O ataque brutal ao PS durante oito anos

(Alfredo Barroso, in Facebook, 31/03/2024)

Este é o sexteto de direita que venceu as eleições legislativas, depois de Marcelo PR ter derrubado o Governo de maioria absoluta do PS. É essa gente que tem a estrita obrigação de autosustentar-se, criando, se necessário, uma aliança do tipo «caranguejola» ou mesmo «dona elvira». Mas ao menos tenham vergonha e não se ponham a “pedir batatinhas” ao PS, lá porque acolheu como deputados o Francisco Assis e o Sérgio Sousa Pinto…

Políticos de direita e extrema-direita, e o jornalismo ‘de reverência’, atacaram brutalmente o PS, o Primeiro-ministro António Costa e os seus governos durante oito anos, mas desejam um PS ‘manso’ para ajudar a aguentar este Governo do PPD-PSD mas, o atual PS, deve ter a coragem de responder ‘com a mesma moeda’ a esta direita agora no poder, não para se ‘vingar’, mas para sobreviver a um dos piores ataques à democracia desde há 50 anos.

Políticos e jornalistas sem escrúpulos, que “in illo tempore” atacaram com a mesma brutalidade MÁRIO SOARES, aproveitam-no agora, que está morto, para invocar a sua tolerância e generosidade democráticas em proveito deste Governo dito ‘falsamente’ da AD (e que ameaça ser tão mau como o de Pedro Santana Lopes). Querem, assim, exautorar, depreciar, desprestigiar a(s) esquerda(s), caso o PS não se sinta atraído pelos ‘cantos de sereia’ desta Imprensa oportunista e sem escrúpulos que, junto com um Presidente da República irresponsável, instável e “dissolvente”, andaram com a direita e as duas extremas-direitas (a do CHEGA e a da IL) ao colo, mas agora querem ver-se livres duma delas (a do CHEGA), que lhes “saiu pela culatra”, apelando à boa-vontade e ao “sentido de Estado” que nunca tiveram enquanto o PS esteve no poder.

Este PS continua a ter no seu seio uma “ala liberal” que nada tem a ver com o socialismo democrático, e é a favor da reconstituição do ‘bloco central’. Sei bem, por experiência própria (fui o secretário de Estado da Presidência do Conselho de Ministros do IX Governo constitucional, de 1983 a 1985), o que significou, para o PS, a coligação de Governo com o PPD-PSD, partido que – já com Cavaco Silva na chefia e em ‘aliança’ com o PR Ramalho Eanes – decidiu desfazer a coligação com o PS e derrubar o Governo a meio do seu mandato. Desde então, eu (que até fui defensor da coligação com o PPD-PSD, então liderado por Mota Pinto) jurei a mim próprio que jamais defenderia outra aliança com o partido que já foi de Cavaco, de Durão Barroso e de Passos Coelho, e que agora é de um dos acólitos de Passos Coelho no tempo da brutal política de ‘austeridade’ e ‘empobrecimento’ deliberado (sim, mesmo deliberado!) de Portugal e dos Portugueses.

O que o PS tem de fazer é aquilo que Pedro Nuno Santos prometeu e ainda não cumpriu: oposição. Uma oposição clara – e sem hesitações ditas ‘patrióticas’ mas de facto ‘hipócritas’, ‘cínicas’ e ‘oportunistas’. Em democracia, é o que se espera e reclama duma oposição democrática (pelo menos enquanto Portugal não estiver em estado de ‘pré-guerra’ com a Rússia, como querem o imbecil Presidente da França e o idiota chefe do Governo da Polónia). Espero que não sejam esquecidos os insultos que alguns ‘barões’ do PPD-PSD agora membros do Governo – sobretudo o incrível novo ministro dos Negócios Estrangeiros, Paulo Rangel – dirigiram ao PM António Costa, aos seus Governos e, aliás, ao próprio Pedro Nuno Santos.

Nenhum militante, adepto ou mero eleitor do PS compreenderá que seja este partido o sustento do Governo de Montenegro. E convirá recordar que foi, sobretudo, o CHEGA que nasceu duma ‘costela’ do PPD-PSD e que esvaziou o CDS-PP. Por isso, é com a ajuda do CHEGA de André Ventura que este PPD-PSD de Montenegro terá de se haver para se manter no poder.

Essa de que terá sido o PS a ‘dar corda’ ao CHEGA, já pertence ao ‘anedotário político nacional’. Foi a direita que gerou a extrema-direita, e não o PS. Que isso fique bem claro!

Campo d’Ourique, 31 de Março de 2024


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6 pensamentos sobre “O ataque brutal ao PS durante oito anos

  1. Obrigado.
    Subscrevo,
    Eu inscrito no PS, não milito…..
    O Povo é sereno, parece a apático,maa creio ainda que não é parvo, ao contrário do que pensará o MRS…o grande responsável por este estado de coisas que está a correr, mas como “quem-com-ferros-mata-ferros-morrre….aguardemos, pois…

  2. Vital Moreira questionou a nomeação da Juíza-Conselheira Margarida Blasco para Ministra da Administração Interna, por considerar que “viola flagrantemente o princípio da separação de poderes e a independência partidária da magistratura”.

    Curiosamente, não ouvi qualquer líder partidário agarrar esta questão, excepto o líder do Chega que acabou de pedir a Luís Montenegro, que “reconsidere a nomeação” de Margarida Blasco, para Ministra da Administração Interna, não pelas razões invocadas por Vital Moreira, mas por lhe dar jeito e tempo de antena nas suas jogadas populistas.

    O que me importa reter é que foi André Ventura a chegar-se à frente e afrontar o indigitado primeiro-ministro.

    Quem é que, no terreno, irá liderar a oposição?

  3. O Mário Soares pôs se a jeito para ser atacado. Os casos foram muitos. Desde a imperiosa necessidade de meter o socialismo na gaveta ao roubo descarado de 25% do subsídio de Natal ganhasse o desgraçado o que ganhasse ao tal cabaz de produtos que não podiam ser aumentados mas depois conforme as semanas passavam já se ia tirando uma coisinha do cabaz e já se podia aumentar. A única coisa doce que lá estava era a bolacha Maria e assim o senhor ficou conhecido pelo Bolacha Maria.
    Seguiram se declarações que mais tarde se revelaram risiveis como a atoarda “o meu amigo Carlucci não é da CIA” que caiu por terra quando o aludido recebeu uma distinção pelos bons serviços prestados como agente da CIA.
    Houve ainda coisas mesmo risiveis como o “eu e aqui o mon ami Miterrand” ou o “como todos sabemos a Indonésia é um pais árabe”.
    Soares revelou se um catavento é justificou essa elasticidade com um “só os burros não mudam”.
    E estes são só os casos de que me lembro. Porque artes da alquimia é que esta rica encomenda deixou de sofrer “ataques brutais” de uma imprensa que foi sendo amestrada e virou “pai da democracia” e que nos devia dar que pensar.
    Concordo contudo que a nossa imprensa levou ao colo tanto a direita como a extrema direita com comentadores de direita a debitar sem contraditório ao longo de toda a campanha eleitoral e o “tempo de antena” desmesurado dado a campanha do Chega.
    O modo como foi acompanhada a golpada judicial de Novembro, com o vazamento de escutas telefónicas entre outras aleivosias prejudicou em muito o PS.
    Mas agora é andar para a frente e não voltar a pôr o socialismo na gaveta levando Montenegro ao colo.
    Ou nas próximas eleições isto pode correr pior ainda.

  4. Pois … mas não. Se é verdade que o andrébices foi chocado no ninho do psd, os votos que angariou nasceram da raiva alimentada pelo biliões de excedente orçamental que o ps escolheu não usar para resolver os baixos salários, a crise da habitação e o crescimento da pobreza e desigualdade. Quem fez crescer o benturismo? O ps e a sua politica neo-liberalófila.

  5. Se o PS usasse os tais bilhoes de excesso orçamental para resolver os tais problemas elencados os poderes europeus caíam nos em cima como gato a bofe. La andam aqueles malandros outra vez a gastar em mulheres e vinho.
    A verdade é que como bem explicou há uns tempos Carlos Matos Gomes Portugal não é uma ilha mas uma colonia da União Europeis com nenhuma margem de manobra.
    O que ninguém explica é porque é que os “zangados” foram votar em gente que tem nos seus programas uma agenda mais neo liberal ainda.
    Com a linda escolha que fizeram, votar bem mais à direita que a esquerda e provável que o tal excedente orçamental seja aplicado em mais PPP ruinosas agravando os problemas existentes e não resolvendo porra nenhuma dos graves problemas que existem.
    E isto não é uma defesa do PS mas sim o constatar que quem desta vez saiu de casa para votar escolheu enterrar nos a todos na lama até ao pescoço.
    E a comunicação social teve um papel importante neste desfecho no tempo de antena que deu ao traste do Ventura, nado e criado no PSD. E despejando nos em cima sem contraditório comentadeiros de direita como José Gomes Ferreira, Paulo Portas e Marques Mendes. Enquanto outros faziam o trabalho de sapa nas redes sociais.
    Foi tudo feito para que se votasse bem a direita e não a esquerda do PS.
    O resultado começa a ser nos aplicado hoje.

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