(Major-General Raúl Cunha, in Facebook, 11/09/2023)

Usamos com demasiada frequência a frase “até ao último ucraniano” para enfatizar e reforçar o argumento que as FA’s Ucranianas estão a ter demasiadas perdas e sempre combinámos isso com a sua ininterrupta mobilização e, agora, também, com a mobilização daqueles que estão inaptos para o serviço militar. No entanto, tendemos a esquecer algo crucial. Em Bahmut, muitos dos que lutaram pelas FAU pertenciam a unidades de defesa territorial, com pouca ou nenhuma instrução. Tinham sido enviados, juntamente com tropas mais bem treinadas e equipadas, para tentar manter a cidade. Como conclusão lógica da sua participação, a sua maior parte foi exterminada até aos últimos homens, ou tornada ineficaz devido às terríveis perdas sofridas. Ninguém contesta esse facto, porque é verdade e está bem referenciado. Nesta ação o grupo Wagner teve sucesso. Mas também devemos ter presente que muitas dessas unidades eram de defesa territorial. Apenas alguns meses depois, as FAU atacaram com forças mais poderosas em Zaporozhye e, recentemente, em Donetsk. E ainda mantêm na sua posse Marinka, Avdeevka e Ugledar, estando a recuar lentamente na região de Kupyansk.
Neste momento, as forças que atacam em Zaporozhye e Donetsk são tropas treinadas no ocidente e internamente, fortemente armadas e em quantidades significativas, com bastantes armas ocidentais. Deve ter-se presente que em Bahmut se estava a desenvolver uma ação retardadora que foi paga de uma forma exagerada pelas FAU. O comando das forças ucranianas decidiu ganhar ali tempo em troca de sangue (de certo modo, não o poderiam ter feito de outra forma), mas enviou aqueles que tinham menor valor em termos de capacidade de combate, de forma a poupar as melhores tropas para o futuro ataque principal. Agora e depois de todo este tempo, o ataque principal não foi nem decisivo nem letal, como alguns previam. Mas no QG das FAU, não existem idiotas, eles foram formados nas mesmas escolas que os generais russos. Se alguém acreditar no contrário, estará errado. Provavelmente sob a influência dos generais da OTAN foi tentada uma manobra do tipo guerra relâmpago, que se veio a revelar inútil. No entanto, ainda continuam a atacar. E nesse caso resulta uma questão lógica. Por que razão estão a atacar? Não será o momento de cancelar essa ação?
A maior parte das vezes a resposta que aparece é: 1) Não o podem fazer, porque a OTAN não permite; 2) É por ordem do presidente; 3) O ataque é a melhor defesa. Enquanto o grupo de forças que actualmente está a ser consumido (neste momento, já são mais de 100.000 KIA/WIA/MIA), as FAU estão a fazer a mesma coisa que fizeram em Bahmut – ou seja: formar, treinar e equipar outro corpo de forças de combate principal, e ao mesmo tempo criar, novamente, um corpo secundário que será composto por unidades de defesa territorial. A tarefa deste último será aguentar, amortecer e tentar absorver o contra-ataque russo tanto quanto possível, sem que seja necessário sacrificar demasiado o corpo de forças de combate principal, em termos de homens e equipamento. A ideia é parecida com a dos russos, permitir que o inimigo ataque, desacelerá-lo, desgastá-lo o máximo possível e quando chegar a hora adequada, atacar novamente com um corpo de forças de combate principal recém-criado. E, se necessário, repeti-lo em seguida. Entenda-se que o comando das FAU reclama do pessoal, mas talvez não por causa do que se pensa.
Os centros de recrutamento estavam sob pressão para cumprir as quotas. Sendo corruptos, deixaram muitos escapar. Kiev e as maiores cidades estão cheias de homens com capacidade militar. O problema está na ineficiência dos recrutadores. Todos os aptos irão receber uma melhor instrução para formar um novo corpo de forças de combate principal. Todos aqueles inaptos, jovens, velhos, mulheres (talvez), previstos para conter o ataque russo receberão um treino mínimo. Não precisam de nada melhor, excepto saber atirar, porque estarão sentados nas trincheiras e fortificações, à espera que o exército russo os expulse, mas ao mesmo tempo fique desgastado nesse processo. Tudo o que foi visto até agora, desde o início da guerra em diante, nos leva a considerar que um tal desenvolvimento não só é possível como já foi utilizado em diversas ocasiões. Uma tal abordagem tem um custo elevado em termos de vidas humanas e não é muito digna, mas quem pretende combater e vencer mantendo a dignidade, obviamente nunca esteve numa guerra.
Na realidade, podemos encontrar exemplos semelhantes nos anais de outras guerras e em antigos manuais e registos históricos da era soviética, alguns oriundos diretamente dos campos de batalha da Segunda Guerra Mundial contra os alemães, onde algumas divisões de baixa qualidade foram colocadas na primeira linha, para tentar enfraquecer os alemães, permitindo assim o sucesso de tropas soviéticas mais capazes para capitalizar o enfraquecimento do inimigo. Ambos os lados deste conflito sabem disso.
Em relação às perdas de armamento e viaturas de combate, de facto as perdas em hardware são enormes para as FAU, mas estas ainda têm muitas ao seu dispor. Há que ter presente que as armas para a Ucrânia fluem sem parar. A notícia, de há poucos dias, que os EUA estão a enviar 190 MRAPs, passou quase despercebida. Existem muitos casos assim. Portanto, não, a Ucrânia não ficará sem armas tão cedo.
Pessoalmente, acredito que o caminho escolhido por Moscovo, para obter a vitória neste conflito, é acabar com a possibilidade das FAU em travarem uma guerra nas gerações vindouras. A solução que foi optada consiste na degradação, exaustão, quebra de vontade e derrota total, uma espécie de guerra de desgaste, mas numa escala muito maior.
De forma semelhante também assim estava definido na doutrina estratégica soviética. E isso significa que a guerra não terminará tão cedo. Depois disso, não haverá mais Ucrânia.
Para defender a Ucrânia, estamos constantemente a referir os chamados “valores democráticos”.
1- As leis sobre as línguas na Ucrânia são tudo menos democráticas, é uma ditadura linguística em benefício exclusivo da língua ucraniana. Os falantes de russo, que constituem metade dos falantes de ucraniano, nem sequer têm direito a que os seus filhos aprendam em russo na escola, ou a ter televisão em russo, ou a ter menus em russo nos restaurantes, ou a ter legendas em russo no cinema ou na ópera. A Ucrânia está a cometer um genocídio contra a língua de Pushkin, e Dostoievski está a ser assassinado…
2-Presidente Zelensky defraudou as autoridades fiscais do seu país (Pandora Papers investigados por 100 jornalistas de investigação), o seu principal mentor para tomar o poder é Ihor Kholomoisky (que desviou o equivalente a 5% do PNB da Ucrânia!) é um oligarca e um criminoso.
3- Em 2010, o Presidente Victor Yushchenko declarou Stepan Bandera um “herói” da Ucrânia, um colaborador dos nazis e um ícone não só de todos os nacionalistas ucranianos, mas também um “herói” imposto a toda a Ucrânia. O Parlamento Europeu e o Centro Simon Wiesentahl condenaram esta heroização. Apesar de ser de origem judaica, Volydymyr Zelinsky considera “fixe venerar Stepan Bandera”. O comandante-chefe das forças armadas ucranianas, Valery Zeloujni, está sentado por baixo de fotografias de Stepan Bandera e de Roman Shukheyvitch, o genocida de judeus e polacos.
4/ Os desfiles em memória da divisão ucraniana das SS Galichina tiveram lugar em várias ocasiões, a última das quais em Kiev… Existe um memorial a esta divisão das SS na cidade de Lviv, o único memorial do mundo às SS….
5/ De acordo com o Economist Intelligence Unit, a Ucrânia ocupa apenas o 83º lugar em termos de democracia.
6/ Em matéria de corrupção, segundo a Transparência Internacional, a Ucrânia está classificada em 123º lugar entre 180 países. De facto, é do conhecimento geral que 5-7 figurões têm as mãos na economia.
7/ A Ucrânia está a ordenar aos seus “parceiros” que cortem o gás russo, sob o risco de prejudicar gravemente a economia europeia, enquanto a própria Ucrânia recebe gás russo por gasoduto e até os royalties dos direitos de passagem…
8/ A Ucrânia sempre se apresentou como o “modelo” da virtude, mas foi criticada pela Amnistia Internacional por pôr em perigo a vida de civis ao utilizar edifícios civis como bases militares, pelo que não seria absurdo pensar que utilizaria a sua própria população como escudos humanos. A Ucrânia está mesmo a acusar a Amnistia Internacional de conluio com a Rússia, o que raia o ridículo.
9 / Ao contrário dos Estados verdadeiramente democráticos e pacíficos, a Ucrânia fez parte de uma coligação que violou o direito internacional sob falsos pretextos, a dos EUA e a sua invasão do Iraque em 2003, que causou um total de 1/2 milhão de mortos, pelo que é desqualificada pelas suas incessantes exigências de respeito pelo direito internacional quando invade. A Ucrânia também se recusou a aplicar os acordos que ela própria assinou, os acordos de Minsk 2, sob pressão dos ultranacionalistas ucranianos e, provavelmente, dos EUA, arrastando o seu país para a guerra. Angela Merkel e François Hollande confirmaram recentemente que o objetivo destes acordos não era serem aplicados, mas sim ganhar tempo para armar a Ucrânia, confirmando assim as mentiras de Estado do Ocidente.
10/ A lei de 1 de julho de 2021 da Rada Suprema (Parlamento) sobre os “nativos” estabelece direitos diferentes para os cidadãos ucranianos em função da sua origem étnica
Perante estas constatações verificáveis, cabe a cada um julgar se a Ucrânia é ou não um Estado democrático que defende “valores” democráticos, como é sistematicamente afirmam.
E se me desses os correspondentes créditos da Rússia e do seu chefe Putin?
Sempre aparentavas alguma honestidade…
Uma análise razoável, que termina com:
«Depois disso, não haverá mais Ucrânia.»
Ora isso implica ser pressuposto que ‘antes disso, subsiste a Rússia tal como a conhecemos, bem como o Ocidente, como hoje se apresenta perante o conflito’.
Um futuro incerto!
Oh! Menos! Tu conheces algum futuro certo? Só na tua cabecinha incognitiva🥸
Há um factor de que o general não falou. Fanatismo. Na Alemanha nazi miúdos de 10 anos foram lançados contra os tanques inimigos com lança granadas equilibrados em quadros de bicicletas. Muitos morreram. Podemos sempre perguntar porque, é que todos os pais que sabiam que o destino dos filhos ser aquele não fizeram um manguito aos recrutadores. Podemos dizer, com a Gestapo e as SS não se brincava. Mas o que é certo é que não houve notícia dos pais manifestarem pelo menos tristeza por ver os filhos montarem se numa bicicleta rumo aos tanques inimigos. Era o fanatismo que os levava a acreditar que os frágeis corpos daquelas crianças ainda poderiam mudar a sorte da guerra. Por isso não houve protestos nem sequer tristeza. Hoje com o SBU, treinado pela cia, que recicla as torturas da Gestapo também não se brinca mas a realidade é que os ucranianos hão de aguentar mobilização atrás de mobilização sem um protesto porque a isso os instiga o fanatismo. As honrosas excepções, a nova Gestapo dará facilmente conta delas.
Eu até me arrepio com gente que, acha normal o que os nazis andavam a fazer no Leste da Ucrânia e o que ainda lá querem fazer e por isso atacam. E sendo que atacam todos os alvos civis que podem não é preciso ir a China para saber o que fariam, no Leste da Ucrânia e não só, se a Rússia não tivesse acordado. Alguém ainda acredita que um celerado que garantiu que estaria capaz de ter armas nucleares lá para o Verão pararia com a conquista dos últimos redutos de Donetsk e Lugansk? Que era só isso que os seus bonecreiros, ou seja, a cambada de ladrões do Natostao queriam? Quem acredita pode também acreditar na sua habilidade como pescador e ir ver se o mar dá choco.
Leitura sugerida:
«Foram todos nazis», de Helmut Ortner, Editora Alma dos Livros
Donald Trump disse que não tinha medo das ameaças feitas pelo judeu (Zelensky) comandante de nazis:
– sim, Donald Trump disse que, se ele for eleito presidente, ele vai acabar com a guerra da Ucrânia em 24 horas.