(Major-General Carlos Branco, in Jornal Económico, 30/08/2023)

Moscovo está ciente de que uma solução temporária só beneficia Kiev, permitindo-lhe recuperar forças e adiar a continuação do conflito para quando se encontrar em melhores condições.
Fomos confrontados recentemente com as declarações de Stian Jenssen, Chefe de Gabinete do Secretário-Geral da NATO, sobre uma possível solução para o conflito na Ucrânia. Numa conferência em Arendal, na Noruega, Jenssen defendeu que uma forma possível de terminar a guerra poderia ser a adesão da Ucrânia à NATO cedendo em troca os territórios presentemente ocupados pela Federação da Rússia. Perante o coro de críticas, Jenssen recuou, fez uma autocrítica e admitiu ter cometido um erro. Será difícil acreditar que não tivesse cobertura do Secretário-Geral para dizer o que disse.
Não o sendo, o futuro de Jenssen estaria comprometido. Não parece ser o caso. A reação suave do seu chefe perante um “erro” tão grosseiro sugere cumplicidade e autorização. O arrependimento discreto de Jenssen mostra que estava a trabalhar com rede. Stoltenberg limitou-se a repetir os slogans conhecidos: a NATO apoia a soberania e integridade territorial da Ucrânia enquanto for necessário. Será difícil não ver nesta história a “mão invisível” de Washington e a ligação direta de Washington a Stoltenberg, ultrapassando a consulta dos Estados-membros.
Este tipo de declarações não está previsto na descrição de funções do Chefe de Gabinete do Secretário-Geral, uma vez que não tem responsabilidades políticas. É um burocrata responsável por organizar, entre outras coisas, a agenda do Secretário-Geral e as reuniões do NAC (North Atlantic Council), que não é coisa pouca, mas que não lhe confere o direito de fazer comentários sobre como terminar o conflito na Ucrânia. Exatamente por não ter essas responsabilidades encontra-se numa excelente posição para testar as águas e apurar possíveis reações sem sofrer danos catastróficos. As do lado ucraniano foram muito iradas. Seria um erro pensar que as afirmações de Jenssen foram um “erro”.
O modo como terminará a guerra na Ucrânia não tem sido um tema incluído na agenda das reuniões do NAC e, como tal, não discutido pelos Estados-membros, não havendo, por isso, qualquer decisão da Aliança sobre essa matéria. Nem tem de haver. A NATO não será um mediador e essa questão terá de ser discutida sempre com a Rússia. De certo modo, os Estados-membros foram ultrapassados, mas tanto quanto pude apurar nenhum manifestou publicamente incómodo com o sucedido, o que não deixa de ser esclarecedor sobre a relação de forças no interior da Aliança, e a quem o Secretário-Geral efetivamente responde.
Recentemente, numa conferência organizada pelo Atlantic Council, Anders Rasmussen, o anterior Secretário-Geral da NATO, e agora assalariado do Governo ucraniano, veio sugerir uma solução muito parecida com a de Jenssen. Sobre a aplicação do artigo 5.º à Ucrânia, o criativo Rasmussen lembrou que há precedentes para resolver este tipo de problemas, dando como exemplo o caso da Alemanha, que quando aderiu à NATO, em 1955, estava dividida entre Oeste e Leste. O artigo 5.º só cobria o território da Alemanha Ocidental sob o controlo do Governo de Bona. “Podíamos usar exatamente a mesma fórmula na Ucrânia.”
Estas e outras tergiversações evidenciam três factos: 1) a admissão de que a Ucrânia não vai ganhar esta guerra, sendo necessário começar a pensar em soluções que não a militar; 2) passados mais de 18 meses do conflito, os EUA ainda não desistiram de incorporar a Ucrânia na NATO, seja com que configuração for; 3) estas propostas ignoram ou fingem ignorar a questão central desta guerra. A integração da Ucrânia na NATO, independentemente do formato e da porção de território ucraniano que viesse a controlar, não significaria para Moscovo uma solução de compromisso, mas sim a capitulação.
Estes factos não deixam de nos sobressaltar. Parecem mostrar que Washington ainda não percebeu que o leitmotiv desta guerra se prende com o alargamento da NATO na Ucrânia, que tem de ser esclarecido antes de qualquer discussão de paz, e não com o Donbass, um dano colateral de um problema ainda não resolvido. O conflito não terminará enquanto aquela questão incontornável não for decidida. Por isso, não deixa de ser confrangedor, e ao mesmo tempo preocupante, as propostas infantis de quem se espera elevada maturidade e sageza política.
Num artigo na “Foreign Affairs“, Richard Raass e Charles Kupchan interrogam-se se não será a hora de uma paragem negociada dos combates, sugerindo o congelamento do conflito. Dificilmente o Kremlin aceitará essa solução, porque sabe que as atuais limitações da base industrial e tecnológica de defesa ocidental para apoiar a Ucrânia são apenas temporárias. Não vai incorrer novamente no erro de assinar um novo Minsk e dar tempo à Ucrânia para sarar as feridas e preparar-se para uma nova confrontação. Moscovo está ciente de que uma solução temporária só beneficia Kiev, permitindo-lhe recuperar forças e adiar a continuação do conflito para quando se encontrar em melhores condições.
Washington tem de perceber, uma vez por todas, que o reconhecimento da “necessidade de criar estabilidade na periferia da Rússia” – leia-se, deixar cair a adesão da Ucrânia à NATO, em troca do consentimento russo de um maior protagonismo e influência norte-americana na Ásia Central com vista a cercar a China –, uma solução encaminhada para o Kremlin através da diplomacia informal conduzida por Haas e Kupchan, não passa de um exercício fútil muito difícil de ser aceite por Moscovo.
O que mais me surpreende neste conflito é o descaramento e a hipocrisia do imperialismo norte americano e a cumplicidade, a roçar a estupidez, da Europa, Desde a primeira hora se percebia que o objetivo era forçar a Rússia a invadir a Ucrânia, lançando a pedra e escondendo a mão. Era uma manobra quase infantil, mas boa parte das pessoas deixou-se manipular e não quis perceber o que se estava a passar. O imperialismo julgava que podia arrumar rapidamente a Rússia, fragmentá-la e de seguida partir em cima da China.
Aparentemente as coisas não correram como planejavam e de momento estão à procura de saídas para o conflito, so falta lançarem um concurso de ideias. É penoso constatar como “nesta sala” parece não haver adultos, só crianças mal-educadas e ranhosas com brinquedos tecnológicos de alcance temível a que, como crianças, poderão não ser capazes de resistir.
O povo não percebeu, mas o deep state do império genocida sabe exatamente o que está a fazer, há décadas!
«Parecem mostrar que Washington ainda não percebeu que o leitmotiv desta guerra se prende com o alargamento da NATO na Ucrânia» – Carlos Branco
Aqui vemos esse exemplo: o Carlos Branco, não sei se é ingenuidade, ou se é sarcasmo, diz uma coisa destas, quando é óbvio que toda a gente em Washington sabe exatamente que esta é uma das justificações para a Rússia se sentir tão provocada e ameaçada ao ponto de ter de intervir militarmente.
A expansão da NATO acabou. Daqui em diante, a única coisa que irá acontecer, é a oficialização de alguns membros que, sendo “neutrais” agora, participam em todas as guerras de agressão ocidentais. Ou seja, estão na NATO de facto sem estar de jure, tal como era a situação da Suécia e Finlândia.
E fala-se agora de soluções negociadas, mas com base em que mapa? No mapa dos Nazis que querem cometer genocídio no Donbass e Crimea, mesmo que isso signifique serem donos de zonas desertas daqui para a frente? Ou no mapa dos mais ambiciosos nacionalistas russos que querem tudo até ao Dniepr, ligação à Transnístria, e voltar a cercar Kiev numa provável 2ª ofensiva Russa em no Inverno de 2023/2024?
Na pior das hipóteses, a NATO conseguirá a integração da Galícia (junto à Polónia), que é o território que a Rússia não quer nem que seja dado, pois é um viveiro de Nazis anti-Russos.
A zona entre a Galícia e o rio Dniepr será neutral, uma certa faixa de ambos os lados do rio e a norte de Odessa será desmilitarizada como aquela entre as Coreias, e o resto será integrado na Federação Russa. Proceder-se-há em tempo de paz a uma troca de populações, os pró-ocidentais que ainda resta a leste do Dniepr irão para oeste, e os pró-Russos que ainda vivem a oeste do rio Dniepr, irão para leste. Falta saber se isto será voluntário e resultado de decisões individuais, se será promovido de forma benigna e pago pelos respectivos governos, ou se será forçado.
E ainda falta ver o que acontecerá na Transnístria e Gagauzia (Moldávia) e nas zonas de maioria Russa a leste dos países Bálticos… Por estes dias começou-se a falar da região de Latgale. Se foi só provocação Russa, ou não, só mais tarde saberemos. E a Geórgia já recebeu o aviso pela boca sem papas na língua de Medvedev, se por acaso voltar a ceder à estupidez imperialista ocidental, diga adeus definitivo à Abecásia e Ossétia do Sul.
E depois há a questão do Hawai’i. Alguém acredita que a China vai ficar parada a ver Taiwan a arder nas mãos dois incendiários ocidentais, sem fazer nada proporcional? Acham que os porta-aviões, os caça, os mísseis hipersónicos, os blindados anfíbios, a capacidade nuclear que aumenta de dia para dia, etc, são só para atravessar o pequeno estreito e chegar à ilha Formosa?
E as bases invasoras do império na Síria, Iraque, em Guantánamo (Cuba), etc?
Isto só acaba quando imperialistas genocidas USAmericanos começarem a morrer no seu próprio solo ou nos solos por si invadidos por esse Mundo fora. Depois, quando a nuvem em forma de cogumelo puder ser vista pela janela da casa de cada um de nós, não digam que não foram avisados. A única forma de evitar isto, é um golpe (aqui sim uma revolução mais que justificada) que deite abaixo a oligarquia assassina em Washington.
Se os congressistas corruptos e genocidas repetem “isto é o melhor investimento de sempre, pois é barato, há russos a morrer e não morrem soldados americanos”, então fica óbvio qual é a condição para que deixem de dizer esta alarvidade e pensem duas vezes antes de continuar a pagar para prolongar a guerra: passarem a morrer soldados dos EUA. Se eu cheguei a esta conclusão, então alguém no Kremlin já pensou nela muito antes e já foi instruído a planear esse cenário.
A chamada crise dos mísseis de Cuba (na realidade a crise que começou com o expansionismo da NATO que colocou os seus mísseis na Turquia apontados à Rússia) foi o momento mais perigoso da história, pois a humanidade esteve à beira da 3ª Guerra Mundial, um conflito nuclear que seria o nosso fim. Neste momento, o relógio do “doomsday” está ainda mais perto da meia-noite.
A todo o tempo se especula sob as tenebrosas projecções de poder dos EUA e a Rússia é colocada agindo como que em legítima defesa.
Que eu saiba não há acções de extensão territorial dos estados na Nato, ou de agressões desta sem a invocação do art.º 5º.
Ora, atendendo às acções e à fórmula política que informa a Federação Russa, tudo o que transparece é que esta associa a manutenção e expansão o seu poder ao controlo de recursos naturais próprios e alheios, e a um domínio tecnológico que sempre surge associado ao armamento.
Por outro lado, o bem-estar das suas populações não parecem ter relevância comparável ao discurso de poder e evocação patriótica, tipicamente associados a políticas expansionistas.
Assim, estranho é verificar que as análises sempre relevam o privilegiar de supostos interesses defensivos da Rússia, escamoteando as suas constantes acções expansionistas por meios que não dispensam nem a corrupção nem a força armada.
Uma multipolaridade que se quer dispensada de regras só ambiciona manter e potenciar tais meios.
Leia e não venha com o argumento que é putinista
Entrevista de Vaclav Klaus à Lusa, um pequeno resumo da mesma:
Em entrevista à Lusa, o antigo político checo sustentou que o conflito não começou em 2022 com a invasão russa, mas remonta a acontecimentos anteriores e a “um confronto entre o Ocidente e a Rússia” de que a Ucrânia é vítima e um instrumento e “provavelmente não o merecia”.
“É uma pena que o Ocidente tenha escolhido a Ucrânia como o lugar para demonstrar a divisão com a Rússia, para demonstrar os seus pontos fortes”, afirmou Klaus, à margem das Conferências do Estoril, organizadas pela Nova SBE em Carcavelos (Cascais), onde foi orador.
Antigo primeiro-ministro checo entre 1993 e 1997, após a queda do regime comunista e na fase que marcou a separação da Checoslováquia, e sucessor de Vaclav Havel na Presidência entre 2003 e 2013, o antigo estadista de 82 anos disse que a Ucrânia sempre lhe pareceu um país “muito confuso” e o que existia antes da invasão russa “não era uma paz”, mas “uma situação louca e insustentável” desde 2014, ano em que a Rússia anexou ilegalmente a Crimeia e eclodiu um levantamento pró-russo no Donbass, no leste do país.
Na altura, o político checo apontou a Ucrânia como “um fracasso político, económico e social” e incapaz de fazer a transição do totalitarismo soviético, acusando os países ocidentais de irresponsabilidade ao criar uma ilusão nos “radicais ucranianos” desafiando-os a fazer uma escolha entre o Ocidente e a Rússia.
Quase uma década mais tarde, Vaclav Klaus mantém a avaliação daquele quadro, que não confunde com a impossibilidade de prever o que se seguiria, mas que, em qualquer circunstância, conduziu a “Rússia a uma grande pressão” e Vladimir Putin “cometer um erro trágico em fevereiro do ano passado”.
Eu leio e avalio, pelo que sei e pelo que sinto sendo português.
Conhece a história da Praça dos Poveiros no Porto?
https://portosecreto.co/praca-dos-poveiros/
É assim que eu vejo o patriotismo no respeito pelas leis que regem as relações entre estados.
Os portugueses em África, decidida a independência, não se propunham aí continuarem como portugueses em Portugal, mas sim como portugueses emigrados ou naturais dos países criados; e muitos o fariam não fora a bagunça de uma debandada vergonhosa.
Assim, tudo começa na acção de um Império que se quer estender a todo o lugar onde alcance promover apoios por qualquer meio.
E nem precisa de sair deste blog para saber que assim é, e tanto lhe servem os adoradores da Rússia como quem lhe odeia os adversários.
Veja o programa sobre os Balcãs na CNN_P que terminou às 00.00 de 2/8; …por qualquer meio!
Desconfie sempre de ‘gente pequena’ em altos lugares.
Oh! Menos! Até um 1m e 50cm? Um pouco mais, um pouco menos…? Que é para a gente se prevenir!
E é isto:
https://mearsheimer.substack.com/p/bound-to-lose?publication_id=1753552&post_id=136667602&isFreemail=true
Tanto se belisca o “urso” que, certo dia, ele vai reagir. E muita cabeça fria tem tido ele ! Por muito menos, aconteceu Hiroshima e Nagasaki.
E entretanto, para o que der e vier (que nunca será de bom augúrio):
«Estados Unidos transferirá inmediatamente al Reino Unido 54 aviones F-35 capaces de transportar armas nucleares»
https://adoracionyliberacion.com/2023/09/03/eeuu-reino-unido-f35/
Bem, como será a Europa a levar no corpo, nós, os europeus, fazemos coro à guerra. Ah ! valente Europa….que o complexo militar-industrial ianque (te) agradece.
Ao que alguns avisados vão referindo, este Outubro pode vir a ser muito complicado, e em várias áreas. Haja muito ‘fotebol’ e raspadinhas, folks !
Há quem defenda que as bombas atómicas feitas cair sobre Hiroshima e Nagasaki não foram ditadas, como, oficialmente, se pretendeu fazer crer, para evitar a perda de mais vidas de soldados americanos na luta contra o Japão, que este já estaria, praticamente, derrotado, mas, apenas, para Truman mostrar a Stalin o novo «brinquedo» de que era possuído. Truman não imaginava é que Stalin, por sua vez, também passaria a ter um idêntico logo a seguir, que há, igualmente, quem defenda, com a cumplicidade de próprios cientistas que terão participado na criação do primeiro, alarmados com o facto de um só país ser detentor de um tão grande poder destrutivo, havendo necessidade, por isso, de contrabalançá-lo com poder idêntico por parte de outro, capaz de se anularem entre si.
Mera teoria da conspiração?
Notícias ao minuto:
«O Ministério da Defesa da Ucrânia alterou as normas do recrutamento militar para admitir o alistamento de pessoas diagnosticadas com transtornos mentais leves e outras doenças.
A partir de agora serão consideradas aptas as pessoas “com manifestações leves e breves de transtornos mentais, transtornos neuróticos ou relacionados com stress”, segundo a agência de notícias ucraniana Ukrinform.
Também serão recrutadas “pessoas com doenças do sistema nervoso central que progridem lentamente, com deficiências funcionais menores, com perturbações episódicas e paroxísticas, exceto epilepsia, ou com deficiências menores das funções de órgãos e sistemas”.
A ordem indica igualmente que são elegíveis os recrutas “com tuberculose clinicamente curada e sequelas residuais, os portadores assintomáticos de HIV, a determinar individualmente, e outras pessoas com doenças lentamente progressivas”.
As pessoas com perturbações menores das funções do sistema endócrino ou perturbações menores do comportamento alimentar ou do metabolismo também poderão ser recrutadas, segundo as novas regras.»