Todo mundo quer pegar carona no Expresso BRICS

(Pepe Escobar, in Brasil247.com, 06/11/2022)

Comecemos com o que é de fato um conto sobre o comércio do Sul Global entre dois membros da Organização de Cooperação de Xangai (OCX). Em seu cerne está o já notório drone Shahed-136 – ou Geranium-2, em sua denominação russa: o AK-47 da guerra aérea pós-moderna. 

Os Estados Unidos, em mais um característico ataque histérico transbordando de ironia, acusou Teerã de armar as Forças Armadas Russas. Tanto para Teerã quanto para Moscou, o drone superstar, de ótimo custo-benefício e terrivelmente eficiente, usado no campo de batalha ucraniano, é um segredo de estado: seu uso desencadeou uma  tempestade de negativas de ambos os lados. Se esses drones são made in Iran, ou se o projeto foi comprado e a fabricação tem lugar na Rússia (a opção mais realista) não faz a menor importância.

Os registros mostram que os Estados Unidos armam até o pescoço a Ucrânia contra a Rússia. O Império, na verdade, é um combatente na guerra, por intermédio de um bando de “consultores”, conselheiros, treinadores, mercenários, armamento pesado, munições, inteligência via satélite e guerra eletrônica.  E, no entanto, os funcionários imperiais juram que não participam da guerra. Eles, mais uma vez, mentem.

Bem-vindos a mais um exemplo explícito da “ordem mundial baseada em regras” em operação. É sempre o Hegêmona quem decide quais regras aplicar, e quando. Qualquer um que se contraponha a ele é um inimigo da “liberdade” e da “democracia”, ou qualquer outro chavão, deverá ser – o que mais seria? – punido com sanções arbitrárias. 

No caso do Irã, há décadas sancionado até a exaustão, o resultado foi, como seria de se esperar, uma outra rodada de sanções. O que é irrelevante. O que importa é que, segundo o Corpo de Guarda Revolucionário Islâmico do Irã, nada menos que 22 países – lista que vem crescendo – estão  fazendo fila para pegar o bonde do Shahed.

Até mesmo o líder da Revolução Islâmica, o Aiatolá  Ali Khamenei, alegremente entrou na onda, comentando que o Shahed-136 não precisa photoshop.

A corrida rumo ao BRICS+

O que o novo pacote de sanções contra o Irã realmente “conseguiu” foi desfechar mais um golpe na cada vez mais problemática assinatura do ressuscitado acordo nuclear em Viena. Mais petróleo iraniano no mercado, na verdade, seria um alívio para as dificuldades de Washington após a recente e épica esnobada da OPEC+.

No entanto, um imperativo categórico continua existindo. A iranofobia – da mesma forma que a russofobia – sempre fala mais alto para os defensores da guerra straussianos-neocons que comandam a política externa americana e para seus vassalos europeus.

Então, aqui temos mais uma escalada hostil nas relações do Irã tanto com os Estados Unidos quanto com a União Europeia, uma vez que a junta não-eleita de Bruxelas também sancionou três generais iranianos. 

Compare-se isso com o destino do drone turco  Bayraktar TB2 – que, diferentemente das “flores no céu” (os gerânios russos) mostrou um péssimo desempenho em campo de batalha.

Kiev tentou convencer os turcos a usarem uma fábrica de armamentos da  Motor Sich na Ucrânia ou abrirem uma nova empresa na Transcarpátia/Lviv para construir  Bayraktars. O oligarca presidente da Motor Sich, Vyacheslav Boguslayev, de 84 anos de idade, foi acusado de traição por suas ligações com a Rússia, e talvez seja trocado por prisioneiros de guerra ucranianos.

Ao final, a negociação fracassou em razão do excepcional entusiasmo mostrado por Ancara em trabalhar para a construção de um novo centro de produção de gás na Turquia – uma sugestão pessoal do Presidente russo Vladimir Putin a seu colega turco Recep Tayyip Erdogan.

O que nos leva à interconexão cada vez maior entre os BRICS e os nove membros da OCX – à qual essa instância russa-iraniana de comércio militar está inextricavelmente ligada.

A OCX, liderada pela China e pela Rússia, é uma instituição paneurasiana cujo foco original era o combate ao terrorismo, mas que agora se volta cada vez mais para a cooperação geoeconômica – e geopolítica.  Os BRICS, liderados pela tríade Rússia, Índia, e China, superpõem-se à agenda da OCX em termos geoeconômicos e geopolíticos, expandindo essa agenda para a  África, América Latina e mais além: esse é o conceito do BRICS+, analisado em detalhe em um recente relatório do Clube Valdai , e plenamente abraçado pela parceria estratégica Rússia-China.

O relatório pesa os prós e contras de três cenários relacionados a possíveis candidatos ao BRICS+ no futuro próximo:

Primeiro, os países que foram convidados por Pequim para fazer parte da cúpula do BRICS de 2017 (Egito, Quênia, México, Tailândia, Tajiquistão).

Segundo, os países que fizeram parte do encontro de chanceleres do  BRICS, em maio do corrente ano (Argentina, Egito, Indonésia, Cazaquistão, Nigéria, UEA, Arábia Saudita, Senegal, Tailândia).

Terceiro, as principais economias do G20 (Argentina, Indonésia, México, Arábia Saudita, Turquia).

E há também o Irã, que já demonstrou interesse em se juntar aos BRICS.

O Presidente da África do Sul, Cyril Ramaphosa, confirmou recentemente que “diversos países”  estão morrendo de vontade de ingressar nos BRICS. Entre eles, um importantíssimo ator do Oeste Asiático: a Arábia Saudita.

O que é ainda mais surpreendente é que, há apenas três anos, no governo do ex-presidente dos Estados Unidos Donald Trump, o Príncipe Muhammad bin Salman (MbS) – o verdadeiro governante do país – estava resolvido a se juntar a uma espécie de  OTAN árabe, na condição de aliado privilegiado do Império.

Fontes diplomáticas confirmam que no dia seguinte à retirada das tropas americanas do Afeganistão, os enviados de  MbS começaram a negociar seriamente com Moscou e Pequim. 

Supondo-se que o BRICS alcancem o consenso necessário para a aprovação da candidatura de Riad em 2023, mal se pode imaginar as  consequências avassaladoras dessa decisão para o petrodólar. Ao mesmo tempo, é importante não subestimar a capacidade dos controladores de criarem o caos.   

A única razão pela qual Washington tolera  o regime de Riad é o petrodólar. Não se pode permitir que os sauditas persigam uma política externa independente e verdadeiramente soberana. Se isso acontecer, o realinhamento geopolítico não irá afetar apenas a Arábia Saudita, mas também todo o Golfo Pérsico.

Mas é cada vez mais provável que isso aconteça, depois de a OPEC+ ter de fato escolhido o caminho BRICS/OCX liderado pela Rússia e pela China – no que pode ser interpretado como um preâmbulo brando para o fim do petrodólar. 

A tríade Riad-Teerã-Ancara 

O Irã comunicou seu interesse em ingressar nos BRICS antes mesmo da Arábia Saudita. Segundo fontes diplomáticas do Golfo Pérsico, eles já estão engajados em um canal algo confidencial com a mediação do Iraque, na tentativa de se organizarem para tal. A Turquia virá em seguida – no BRICS, certamente, e possivelmente na OCX, onde Ancara hoje tem o status de observador extremamente interessado.

Agora, imaginem essa tríade – Riad, Teerã, Ancara – estreitamente ligadas a Rússia, Índia e China (o verdadeiro cerne dos BRICS), e futuramente na OCX, onde o Irã é, até agora, o único país do Oeste Asiático aceito como membro pleno.  

O golpe estratégico desferido contra o Império quebrou todos os récordes. As discussões que levam ao  BRICS+ focam o desafiador caminho rumo a uma moeda global lastreada em commodities capaz de superar a primazia do dólar.

Diversos passos interligados apontam para uma simbiose cada vez maior entre os BRICS+ e a SCO. Os estados-membros desta última já chegaram a um acordo quanto a um roteiro para o aumento gradual do comércio em moedas nacionais com base em acordos mútuos. 

O Banco Estatal da Índia – o maior emprestador do país – vem abrindo contas especiais em rúpias para o comércio relacionado com a Rússia. 

O gás natural russo enviado à Turquia será pago 25% em liras turcas, com um desconto de 25% que Erdogan pediu pessoalmente a Putin.

O banco russo VTB lançou transferências para a China em yuans, contornando o SWIFT, enquanto o  Sberbank começou a emprestar dinheiro na moeda chinesa. A gigante de energia russa Gazprom combinou com a China que os pagamentos por fornecimento de gás devem mudar para rublos e yuans, meio a meio. 

O Irã e a Rússia estão unificando seus sistemas bancários para conduzir comércio em rublos/rials.

O Banco Central do Egito está tomando providências para estabelecer um índice para  a libra egípcia – usando um grupo de moedas e o ouro – com o objetivo de afastar a moeda nacional do dólar.

E, também, há a saga do TurkStream. .

O presente do centro de gás 

Ancara, há anos, vem tentando se posicionar como um centro privilegiado de gás Oriente-Ocidente.  Após a sabotagem dos Nord Streams, Putin entregou de bandeja à Turquia a possibilidade de aumentar o fornecimento de gás para a União Europeia usando esse centro. O Ministério da Energia turco afirmou que Ancara e Moscou, em princípio, já chegaram a um acordo.

Na prática, isso significa que a Turquia irá controlar o fluxo de gás não apenas da Rússia, mas também do Azerbaijão e de grande parte do Oeste Asiático, talvez incluindo até mesmo o Irã e a Líbia, no nordeste da África.  Terminais de GNL no Egito, na Grécia e na própria Turquia irão completar a rede.

O gás russo se desloca através dos gasodutos TurkStream e Blue Stream. A capacidade total dos gasodutos russos é de 39 bilhões de metros cúbicos ao ano.

O TurkStream foi inicialmente projetado como um gasoduto de quatro linhas, com uma capacidade nominal de 63 bilhões de metros cúbicos ao ano. Nas atuais circunstâncias, apenas duas linhas – com capacidade total de 31,5 bilhões de metros cúbicos – foram construídas.

Portanto, uma extensão, em tese, é mais praticável – com a totalidade dos equipamentos de fabricação russa. O problema, mais uma vez, é a instalação dos dutos. Os navios a serem usados pertencem ao Allseas Group – e a Suíça faz parte da demência das sanções. No Mar Báltico, embarcações russas foram usadas para concluir a construção do Nord Stream 2. Mas, para uma extensão do TurkStream, seria necessária operar em profundidade oceânica muito maior. 

O TurkStream não seria capaz de substituir completamente o Nord Stream, pois ele comporta volumes muito menores.  A boa notícia para a Rússia é não ser alijada do mercado europeu. É evidente que a Gazprom só assumiria o significativo investimento necessário para a construção de uma extensão se houver garantias férreas quanto a sua segurança. A desvantagem é que a extensão também transportaria gás dos concorrentes da Rússia.  

Aconteça o que acontecer, resta o fato de que o combo Estados Unidos-Reino Unido ainda exerce uma forte influência sobre a Turquia – e a BP, a Exxon Mobil e a Shell, por exemplo, participam de praticamente todos os projetos de extração de petróleo em todo o Oeste Asiático. Eles, portanto, certamente iriam interferir na operação dos centros de gás turcos, como também na determinação do preço do gás. Moscou tem que pesar todas essas variáveis antes de se comprometer com o projeto. 

A OTAN,  é claro, ficará lívida de ódio. Mas nunca subestimem o Sultão Erdogan, especialista em minimizar riscos. Sua história de amor tanto com os BRICS quanto com a OCX está apenas começando. 


Fonte aqui.


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Nasce um novo sistema de pagamentos no Sul Global

(Pepe Escobar, in Resistir, 01/12/2022)

A União Económica da Eurásia ( EAEU, na sigla em inglês) está a acelerar a sua concepção de um sistema de pagamentos comum, o qual tem sido discutido em pormenor há quase um ano com os chineses sob a direção de Sergei Glazyev, o ministro da EAEU responsável pela Integração e Macroeconomia.


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Confisco de reservas russas empurra mundo para novo sistema monetário internacional

(Alastair Crooke, in Diálogos do Sul, 21/03/2022)

Fato é que a atual operação militar na Ucrânia acabará, no devido tempo, relegada ao status de  pouco mais de uma nota de rodapé na história global. Mas a guerra financeira total que repercutiu na Rússia é e será fundamental na definição da nova ordem mundial que se avizinha. 

De fato, talvez já tenhamos testemunhado o momento em que a história econômica mudou de rumo. Aconteceu dia 26 de fevereiro, quando o Ocidente coletivo confiscou todas as reservas cambiais do Banco Central da Rússia mantidas no Ocidente.

Em síntese, o Ocidente decretou que as reservas soberanas russas em euros, dólares e papéis do Tesouro dos EUA deixavam de ser ‘dinheiro bom’. Que deixavam de ter valor como ‘dinheiro’ para pagar dívidas russas a credores estrangeiros. E ao sancionar também o Banco Central Russo, o Ocidente impossibilitou para aqueles que compram bens, energia ou commodities quitar o que devem através do Banco.

A magnitude desse evento é sublinhada pelo fato de que houve conflito anterior também centrado na Ucrânia – a Guerra da Crimeia de 1854-1856 – Grã-Bretanha e França estavam em guerra contra a Rússia. Mas mesmo assim, durante toda a guerra, o governo russo continuou a pagar juros aos detentores britânicos da dívida russa; e o governo britânico também continuou a pagar o que devia ao governo russo.

A mensagem agora é bastante clara – se até os mais proeminentes Estados do G20 podem ter suas reservas canceladas num piscar de olhos, então, para todos que ainda tenham ‘reservas’ em Nova York, é hora, já-já, de as levar para outro lugar, enquanto a viagem ainda é possível! E se você precisa guardar algo de valor, como reserva para dia chuvoso, compre ouro, e guarde bem.

Quer dizer então que alguém por aí pensou que os títulos soberanos norte-americanos (os chamados “papéis do Tesouro norte-americanos, Treasuries) fossem ‘dinheiro’ e invioláveis? Nada disso! Os EUA acabam de declarar nulos e quitados aqueles papéis da dívida dos EUA depositados no Banco Central russo. Talvez – como os Títulos da Rússia Imperial, usados para decorar banheiros europeus, como papel de parede colorido, mas sem valor – o Banco Central russo passe agora a usar seus títulos do Tesouro dos EUA como papel de parede para banheiros (embora em decoração menos colorida). 

Mas… Atenção! Há mais. Na legislação proposta no Senado dos EUA, as reservas de ouro de propriedade do Banco Central da Rússia serão congeladas e confiscadas. Há, no entanto, um grande problema para cumprir essa legislação. O ouro existe. Ele está em barras de ouro físico (cerca de 2.300 toneladas métricas), no valor de cerca de 150 bilhões de dólares, MAS são armazenadas na Rússia. Verdade é que não havia nem há meio viável para congelar ou apreender as montanhas de ouro que estão na Rússia… e lá permanecem.

Então, do que se trata, se o ouro não pode ser realmente apreendido? 

Trata-se de sanções de boicote secundário contra quem quer que ajude a Rússia a transportar ou a fazer transações em ouro. Por exemplo: se a Rússia importasse, digamos, chips semicondutores chineses e liquidasse a transação em ouro, nesse caso, teoricamente, os EUA poderiam sancionar a entidade que recebesse o ouro na China.

Os EUA, a aplicar sanções contra receptores de ouro russo?! OK, já é um pouco demais… Mas considerem também o seguinte: 

Há (pelo menos teoricamente, pois ninguém sabe ao certo) 6.000 toneladas de ouro de propriedade estrangeira (ou seja, de propriedade de Estados estrangeiros) ainda em poder do Federal Reserve de Nova York.

E agora, 6.000 toneladas (dado o precedente do caso russo) já podem ser facilmente confiscadas pelas autoridades norte-americanas – ao apertar um botão. Assim sendo, por que não repatriar aquele ouro, enquanto se pode? Ok. Para começar, porque não será fácil arrancar qualquer ouro de dentro do Fed).

Sim, alguns poderiam dizer que a Rússia é considerada ‘mau ator’ pelos EUA. E nós, os norte-americanos, somos ‘bons’. Ok, vá que fosse, só por hoje. O problema é que a lista dos atores que em algum momento foram rotulados como ‘maus atores’ é longa. Lembre-se de que até a França, membro do G7, foi acusada de ser ‘mau ator’ durante a guerra do Iraque, em 2006.

Assim sendo, então, claro que estamos às vésperas de uma grande retirada das Reservas – para fora da jurisdição dos EUA. A decisão de Biden, de confiscar os ativos do Banco Central russo é tão significativa em termos geopolíticos quanto foi o fechamento, por Nixon, da ‘janela do ouro’ norte-americano, em 1971. Lembrem-se todos de que o fechamento da tal ‘janela’ foi inicialmente elogiado como ‘medida temporária’.

A consequência geopolítica, no entanto, teve efeito de bomba nuclear. O sistema comercial baseado no petrodólar que derivava daquele ouro permitiu aos Estados Unidos ‘detonar’ o mundo com sanções e sanções secundárias. Para tanto, passou a bastar que os EUA declarassem que passavam a ter jurisdição sobre qualquer, e todas, as transações denominadas em dólares, ou que, de algum modo, passassem por processo de compensação em dólares.

A hegemonia dos EUA sobre a chamada “ordem baseada em regras” tem sido muito mais financeira (bem menos, militar). Vale dizer: é ordem imposta sempre que os EUA ameaçam ‘sancionar’ qualquer canalha com uma ‘bomba de nêutrons’ de papéis do Tesouro dos EUA.

E dia 26 de fevereiro, esse sistema começou a se ‘suicidar’, quando os ‘falcões’ russófobos de Washington, iniciaram, estupidamente, uma luta contra o único país – a Rússia – que tem as mercadorias necessárias (i) para governar o mundo; e (ii) para desencadear mudança real para outro sistema monetário. Esse outro sistema monetário tem o mérito de estar ancorado em solo firme, em algo que não é dinheiro ‘fiat’, dinheiro que desce do céu num helicóptero.

É claro que o yuan ou o rublo podem refletir o valor subjacente de suas respectivas grandes reservas de ouro. Mas também, as mercadorias são garantia, e garantia é dinheiro. E a Rússia tem a parte do leão das principais commodities.

Em resumo, o sistema monetário ocidental baseado no dólar norte-americano como moeda de reserva está prestes a acabar numa inflação de dimensões de estrela supernova, pois os EUA perdem a capacidade de usar a poupança chinesa para financiar o orçamento norte-americano e os próprios déficits comerciais norte-americanos. 

E é o que está acontecendo à medida que a geração Boomer vai-se aposentando e sobem os ganhos que têm direito de exigir. 

Defesa, juros e direitos não discricionários já comem 100% da receita tributária. Portanto, agora, não há outra possibilidade: o Fed tem e terá de imprimir a maior parte dos enormes gastos adicionais.

Zoltan Poszar, uma das vozes mais respeitadas de Wall Street, argumenta que o sistema monetário atual funcionou enquanto os preços das commodities oscilaram previsivelmente numa faixa estreita – ou seja, enquanto não estiveram sob estresse extremo (precisamente porque as commodities são garantia para outros instrumentos de dívida). 

Mas quando todo o complexo de commodities está sob estresse, como está agora, os preços enlouquecidos das commodities levam a um mais amplo voto de ‘desconfiança’ no sistema. É o que vemos acontecendo agora.Os falcões russofóbicos não previram isso? Foram surpreendidos por tais ‘consequências inesperadas’?! Havia alguma grande estratégia por trás do confisco das reservas russas, além da visceral má-fé contra a Rússia?

Não. Não previram coisa alguma. Agiram por impulso tresloucado. Sabemos disso, porque tanto o Fed como o BCE informaram que não foram consultados sobre o confisco do ouro nem sobre a expulsão de sete bancos russos do sistema de compensação financeira SWIFT. E esclareceram que, se consultados, teriam votado contra os dois movimentos.

Foi ato de automutilação. 

E que ironia! Em seu zelo para esmagar a economia russa, os falcões norte-americanos russofóbicos abriram inadvertidamente o caminho para que Rússia e China começassem a criar um novo sistema monetário, bem longe da ‘esfera de influência’ do dólar norte-americano.*******

Tradução: Vila Mandinga [Tradução automática, por Google Translator, corrigida e revista, para finalidades acadêmicas, sem valor comercial.]

Fonte aqui


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