Maçonaria, Opus e declarações obrigatórias

(Por Joseph Praetorius, 10/08/2021)

Sobre a maçonaria não sei grande coisa e não quero saber.

Conheci gente que se identificou com uma ou outra estrutura de tal campo e simpatizei com essa gente. Meu avô integrou o GOL com muitos dos amigos que por sua casa passaram e de quem minha mãe me foi falando enquanto cresci. Como já disse várias vezes não tenho preconceitos antimaçónicos.

Acho até graça aos ecos de alguns títulos internos que ouvi casualmente e me parecem bizantinismos mal compreendidos.

Conheci entre essa gente, também, criaturas que a nenhuma luz podem ser estimáveis.

Pelo testemunho que tais estruturas dão de si próprias, estão em expansão.

Em fragmentação, também. Há lojas não integradas. Há cisões nas obediências e as obediências que se reclamam regulares (não é papel meu indagar se o são ou não) multiplicam-se como se fossem as antigas organizações trotskistas, parecendo que há uma cisão mal haja um terceiro membro.

A segurança interna é nula, como o indicam os escândalos da Universidade Moderna (com o detalhe de um diretor da PJ a advertir da busca, antes desta se realizar), o da Loja Mozart e os da publicação dos nomes dos membros do GOL.

Mas a apetência para a conspiração é evidente (como as quebras de segurança também demonstram, vitimando mais essas estruturas e os seus membros do que o Estado, tanto quanto consegue ver-se, mas nisto nada é suficientemente claro). A imagem pública actual não podia ser pior.

Não parece fácil dizer hoje que aqui tenhamos apenas gente que ali se organiza com o intuito de fazer bem aos outros …

A novidade da votação parlamentar quanto à obrigatoriedade de declarar, sob a reserva possível, as filiações associativas é uma péssima ideia, mas demonstra até onde subiu já o incómodo, dando a evidência das franjas do leque político, à esquerda e à direita, que pretende eliminar esse fardo.

Essa eliminação é legítima e necessária.

A pretendida solução parece-me disparatada.

Não é útil gerar novos problemas, para não resolver qualquer deles. Os gerados, ou os anteriores.

Só uma polícia política poderia controlar a veracidade de tais declarações.

Como só uma polícia política poderia verificar a violação da incompatibilidade entre uma filiação associativa e quaisquer funções públicas desempenhadas com a respectiva ocultação. Isso não é aceitável.

E a ideia em cujos termos tal solução também atinge a Opus é completamente falsa.

A Opus é um movimento religioso (a Maçonaria não). A Opus sempre estaria ao abrigo de qualquer disposição desta natureza, que, à partida, viola materialmente a constituição.

Ora a Opus e a própria ICAR suscitam problemas agudíssimos e com a mesma natureza. Até por disporem de uma universidade onde podem compor os curricula da sua gente para as promoções na judicatura, por exemplo. E as Maçonarias falharam os projetos análogos, com uma exceção.

A ICAR, a Opus e as maçonarias, não são e nunca foram, entre nós, sensíveis ao argumento em cujos termos é preciso que alguém as discipline, se não conseguirem disciplinar-se a si próprias. E não conseguem.

A ICAR logrou até hoje obstar com evidente êxito à investigação aos maus tratos e abuso de menores nos seus asilos e seminários deste território, por exemplo. O que não conseguiu na católica Irlanda.

Nomear antigos pupilos de seminários menores (seminários de crianças) para funções de coordenação de serviços de investigação e informações, também não é boa ideia. Eles não gostariam que fossem desocultados os abusos que de um modo ou outro os vitimaram também.

Temos aqui muitos problemas para resolver.

Mas nenhuma destas organizações pode socorrer-se de imunidade jurisdicional.

Havendo suspeitas sérias de colisão da prática destas organizações com a Ordem Pública, abram-se inquéritos com a declaração de segredo de estado ate à publicação das conclusões. Depois das conclusões, levantem o segredo de estado e formulem as imputações a que haja lugar, determinando-se, em devido processo, as prisões preventivas imprescindíveis e a selagem das instalações que se revelar necessário selar.

Não esquecer, já agora, os clubes de futebol e os juízes nos clubes de futebol (juízes de tribunais superiores, de resto). Não esquecer também as grandes sociedades de advogados (não são apenas as grandes lojas) que admitem filhos de juízes dos tribunais superiores como seus estagiários. ou membros… Sociedades que se gabam de serem (e são) mais importantes que a Opus e as Maçonarias todas juntas.

O processo penal, por outro lado, tem uma formulação de causa de recusa com amplitude prudente.

É preciso – isso seria realmente útil – assegurarmo-nos que, no estatuto das diversas funções públicas, uma disposição análoga permitisse a defesa da respetiva independência em caso de necessidade. Regulando-se as condições de admissibilidade e a tramitação dos respetivos incidentes.

É preciso defender a paz civil sem a perturbar.


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O Opus Dei

(Carlos Esperança, 26/03/2021)

1 – O Opus Dei e São Josemaria

Em 26 de junho de 1975 faleceu monsenhor Josemaria Escrivá, indefetível apoiante do genocida Francisco Franco e fundador do Opus Dei, apoiante dos negócios políticos de João Paulo II, que levaram à falência fraudulenta do banco Ambrosiano e à criação de centenas de santos em Espanha, todos mártires do mesmo lado da guerra civil.

Levou a vida ao serviço de Deus e do fascismo, seguiu as tropas sediciosas a Madrid, e os seus devotos, a quem indicou o caminho, levaram à falência os impérios Matesa e Rumasa, para maior glória da prelatura e benefício dos desígnios do Monsenhor.

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Mal refeito da defunção, obrou 3 milagres, mais 1 do que necessário para a santidade. O primeiro foi no ramo da oncologia, a uma freira, prima de um ministro de Franco, que logo morreu curada. Está nos altares e deixou um exército de prosélitos, apto a enfrentar o islamismo e a subsidiar o Vaticano, onde, depois de dois pontífices amigos, o Espírito Santo iluminou mal os cardeais do consistório e lhes negou o terceiro.

Fundador de uma das mais reacionárias seitas católicas, usava o cilício como prova de amor ao deus que defendeu o generalíssimo, a monarquia, o catolicismo e o garrote, em Espanha.

O 25 de Abril, em Portugal, não o abalou na fé, debilitou-o na saúde. As eleições livres de 1975 só o deixaram respirar mais dois meses. Também Franco, ditador até ao último sacramento, finar-se-ia escassos 5 meses após o santo, bem confessado, melhor comungado e excelentemente ungido e cerimoniado, com o povo de rastos, a cumprir de joelhos as suas últimas vontades quanto ao regime de Espanha e ao destino do cadáver.

2 – A santidade do Opus Dei

“O Opus Dei é uma instituição que busca a perfeição espiritual dos seus membros e a satisfação da vontade divina.”

Acontece, às vezes, que a vocação para a política e para o sector financeiro extravase a necessidade de salvação da alma e comprometa a imagem dos seus membros.

Os jejuns, as orações e os cilícios não ocupam todo o tempo destinado à santidade. Foi o que permitiu ao virtuoso Escrivá apoiar o franquismo sem se esquecer, certamente, de rezar por mais de 900 mil espanhóis assassinados ou deportados pela ditadura.

O virtuoso monsenhor, que já em vida revelou odor a santidade, sentido por pituitárias pias, foi rapidamente canonizado por João Paulo II.

Claro que o Opus Dei teve percalços. Os casos Rumasa e Matesa são nódoas que caíram no pano impoluto da Obra, falências dolosas que os inimigos de Deus aproveitaram para denegrir a santa prelatura. Mais tarde a falência fraudulenta do Banco Ambrosiano salpicaria o Opus Dei e as autoridades italianas quiseram julgar o arcebispo Marcinkus, valendo-lhe a bondade de João Paulo II que não consentiu a extradição e impediu a investigação dos crimes.

Era o que faltava, enxovalhar nos tribunais a Obra que subsidiou o Solidariedade e que a única coisa que não consegue do Céu é que lhe mande dinheiro.

O Supremo Tribunal Suíço, localizado em Lausanne, caracterizou, numa sentença, o Opus Dei como «associação secreta» que atua «ocultamente» com um máximo de opacidade nos seus assuntos. (1).

Coisas de juízes terrenos, que ignoram a transparência do Opus Dei em relação a Deus.


(1) O Mundo Secreto do Opus Dei – Robert Hutchison (pg. 450), 29-07-2007

Apostila – Deve dizer «o» Opus Dei e não «a» Opus Dei. Opus é do género neutro em latim o que dá masculino em português, mas está vulgarizado o feminino, referido à Obra pia, associação pouco recomendável.

São Josemaria – 44.º aniversário do seu passamento

(Carlos Esperança, 26/06/2019)

Há 44 anos esqueceu-se de respirar o indefetível apoiante do genocida Francisco Franco e fundador do Opus Dei. Apoiou a política de João Paulo II, responsável pela falência fraudulenta do banco Ambrosiano, e a criação de centenas de santos espanhóis, todos mártires do mesmo lado da guerra civil.

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Ao serviço de Deus e do fascismo, acompanhou as tropas sediciosas a Madrid, e os seus fiéis, a quem indicou o Caminho, levaram à falência os impérios Matesa e Rumasa, para maior glória da prelatura e benefício dos desígnios do Monsenhor.

Os contributos pecuniários obtiveram a imunidade da seita, que passou a ter como única obediência o Papa, e o diploma da santidade, a ser conferido post mortem, depois de dois milagres certificados, um para a beatificação e outro para a santidade, como é uso. Foram-lhe creditados 3 milagres, não se pense que foi protegido, o primeiro no ramo da oncologia, a uma freira, prima de um ministro de Franco, que morreu curada.

O bem-aventurado, mal refeito da defunção, já tinha obrado 3 milagres, adjudicados por João Paulo II, amargurado Papa que não se poupou a esforços para evitar a prisão ao seu amigo Pinochet, sem êxito. JP2 era rápido a farejar milagres e santidade e não teria sido preciso que, quando da morte do franquista, 69 cardeais, cerca de 1300 bispos de todo o mundo e 41 superiores de congregações religiosas tivessem pedido o início da causa de sua beatificação e canonização. Estava paga e prometida.

JP2 criava santos com a mesma rapidez com que uma incubadora cria frangos, e o ora S. Josemaria tinha dado provas de martírio com o silêncio que guardou perante centenas de milhares de fuzilamentos pela ditadura e com o cilício que usou para deliciar o deus que defendia o generalíssimo, a monarquia, o catolicismo e o garrote, em Espanha.

S. Josemaria, quando deus foi servido de o chamar, como se diz em termos de afición, foi sepultado na Igreja Prelatícia de Santa Maria da Paz, na sede central da Prelatura, em Roma. Em 6 de outubro de 2002 foi canonizado pelo Papa João Paulo II, abandonando o ramo dos milagres, mas, em 2005 Bento XVI abençoou uma estátua em mármore de São Josemaría Escrivá, no exterior da Basílica de São Pedro, em Roma.

Depois de dois pontífices seus devotos, o Espírito Santo iluminou mal os cardeais do consistório e negou-lhe o terceiro e último.

O Santo mantém um exército de prosélitos, aptos a enfrentar o Islamismo e a subsidiar o Vaticano, enquanto rezam para que o Papa Francisco desapareça. Deus faz sofrer os que mais ama 😊.