‘Arrepiado’ com a dupla Cavaco & Eanes

(Alfredo Barroso, in Facebook, 09/10/2021)

Cavaco “depois de mim o dilúvio” Silva, já nem se lembra da miséria causada pelo governo Passos-Portas, que apoiou.


Já se tornaram habituais os ataques brutais aos Governos do PS e aos partidos de esquerda, lançados periodicamente em algum jornal ‘de reverência’ (como, por exemplo, o ‘Expresso’ – ver aqui o último artigo de Cavaco) pelo “senhor Silva” (era como lhe chamava o ‘ogre’ da Madeira Alberto João Jardim) e que eu hoje prefiro tratar como o senhor Aníbal Cavaco “depois de mim o dilúvio” Silva. Ele e o general Ramalho Eanes estão a tornar-se duas peças do museu político nacional que, de vez em quando, sentem absoluta necessidade de sair dos seus metafóricos ‘sarcófagos’ (em que é suposto estarem ‘mumificados’) para se mostrarem ‘vivíssimos da costa’ e ‘taparem o sol com uma peneira’…

Constituem ambos – Cavaco & Eanes – uma bem conhecida parelha reacionária, sempre apostados, em vão: um deles, Ramalho Eanes, em tomar conta do PS, primeiro com ‘cavalinhos de Troia’, depois com a criação do PRD ‘que Deus tem’; o outro, Aníbal Cavaco “depois de mim o dilúvio” Silva, em destruir o PS ou, pelo menos, em reduzi-lo à ínfima espécie (com a ajuda de Eanes e do PRD). De facto, ambos são ‘retratos chapados’ ou exemplos inolvidáveis da mesquinhez e da mediocridade política que ascendeu ao poder e fez muitíssimo mal à democracia portuguesa – e quer continuar a fazer…

O certo é que todas as direitas ainda não se refizeram da clara derrota sofrida nas eleições gerais autárquicas (que o PS ganhou em votos, em Câmaras Municipais, Assembleias e Juntas de Freguesia conquistadas) e agora querem agarrar-se, como náufragos às boias, a tudo e todos quantos sirvam para dar ‘arraiais de porrada’ neste Governo e no PS.

Não foi por acaso que, de repente, os ‘doutores catástrofe’ da Ordem dos Médicos recomeçaram a atacar o SNS, clamando que os hospitais públicos estão a rebentar pelas costuras (viram a ‘mesa oblonga’ da SIC Notícias só com defensores dos hospitais privados?). Tal como não foi por acaso que Eanes & Cavaco saíram dos ‘sarcógrafos’ para darem uma ajuda muito mediática ao ‘Arraial De Porrada Em Curso’ (ADPEC) no PS.

Tal como nunca é por acaso que o comentador-mor do ‘reino’ de Portugal, mais conhecido como Marcelo PR, se põe e repõe a fazer declarações hipócritas e só pretensamente enigmáticas e subtis sobre a governação do PS e os ‘cacaus’ da ‘bazuka’, ao mesmo tempo que comenta (coisa espantosa) o que é que a direita pode fazer com este ‘punhal eleitoral’ que não chega a ser uma ‘espada’ – o Carlos ‘ir além da Troika’ Moedas – para ‘chatear’ o Costa, por exemplo, molhando-lhe os sapatos com aquilo que o dicionário da Porto Editora descreve como sendo o líquido excretado pelo aparelho urinário, constituído por água com substâncias minerais e orgânicas, entre elas importantes produtos de desassimilação, como a ureia, o ácido úrico, etc…

As direitas são assim, mas, para derrubarem o Governo, já, precisam, obviamente, que não só o BE mas também o PCP se disponham a ‘chumbar’ o Orçamento de Estado. Com o BE podem contar, com o PCP ainda não sabem…

Campo d’Ourique, 9 de Outubro de 2021


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Velha estirpe

(Baptista Bastos, in Correio da Manhã, 18/05/2016)

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Baptista Bastos

Só um povo como este tem suportado tanta ignomínia com o estoicismo demonstrado.


Marcelo convidou Ramalho Eanes, o primeiro Presidente eleito na liberdade, a estar presente em Castelo Branco, para o facto ser assinalado. Nada mais justo, decente e honrado.

Eanes possui as virtudes republicanas, cada vez mais raras, de recusar a prebenda, as honrarias e a futilidade das homenagens vãs. Acresce a esta integridade de carácter a repulsa pela mentira e o desprezo pelo dúplice.

A fim de não cair no logro das ambiguidades, gravava todas as conversas que mantinha, à época, com o primeiro-ministro, em quem não confiava minimamente. Quando aparece ou fala em público é porque tem algo a dizer que possa servir de pretexto para reflexão. É um senhor à maneira antiga, para o qual o aperto de mão ou a palavra dada correspondem a demonstrações de honra e a compromissos que se não desdizem.

Nesta dimensão e com esta estirpe não há quem se lhe seja igual. E é pena. A nossa República tem sofrido tratos de polé, com insídias, mentiras, abocanhamentos e velhacarias, muitas vezes com a cumplicidade de estipendiados na comunicação social e de agrupamentos sórdidos para os quais a democracia ainda é um transtorno. Adianto: só um povo como este, o nosso, tem suportado tanta ignomínia e tal sofrimento com a dignidade e o estoicismo demonstrados.

Há uma frase, atribuída a Herculano e, por vezes, a Garrett, que abomino pela vacuidade e pela perfídia. Ei-la: “Portugal é um país pequeno; e não maior é quem o habita.” Sei Portugal de cor e salteado, e da história desta gente conheço-lhe o rasto, o rosto e o sonho. Nunca, por nunca ser, me deram razões de desconfiança ou de desprezo.

Pelo contrário: se aqui estou também é por eles e por ser deles. Jamais desistiram de lutar e de procurar ser felizes. Mesmo nas épocas mais ominosas. Ramalho Eanes pertence a essa estirpe que a grosseira inanidade dos tempos condena ao esquecimento. Bem-haja.