A alegria de Rui Rio

(In Blog O Jumento, 27/11/2020)

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Rui Rio dá ares de quem ganhou um brinquedo novo, parece uma criança a quem ofereceram a primeira bicicleta, finalmente sente-se feliz porque consegue dar ares de líder do PSD. Não lhe importa que tenha conseguido dar ares de líder porque a Catarina Martins lhe emprestou a prancha de bodyboard (surf é demais para as suas capacidades) enquanto do outro lado o André Ventura o segurava para aparecer minimamente equilibrado para a fotografia. 

Não lhe importou que tenha sido uma figura secundária no debate do Novo Banco, não se incomodou de a sua cambalhota ter sido sincronizada com a do Ventura, o que o levou a pensar que afinal o espelho estava enganado, foi o momento de glória proporcionado pelo Novo Banco. O outro andava de chanatas enquanto pôs fim ao BES, este anda de botas cardadas quando dá o pontapé no Novo Banco. 

Mas o mais curioso é ver um ecrã cheio de gente engalfinhada para aparecer ao lado do líder. É a abordagem pacóvia muito típica, uns querem dizer na terra que são importantes porque têm direito a estar atrás do líder, outros aproveitam a foto para meter no Facebook do PSD da sua aldeia. À frente deles um líder excitado berra e como acha que o seu sorriso é lindo não usa máscara, porque deve achar que os portugueses preferem ler nos lábios. 

Este é o senhor que revelou não ter classe nenhuma ao abordar a questão do congresso do PCP. Mas no mesmo telejornal vejo imagens do congresso do PCP, um controlo rigoroso nas entradas, distanciamento social, micros desinfetados após todas as intervenções, todas as cadeiras desinfetadas no intervalo para o jantar. 

Pessoalmente achei que a realização da Festa do Avante revelou alguma falta de bom senso e que o congresso tem muita teimosia ideológica. Mas recuso condenar a realização do congresso, como não condenei outro congresso e manifestações em tempos de pandemia e organizados sem um mínimo de seriedade. O PCP tem direito a fazer o uso dos seus direitos constitucionais e questioná-los, ainda que com os truques pacóvios do Rui Rio, só merece uma condenação. 

Mas depois de ver este Rui Rio acompanhado de um rebanho de gente em menos de dois metros quadrados acho que este palerma deveria pensar um pouco antes de abrir a boca.


Obrigado Rui Rio

(In Blog O Jumento, 11/11/2020)

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O argumento de Rui Rio para justificar a aliança de um partido que se diz social-democrata com um partido da extrema-direita é um atentado à inteligência. Usando uma linguagem vulgar o Rui Rio diz que ainda não se tornou num gigolô, o que fez foi o que toda a gente faz, perdeu a virgindade e não vê qual o inconveniente em tê-lo feito com o Chega. 

Segundo esta lógica o PAN, que é tido como um partido de esquerda, seria um forte aliado dos nazis pois é sabido que Hitler era vegetariano e adotou leis de proteção dos animais que fariam inveja a muitos países ditos muito civilizados. O líder do PAN poderia muito bem explicar que não apoiava o extermínio dos judeus, dos opositores do nazismo, dos ciganos ou dos republicanos espanhóis, apenas tinha feito um acordo no domínio da proteção do ambiente e dos animais. 

A explicação do Rui Rio de que o Chega apoia as suas bandeiras é ridícula, o líder do PSD sabe que quando fala em reduzir deputados ou cortar nos malditos apoios sociais está a fazer suas duas bandeiras da extrema-direita. Por mais pacóvio que seja ele sabe que a redução de alguns deputados e o corte nos subsídios não passam de medidas sem qualquer impacto na sociedade ou economia, são apenas idiotices para ganhar votos de idiotas que acham que é capando, cortando subsídios e dando facadas no parlamento que se atinge a democracia. 

Mas há uma coisa que devemos agradecer a Rui Rio, finalmente um líder do PSD assumiu a matriz ideológica que todos eles defendem em privado, ainda que em público venham com a pantomina do partido de esquerda ou do centro direita. O PSD é um partido da direita e é natural que entre o PSD e o CHEGA o denominador comum sejam estas duas bandeiras que os uniu nos Açores. 

Agora está tudo claro e a Catarina Martins fica a saber que governo está a escolher quando decidir derrubar um governo de esquerda só porque quer subir dois pontos na votações, comportando-se como um especulador da bolsa que de vez em quando vende as ações para realizar os ganhos. 

Nunca tivemos tão bons motivos para agradecer ao Rui Rio, nunca a política portuguesa ficou tão clara.


Nasceu uma nova estrela

(In Blog O Jumento, 29/02/2020)

Quem é que não conhece a libelinha que a Dra. Graças Freitas, diretora-geral da Saúde, costuma ostentar nas suas camisolas? Graças ao pânico generalizado em relação ao coronavírus esta senhora tornou-se na maior vedeta da televisão portuguesa.

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Tudo começou com a ministra a transformar o regresso de cidadãos da China numa grande oportunidade para ganhar uns pontitos para a sua imagem cada vez mais desgastada. Juntou um conjunto de secretários de Estado em representação de cada ministério envolvido na viagem, para que ninguém ficasse prejudicado, e organizou uma conferência de imprensa com intervenções todas certinhas e combinadas, encenação em que a ministra foi a maestra.

Uns dias depois, as suas conferências começaram a parecer cada vez mais ridículas, deixando na sua diretora-geral o papel de divulgar diariamente os boletins de saúde. A senhora gostou tanto da notoriedade conseguida que nunca mais largou as televisões. Se a ministra da Saúde quase ignorou os problemas nos primeiros dias, enquanto a ministra da Agricultura aproveitava para exibir a sua ignorância e falta de valores éticos, a diretora-geral da Saúde viu uma oportunidade de disputar o protagonismo de Marcelo Rebelo de Sousa, que também já fez a sua perninha em matéria de diagnósticos e boletins clínicos.

Só que a senhora diretora-geral da Saúde já foi longe demais, percebendo que quanto mais pânico houvesse mais ela seria famosa, desatou a deitar números para a comunicação social, o Expresso avançava com uma previsão de um milhão de contagiados. Poucas horas depois a senhora viu o disparate e ainda muita gente não tinha virado a primeira página do semanário e já a senhora aparecia a corrigir, fazendo correções, que o número era outro, que aquilo não era uma previsão mas sim um cenário.

Entretanto, parece que o SNS descobriu que os WC podem ser convertidos em sala de “isolamento” e já há gente a fechar escolas porque uma criança foi a Milão. E tudo isto mereceu a compreensão da senhora diretora-geral que nunca ouviu o Rei Juan Carlos dizer a sua famosa frase, “¿Por qué no te callas?” Parece que esta senhora ainda não percebeu muito bem qual é o seu papel.