhante à que Salazar utilizava para impedir que os europeus sejam enganados pela propaganda inimiga como se estes fossem crianças, etc, etc. Repetindo, é impossível compreender os problemas que o país e os portugueses enfrentam se a análise for desligada do contexto internacional pois há causas internas (por ex., incompetência e paralisia do governo), mas também existem causas externas de peso que estão a afetar muito a vida dos portugueses e a causar os problemas graves ao país. A escalada de preços não resulta apenas da especulação interna como o governo e os seus defensores pretendem fazer crer.

A ADESÃO À UE NÃO TROUXE NEM MAIOR CRESCIMENTO ECONÓMICO NEM MAIOR JUSTIÇA NA REPARTIÇÃO DA RIQUEZA CRIADA NO PAÍS ENTRE O TRABALHO E O CAPITAL. AS DESIGUALDADES ESTÃO A AUMENTAR

Segundo o INE, nos 11 anos posteriores ao 25 de Abril até adesão à União Europeia (1975-1985) a média das taxas de crescimento económico do país foi de 2% ao ano, após a entrada para UE (1986-2022) caiu para 1,9%.

Mas não foi só a nível da taxa de crescimento económico que a adesão à UE não trouxe melhorias. Tão pouco isso se verificou na repartição mais justa da riqueza criada no país. Segundo dados do INE, a parcela da riqueza criada no país (PIB) que os trabalhadores recebem sob a forma de “Ordenados e salários” correspondia, em 1973, a 49,5% do PIB; em 1975 a 62% do PIB; em 1985 (véspera da adesão à UE) a 37,6%; em 2011 a 36,1%; em 2015 a 34% e em 2021, a 37,3% do PIB, ou seja, menos do que no ano anterior à adesão à UE (1985) que fora 37,6%. Portanto, também na repartição mais justa da riqueza criada no país (PIB) entre o Trabalho e o Capital, a adesão à UE não trouxe para os portugueses qualquer melhoria.

NA ÚLTIMA DECADA O CRESCIMENTO ECONÓMICO DA UE FOI ANÉMICO, MAS O DE PORTUGAL FOI PIOR

Entre 2011 e 2022, a média das taxas de crescimento económico (PIB real) da UE foi de 1,4% ao ano, enquanto a do nosso país a média das taxas de crescimento económico foi apenas 0,9%/ano. E as previsões para 2023 e 2024 são respetivamente de 0,7% e 1% para a União Europeia, e 1% e 1,8% para Portugal. Taxas que confirmam a continuação do declínio da UE e de Portugal, pois com taxas desta natureza inferiores ao crescimento mundial o declínio da UE será inevitável e o nosso país não sairá da situação de atraso em que se encontra 37 anos após ter aderido à UE.

Interessa referir que há países da UE onde o crescimento foi muito superior ao de Portugal, nomeadamente os que aderiram mais recentemente (após o ano de 2000). No período 2011-2022, a média das taxas de crescimento económico foi na Bulgária de 2,2%/ano; na Estónia 3,3%/ano; na Letónia 2,8%/ano; na Lituânia 3,5%/ano, na Roménia 3,5%/ano; na Eslovénia 2,3%/ano; na Eslováquia 2,1%/ano; e na Hungria de 2,9%/ano.

A questão que se coloca é esta: Por que razão Portugal tem tido um crescimento económico anémico, inferior mesmo ao da UE que tem sido muito inferior ao crescimento económico mundial (por ex., em 2023, prevê-se que crescimento mundial seja 2,9% e o da UE apenas 0,7%, ou seja, menos de um quarto)?

O BAIXO INVESTIMENTO EM PORTUGAL ESTÁ A CAUSAR UM AUMENTO REDUZIDO DA PRODUTIVIDADE, DA RIQUEZA CRIADA, BAIXOS SALÁRIOS E UM CRESCIMENTO ECONÓMICO QUE NÃO TIRA O PAÍS DO ATRASO

Uma das causas mais importantes para o atraso crescente do nosso país, devido a um crescimento económico anémico é o baixíssimo investimento que tem sido feito no país. Isto impediu a modernização do aparelho produtivo nacional e tem determinado o crescimento fundamentalmente de atividades de baixa produtividade, de baixo valor acrescentado e de baixos salários, de que são exemplos, o turismo, a hotelaria, o alojamento, a construção civil. O setor de alta tecnologia tem um peso muito reduzido em Portugal (quase quatro vezes menos que a média da UE).

Segundo o Eurostat, no período 2011-2022, o investimento total (FBCF) em Portugal correspondeu, em média, a 17,3% do PIB, quando a média na UE foi de 22,8%, na Estónia de 26,8%, na Letónia 22,5%, na Lituânia 20%, na Roménia 24,2%, na Eslováquia 21% do PIB. A falta de investimento privado em Portugal foi agravada pelo facto de as grandes empresas que dominam a economia portuguesa terem passado para o controlo de grandes grupos estrangeiros, através de privatizações ruinosas, os quais, ao invés de investirem em Portugal, transferem para o exterior os enormes lucros obtidos (ex. EDP, GALP, REN, Fidelidade, NOS, ALTICE, bancos, etc) a que se associaram, com o mesmo comportamento, grandes grupos ditos nacionais que criaram SGPS em países europeus de fiscalidade mais favorável ao Capital (ex. Jerónimo Martins) para reduzir os impostos pagos em Portugal.

Como consequência, segundo a AMECO (base de dados da Comissão Europeia) o stock de capital por empregado (meios de produção) em Portugal diminuiu, entre 2013 e 2022, de 124600€ para apenas 109800€ (-11,9%). Neste último ano (2022) correspondia apenas a 56,3% da média da UE (193800€) e a 49,6% da média dos países da Zona Euro (209800€) a que Portugal também pertence. Este baixíssimo investimento por trabalhador, para além de determinar uma baixa produtividade e baixo aumento da riqueza criada, associado a um baixíssimo custo da mão-de-obra (segundo o Eurostat, em 2008 correspondia a 56,5% do custo médio na UE e, em 2021, diminuiu para apenas 55%) determinou que as atividades económicas que mais se desenvolveram em Portugal fossem fundamentalmente atividades de média e baixa tecnologia e, consequentemente, de baixa produtividade, que o turismo, a hotelaria e a construção são os casos mais visíveis. Segundo um relatório divulgado em julho de 2022, pelo gabinete de estatísticas da UE, “Portugal é o país em que os setores de alta tecnologia menos representam (4,7%) no total do valor acrescentado pelas empresas de base industrial. A média comunitária ronda os 15%, embora a maior parte dos países fique abaixo dos dois dígitos, mas com a Bélgica (24,5%) e a França (18%) a deterem as maiores quotas”.

O BAIXO INVESTIMENTO EM PORTUGAL TEM COMO CAUSA PRINCIPAL O REDUZIDO INVESTIMENTO PÚBLICO DETERMINADO PELA OBSESSÃO DO DÉFICE, O QUE ESTÁ A CAUSAR UMA PROFUNDA DEGRADAÇÃO DOS EQUIPAMENTOS PUBLICOS, O QUE É CONFIRMADO PELA SITUAÇÃO DO SNS, NA ESCOLA PÚBLICA E O EPISÓDIO DRAMATICO NA MARINHA

A política de desinvestimento no país atingiu uma gravidade extrema no período 2011-2021 (não se incluiu 2022 porque não existem dados disponíveis) pois, segundo o INE, a preços correntes, o investimento (FBCF) total (privado + público) realizado no país foi 322254 milhões €, enquanto o Consumo do Capital Fixo (aquele que se gastou ou desapareceu pelo uso e obsolescência, nas empresas corresponde às amortizações para mais fácil compreensão), no mesmo período, atingiu 340862 milhões €, ou seja, o destruído pelo uso ou obsolescência foi superior a todo o investimento total realizado neste período em 18608 milhões €. Portanto, o novo investimento nem foi suficiente para compensar o que desapareceu.

A causa deste desinvestimento foi a quebra dramática do investimento público levada a cabo pelos sucessivos governos dominado pela obsessão em reduzir o défice de uma forma drástica e rapidamente. Isso é claro quando comparamos com outros países da União Europeia. Segundo o Eurostat, no período 2011-2021, a média das taxas anuais de FBCF (investimento) público na UE foi de 3,1%, do PIB, enquanto em Portugal foi de 2,5% do PIB, sendo no período 2016-2019 apenas 1,7% do PIB/ano. Nos países em que se verificou um crescimento económico superior aos de Portugal, referidos anteriormente, a riqueza interna criada (PIB) aplicada em investimento público, em percentagem do PIB, foi muito superior. Segundo o Eurostat, entre 2011 e 2021, a média das taxas de investimento público foi de 5% na Letónia, de 3,7%% na Lituânia, e 3,8% do PIB na Eslováquia.

Em 11 anos (2011-2021), o investimento (FBCF) público total realizado somou apenas 45186 milhões €, enquanto o Consumo de Capital Fixo, ou seja, o que se degradou ou desapareceu pelo uso foi apenas 59148 milhões €. O novo investimento público realizado nem compensou aquele que desapareceu ou degradou-se pelo uso (foi inferior em 13960 milhões €). Eis a razão da profunda degradação e insuficiência que se verifica nos equipamentos públicos (hospitais, Centros de saúde, escolas e transportes públicos, tribunais etc). E não deixa de ser dramático que 13 militares da Marinha tenham arriscado a carreira e a prisão para chamar a atenção para a situação a que chegaram as Forças Armadas.[NR]

UMA ECONOMIA FRAGIL NÃO PREPARADA PARA ENFRENTAR PANDEMIAS, GUERRA E SANÇÕES

Foi com uma economia frágil que o país teve de enfrentar a crise causada pela pandemia, o que determinou uma redução abrupta de 8,3% no seu PIB num único ano (2020), que levou dois anos a recuperar e que agora tem de enfrentar as consequências de uma guerra na Europa – e fundamentalmente as múltiplas sanções impostas por Bruxelas à Rússia, aprovadas por governos submissos, incapazes de defender os seus cidadão, que se têm revelado, na pratica, verdadeiras sanções contra as economias europeias e contra os europeus destruindo empresas e condições de vida, criando mais obstáculos ao crescimento económico e a ter consequências mais graves para os países da UE do que para a Rússia. Estão assim a criar de novo blocos políticos e comerciais em confronto crescente e a fragmentar a economia mundial.

O próprio FMI no seu relatório Atualização de Perspetivas da Economia Mundial de janeiro de 2023 confirma a reduzida eficácia das sanções sobre a economia russa, muito aquém das previsões dos seus defensores, pois a previsão que faz do crescimento económico na UE é de 0,7% em 2023 e de 1,8% em 2024, enquanto para a Rússia prevê um crescimento de 0,3% em 2023 e de 2,1% em 2024, portanto, um crescimento neste último ano já superior ao da UE. Jorge Costa Oliveira num artigo com o titulo “Repensar a eficácia das sanções à Rússia” publicado no Diário de Noticias de 15/3/2023 escreveu: “A medida que foram impostas mais e mais sanções à Rússia criou-se nos países ocidentais (o resto do mundo não dá relevo a esta guerra europeia) a convicção de que a economia russa sofreria uma derrocada. Faço parte dos que se juntaram a esse coro. Volvido um ano, sucede que os números não corroboram esta tese”. Este pelo menos teve a coragem e a honestidade de reconhecer o erro. Mas muitos fecham os olhos e os ouvidos e preferem a destruição da Europa, do nosso país, da vida dos europeus, a reconhecerem o erro e a procurarem uma outra solução que não sacrifique ou sacrifique menos as economias e os povos europeus. “Os srs. e as sras. de Bruxelas e do governo recusam-se a reconhecer o beco sem saída em que meteram a UE por incapacidade e falta de visão estratégica, e que a solução não seja utilizar a UE numa guerra económica a que não estavam mandatados pelos seus povos a qual está a destruir a economia dos países e a vida dos europeus pois não sentem as dificuldades da maioria. A escolha que os europeus (e os portugueses), terão de fazer é: manter e aplicar mais sanções devido ao falhanço e ter a escalada de preços e crescimento económico deprimente ou o contrário. Não se pode ter ao mesmo tempo “sol na eira e chuva no nabal”.

A GUERRA, MAS SOBRETUDO AS SANÇÕES, ESTÂO A IMPEDIR O ACESSO DOS PAISES EUROPEUS A MERCADOS IMPORTANTES DE ENERGIA, DE CEREAIS, DE FERTILIZANTES, ETC O QUE CONTRIBUI PARA A ESCALADA DE PREÇOS QUE É AGRAVADA PELA ESPECULAÇÃO E CRIA TAMBÉM FORTES OBSTÁCULOS AO CRESCIMENTO

Como consequência da pandemia que causou disrupções nas cadeias de abastecimentos e atrasos nos fornecimentos e depois devido à guerra na Ucrânia mas fundamentalmente causado pelo efeito “boomerang” das sanções impostas quase exclusivamente pela UE e pelos EUA e por alguns outros países à Rússia, por esta ter invadido a Ucrânia, assistiu-se a uma escalada de preços dos bens alimentares, da energia (fundamente petróleo e gás), de fertilizantes e de muitos outros produtos importados pelos países europeus – o que está a reduzir a competitividade e mesmo a destruir a economia europeia e a vida dos europeus, nomeadamente das economias mais frágeis como é a portuguesa. Esta escalada de preços começou, em primeiro lugar, nos fatores de produção importados e depois se refletiu nos preços da produção e seguidamente transferida para os consumidores, o que foi agravada pela especulação devido à falta de controlo. Querer justificar a escalada de preços só com a especulação interna como faz o governo e seus defensores é enganar os portugueses e tentar desculpabilizar os governos e a Comissão Europeia pelo beco sem saída em que meteram a Europa quando utilizaram a economia na guerra contra a Rússia. Efetivamente ao aplicarem sanções à Rússia na energia, que é um dos maiores exportadores mundiais de petróleo e gás e, na pratica, aos fertilizantes e cereais russos, que é também um grande exportador porque aplicam sanções às companhias de seguros que façam seguros a navios que transportem produtos russos, associados à russofobia que impede que alguém no ocidente se atreva a importar produtos russos pois ficará logo “marcado”, vedaram o acesso dos países da UE a mercados exportadores importantes o que contribuiu para a escalada dos preços criando fortes obstáculos ao crescimento económico (preços inflacionados da energia, falta de materiais de importação, etc). Segundo dados do INE, entre 2021 e 2022, o custo das importações agrícolas aumentou de 8461,3 milhões € para 10936 milhões € (+29,2%), a de produtos alimentares passou de 3382 milhões e para 4232,5 milhões € (+25,1%) e a de combustíveis minerais (petróleo e derivados) de 9514,4 milhões € para 18219,8 milhões € (+91,5%). Estes dados reforçam a conclusão que justificar a escalada de preços no consumidor apenas com a especulação interna, é enganar os portugueses ou revelar uma grande ignorância. O fecho de mercados importantes ao nosso país, devido às sanções, o aumento de preços imposto pelos produtores desses países que ficaram com menos concorrência (ex. EUA) associado à especulação dos grandes corretores internacionais de matérias-primas e de petróleo que se estão a aproveitar certamente da situação para embolsar enormes lucros e que a Comissão e governos parecem desconhecer (leiam o livro O mundo à venda de Javier Blas e Jack Farchy ed. Casa das Letras que entenderão) fez disparar os preços nos mercados internacionais de que se aproveitaram empresas como a GALP para obter lucros obscenos (em 2022, 881 milhões € de lucros,+ 93% que 2021)

Toda esta situação já muito difícil é agravada pelo confronto crescente entre os EUA, movido pelo desejo de manter a hegemonia mundial, e a China, cujo crescimento económico permitirá brevemente alcançar os EUA, e desejosa de criar um mundo multipolar, onde tenha uma posição também dominante. A guerra e as sanções, e o congelamento por parte dos governos ocidentais de bens (dinheiro) de outros países, nomeadamente da Rússia, criou um precedente muito grave. A ameaça de sanções dos EUA à China se esta não se dobrar as suas imposições está a destruir a ordem internacional existente e a fragmentar o comercio internacional (a globalização capitalista) criando de novo grandes blocos políticos e comerciais com consequências imprevisíveis. A dependência e submissão da economia da UE à dos EUA é cada vez maior, atrelando mais aquela aos interesses e objetivos estratégicos deste, no seu confronto, agora com a Rússia, mas, a breve prazo, com a China. E se a Europa se atrelar aos EUA no confronto com a China aplicando sanções então as consequências para o países e povos da UE serão dramáticas (os casos do 5G e brevemente do 6G da Huawei e do TikTok são emblemáticos). Só não vê quem ande cego ou não esteja atento.

A UCRANIA UM PAIS ONDE GRASSA A CORRUPÇÃO (ocupa o 116º lugar no Índice de Perceção da Corrupção ao lado da Zâmbia e das Filipinas) PARA ONDE ESTÃO A SER CANALIZADOS MILHARES DE MILHÕES DE EUROS DOS CONTRIBUINTES SEM QUALQUER FISCALIZAÇÃO INDEPENDENTE

A agravar tudo isto há ainda a acrescentar os elevados custos para assegurar o funcionamento do Estado ucraniano que estão a ser suportados fundamentalmente pelos contribuintes da UE. Só para 2023, Bruxelas atribuiu uma “ajuda” de 18.000 milhões € à Ucrânia um valor superior aos fundos comunitários disponibilizados a Portugal através do PRR para um período de cinco anos. E isto já para não falar dos custos da reconstrução da Ucrânia que , segundo as últimas previsões, deverão ser superiores a 700.000 milhões € e que certamente espera que sejam os contribuintes europeus a pagar.

É importante ter presente que a Ucrânia é um país onde impera a corrupção ocupando o 116º lugar em 2022 no Índice de Perceção da Corrupção que reúne 180 países. A confirmar que a corrupção continua neste país estão os factos noticiados recentemente por muitos órgãos de comunicação social. Na Visão de 24/1/2023 podia-se ler: “Escândalo de corrupção na Ucrânia levou a 11 demissões em menos de 24 horas” . O Diário de Notícias citando um comunicado da LUSA, na mesma altura, escrevia que “pelo menos seis responsáveis ucranianos foram esta quarta-feira demitidos de funções, juntando-se a outros 13 decisores que já tinham sido afastados na terça-feira por suspeitas de corrupção ligada a fornecimentos sobretudo de bens alimentares ao exército.” Entre os demitidos estavam Kyrylo Tymoshenko, vice-chefe do gabinete de Zelensky, Oleksiy Symonenko, vice-procurador geral da Ucrânia, Vyacheslav Negoda e Ivan Lukerya, vice-ministros do Ministério das Infraestruturas, etc. Em suma, tudo gente de confiança e próxima de Zelensky que foi forçado a demiti-los para não perder a confiança de dadores internacionais. E mais demissões certamente se verificarão pelas mesmas razões.

E é para um país com estas caraterísticas que estão a ser canalizados milhares de milhões de euros financiados pelos contribuintes europeus sem qualquer controlo eficaz por parte dos países doadores. É uma questão muito sensível, mas que não pode nem deve ser ignorada ou escondida para não haver depois surpresas, face aos enormes sacrifícios que estão a ser pedidos aos europeus (Costa envia 4 Leopardos 2 para a Ucrânia que custam milhões € mas não tem dinheiro para a manutenção do navio de vigilância Mondego, o governo reconstrói escolas na Ucrânia mas recusa-se a fazer o mesmo em Portugal; é importante a solidariedade com a Ucrânia mas não deve ser menos importante a solidariedade com os Portugal). Neste contexto, em que serão canalizados fundos enormes para Ucrânia é de prever que o PRR e o Portugal 2030 sejam os últimos “Planos Financeiros Plurianuais” que o nosso país terá. Portugal, certamente passará da condição de “beneficiário líquido” para a de “contribuinte líquido”.

Estamos a viver momentos de grandes mudanças a nível mundial, que envolvem grandes riscos, mas que colocam grandes desafios para os quais os líderes europeus parecem não estar preparados. A guerra na Ucrânia veio apenas agravar as contradições e acelerar as mudanças. Estamos a assistir a perda de hegemonia por parte dos EUA e à criação de um mundo multipolar. A fragmentação e o recuo da globalização capitalista serão inevitáveis. Mas tem custos e riscos elevados.

OS RISCOS QUE SE ESTÃO A ACUMULAR NA BANCA PODEM PÔR EM CAUSA A ESTABILIDADE DO SISTEMA FINANCEIRO PORTUGUÊS CAUSADO PELO AUMENTO RÁPIDO DA TAXA DE JURO PELO BCE AGRAVANDO ENORMEMENTE A SITUAÇÃO DAS FAMILIAS E DAS EMPRESAS, ASSIM COMO A FALTA DE VERGONHA E DE SENSIBILIDADE DE LAGARDE QUE EXIGE AOS GOVERNOS QUE ACABEM COM OS APOIOS ÀS FAMILIAS E ÀS EMPRESAS

As declarações de Medina, reforçadas pelas de Lagarde no mesmo sentido, de que “o sistema está muito mais robusto desde a crise financeira de 2008”, visando incutir a ideia de que não haverá problemas na UE, embora haja diferenças entre a banca em 2008 e a atual, faz lembrar as declarações de Cavaco antes da queda do BES de que os portugueses podiam confiar no banco, e é desmentida pelos factos. É necessário analisar a situação concreta dos bancos no nosso país.

Segundo as contas dos bancos de 2022, ainda não auditadas, em dez/2022, a CGD tinha aplicado em títulos 18689 milhões € (18,2% do seu ativo total); o BCP 13035,5 milhões € (14,5% do ativo total); o Novo Banco 8183,2 milhões € (17,8% do ativo total); o Santander-Totta 8235 milhões € (13,9% do ativo total); o BPI 5123 milhões € (12,8% do ativo total); e Banco Montepio 4119 milhões € (21,6% do ativo total, a exposição mais elevada que comporta mais riscos). Somando obtém-se 57385 milhões €. Se calcularmos os juros anuais com base na taxa média do stock de divida publica do IGCP (o banco do Estado) – 1,8% – obtém-se para este montante de divida publica um rendimento (juros) de 1033 milhões €/ano. No entanto, o IGCP tem pago atualmente nas emissões a 10 anos uma taxa de juro superior a 3% ,mas vamos considerar esta nos nossos cálculos. Com uma taxa de juro de 3% são apenas necessários 34431 milhões € para obter o mesmo rendimento que se obtém com os 57385 milhões € à taxa de 1,8%. Isto significa que se este total de divida fosse vendido no mercado regulado os seus detentores teriam um prejuízo estimado em 22954 milhões € que não foi registado ainda.

Portanto, se a taxa de juro média da divida publica detida por estes cinco bancos for de 1,8% e se no mercado regulado para essa divida com o prazo que tem estiver a ser praticada a taxa de 3%,os bancos teriam de registar nas suas contas prejuízos no montante de 22954 milhões € o que não foi feito e, se fosse, criaria graves problemas e desequilíbrios à banca nomeadamente a nível dos rácios de capital. A forma de evitar que se tenha de registar já esses prejuízos potenciais nas suas contas de resultados é transferir os títulos das contas onde estão nos balanços para uma outra conta denominada “ativos financeiros ao custo amortizado”, o que significa que não serão negociados e que se manterão na carteira de títulos dos bancos até a data de amortização. Foi isso que já fizeram o BCP, o Novo Banco, o BPI, e o Banco Montepio e também a CGD (em jun/2022, tinha registado nesta conta 13883 milhões €). O inconveniente desta “solução” é que dezenas de milhares de milhões € dos bancos que podiam estar a render 3% estão a render apenas a 1,8%, mas assim o prejuízo potencial não aparece, porque não foi contabilizado nos resultados dos bancos. Mas ele existe porque o valor dos títulos de divida publica está certamente contabilizado nos balanços dos bancos a um valor muito superior ao que atualmente obteriam se a vendessem para obter liquidez como fez o SVB. E se o BCE subir as taxas de juros, maiores serão os prejuízos potenciais dos bancos com a divida publica. Mas para calcular com rigor o montante de prejuízos potenciais era necessários que os bancos divulgassem o valor dos títulos e o tipo de títulos que possuem em carteira, a taxa de juro que têm associada, assim como a taxa de juro a que esses títulos estão a ser transacionados no mercado regulado, o que se recusam a fazer, mas que deviam fazer por uma questão de transparência e de segurança para quem deposita o seu dinheiro na banca. O regulador nada diz. Mas não é só por esta razão que os riscos para a banca estão a aumentar.

Os bancos ao aumentar também de forma significativa os juros do crédito à habitação e às empresas a quem concederam crédito, porque estão a taxa variável indexados a taxa Euribor, e esta tem subido muito pelos efeitos da do BCE, causam o aumento do incumprimento das famílias e das empresas, nomeadamente PMEs, o que significa prejuízos que podem ser elevados para a banca e mais miséria e falências. Pretender fazer crer que a banca na Europa , e também em Portugal não enfrenta riscos, é revelar ignorância ou então tentar iludir. A desmentir essas afirmações estão já o colapso de três bancos nos EUA – SVB, Silvergate Bank e o Signature Bank – e ainda recentemente o First Republic Bank teve de ser apoiado por outros bancos, a juntar às dificuldades do Credit Suisse que, já na Europa, obrigou o Banco Central Suíço a apoiar com 51000 milhões € para evitar o seu colapso, e a compra da subsidiária do SVB por outro banco na Inglaterra para evitar a contaminação aos bancos ingleses. Mas o SVB como o Credit Suisse podem ter mais ramificações em muitos bancos europeus, que não foram reveladas, o que poderá ter efeitos graves em outros bancos. Um banco colapsa não é por ter prejuízos, mas sim pela falta de liquidez que sucede quando os depositantes perdem a confiança e acorrem em massa a levantar os seus deposito e o banco não é capaz de pagar. Foi o que aconteceu no SVB e no BANIF e nenhum está imune.

O BCE, para fazer face à escalada da inflação, a única coisa que sabe fazer é aumentar as taxas de juro, o que leva os bancos comerciais a aumentarem os juros cobrados pelo crédito às empresas e às famílias contribuindo assim para a escalada de preços e agravando ainda mais a crise económica e social, e determinando a insolvência de milhares de famílias e a falência de muitas empresas, causando uma redução na procura agregada o que agrava ainda mais a situação de milhares de empresas. E a presidente do BCE ainda tem o descaramento e a insensibilidade para exigir aos governos que acabem com as ajudas às famílias e às empresas em dificuldades. O dramático é que o aumento dos juros pelo BCE não vai resolver o problema da escalada de preços na UE pois esta não é causada por um excesso de procura, mas sim pelas sanções, pela disrupção da cadeia de fornecimentos causada pela guerra, e pela especulação nos mercados externos de fornecedores que ficaram sem concorrentes, por corretores e também, em certa medida, pela especulação interna e pelos lucros obscenos de certas empresas em Portugal.

O GOVERNO TEM A OBRIGAÇÃO DE DEFENDER O PAÍS E OS PORTUGUESES E DE NÃO SER SUBSERVIENTE NEM SER UM SIMPLES ALUNO OBEDIENTE A BRUXELAS E, ATRAVÉS DA CE, AOS EUA

Perante um governo que se carateriza pela inação e que é incapaz de compreender a nova situação mundial e de ter a coragem de tomar uma posição que defenda os interesses dos portugueses e do país e de responder com medidas adequadas aos desafios e dificuldades que Portugal enfrenta, é urgente que portugueses se interessem em debater os princípios que deverão orientar uma estratégia de defesa dos interesses nacionais e de posicionamento internacional em que os interesses dos portugueses e do País sejam respeitados e defendidos.

Deixo alguns contributos para a reflexão:

(1) Colocar acima dos ditames e interesses de Bruxelas os interesses do país e dos portugueses não aceitando a utilização de sanções cujo efeito “boomerang” está a destruir o país e a vida dos portugueses pois impedem o acesso a mercados importantes de matérias-primas e energia pois só assim se consegue reduzir os preços aos consumidores;
(2) Recusar ser atrelado a qualquer das partes no confronto pela hegemonia mundial ou por um mundo multipolar;
(3) No comercio internacional o país deverá ter uma política independente que lhe permita ter acesso aos mercados que sejam mais favoráveis ao seu desenvolvimento e à melhoria das condições de vida dos portugueses;
(4) Internamente o país deverá promover o desenvolvimento da agricultura, para reduzir a quase total dependência em bens de primeira necessidade, e da indústria, nomeadamente, de produtos de média e alta tecnologia, e não ficar circunscrito a setores de baixa tecnologia, de baixa produtividade, de baixo valor acrescentado e de baixos salários, como são o turismo, a hotelaria o alojamento, a construção. O governo promete, mas não faz nada – é por isso que não está cansado, como se gaba sorrindo Antonio Costa respondendo ao Presidente da República;
(5) Para concretização desta política é indispensável o fortalecimento e modernização da Administração Pública, que passa não só por mais investimentos (os que têm sido realizados nem têm compensado o que tem desaparecido pelo uso e obsolescência como provamos) mas também por assegurar aos seus profissionais remunerações e condições dignas de trabalho, para atrair trabalhados com elevadas competências, pois uma Administração Publica moderna e eficiente é um instrumento fundamental para promover o crescimento económicos e o desenvolvimento do país – e Portugal não o possui o que põe em risco o PPR e [o programa] Portugal 2030;
(6) Abandonar a política de baixos salários, que está a transformar Portugal num país de salários mínimos, o que pressupõe o aumento de produtividade que exige maior investimento, o aumento significativo do “stock” de capital por empregado que é inferior à metade da média dos países da Zona euro a que Portugal pertence, pois sem aumento da produtividade os baixos salários continuarão a imperar e a fuga dos mais qualificados para o estrangeiro continuará;
(7) É previsível que Portugal não receba mais fundos comunitários – o PRR e o Portugal 2030 deverão ser os últimos – por isso exige-se uma utilização atempada e eficiente dos fundos disponibilizados, o que não está a acontecer. É de prever que seja solicitado ao nosso país, estando na UE, contribuições líquidas para ajudar outros países menos desenvolvidos do que Portugal, a Ucrânia e sua reconstrução e países do leste europeu, o que agravará as nossas dificuldades.

19/Março/2023

[NR] Acerca do episódio dos 13 marinheiros do Mondego ver Gouveia e Melo, o almirante com pés de barro.

Reduzidos ao código binário do “0” e do “1”

(Por Hugo Dionísio, in Facebook, 15/11/2022)

Enquanto mostravam triunfantes entradas em Kherson  – de mercenários americanos, polacos, ingleses e poucos ucranianos -,  assistidas pela meia dúzia de transeuntes e familiares de militares, oportunamente reunidos para a fotografia, 6 jornalistas da CNN e da Sky News “enganaram-se” e, na ânsia de mostrar os acontecimentos antes de outros, mostraram também o que não deviam: a repressão bárbara aos habitantes russófonos que ficaram para trás. Os 6 apressados “jornalistas” viram retiradas as suas credenciais e foram obrigados a abandonar o país. A situação não estava “estabilizada” disse Zelensky. É assim o país de Zelensky, que se tornou uma versão “estabilizada” para Hollywood filmar.

As imagens de punições sumaríssimas, perpetradas por militares, multiplicaram-se nas redes sociais e, pasme-se, na imprensa empresarial ocidental. Contudo, enquanto nas redes sociais encontrámos as ditas imagens acompanhadas de veementes denúncias contra a barbaridade dos atos em causa, já na imprensa empresarial de Wall Street, o tom era triunfante: os “colaboradores” russos estão a “pagá-las”, isto enquanto mostravam imagens de seres humanos atados a postes, como os esclavagistas faziam aos escravos fugitivos para os castigar (alguém os ensinou, não é?) ou com a cabeça totalmente tapada com fita-cola.

A par do que tem sucedido desde 2014, a imagem de seres humanos ucranianos russófonos suscita tanta rejeição junto dos modelos falantes, funcionários da imprensa de Wall Street, como as imagens de palestinianos mortos a tiro e a sangue frio pelas forças do apartheid sionista. Nem um “ai”. Toda a sua consternação se fica pelos – também desgraçados – escolhidos pelas cartilhas mais ou menos ocultas que recebem. Uns merecem, outros serão sub-humanos, segundo as suas classificações. Quem, como eu e muitos outros, se atravessa e diz: todos merecem a nossa fraternidade por igual, é logo catalogado com um inoportuno: “deves estar na folha de pagamentos de Putin”.

Se dizemos: “esta guerra tem uma história”, “não começou em fevereiro – que é até onde a vossa moleirinha consegue ir, do ponto de vista histórico” -, somos logo reduzidos a “fantoches de Putin” e a propagadores de “desinformação de Putin”. Contar a história toda, desde o início, ato por ato, acontecimento por acontecimento, como deve ser feito, para que quem interpreta possa ter uma visão geral e histórica dos fenómenos, passou a ser “propaganda” e “desinformação”. A “verdade” passou a ser contada como um conjunto de factos isolados, desligados e desagregados da sua sucessão histórica. Assim contados, os factos isolados permitem uma manipulação fácil, mantendo escondidos os reais atores em confronto, ou mostrando apenas os atores que se pretendem estigmatizar, concentrando o foco nos factos que apenas estes iluminam.

E é esta lógica que justifica que se transmitam notícias como as que mostram a Itália de “Benita” Meloni desavinda com a França de Macron “Mackinsey”, por causa dos barcos de refugiados vindos do Mediterrâneo, sem nunca, mas mesmo nunca, colocarem o dedo na ferida. É que, a par do gangue democrata de Obama nos EUA e da França de Sarkozy e da Itália de Berlusconi, não encontramos no mundo maiores responsáveis pela destruição da Líbia, que constituía um verdadeiro muro “à prova de migrantes” para a Europa. A par da Síria, da Jordânia, Tunísia ou Argélia, a Líbia era um dos maiores recetores de migrantes subsarianos. Hoje, nem ficam com eles, como é da própria Líbia e, agora já não tanto, da Síria, que tanta gente vem. Estes três enormes “democratas” e líderes do mundo “livre” destruíram a vida de dezenas de milhões de pessoas, sendo que, se a Síria com a ajuda dos “ditadores” do costume lá vai recuperando a sua dignidade, na Líbia vendem-se escravos e armas (vindas, quiçá, da Ucrânia) a céu aberto.

E assim se dividem os bons e os maus, o ditador e o democrata, o livre e o oprimido, partindo daí para o cancelamento de tudo o que é contrário ao que se diz, ou identifica o que se cala. Quem está do outro lado do ecrã e vê apenas a imprensa de Wall Street (que é a que aparece nas TV’s, jornais e nas primeiras 50 ou 60 páginas do Google sobre o assunto, nas notícias sugeridas e nos clippings recebidos ), passa a construir a sua opinião por reação e não por dedução, indução, integração… A mente da maioria dos passivos transeuntes digitais funciona como o sistema binário do computador – ou é “1” ou é “0”. Qualquer posição intermédia tem de ser, necessária e forçosamente, arrastada para o 0 ou para o 1.

Enquanto mostram os pouquíssimos residentes restantes – nunca contando que de uma cidade de 280.000 habitantes, só já restavam 115.000 -, a esmagadora maioria dos quais pobres, que não puderam sair para este ou para oeste, e que, só com a ajuda russa, a quase totalidade pôde sair dos alvo da artilharia de Zelensky, normalmente apontada aos civis e não aos militares, como método de punição coletiva, bem conhecida da história, a imprensa de Wall Street nunca diz que, mesmo assim, restaram alguns pobres ucranianos ucranianófonos, vivos e alimentados, o que já não acontecerá aos russófonos que também por lá ficaram. Mais uns dias e também aparecerão as célebres “câmaras de tortura”, “camiões crematórios” e “valas comuns” ou “corpos nas ruas”, todas “culpa” dos mesmos de sempre. Há que fazer alguma coisa com os corpos destes desgraçados, que como os outros, nada têm a ver com esta guerra, mas que a pagam bem caro. No final da estória da carochinha e do João ratão, Zelensky  é “democrata”, Putin um “ditador”. O “0” e o “1”, para que as cabeças – pouco – pensadoras do ouvinte, compreendam bem e depressa a mensagem a passar.

E a mensagem é bem trabalhada. Ora veja-se só a “Integrity Initiative” (Iniciativa pela Integridade – esta da Iniciativa, diz muito, muito). Esta iniciativa visa, segundo o documento explicativo “defender a democracia contra a desinformação (tradução do inglês) ”.

Nascida do “Disinformation Governance Board”, o órgão governamental criado pelo gangue Biden para combater a desinformação na Internet e que se tem comportado como um verdadeiro “Ministério da verdade”, mandando censurar o que não cabe na sua definição de “verdade” e propagar o que classifica como tal, esta “Integrity Initiative” é gerida por Nina Jankowicz (vão sempre aos russófobos do leste europeu), e trata-se de uma ONG americana, financiada de forma obscura pelo governo Inglês e Americano, recorrendo a outra ONG sediada na escócia – o “Institute for Statecraft” (Instituto para o “Estadismo”).

E o que faz esta Integrity Initiative? Dedica-se a operações encobertas nos países ocidentais sob a capa do combate à “desinformação”. Esta organização é a responsável pela estereotipada e nada dissonante informação internacional que recebemos de todos – TODOS – os órgãos de imprensa empresarial nos países ocidentais e demais colónias no Pacifico. E como o faz?

Esta ONG organiza clusters (núcleos) de influenciadores por cada país, identificando académicos, jornalistas, burocratas da segurança nacional, lobistas, membros de grupos de reflexão e outros profissionais que influenciam toda uma rede informativa a partir daí construída. Estes “líderes” nacionais, passam a estar ligados a pessoas de contacto da ONG (que podem ser do Departamento de Estado, da CIA, da NSA; do MI6…) que fornecem a informação a passar.

Estes influenciadores, regra geral pouco conhecidos do público, como convém, têm de ser gente inteligente e capaz de dar solidez teórica à informação recebida, bem como ter capacidade de liderança para agregar os destinatários (jornalistas, comentadores, diretores de imprensa…) à sua volta. Mas estes influenciadores não se limitam a receber, mastigar e transmitir. Não. Também identificam linhas de “desinformação”, para que sejam “trabalhadas” por quem tem capacidade de decisão, normalmente gente que está para lá das pessoas de contacto da ONG. Trata-se de uma organização com comunicação bidirecional.

O resultado é uma cartilha. Esta cartilha estabelece as regras informativas – literalmente o que dizer em cada situação – relativamente a “fact-checking”, “interpretação de imagens”, “versões relativas a acontecimentos diversos” e “metodologia de análise”.

Mas a cartilha também tem regras sobre recrutamento, que perguntas fazer para se identificarem “pessoas de confiança” e tudo o mais. É o que podemos chamar de Psyop, ou seja, um bom exemplo de operação de guerra psicológica.

Já antes havia falado do esquema de funcionamento da operação informativa sobre o conflito. Esta Integrity Initiative trata de alimentar essa operação com informação e atores. Eis porque ouvimos as mesmas coisas, vindas de pessoas e órgãos que se dizem diferentes. Tudo estaria bem se fosse transparente, se as pessoas fossem avisadas de que o que estão a ouvir vem de onde vem. Mas não, o objetivo é precisamente o contrário, pois é essa opacidade que baixa as guardas mentais de quem está do outro lado da informação. Podem ver mais detalhes aqui (países, listas de pessoas, financiamento.

Esta operação demonstra que não existe “informação livre” e que, ou vemos para além desta barreira de imprensa empresarial, um mero negócio lucrativo e um poder, não democrático, de manipulação de massas, ou seremos reduzidos a um mero processador que calcula entre “0” e “1”. Mas esta operação mostra, também, que a guerra era preparada e pensada há muito – como sabe quem segue a história – como parte de uma estratégia de domínio muito importante.

Este trabalho “encoberto” em matéria de informação não constitui, propriamente, uma novidade, pois é o próprio Frank Snepp, ex-agente da CIA (reformado) que vem confessar que, ele próprio, usando esquemas como as da Integrity Initiative, fez passar na comunicação social ocidental todo um rol de notícias falsas. Ele disse “falsas”. Do tipo daquela que deu a Associated Press sobre Lavrov, dizendo que ele tinha sido hospitalizado. Afinal era mentira e a AP não tem qualquer fonte para mostrar.

Não sei o que teve a ver, mas a verdade é que o grupo de selvagens composto pelos “líderes do mundo livre”, como não conseguiu que o G20 aprovasse uma resolução a condenar a Rússia (falha o tal isolamento internacional), decidiram boicotar a célebre foto de grupo. Uma vez mais, é a lógica binária, a do “0” e do “1”.

Seja como for, estes conflitos têm uma importância reverencial para o Partido Democrata americano. Uma investigação jornalística descobriu que parte dos fundos multimilionários que são, por ordem de “Toy” Biden, transferidos para a Ucrânia, retorna aos EUA sob a forma de cripto moeda, envolvendo uma empresa chamada FTX. É o próprio Banco Central da Ucrânia que, através de um “protocolo” com a FTX, transforma a moeda local (que nada vale nos EUA) em algo que possa financiar o partido. Nada que admire, tal o nível de corrupção daquele regime.

E enquanto passam o mundo a preto e branco, eis que, o resultado da volta turística de Scholz à China já se faz sentir: a BASF vai deslocalizar-se. Mais uma empresa europeia que vai embora. Se bem que, convém assinalar, não é para os EUA que vai, como esperaria “Toy” Biden, que com a estratégia de inflacionamento dos custos energéticos na EU, esperaria ver uma digressão em massa de grandes corporações para a Califórnia. Não… Vão para onde mais cresce a economia. Como seria de esperar. Mas cumpre um dos objetivos: afastar a Europa do seu papel de competidor dos EUA: e com ajuda da própria.

Uma vez rebentado o Nord Stream, desvalorizado o euro e adquiridos biliões de dólares em imobiliário nas nossas cidades, já dá para encetar negociações (já não tão) secretas em Ankara com a Rússia e tentar aliciar a China de Xi. Não me parece que Xi vá na conversa do “democrata” Biden… É assim com os “ditadores” modernos: raramente se vendem. E depois, lá vem de novo o “0” e o “1”.


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A nossa História construiu-se com independência, não com subserviência

(Por Hugo Dionísio, in Facebook, 10/11/2022)

As mudanças sucedem-se a uma velocidade vertiginosa e precipitam-nos para uma queda acentuada nos padrões de vida. Portugal, como é óbvio, não vive à margem desta realidade. Hoje, prova-se, mais do que nunca, que a UE é uma construção americana, do Partido Democrata essencialmente, e que a UE só é o que a Casa Branca deixa ser.

Hoje, a guerra fria 2.0 tudo justifica, e é ver a religiosa do greenwashing (lavagem verde, falsa verde) que é Annalena Baerbock, a desdizer tudo o que havia dito antes sobre carvão, petróleo, GNL, GPL, desde que venha do outro lado do Atlântico, para poluir ainda mais, ou, especialmente, desde que não venha da Sibéria.

Vejamos o que se passa com o gás natural em Portugal, que nunca pode ficar atrás, nestas competições de “colaborador do mês”. Há uns anos Portugal iniciou o seu processo de instalação de gás natural nos prédios residenciais, um avanço que significou muitas coisas: maior conforto, pois deixámos de andar com a botija às costas; preço mais acessível…

Contudo e sobretudo, o que a instalação de gás natural significou em matéria de impacto ambiental, foi muito importante. A construção, por exemplo, do Gaz Maghreb Europe pipeline, vindo da Argélia para a Península Ibérica, representou a possibilidade de se consumir um gás menos poluente e com menos custos logísticos ambientais (e financeiros) para ser cá colocado (hoje interrompido devido ao conflito Argélia/Marrocos).

E eis que o governo maioritário do PS, se prepara para legislar no sentido de retirar a obrigatoriedade de instalação de canalização de gás natural nos prédios novos ou renovados, revertendo o que foi um importante avanço, não apenas em matéria de preço, mas também do ponto de vista ambiental.

Diz o governo que “no atual quadro de crise energética, torna-se imperioso não estimular o consumo de gás natural de acordo com as orientações da União Europeia”. Ou seja, no atual quadro o ambiente e a salvação do planeta deixa de ser importante, provando-se que agenda verde da UE só é verde porque constitui um ciclo de acumulação de dólares.

Agora que outros ciclos foram compostos, já se pode voltar ao carvão, ao nuclear… Mas não o governo português… Não. Este, encerra centrais a carvão para comprar energia elétrica em Espanha vinda de centrais a… carvão. A UE mandou!

Diz ainda o bem-mandado governo que “afigura-se como imprescindível para dar o sinal correto ao mercado da construção em Portugal, no sentido da sua descarbonização”. Ainda me hão de explicar como é que usar gás de petróleo liquefeito, com emissões superiores ao gás natural, transportá-lo em camiões, refiná-lo, engarrafá-lo e transportá-lo para as residências, fazer as botijas, transportá-las vazias, reenchê-las e no fim, pagar um preço mais elevado, como é que isto contribui para a descarbonização.

Claro que, o mesmo governo, vem com a falácia das renováveis, tipo carro elétrico só comprável por ricos, dizendo que “o aumento de soluções alternativas à disposição dos consumidores que, aliás, mais eficazmente contribuem para o objetivo nacional e europeu em matéria de neutralidade carbónica”, justifica esta medida.

E eu pergunto: um trabalhador português médio, que compra ou arrenda uma casa sem instalação de gás, e vendo os preços das “soluções alternativas”, as quais implicam um investimento que não pode fazer (e a eletricidade também não está a diminuir de preço), o que será mais provável fazer? Investir 2, 3, 4 ou 5 mil euros em soluções elétricas, fotovoltaicas ou vitrocerâmicas, ou voltar à célebre botija de gás de petróleo liquefeito? A qual não implica qualquer investimento inicial?

Lá se vai a neutralidade carbónica, até porque, este divórcio que a UE promove entre nações europeias, está a trazer de volta meios de produção energética que a própria UE declara obsoletos. E como estamos todos no mesmo planeta…

Claro que, no final, temos de questionar: e de onde vem o petróleo que usamos para fazer GPL, ou de onde vem o próprio GPL? Pois, vem dos EUA, falando-se também do Canadá ou da Nigéria. Ou seja, mais caro, mais longínquo, mais poluente… E como contribui isto para a neutralidade carbónica? Nada, como sabemos. A neutralidade carbónica é apenas uma batata que é colocada na boca de gente como Úrsula Van Der Lata (também se lhe chama Van Der Pfizer), que seguidores e apaniguados como António Costa, Marcelo, Montenegro, Venturinha, Figueiredos e outros seguem de forma religiosa, e que apenas se destina a uma coisa: desindustrializar a Europa e em especial a Alemanha.

Não existe uma única medida na agenda verde da UE que não tenha este objetivo e que não contribua para ir buscar petróleo e gás ao outro lado do Atlântico, precisamente porque foi aí que foi desenhada a estratégia em causa, sabendo-se que não é possível a uma indústria de ponta funcionar só com renováveis. Mas vá-se lá explicar isto aos religiosos e sectários propagandistas verdes do neoliberalismo.

O facto é que, este tipo de medidas, só nos fazem andar para trás, a todos os níveis. Se em Portugal a soberania restante já não era visível à vista desarmada, depois deste processo de desconstrução europeia, países semiperiféricos como o nosso ficarão reduzidos a meras províncias ultramarinas longínquas. Muito pouco importantes, quer em matéria de recursos humanos, que temos poucos, de recursos naturais ou industriais… Um profundo nada!

É que quem acreditar que um país semiperiférico como este consegue algum dia sair desta morte lenta, seguindo religiosamente os ditames da UE e prescindindo, a cada passo, da sua independência e soberania, em nome de uma “solidariedade” nunca correspondida… É melhor estudar a história de Portugal.

Portugal, nos seus períodos mais gloriosos, sempre esteve contra os poderes europeus instituídos. Como nos seus períodos mais negros, sucedeu, em regra, o contrário. Na Independência, o Papa (a Úrsula da altura) era contra, teve de ser comprado contra a vontade da grande potência europeia da altura, Castela (A Alemanha e França de então). Com D. Dinis e a reorganização da propriedade feudal e a criação de um estado central, Portugal esteve interdito pelo Papa, não se fazendo aqui os sacramentos oficiais com autorização de Roma. Em Aljubarrota, Papa e Castela queriam a posse do país, novamente. Nos Descobrimentos, tivemos de nos revoltar contra todos e competir com todos. Em 1580, foi com a anuência de Roma que o Cardeal D. Henrique entregou isto a Espanha, novamente. Fomos invadidos pelos franceses, duas vezes, pilhados pelos ingleses a seguir. Roubados nas colónias por holandeses e outros. Foi sempre assim. Até no 25 de Abril, a Europa ocidental interferiu para tornar o país cliente da Europa central. Até Timor passou para a Indonésia por ordem do Tio Sam, para, entre outras coisas, pagar ao ditador Suharto a matança de milhões de comunistas e progressistas.

A verdade é que Portugal só tem futuro com uma visão global, universalista e internacionalista, mas independente e soberana. Não podemos ficar à espera que outros façam os planos que temos de ser nós a fazer. Da Europa só podemos esperar alianças contextuais, numa lógica de equilíbrio de poderes, mas o projeto tem de ser nosso e para o nosso povo e não podemos esperar isso de países que nos tratam como país periférico.

A História diz-nos quem somos e aponta caminhos para o futuro. Assim os saibamos identificar. Talvez esteja na hora de mandar o Conde Andeiro pela janela outra vez, desta vez na pessoa dos traidores que entregam a soberania, e com ela o futuro, deste país, às potências estrangeiras. E nem me venham com as tretas do “nacionalismo” barato ou de que “queres é fechar-nos”. Isso é música. Quando muito temos de fechar-nos a quem nos quer, apenas e tão só, instrumentalizar e explorar. Temos de fomentar e multiplicar relações amigáveis, troca, mas em termos justos para as duas partes.

Os termos em que o fazemos hoje, podem parecer-nos bem, porque para cá vêm uns fundos comunitários. Contudo, essa troca é realizada à custa do longo prazo, do futuro geracional do país. Os fundos que recebemos vêm em troca da nossa estratégia não ser, de facto, nossa, mas dos grandes potentados da Europa central, que a desenham de acordo com as suas necessidades de divisão europeia do trabalho, sugando os nossos melhores quadros e mantendo cá o trabalho menos produtivo.

Recebemos esmolas, em troca da nossa força vital, em troca da destruição do nosso aparelho produtivo (Portugal tinha uma industria, agricultura e pescas muito fortes), da nossa soberania monetária e económica, da nossa independência energética. Quando prescindimos disto, temos de ir buscar a quem nos exige uma troca injusta, sabendo que a não podemos recusar. É por isso que hoje, gente que se diz portuguesa e canta o hino a todos os pulmões, não consegue dizer não, a medidas como as que aqui trago.

Se isto não fosse grave, ainda temos de comer e calar.

Quando tanto se fala em liberdade e direitos humanos, saiba-se que apenas ontem, dia 09/11/2022, os estados americanos do Vermont, Oregon, Tennessee e Louisiana procederam à votação de um referendo que visa abolir a escravatura enquanto pena criminal. Ou seja, só ontem, o país que mais religiosamente fala de democracia, votou referendos que eliminam a escravatura, de facto. E acreditem, ou não, no Louisiana, ainda não foi desta.

E temos de levar lições de democracia e liberdade de um país que ainda tem escravatura, que tem pena de morte por cadeira elétrica, que tem 850 bases militares em 57 países e gasta mais em armas que todos os outros juntos, enquanto se multiplicam, nas suas ruas os sem abrigo e as pessoas que vivem em tendas e automóveis. Uma vergonha, que quem diz defender a dignidade da pessoa humana não denuncie isto. Uma vergonha que quem diz que a comunicação social das grandes corporações é livre, não consiga encontrar estas coisas nas notícias.

E a congruência é tão grande que até vemos MarconKinsey cumprimentar o Presidente Maduro, de forma tão efusiva, dizendo-lhe que está aberto a cooperar com o seu país e que o reconhece como presidente legítimo, depois de Úrsula há um mês ter reafirmado reconhecer no traidor Guaidó, o legítimo presidente da Venezuela! Bem podemos ver que jogo de sombras aqui se joga.

Contudo, Macron não é parvo e já viu o que vai acontecer à França se não se chegar à frente. Vejamos o caso alemão: se descontarmos as empresas que já existiam no tempo do Reich, existe alguma empresa de ponta alemã criada nos últimos 40/50 anos?

Quando digo de ponta, digo, em tecnologias de ponta. Há algum telemóvel alemão? Alguma marca de computadores? De aviões? Plataformas eletrónicas? Banco líder mundial? Indústria de chips? Nada… Todas as grandes oportunidades do mundo digital estão reservadas aos EUA, ou à China, e essa é a razão pela qual os EUA não gostam. Porque a China seguiu o seu caminho, não se vendeu.

Agora retirem à Alemanha a energia e as matérias-primas baratas made in tundra. O que acontece? Pois, acontece que Scholz foi para a China, num avião francês, carregado de CEO’s que querem salvar os seus lucros, pagando aos chineses para que os deixem aí continuar a instalar as suas fábricas de produtos que não fazem falta aos chineses. Mas os alemães precisam muito dos produtos e fábricas chinesas, porque estes, ao contrário dos primeiros, dominam 170 áreas económicas mundiais. Scholz não foi ajudar o povo alemão, para isso teria de ficar no seu país e torna-lo independente expulsando os ocupantes que o colonizam e impedem um alemão de ter orgulho em ser alemão. Scholz foi salvar os lucros astronómicos dos seus apoiantes, financiadores e chantagistas, tentando fazê-los avançar em direção à financeirização: fábricas na China, rendimentos em Nova Iorque ou Londres, Shangai ou Hong Kong. É deste tipo de traidores que falo e é a este tipo de gente que estamos entregues…

E depois ainda tenho de ouvir um lacaio como o Ventura a dizer que é um português de bem… Ó que cara…

Não abram os olhos não, que quando os abrirem só vos sobram as ervas do campo, se não tiver lá chegado algum coelho de estimação e um multimilionário ianque primeiro!


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