A Guerra na Ucrânia — O massacre de Izyum explicado

(Por South Front, In A Viagem dos Argonautas, 20/09/2022)

O resultado previsível da retirada das tropas russas do território da região de Kharkiv foi outro ataque informativo lançado pelo regime de Kiev. Na sequência do cenário representado em Bucha, os militares ucranianos descobriram valas comuns de “vítimas da ocupação russa” na cidade de Izyum….


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A Viagem dos ArgonautasA Guerra na Ucrânia — O massacre de Izyum explicado. Por South Front


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Os soldados ucranianos são imortais – os russos só matam civis…

(José Preto, in VK.com, 06/04/2022)

As sucessivas invocações de pretendidos massacres, de imaginários crimes de guerra, de gritado genocídio, até, de que seria vítima a população civil “ucraniana” tem que ser ouvida e respondida com maior eficácia.

Em primeiro lugar, estão material e efectivamente excluídos da cidadania ucraniana os russófonos, desde logo (e os magiares também, aliás, não se esgotando aqui o fenómeno das exclusões).

Por isso, a Ucrânia não apresenta, do ponto de vista do seu pretenso governo, um qualquer projecto nacional, além do imaginário hegemonismo do imaginado grupo dos varegos.

E não havendo sequer um projecto nacional, a Ucrânia é por ora (e não pode ser outra coisa) apenas um território, onde vários grupos disputam o poder.

Uns sob orientação externa da corja otanasca (alimentando ali um projecto colonial) e outros procurando defender a terra onde nasceram, o direito de aí viverem, frequentando as práticas religiosas da Igreja que sempre tiveram e falando a Língua que sempre falaram…

A intervenção russa fez-se em consonância com a defesa dos direitos dos grupos e regiões russófonas violentamente guerreadas desde há oito anos. Isso implica evidentemente a proclamação de que nenhum alvo civil seria tocado pela intervenção. E explica também o esforço reactivo da junta do karaíta de Kiev para fazer atingir civis, custasse o que custasse.

E por isso transformaram edifícios civis em alvos militares. Por isso estacionaram peças de artilharia e tanques no meio dos bairros residenciais, por isso usaram as populações civis como escudos humanos, disparando até sobre quem tentava fugir, sob orientação directa da corja otanasca, presente em alguns desses lugares, senão em todos.

Alguma dessa corja pede agora o repatriamento em Mariupol. E os cadáveres devem ser repatriados a expensas dos países agressores (com pagamento em rublos). Os sobrevivos talvez venham a ser alvo de pena complementar de expulsão do território, expurgadas as respectivas penas que o tribunal competente fixará, no caso de se não suicidarem no cárcere.

O que a ânsia de matar civis – vinda a par da ânsia de matar soldados russos – significa, é que a corja otanasca não quer consentir que algum exército, em algum lado, possa fazer mais e melhor do que ela faz.

A corja otanasca sempre atacou civis. Está até viciada no ataque a civis. A corja otanasca, exemplificativamente, bombardeou em Belgrado o Hospital materno-infantil. Bombardeou igrejas. Bombardeou as celebrações da Páscoa. Bombardeou até a Embaixada Chinesa. É o que sempre faz a corja otanasca. Mata civis. Parece-lhe que isso afecta a “moral da rectaguarda”…

A corja não pode pois admitir que alguém consiga, sequer, não fazer o que ela sempre faz. Como não pode admitir que a eficácia russa tenha menos baixas do que alguma vez a corja teve, fosse onde fosse (e verdade seja dita que, pela Graça de Deus, a OTAN levou quase sempre no focinho, à excepção dos suspensos desenlaces dos Balkãs, onde não levou ainda, mas vai levar).

É disto que se trata. Não estão – embora evidentemente também estejam – a tentar sujar a imagem das FFAA russas. Estão, antes disso, a procurar salvar a imagem própria na inevitável comparação. E também isso não vão conseguir. Nunca conseguiram.


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BRING BACK OUR GIRLS

(Clara Ferreira Alves, in Expresso, 18/04/2015)

Clara Ferreira Alves

                       Clara Ferreira Alves

Somos capazes de tudo a que nos propomos ser capazes, exceto de resgatar 219 raparigas raptadas por um grupo terrorista islâmico em África.

Somos capazes de enviar robôs para planetas distantes, de espiar as estrelas, de acelerar partículas para descobrir a origem do Universo. Somos capazes de inventar armas que matam à distância com acuidade e de inventar um relógio de pulso que é um computador. Somos capazes de viajar na internet e de escrever códigos que nos obedeçam e nos controlem. Somos capazes de curar doenças e de praticar medicina com máquinas que analisam os recantos do corpo. Somos capazes de viajar a alta velocidade e de transportar mercadorias e pessoas para lugares remotos. Somos capazes de construir torres de centenas de metros que competem em altura. Somos capazes de matar sem ver o que matamos. Somos capazes de tratar sem ver o que tratamos. Somos capazes de navegar no cérebro humano e desenhar mapas da razão e da emoção. Somos capazes de estabelecer a geografia dos mares e dos continentes. Somos capazes de extrair matérias-primas de lugares onde ninguém penetrou durante séculos. Somos capazes de pensar e criar mundos abstratos. Somos capazes de multiplicar dinheiro e riqueza. Somos capazes de cálculos matemáticos complexos. Desvendamos o infinitamente grande, o cosmos, e o infinitamente pequeno, as nanopartículas.

Somos capazes de tudo a que nos propomos ser capazes, exceto de resgatar 219 raparigas raptadas por um grupo terrorista islâmico em África.

Há um ano, o Boko Haram entrou numa escola no nordeste da Nigéria e levou consigo 276 raparigas chibok, alunas da escola. O sequestro deixou um rasto de cadáveres. Algumas raparigas fugiram, entretanto. As raptadas foram mostradas num vídeo, e o grupo prometeu convertê-las ao Islão e providenciar educação islâmica. Boko Haram significa Educação Ocidental é Proibida na língua hausa.

Um ano depois, o mundo volta aos gestos simbólicos, à campanha do Facebook, aos cartazes empunhados por personagens famosas, às vigílias à luz da vela e às manifestações de indignação. Malala, a Prémio Nobel da Paz, escreveu e leu uma carta a rogar que libertem as “irmãs”.

O Presidente Goodluck Jonathan acaba de perder as eleições e de ser substituído por outro, um militar com reputação dura, mas o novo Presidente diz que não sabemos se as raparigas podem ser resgatadas. É uma manifestação de fraqueza e impotência que remata um problema que ninguém parece interessado em resolver. A Nigéria, um país rico em petróleo, tentou uma atabalhoada ofensiva militar e encetar negociações com o grupo islâmico. Prometeu libertar prisioneiros do Boko Haram. Rodeou-se de conselheiros e peritos da China, da França, de Israel, do Reino Unido e dos Estados Unidos. Numa única operação da ofensiva militar, o exército nigeriano fez 600 mortos e muitos danos colaterais. Os soldados não respeitam os direitos humanos e caracterizam-se pela indisciplina e corrupção. Os chefes militares dizem que necessitam de mais armas e de mais treino, e os países ocidentais estão proibidos de vender armas militares à Nigéria. Há quem pense que a Nigéria aproveitaria para destruir os inimigos políticos.

O Boko Haram nasceu em 2002 e prometeu estabelecer um Estado Islâmico na Nigéria em 2009. Durante anos esteve fora dos radares e ninguém se importou com os massacres, porque a Nigéria não fica no Médio Oriente. Em 2013, os Estados Unidos incluíram o Boko Haram na lista de grupos terroristas. Não deixa de ser irónico que tenha demorado tanto tempo e que esta semana o Presidente Obama tenha pedido ao Congresso para deixar de considerar Cuba um Estado terrorista. Os pobres e inofensivos cubanos constituem uma terrível ameaça para a integridade territorial e a segurança americanas e deve ser por essa razão que os republicanos se opõem.

O que se conclui é que, quando os americanos não investem pessoas e recursos numa situação e enviam as suas armas e tropas especiais, o resto do mundo fica sentado. A operação deveria talvez ser confiada a mercenários chefiados por Sylvester Stallone, os únicos resgates que mobilizam a atenção global. Aliás, o Boko Haram foi repelido de territórios que ocupava no norte da Nigéria graças à ajuda de antigos mercenários sul-africanos desempregados de guerra, velhos gladiadores que sabem combater. Por causa deste empurrão, os nigerianos dizem que não sabem onde estão agora as raparigas. Num mundo vigiado por satélites, ninguém sabe como as encontrar. A operação de resgate seria complexa e colocaria a vida das reféns em perigo, sem dúvida, mas não seria mais complexa do que outras operações especiais. Trata-se de um problema que ninguém está interessado em resolver. A Amnistia Internacional alerta para as mais de 2000 raparigas raptadas que o Boko Haram usa como cozinheiras, criadas, escravas sexuais e soldados. Talvez uma mulher na Casa Branca ajude a tornar os problemas insolúveis com mulheres no meio em missões cumpridas por fim.