(André Campos, in comentários na Estátua de Sal, 13/09/2023)

Para defender a Ucrânia, estamos constantemente a referir os chamados “valores democráticos”. Mas vejamos.
1 – As leis sobre as línguas na Ucrânia são tudo menos democráticas, é uma ditadura linguística em benefício exclusivo da língua ucraniana. Os falantes de russo, que constituem metade dos falantes de ucraniano, nem sequer têm direito a que os seus filhos aprendam em russo na escola, ou a ter televisão em russo, ou a ter menus em russo nos restaurantes, ou a ter legendas em russo no cinema ou na ópera. A Ucrânia está a cometer um genocídio contra a língua de Pushkin, e Dostoievski está a ser assassinado…
2 – O Presidente Zelensky defraudou as autoridades fiscais do seu país (Pandora Papers investigados por 100 jornalistas de investigação), o seu principal mentor para tomar o poder é Ihor Kholomoisky (que desviou o equivalente a 5% do PNB da Ucrânia!) é um oligarca e um criminoso.
3 – Em 2010, o Presidente Victor Yushchenko declarou Stepan Bandera um “herói” da Ucrânia, um colaborador dos nazis e um ícone não só de todos os nacionalistas ucranianos, mas também um “herói” imposto a toda a Ucrânia. O Parlamento Europeu e o Centro Simon Wiesenthal condenaram esta heroicização. Apesar de ser de origem judaica, Volydymyr Zelinsky considera “fixe venerar Stepan Bandera”. O comandante-chefe das forças armadas ucranianas, Valery Zeloujni, está sentado por baixo de fotografias de Stepan Bandera e de Roman Shukheyvitch, o genocida de judeus e polacos.
4 – Os desfiles em memória da divisão ucraniana das SS Galichina tiveram lugar em várias ocasiões, a última das quais em Kiev… Existe um memorial a esta divisão das SS na cidade de Lviv, o único memorial do mundo às SS….
5 – De acordo com o Economist Intelligence Unit, a Ucrânia ocupa apenas o 83º lugar em termos de democracia.
6 – Em matéria de corrupção, segundo a Transparência Internacional, a Ucrânia está classificada em 123º lugar entre 180 países. De facto, é do conhecimento geral que 5-7 figurões têm as mãos na economia.
7 – A Ucrânia está a ordenar aos seus “parceiros” que cortem o gás russo, sob o risco de prejudicar gravemente a economia europeia, enquanto a própria Ucrânia recebe gás russo por gasoduto e até os royalties dos direitos de passagem…
8 – A Ucrânia sempre se apresentou como o “modelo” da virtude, mas foi criticada pela Amnistia Internacional por pôr em perigo a vida de civis ao utilizar edifícios civis como bases militares, pelo que não seria absurdo pensar que utilizaria a sua própria população como escudos humanos. A Ucrânia está mesmo a acusar a Amnistia Internacional de conluio com a Rússia, o que raia o ridículo.
9 – Ao contrário dos Estados verdadeiramente democráticos e pacíficos, a Ucrânia fez parte de uma coligação que violou o direito internacional sob falsos pretextos – a dos EUA e a sua invasão do Iraque em 2003, que causou um total de 1/2 milhão de mortos -, pelo que é desqualificada para impor as suas incessantes exigências de respeito pelo direito internacional, quando já colaborou na invasão de outros países.
A Ucrânia também se recusou a aplicar os acordos que ela própria assinou, os acordos de Minsk 2, sob pressão dos ultranacionalistas ucranianos e, provavelmente, dos EUA, arrastando o seu país para a guerra. Angela Merkel e François Hollande confirmaram recentemente que o objetivo destes acordos não era serem aplicados, mas sim ganhar tempo para armar a Ucrânia, confirmando assim as mentiras de Estado do Ocidente.
10 – A lei de 1 de julho de 2021 da Rada Suprema (Parlamento) sobre os “nativos” estabelece direitos diferentes para os cidadãos ucranianos em função da sua origem étnica.
Perante estas constatações verificáveis, cabe a cada um julgar se a Ucrânia é ou não um Estado democrático que defende “valores” democráticos, como é sistematicamente afirmado.
Gostaria de ver aqui o comentario do niilista jg menos. Pode ser? Eu gosto muito dos comentários dele. Ele sabe muitas coisas niilistas , que eu gosto. Quero dizer adoro. Desculpem.
Quanto a Ucrânia, toda a gente sabe que, aquilo não é democrático nem nunca foi. Mas os americanos sempre se deram melhor com ditaduras que se vendem do que com democracias que, querem preservar os recursos dos seus países. Por isso na América Latina dos anos 60 e 70 democracias soberanistas foram substituídas, umas após as outras, por ditaduras dispostas a vender o seu país à preço de saldo. Na passada segunda feira fez 50 anos que foi a vez do Chile mas ja antes tinham caído Brasil, Argentina e Bolívia Todas made in Cia.
No Medio Oriente também levaram que contar e logo nos anos 50 um primeiro ministro secular foi substituído por um regime autocrático liderado pelo maior passado dos cornos que aquela terra já deu. Aconteceu no Irão e ainda hoje a nossa comunicação social diz que um doido que se intitulava “A luz dos arianos” e “o líder dos guerreiros” teve como único pecado o querer modernizar o país. Aqueles selvagens dos iranianos e que preferiram o fundamentalismo religioso. A verdade é que o xalavar vendeu o país a preço de saldo, lançando a maior parte da população numa miséria tão negra que as pessoas já estavam por tudo. E se foram os religiosos a prevalecer foi porque as mesquitas eram os únicos locais onde os selvagens dos savakis, a PIDE lá do sitio, bem mais sanguinária que a nossa, não entrava. E assim se foi fazendo, em torno da religião, a oposição a um regime sanguinário suportado pelas nossas democracias.
Em resumo, quem quiser vender o seu país a preço de saldo, seja democracia, ditadura ou o raio que o parta está em paz com os Estados Unidos. E se não for uma democracia será pelo menos qualquer coisa parecida e devidamente legitimada pela “comunidade internacional”. Se executar gente em plena rua, nada a opor, é a cultura deles que e assim. São realidades diferentes e não temos nada a dizer. Quem quiser gozar os frutos da sua terra, tenha o regime que tiver, logo os Estados Unidos e lacaios europeus se encarregarão de transformar na mais sangrenta ditadura que este mundo já deu.
E, claro, os Estados Unidos não se importarao de lançar contra quem não se vergar qualquer ditadura do piorio. Tempos houve em que Saddam Hussein era definido como “o carismático líder do Iraque” liderando uma guerra, contra os selvagens iranianos. Hoje Zelensky é o carismático líder ucraniano contra as hordas dos cruéis e selvagens russos. Nada de novo debaixo do céu.
Quanto a quem ainda acredita nas histórias da carochinha dos bonzinhos que somos, niilista ou fascista, pode ir ver se o mar dá choco.
Se a guerra não se consubstancia na definição de um inimigo, não saberei o que seja; e desde 2014 a Ucrânia está em guerra com a Rússia.
Se a guerra não define um ‘estado de excepção’, não saberei o que a caracteriza.
Que uma guerra não se reduza a acções militares, parece estabelecido, comprovado e por aqui largamente exemplificado pelos serventuários do império russo.
Um esclarecimentozinho, por favor, senhor menos. Então mas a guerra começou em 2014 ou a invasão é injustificada? É que parece um pouco absurdo dizer que uma invasão é injustificada se as partes se encontram em guerra. Obrigado.
Armado em tótó?
A invasão começou em 2014 na Crimeia com tropas sem insígnias.
Continuou sob a capa de insurgentes entre 2014 e 2022.
Tomou forma de tropas regulares em 2022… e não correu assim tão bem quanto esperado.
Quanto ao resultado final…espero para ver.
Oh! JgMenos, serventuariozito dos imperialistas americanos (que agora, por acaso, até foram, imagine-se, beijar a mão aos «comunas» vietnamitas que, em devido tempo, lhes haviam dado um valente pontapé no traseiro), nada como inventar umas guerrazitas para criar exceções, como aconteceu com a invasão do Iraque, a pretexto das célebres armas de destruição «massiva» que, contudo, nunca ninguém conseguiu enxergar!
“aos «comunas» vietnamitas ”
As «» vem muito a propósito.
Dos comunas sobraram os camaradas dirigentes nos seus poleiros, que no final sempre disso se tratou; mas rendia tão pouco?
Agora como prósperos capitalistas já podem mandar os filhos estudar para os Estados Unidos da América, e mais.