Os cataventos do comentário

(Major-General Carlos Branco, in BlindSpot, 25/08/2023)

A «operação especial» levada a cabo pela Rússia na Ucrânia tem captado a atenção internacional e, em particular, a europeia. Desde a primeira hora que considero ser a solução diplomática o caminho para a paz. Contudo, uma máquina de propaganda bem oleada tem passado a ideia de que era possível uma vitória ucraniana rápida e fácil, o que não coincide com os factos. Apesar desta realidade ser cada vez mais incontornável, os mensageiros dessa propaganda, que repetiram e amplificaram a vitória ucraniana como certa dizendo tudo e o seu contrário, contribuíram para a manipulação da opinião pública que, no momento presente, é confrontada com o falhanço da estratégia de Biden e com a necessidade de uma solução política.


Como muitos analistas, também eu considerei que a Rússia não invadiria a Ucrânia, “só o farão in extremis.” A razão por detrás dessa consideração é, ainda hoje, válida. A Rússia não estava militarmente preparada para o confronto que daí adviria. Tinha-se preparado para enfrentar sanções, mas não para fazer face à resposta solidária do Ocidente, em especial nos termos e na dimensão em que ocorreu. Mas o in extremis aconteceu. As forças ucranianas concentradas no Donbass preparavam-se para atacar as duas repúblicas independentistas. Putin antecipou-se e invadiu a Ucrânia.

A necessidade da solução diplomática

A falta de preparação russa, não constituindo uma debilidade ao ponto de ser militarmente derrotada pela Ucrânia, mesmo ajudada pelo Ocidente, foi responsável pelos revezes em Kharkiv e em Kherson, interpretados por observadores menos experientes como um caminho irreversível para a claudicação. Sem perceber o que se estava a passar, viram erradamente nesses acontecimentos a antecâmara da derrota russa.

A convicção arrogante do Ocidente de que seriam “favas contadas” levou à sabotagem das iniciativas de paz quando, em março de 2022, Zelensky manifestou publicamente a intenção de renunciar a ser membro da NATO. Nessa altura, Minsk estava ainda na agenda e tudo era reversível. A continuação da guerra viria a ter consequências dramáticas em múltiplos aspetos, em particular na convivência futura de povos que tinham, até aí, coexistido sem problemas de maior no mesmo território.

Mas se a Rússia não estava preparada para este embate, o Ocidente também não! Três décadas de operações de paz deram no que deram. Foi evidente a incapacidade do Ocidente para fornecer, em tempo e em quantidade, os recursos necessários à manutenção de uma guerra prolongada.

Embora se soubesse que o confronto não envolveria apenas a Rússia e a Ucrânia, como a Newsweek deu nota, «seria pouco plausível admitir que um país com um PIB de $200 mil milhões e uma população de 44 milhões de habitantes conseguisse derrotar um país com um PIB de $1.8 triliões e uma população de 145 milhões,» ao que se acrescenta uma força aérea «não desprezível», uma indústria de defesa poderosa e capacidade nuclear. «A Ucrânia tem quase tanta possibilidade de vencer uma guerra contra a Rússia como o México tem de vencer uma guerra contra os EUA.».

Exatamente por estar convicto de que a Rússia não iria ser derrotada militarmente, defendi sempre uma solução política para o conflito. O seu prolongamento iria ser altamente prejudicial, em especial para a Ucrânia, mas também para a Europa. Passado um ano e meio, a Ucrânia tem a economia destroçada, o aparelho produtivo destruído, menos de 30 milhões de habitantes, quase 50 mil amputados e mais de 200 mil mortos, civis e militares, numa estimativa modesta. E para quê? A Ucrânia traz à memória a guerra na Bósnia. Três anos de uma guerra fratricida conduziram, em Dayton, a uma solução política pior do que aquela inicialmente encontrada em Lisboa (plano Cutileiro).

A propaganda e os seus mensageiros

Para levar a opinião pública a acreditar numa ideia, mesmo que incoerente ou até estúpida, é preciso montar uma campanha de Comunicação Estratégica, ter mensageiros devidamente socializados com os temas e mensagens articuladas pela potência hegemónica e coniventes com os seus interesses. Ou seja, os mensageiros têm de funcionar como repetidores e amplificadores das mensagens que lhe são impingidas, independentemente do seu conteúdo.

Não têm faltado especialistas instantâneos oriundos dos mais diversos setores de atividade (academia, comunicação social, etc.) para corroborar voluntariamente a mensagem, quais apresentadores de televendas. Para que as massas acreditem na verossimilhança de um plano idiota, também as elites têm de ser coaptadas para a causa. É preciso fazer com que as massas acreditem dogmaticamente ser possível o “Ocidente alargado” derrotar estrategicamente a Rússia, sem colocar “botas no terreno” e recorrendo apenas à «mão-de-obra» ucraniana. Como disse o Presidente polaco Duda, explicando porque é que os EUA deviam mobilizar-se para ajudar a  Ucrânia, «Agora, o imperialismo russo pode ser parado de modo barato, porque os soldados americanos não estão a morrer. Mas, se não pusermos agora um fim à agressão russa, haverá um preço alto a pagar.».

Quem, há um ano, questionava os motivos oficiais desta guerra e não alinhava na versão simples e maniqueísta do «invadido e do invasor», dos bons contra os maus, e antevia que a Rússia não ia ser derrotada, sendo necessária uma solução diplomática, era democraticamente trucidado na praça pública, vítima de julgamentos de carácter, apelidado de putinista, traidor, e objeto de outros encómios. Independentemente da razoabilidade dos seus argumentos, a sua opinião era, por não enquadrada nos cânones permitidos, liminarmente desconsiderada. Esta campanha de comunicação estratégica veio trazer à tona o estado deplorável da democracia e do espaço mediático em que vivemos. Deixou de haver necessidade de escrutinar os argumentos. Qualquer coisa servia.

Não bastavam as infantilidades de fontes «insuspeitas» como os serviços secretos ingleses ou o Instituto dos Estudos da Guerra – os soldados russos não tinham munições, aprendiam a manejar as armas na wikipedia, estavam mal equipados, não tinham meias, Shoigu tinha sido demitido, e Putin tinha vários cancros, etc.  Ouvimos, inclusivamente, a Presidente da Comissão Europeia no Parlamento Europeu dizer, sem se rir, que «o Exército russo está a retirar chips das máquinas de lavar e dos frigoríficos para consertar o seu armamento, porque já não tem semicondutores. A indústria russa está feita em cacos.». Não se ouviu a voz de nenhum mensageiro a comentar tão ridículo disparate. Remeteram-se obedientemente ao silêncio.

A propaganda e o double thinking

O nível de descerebração massiva foi ao ponto de se acreditar, em simultâneo, numa coisa e no seu contrário. Dizia-se que a Rússia estava militarmente de rastos e, no minuto seguinte, que ia invadir a Europa. Aquilo a que George Orwell chamou de double thinking.

A propaganda em que os mensageiros alinharam sem pudor visava criar nas opiniões públicas ocidentais a perceção de que a campanha militar ia ser «um passeio no parque». As sanções iam dar cabo da Rússia. As elites recusaram-se a questionar o óbvio. Esqueceram-se do histórico pantanoso do Vietname, Iraque, Líbia, Afeganistão, etc. Nada aprenderam. Tornaram-se num instrumento de credibilização da propaganda. Salvo honrosas exceções, deleitaram-se com verves belicistas sem questionar a possibilidade de a «coisa» não ser exatamente como se contava. O que seria, por exemplo, a reação da Rússia se confrontada com a eventualidade de uma derrota convencional? Ponderaria o recurso a armas nucleares? Minudências…

Se calhar até nem seria descabido procurar entender as legítimas preocupações securitárias de Moscovo e incluí-las na equação. Nem seria uma ideia original. Já muitos outros pensadores de elevada craveira o fizeram. Não significava abraçar nem defender o regime russo.

A intoxicação das mentes afetou muita gente por esse mundo fora. Como se nada tivesse acontecido em 2014, o Guardian, que antes dava as «boas-vindas à Ucrânia, a nação mais corrupta da Europa»» veio depois afirmar que a “luta pela Ucrânia é o combate pelos ideais liberais»; a Reuters, que antes apontava o «problema neonazi na Ucrânia», veio depois afirmar que «para os combatentes estrangeiros [evitando usar o termo mercenário] a Ucrânia oferece um propósito, camaradagem e uma causa»; enquanto antes a Vox dizia que «um comediante ucraniano tornado presidente está envolvido na confusão da impugnação de Trump», a CNN veio depois dizer que «os ucranianos estão a dar duas lições de democracia que os americanos esqueceram»; o Neweurope veio dizer que a «liderança do presidente ucraniano tornou-se corrupta e autoritária», enquanto o Washington Post (WP) veio mais tarde afinar a pontaria e dizer «Zelensky: o presidente que a TV tornou herói de guerra.». A guerra serviu para reabilitar, por exemplo, Oleh Tyahnybok, líder do partido de extrema-direita Svoboda. Em junho de 2013, Tyahnybok fora impedido de entrar nos EUA pelas suas posições antissemitas, o que não obstou a que, em dezembro de 2013, socializasse com John McCain em Kiev e fosse, em 2014, recebido pelo então Vice-Presidente Joe Biden na Casa Branca. Tudo normal e sem merecer reparos.

Afinal, a Ucrânia não vai vencer

Em fevereiro de 2023, o WP dava já nota da ansiedade que começava a grassar por Washington e colocava pressão sobre Kiev para obter ganhos significativos no campo de batalha, enquanto as armas e a ajuda dos Estados Unidos e dos seus aliados aumentavam. Os trunfos foram apostados na designada contraofensiva ucraniana, que tardava em chegar e que, quando chegou, rapidamente deixou perceber que iria ficar muito aquém das expetativas. Nesta linha, em fevereiro de 2023, o Die Welt avançava com cinco razões para explicar porque era cada vez menos possível a Ucrânia ganhar a guerra. Aos poucos, o Ocidente foi percebendo que a Ucrânia não ia vencer.

A Administração Biden começou discretamente a preparar-se para essa possibilidade. Enquanto, publicamente, a equipa do Presidente Joe Biden oferecia apoio inabalável à Ucrânia – armas e ajuda económica «pelo tempo que for necessário» -, nos bastidores, os funcionários do governo não escondiam o seu ceticismo relativamente à possibilidade de a Ucrânia algum dia vir a recuperar a Crimeia.

Começou a tornar-se difícil disfarçar e encobrir o óbvio: a incapacidade ucraniana para repelir a Rússia do seu território. Afinal, a ofensiva ucraniana não estava a quebrar a Rússia nem era o golpe fatal que ia acabar com a guerra. Washington percebeu e aceitou que a contraofensiva ucraniana não tinha chance. A admissão mais evidente de tal facto foi feita por Richard Haass, antigo presidente do reputado Council on Foreign Relations, «Se a Ucrânia não pode ganhar no campo de batalha, surge inevitavelmente a questão de saber se não será a hora de uma paragem negociada dos combates». Esquecendo-se do apoio prometido à Ucrânia as long as it takes,pragmaticamente Haass diz que «É caro, estamos a ficar sem munições, temos [EUA] outros desafios no mundo para os quais temos de nos preparar.». Imagino que os afegãos que leiam este texto compreendam imediatamente onde pretendo chegar.

Progressivamente, a narrativa do apoio as long as it takes foi sendo substituída pela necessidade de se encontrar uma solução política, surgindo imensas propostas. Um artigo publicado no Wall Street Journal dizia que as negociações dos EUA com a Rússia teriam lugar até ao fim do ano, e apontava a possibilidade de a China vir a ser um dos mediadores.

Ironicamente, Richard Haass e Charles Kupchan escreveram um artigo na Foreign Affairs com o título «O Ocidente precisa de uma nova estratégia para a Ucrânia» (13 de abril de 2023) onde defendiam «um plano para se ir do campo de batalha para a mesa das negociações… por reconhecerem que a Ucrânia é incapaz de expulsar totalmente as forças russas e restaurar a sua integridade territorial». E, acrescentavam que «O Ocidente precisa de uma abordagem que reconheça essas realidades sem sacrificar os seus princípios.», seja lá isso o que for.

Numa entrevista à UnHerd, Edward Luttwak veio dizer que «a guerra na Ucrânia pode terminar antes do esperado», e que «Biden e Putin estão prontos para fazer um acordo.». Luttwak argumentou que «uma mudança na situação geral resultou em líderes mais dispostos a negociar o fim da guerra na Ucrânia.».

A adaptação à nova narrativa

Conforme previ, a estratégia de Biden está a falhar. A probabilidade de não falhar é extremamente reduzida, porque foi mal concebida e assentou em premissas erradas. O Ocidente começa progressivamente a dar-se conta que Kiev não vai vencer. Sente-se que o tom da narrativa está a mudar. E tal sente-se nas manchetes dos órgãos da comunicação social ocidental, em particular da norte-americana. A busca de uma solução política para o conflito começa a prevalecer no discurso dos mensageiros.

Essa alteração de narrativa começa também a notar-se em Portugal, em especial no contorcionismo da maioria dos mensageiros. Ontem diziam que «A Ucrânia tem de ganhar», hoje dizem que «tem de haver compromissos, tem de se negociar uma solução política.». Sempre disponíveis para o que der e vier, uns para enganar e outros para ser enganados, amanhã regurgitarão o que lhes for mais conveniente, moldarão o seu discurso conforme a conveniência e alinhar-se-ão com aquilo que estiver a dar. Impulsionados pelo comboio castrador da propaganda, os mensageiros continuarão a demitir-se dos valores da verdade e enfileirarão na desinformação.

Em matéria de calculo estratégico, o Kremlin tem sido muito discreto no que toca ao anúncio das suas intenções futuras. Só faltava, para tornar tudo mais difícil, e em particular a campanha presidencial de Joe Biden, a Rússia lançar uma contraofensiva decisiva em 2024. Sendo uma hipótese a não descartar, caso tal se verifique estarei atento ao que os mensageiros dirão sobre o assunto, e confrontá-los-ei inevitavelmente com o que andaram a dizer durante dois anos. Avaliaremos então a qualidade do seu contributo para o esclarecimento do público.


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33 pensamentos sobre “Os cataventos do comentário

  1. Um artigo realista e cuidadoso. E uma gralha irritante no tema “A propaganda e o double thinking”, 4º período, 7ª linha. Onde está “enquanto antes a Vox dizia”, admitindo que este não tenha feito uma operação para mudança de sexo, será de colocar FOX. Os processadores de texto estão sempre à moda…

  2. Vou ler com cuidado, entretanto duas questões, se admissível:
    – a ocupação da Crimeia era uma introdução a uma abordagem diplomática credível?
    – em Minsk a Rússia alguma vez mostrou abertura a uma qualquer acção, sob controlo internacional, de promover e encontrar uma fórmula diversa da secessão?

    • Este tipo está aqui para deturpar e desinformar. Todos sabem, está documentado e muito divulgado que

      1. A ocupação da Crimeia não seria obstáculo ao que quer que fosse, pois os EUA ocupam, hoje, 1/3 da Síria e tu nada dizes e muito menos os mestres a quem serves. Este era um problema da Ucrânia com. Rússia e Minsk não tinha nada a ver com isso.

      2. Os acordos de Minsk foram negociados com a monitorização da ONU, a Rússia não era sequer parte dos acordos, e o que qualquer dos dois refere é a autonomia regional das duas repúblicas (açores e madeira meu) e a manutenção da integridade territorial da Ucrânia.

      A Crimeia não era para aqui chamada porque a Rússia não era parte. As partes eram: Ucrânia, Donetsk e Lugansk.

      A Ucrânia assinou-os e prometeu, duas vezes, cumpri-los. Já por diversas vezes os teus mestres vieram dizer que “foram para ganhar tempo para armar a Ucrânia”. Nada que não se soubesse já.

      Faço isto, porque este tipo anda aqui a iludir o pessoal e nunca, mas mesmo nunca, refere fontes, cronologias historicas e, ainda menos, factos concretos. Não sei se lhe pagam ou se é apenas serventuário. Mas o perfil não engana. Escrita pseudo intelectual, acusações gratuitas e zero de exactidão científica. Só verborreia azeada.

      Tudo o que aqui digo, como sempre, é comprovável e está documentado. Como não sou teu pai, vai tu á procura, para ver se aprendes alguma coisa.

      • Aceito todos os argumentos e estou farto de reconhecer e identificar que há problemas equiparáveis a ‘pós-coloniais’ envolvidos, mas detesto que se armem em parvos para construir argumentos:
        Fontes:
        – Ouvi o relato de Minsk feito pelo ex-presidente francês Hollande; dizer que a Rússia não era parte em Minsk é pura ’boutade’.
        – Acrescentar que Donbass e Crimeia eram assuntos independentes e não comunicantes é estupidez.
        – Na Rússia está a ser julgado por extremista Igor Vsevolodovich Girkin que era figura maior nos acontecimentos no Donbass, militar russo e ex-membro do FSB; na wikipedia: who played a key role in the annexation of Crimea by the Russian Federation, and later the war in Donbas as an organizer of militant groups in the Donetsk People’s Republic (DPR).
        Esta espécie de Prigozhin reclama que se usem bombas atómicas e anunciou ir candidatar-se à presidência da Rússia; haverá uma janela que o espera!

    • A Crimeia não está ocupada. A Auto-Determinação é um Direito Humano. Ainda para mais perante o golpe Nazi em Kiev com interferência dos EUA.
      A Crimeia é Russa com toda a legitimidade, pois é essa a vontade, por enormíssima margem, de quem lá vive. Respeitar a decisão dessas pessoas é ser Democrata.
      Enviar armas a Nazis para matarem essas pessoas, é ser nojento.

      Vontade DEMOCRÁTICA do povo LIVRE da Crimeia:
      * Referendo livre e democrático de 2014: 96% a favor de voltar à Rússia.
      * Sondagem da ocidental GALLUP em 2014: 83% acham que resultados do referendo são legítimos.
      * Sondagem da ocidental GfK em 2015: 82% apoiam totalmente voltar à Rússia, 11% apoiam parcialmente, e só 4% estão contra.
      * Sondagem do ocidental Pew Research Center em 2014: 91% dizem que o referendo foi livre e justo, e 88% acham que governo de Kiev devia reconhecer resultados.

      Na totalidade da Novorossiya (a metade Sul e Este da Ucrânia, de Odessa até Kharkov), exceto Crimeia:
      * Sondagem GALLUP 2014: entre 73 a 81% estão contra adesão à UE;
      * Mesma sondagem GALLUP 2014: entre entre 87 e 90% são contra a NATO.

      A “sondagem” das sondagens, as eleições de facto, livres e democráticas:
      * Presidenciais de 2010: vitória de Yanukovich, por larga margem em toda a Novorossiya e Crimea, com valores a rondar os 70, 80, ou até 90% em regiões como o Donbass, e a parte ocidental de Odessa, a Sul da Moldávia.
      * Legislativas 2012: vitória do Partido das Regiões (de Yanukovich) de Centro-Direita, pró-Russo, novamente com vantagem enorme na Novorossiya, mas também alguma vantagem no oblast de Kirovograd, e nas regiões a norte (inclusive ocidental) junto à fronteira da Rússia e da Bielorússia.
      Partido Comunista da Ucrânia foi o mais votado em várias localidades, e foi o mais ganhador no oblast de Kherson.

      Isto é o meu guia. É nestes eleitores, nestes humanos que eu penso. Em como o seu país foi destruído em 2014, o seu Presidente destituído num golpe sangrento da CIA, em como os seus partidos foram ilegalizados, as suas vontades (anti-UE, e anti-NATO) foram completamente esmagadas, e em como as suas vidas, liberdade, e paz, foram completamente estraçalhadas pela ditadura nazi que se seguiu e pela guerra, essa sim de agressão não provocada e injustificada, que os NAZIS iniciaram contra CIVIS do Donbass. Só não a iniciaram contra outros locais da Novorossiya pois os protestos anti-Maidan foram silenciados e os opositores foram presos, torturados e assassinados. E só não foram fazer mal à Crimeia graças ao referendo e à certíssima decisão da Rússia de proteger logo nesse ano os cidadãos desse território.

      Perante isto, considero todos os cidadãos comuns ocidentais apoiantes da UE, EUA, NATO, e ditadura UkraNazi, como vítimas da lavagem cerebral da maior máquina de propaganda de sempre.
      À oligarquia e políticos apoiantes da UE, EUA, NATO, e ditadura UkraNazi, considero-os ditadores, corruptos, imorais, fascistas, racistas, imperialistas genocidas, e gente que está a mais à face da terra. Um fim como o de Mussolini era o que todos mereciam.

      Até que haja paz, que é o que mais desejo, o obviamente só pode acontecer com o respeito por estas pessoas e pelas reivindicações justíssimas da Rússia, só posso ter uma posição: o apoio total e incondicional pela intervenção militar Russa. Força heróis anti-nazis, até ao próximo Dia da Vitória, com a fita de São Jorge ao peito.

      • Que democrata tão isento!
        Lembro-me do esforço que fizeste para que se fizessem referendos e eleições entre as populações de Angola e Moçambique; e a serem feitas com a presença de tropas e funcionários portugueses então é que seriam mesmo democráticas…
        Mas muito mais democrático ainda, era que cada região ou tribo, ou clã, decidisse o que autonomia queria ter e a que país pertencer.
        Mas ainda estás a tempo de ir missionar a tua democracia para África, com sua pesada herança colonial, em vez de fazeres figurinhas por aqui.

        • Não estava vivo nesses tempos. Mas fica registado que ficaste de tal maneira derrotado e sem argumentos, que decidiste recorrer ao whataboutism, e ainda por cima de má qualidade, pois foste pegar num assunto que não tem nada a ver com a ditadura nazi da Ucrânia (Angola? Moçambique? 1974? Colonialismo? Tribos?), mas que por acaso é um tema em que a minha posição é a mesma:
          – Direito Humano à Auto-Determinação dos povos.
          – Preferência pela paz, mas apoio incondicional aos exércitos que lutam pela libertação e independência.
          Tu és diariamente patético e mal intencionado, um vassalo de imperialistas genocidas e colaborador de fascistas e nazis, mas hoje foi mesmo o cúmulo. Acho que nunca vi um comentário tão ridículo na Estátua De Sal como o que acabaste de fazer.
          Ficou registada a tua idade, e a velhice do teu “pensamento”. Que sejas feliz na União Nacional, ou no Chega, no KKK, ou no raio que te parta.

          Viva o Direito Humano à Auto-Determinação!
          Donbass. Crimeia. Novorossiya. Transnístria. Abecásia. Ossétia do Sul. Nagorno-Karabakh (Artsakh). Curdistão. Palestina. Catalunha. Córsega. País Basco (Euskal Herria). Sahara Ocidental. Escócia. Irlanda do Norte. Hawai’i. Texas. Kosovo. República Srpska. E tantos outros.
          Todos os povos, com história, território, língua, cultura, têm direito a viver onde muito bem entenderem, e a decidir o seu próprio caminho.

          A Ilha da Formosa (ou Taiwan) obviamente não está incluída, pois não é um caso de Auto-Determinação. Porquê? Porque não é um povo diferente, são igualmente Chineses, com a mesma história, língua e cultura, a disputa é meramente política (guerra civil) e ambos os lados tinham pretensões ao mesmíssimo território. Ganharam os Comunistas internacionalistas, perderam os Fascistas nacionalistas. É lidar.

          Viva a independência do Brasil, Angola, Moçambique, Guiné-Bissau, Cabo Verde, Timor Lorosa’e, São Tomé e Príncipe, e o regresso das restantes cidades, colonizadas pelos Portugueses, aos seus países e povos de origem.
          Vivam todos os povos oprimidos e ocupados que conseguiram conquistar a Liberdade.

          Viva o fim da União Soviética, viva (antecipado) ao fim inevitável da União Europeia (a “união soviética” dos capitalistas imperialistas) e dos EUA (a união entre esclavagistas racistas, criminosos, genocidas de povos nativos inteiros, e invasores imperialistas vindos da velha Europa), e viva o século XXI, o século do fim do último império, que está a morrer e dará lugar ao Mundo Multipolar, com uma União de Nações verdadeiramente unidas e com relações internacionais democráticas e respeitadoras de todas as soberanias.

          • «a mesma história, língua e cultura» pareces o Putin a falar da Ucrânia!!!

            Mas para efeito da ‘libertação dos povos’, define-se ‘povo’ do modo que dá mais jeito: etnia, cor da pele, região, língua, religião, …
            A seguir um qualquer grupelho em busca de poder resolve, ou é convidado, a libertar-se.
            Obtém apoio em meios financeiros e armamento de quem nisso tenha interesse.
            Logo se tem um movimento de libertação e uma cambada de idiotas a aplaudir.
            Ah! Esqueci-me de dizer que sempre se trata de movimento democrático de libertação.
            Acontece haver mais de um para o mesmo ‘povo’ e aí, ou antes ou depois de se libertarem, desatam aos tiros até que os financiadores se entendam ou algum se exceda em apoios.

            Há outros meios de libertação, que pressupõem desde logo a liberdade de ouvir todo aquele que queira dizer o que pensa, de somar apoios pelo voto, de negociar acordos pela representação.
            Mas isso requer aceitar regras, dispensar caudilhos, privilegiar o indivíduo e a sua liberdade, definir o ‘colectivo’ pela maioria, e não estar hipotecado aos financiadores.

  3. Ainda vivemos num mundo em que todos, graças às novas tecnologias, podem formar uma opinião, a sua própria opinião. A Internet é uma dádiva de Deus, uma mina de informação. E, paradoxalmente, também vivemos um período de ociosidade intelectual sem limites.

    Enquanto todos os meios estão hoje ao nosso alcance, muitos preferem beber até ficarem bêbados de programas de TV de lixo, tornando-se cada vez mais insensível. Há 30 anos, quando era adolescente, teria dado muito dinheiro para ter acesso a toda essa informação com um simples clique.

    Somos todos jornalistas , sim , mas até certo ponto, porque é preciso tempo para o fazer . Um trabalhador não terá tempo , nem sequer a vontade de escavar centenas , milhares de assuntos diferentes ao regressar do trabalho , o que é compreensível . É por isso que contamos com uns e outros, para nos informar mais detalhadamente sobre os diversos temas que nos preocupam.

    Longe de ser uma pessoa que segue todas as teorias sobre eventos, eu também leio jornais estrangeiros independentes. É por isso que eu acho que precisamos de pessoas com uma mente aberta o suficiente para nos fazer entender que os meios de comunicação não revelam de forma neutra as informações de acordo com o que está em jogo no país.

    Chama-se a isso o estado de espírito fatalista de um mundo resignado, o que não melhora nada .A formatação vem dos Média e destas crenças em que a guerra parece inevitável, pois foi assim desde sempre! … A pergunta que temos de fazer agora é por que razão tem sido sempre assim? …

    Resposta é porque somos todos ignorantes e a nossa única preocupação é sobreviver a esta máfia institucionalizada. O que é esta máfia e o que é ideal? Resposta esta consiste em uma minoria ínfima do indivíduo criminoso; Seu ideal é manter a humanidade dependente de sua vontade! Exemplo, quem entre esses povos terá que sofrer a guerra; enquanto outros terão o privilégio de assisti-la na televisão…

    Assim, para a maioria das pessoas, sobreviver à precariedade e à insegurança é um desafio que deve ser enfrentado todos os dias. As pessoas esperam dos responsáveis políticos e religiosos, que resolvam os problemas das suas existências, mas a ideologia destes paquidermes é a de manter a miséria, a mentira e as guerras! Isso faz parte de uma ideologia filosófica, a do cinismo de estado; um pouco como a de Maquiavel. Matar seus oponentes para não ser morto por si mesmo. Destruir o inimigo, para não ser destruído por ele….

    Será possível ignorar esta fatalidade e inovar uma governação que faça desta humanidade um mundo imensamente rico a todos os níveis? Um mundo melhor é possível, mas para isso é preciso sair desse estado de espírito fatalista e resignado.

    Pergunta 1: Como proteger a informação (a verdade) se ela estiver centralizada (nas mãos de alguns)
    Pergunta 2: Como garantir a veracidade das informações se elas são descentralizadas (que qualquer um pode produzir provas para fundamentar suas afirmações)?

    (Não há imprensa livre e independente na América.
    Sabe tão bem como eu.
    Nenhum de vocês se atreve a escrever suas opiniões honestas e você sabe muito bem que, se o fizer, elas não serão publicadas.
    Pagam-me para não publicar as minhas opiniões e todos sabemos que se nos aventurarmos a fazê-lo, acabaremos nas ruas.
    O trabalho do jornalista é a destruição da verdade, a mentira óbvia, a perversão dos fatos e a manipulação da opinião ao serviço das Potências do Dinheiro.
    Somos as ferramentas obedientes dos Poderosos e Ricos que puxam os cordelinhos nos bastidores. Nossos talentos, nossas faculdades e nossas vidas pertencem a esses homens.
    Somos prostitutas do intelecto.
    Tudo isso vocês sabe tão bem quanto eu! )
    John Swinton, conhecido jornalista, a 25 de Setembro de 1880,
    num banquete em Nova Iorque, quando se propôs brindar à liberdade de imprensa.
    (Citado em: Labor’s Untold Story, por Richard O. Boyer and Herbert M. Morais, NY, 1955/1979.)

    A vontade de nos informarmos bem é como a vontade de praticar desporto. Se não for essa a nossa prioridade, seremos limitados a isso.
    E “ser indiferente na política é dizer-se satisfeito com a situação”, dizia Paul Nizan.
    A democracia está morrendo lentamente, o mundo em uma escala maior, e de uma forma não surpreendente, muitos parecem satisfeitos com esta situação.

    Qual é a nossa referência da boa imprensa?
    Se não soubermos responder a esta pergunta, então a nossa unidade de medida fica desregulada, e a médio prazo torna-se incapaz de detectar a imprensa medíocre

    Uma informação é algo que incomoda alguém poderoso, caso contrário é entretenimento.
    E basicamente há entretenimento na mídia

      • “Mais do mesmo”é sobretudo,falar sobre muitas coisas é dizer sobre muitas coisas que fazem com que essas coisas não sejam fundadas, ou seja, sobre um domínio de muitas coisas são ditas e clama que é a democracia, muitos de nós viveram coisas por causa de hipócritas,de todas as classes sociais, e só um domínio é que vaia a política, o homem, desde sempre, mata há gerações e todas as espécies vivas e este clama mais intelectualmente do que o cão que já está condenado, do que a criança que já está condenado por hipócritas..

        Viva a solidariedade europeia.

        Gosto da maneira como fala de política.
        Não compreendo a submissão das posições que se rende a esta farsa!
        O que está a acontecer é só para fazer parecer que o rei está a ouvir!
        Conversa fiada e pchiiiiii!
        A política é uma grande peça de teatro decepcionante.

        Mas com mais certeza , é a sua ideologia e odeia realmente os Portugueses. Então não adianta discutir dessa maneira. . É imperativo restaurar a confiança dos Portugueses e só assim será feito.

        Vamos, temos de nos preparar para a morte dos nossos animais, eles vivem menos do que nós, por isso, enterrá-los é a vida. O nosso amor pelos animais não morre, mas faz parte da trágica existência humana. Acho que quando perder o meu cão , vou à sua casa para me animar!
        Sinto a tua dor e invejo-te por ainda teres tantos “animais” à tua volta.

        Finalmente, apesar das mentiras e das merdas, nada lhe terá acontecido de prejudicial. Portugal este país maravilhoso, tornou-se um parque de zumbis… dormir bem, boa gente..

        O Povo aceita o Casamento entre Homens e Mulheres entre Elas, Orgulho Gay, e Tanga do outro !

    • André Campos, comentário excelente que lança discussão importantíssima.
      (E a resposta do JgMenos, o esgoto do costume…)

      Como garantir imprensa livre, factual, e honesta?
      A resposta estará na análise sobre como se tem garantido o oposto, em diversas ocasiões:
      – imprensa toda nas mãos do Estado, sem alternativa Privada;
      – imprensa sob apertadas regras (censura) do Estado;
      – imprensa toda nas mãos de Privados, sem alternativa do Estado;
      – imprensa sob apertadas imposições (corrupção moral e dependência financeira) do Privado;

      Um jornalista cuja sobrevivência esteja nas mãos de quem tem o poder ou o dinheiro, nunca será um agente da liberdade e da informação.
      Uma redação cuja lógica esteja assente no lucro, tenderá sempre a seguir o caminho do entretenimento, da estupidificação das massas, e das vontades do dono/accionista.
      Um país/região cujas manchetes estejam todas dependentes de uma só agência de notícias, ou de um conjunto de agências todas pertencentes ao mesmo “meio ambiente” (classe política, e região do globo), terá sempre tendência a ser umbiguista, a manipular a própria percepção do Mundo como um todo, reforçando preconceitos e ideologias erradas.

      Para mim parece-me óbvio que o cargo de Director de Informação (o chefe da redação, quem escolhe a linha editorial, e quem promove ou despede) não pode ser um cargo escolhido pelo Estado (nem sequer em concurso público), nem pelo Privado dono do respectivo órgão de comunicação social. Deve inverter-se a relação de poder, e deve ser eleito de baixo para cima, através da Democracia na redação, em que os jornalistas, veteranos ou estagiários, devem ter um voto igual para escolher um líder entre si, com um mandato irrepetível, e com eleição a cada par de anos.

      Parece-me também óbvio que o modelo de financiamento deve ser misto e garantido, como se das eleições de um país se tratassem: uma subvenção do Estado, atribuída automaticamente de acordo com a quantidade de leitores físicos e online. O sector Privado pode voluntariamente contribuir para o aumento desse bolo, mas não pode escolher dar mais a este ou menos àquele. Cada Privado pode contribuir com uma soma com um limite baixo (ex: 1€ por cidadão, por ano). As empresas não podem escolher a quem pagam por publicidade, devem em vez disso pagar para um bolo publicitário a distribuir de forma igual por todos. Acaba-se assim a influência/corrupção nas redações para darem destaque a certos temas e a certos interesses, ao mesmo tempo que omitem e calam outros.

      Do ponto de vista das agências de notícias, cada bloco regional deve ter direito a ter uma % das suas notícias publicadas na imprensa de outros blocos regionais, com um acordo deste tipo a ser acordado nas Nações Unidas (a unanimidade é difícil, portanto ficaria satisfeito com votações de 90% (quer em percentagem do nº de países, quer em percentagem da população) na Assembleia Geral das Nações Unidas a terem carácter obrigatório para todos.

      E do ponto de vista da regulação, no combate às fake news e propaganda, um organismo tutelado desta forma pelas Nações Unidas seria interessante, desde que pudesse ter o poder de adicionar notas online (como as notas de contexto factual que hoje em dia são adicionadas aos postos do Twitter mais fraudulentos, mas obviamente com uma implementação mais fidedigna), e não devia ter qualquer poder de apagar ou censurar quem quer que seja. Isso compete aos tribunais de cada país, e sempre será assim. É ingénuo pensar que pode ser de outra forma. Ou seja, esta medida dependerá sempre do grau de democracia real ou de autoritarismo de facto de cada regime.

      Do ponto de vista das redes sociais, era necessário que deixasse de ser possível um só país (EUA) ter tantas a controlar a vida de tanta gente fora do seu território, com essas contas e dados e informações pessoais todas sob alçada das leis dos EUA (como a aberração do Patriot Act e outras coisas tão ou mais ditatoriais que por lá existem).

      E jornalistas e denunciante/whistleblowers, por mais acusados que sejam de um qualquer crime num país, nunca poderiam ser julgados pelo mesmo regime que os acusa, nem por regimes aliados, caso contrário, isso permitiria continuar a perseguir Assange, Snowden, e o tal rapaz (que fez os leaks com páginas da NATO e da Ucrânia e do Pentágono com informações sobre a actual guerra) que os próprios fascistas do New York Times ajudaram a capturar, em total violação do segredo e da proteção das fontes. Teria de haver um Tribunal MUNDIAL, com edifícios em várias regiões. Um tribunal a sério, e não uma farsa ridícula e nojenta como o TPI (instituição do império genocida ocidental sem qualquer credibilidade ou legitimidade no resto do Mundo).

      E isto seria apenas um começo. Muito mais seria preciso fazer. E o trabalho de correção de erros e aperfeiçoamento deste sistema seria constante. Mas mesmo para chegar a isto, seria possível uma revolução dos regimes políticos e sistema económico a nível Mundial, e uma reforma profunda ou total substituição da actual ONU. Haveria uma resistência feroz, se não mesmo violenta, dos grupos políticos e económicos com mais interesses postos em causa pela revolução que descrevi.
      Duvido que o homo sapiens tenha capacidade para tal coisa, ou que alguma vez evolua para passar a ser capaz de tanto esforço pela verdade e integridade, em vez de ser um mero macaco facilmente manipulado pela propaganda, e facilmente condicionado pelas sanguessugas no poder político e económico.

  4. Alguns detalhes:
    – «Quem, há um ano, questionava os motivos oficiais desta guerra …»
    Há um ano a Rússia não estava a consolidar as posições dos independentistas ou sequer a alarga-las às suas fronteiras administrativas, a Ucrânia estava a querer engolir a Ucrânia.
    – Quanto aos ditos…
    É muito incomodativo esta cena da liberdade de expressão; isto sai muito mais equilibrado com porta-vozes autorizados por quem sabe, e o demais de bico calado!
    – Quanto às evidências, os experimentados analistas e sábios estrategistas:
    Já explicaram a retirada dos russos nas bordas de Kiev e o que se lhe seguiu?
    Previram a marcha do Yevgeny Prigozhin sobre Moscovo e o sequente banho de multidão do Putin?
    Já sequenciaram o pacto de autocratas, e de idiotas agregados, para determinar se é mais oportuno travar guerra já ou mais adiante?
    Já avaliaram se cabe à Europa defender o seu modo de vida ou esperar que o 1984 do Orwell chegue com menos de um século de atraso?
    Sabem se estamos mais perto da rendição da Ucrânia ou de termos botas da NATO na Ucrânia?

    • Eh pá! Eu se fosse a ti começava já a abrir trincheiras no cabo da Roca, para as hordas putinistas não nos abarbatarem a ponta mais ocidental da Europa! Mas se calhar falta-te ponta para defender a ponta. Põe um anúncio no correio da manha, pá, talvez arranjes uns ucranianos para arriscar o coirão por ti.

  5. Excelente texto.
    Nada do que se está a passar é novo, sendo mais perto.
    É preciso coragem para o dizer e alguns têm-no dito desde o início.
    Esperemos que esta carnificina acabe depressa e que aprendamos durante uma ou duas décadas a viver em paz, que mais não será possível, pois a memória é curta.

  6. «Numa polémica discussão de 1996 entre Noam Chomsky e o jornalista britânico Andrew Marr, Chomsky ridicularizou a falsa imagem que os jornalistas têm de si próprios como “uma profissão de cruzados” que são “adversários” e “se levantam contra o poder”, dizendo que é quase impossível para um bom jornalista fazê-lo de forma significativa nos meios de comunicação social do mundo ocidental.

    “Como é que sabe que estou a fazer auto-censura?” objectou Marr. “Como é que sabe que os jornalistas estão…”

    “Não estou a dizer que se está a auto-censurar”, respondeu Chomsky. “Tenho a certeza que acredita em tudo o que está a dizer. Mas o que estou a dizer é que se acreditasse em algo diferente, não estaria sentado onde está.”

    Num ensaio de 1997, Chomsky acrescentou que “a questão é que eles não estariam lá a não ser que já tivessem demonstrado que ninguém tem de lhes dizer o que escrever porque eles vão de qualquer maneira dizer a coisa certa”.

    • «é quase impossível para um bom jornalista fazê-lo de forma significativa nos meios de comunicação social do mundo ocidental.»…só mesmo indo para a Rússia, para a China, ou para o paraíso dos cromos!

  7. Oh! Menos! Ao sugerires ida para o paraíso dos «cromos», faz supor que tens navegado nele e gostado!
    Quanto a mau jornalismo na «selva», não será de estranhar, o que se estranhará é nos «jardins», não te parece? Mas quanto a isto, significativamente, calas-te!

  8. Cara Estátua, despejei aqui um comentário grande há mais de uma hora, mas não entrou. Tentei uma segunda vez, com o mesmo resultado. Há algum motivo para isso?

  9. Escreve Carlos Branco:

    “Como muitos analistas, também eu considerei que a Rússia não invadiria a Ucrânia, “só o farão in extremis.” A razão por detrás dessa consideração é, ainda hoje, válida. A Rússia não estava militarmente preparada para o confronto que daí adviria. Tinha-se preparado para enfrentar sanções, mas não para fazer face à resposta solidária do Ocidente, em especial nos termos e na dimensão em que ocorreu.”

    No dia 28 de Fevereiro do ano passado, quatro dias depois do início da invasão, escrevi, noutro blogue, o seguinte:
    ________________________

    “No passado dia 24, primeiro dia da invasão da Ucrânia pela Rússia, às 20:35, escrevi aqui [nesse outro blogue] o seguinte:

    “Tendo o Putin na conta de um tipo inteligente, tenho dificuldade em compreender a inacreditável estupidez que tudo isto aparentemente revela e mais dificuldade tenho ainda em perdoar-lhe que tenha contribuído, de forma tão burra, para o sucesso estratégico do império bombista humanitário de separar irremediavelmente a Rússia da Europa, assim sabotando a formação de uma aliança de países e povos com um gigantesco potencial em termos económicos, geopolíticos, culturais, ambientais e sei lá que mais. Vamos entrar numa nova era, e de bom não tem ela nada.”

    Foi uma “inacreditável estupidez” tanto no plano político como no plano militar. Estupidez táctica, estratégica, geostratégica, com gravíssimas repercussões também facilmente previsíveis no plano económico. Obviamente, trata-se igualmente de uma filha-de-putice no plano humanitário. É verdade que esta filha-de-putice em meia dúzia de dias não se compara com as muito mais graves filhas-de-putice que há oito anos o exército regular ucraniano e os nazis do Batalhão Azov levam a cabo, diariamente, no Donbass, com perto de 15 mil mortos dos dois lados, entre os quais mais de três mil civis, a maioria no lado dos separatistas. Mas Vladimir Putin conhece de sobra o modo de funcionamento do humanitarismo bombista e o lucrativo concubinato (para os dois lados) que mantém com os merdia de reverência, está farto de saber como é íntima a relação entre o “jornalismo” mercenário e os que puxam o gatilho. Tinha obrigação de prever o aproveitamento que seria feito do erro de enviar tropas terrestres para qualquer outro ponto do território que não fosse o Donbass. Foi isso que levou os especialistas a enganar-se nas previsões e é isso que me leva a classificar a operação como “inacreditável estupidez”.

    Os meus quase quatro anos de tropa não me converteram, obviamente, num Montgomery, num Rommel ou num Jukov, mas o senso comum é mais do que suficiente para intuir a “inacreditável estupidez” que refiro acima. O artigo do major-general Carlos Branco no ‘Jornal Económico’, a que se têm atirado como gato a bofe os rafeiros capados do pardieiro [referência ao blogue onde foi despejado o comentário] e um ou outro caniche fêmea esterilizado na União Zoófila, de pêlo bem aparado e penteado, prova isso mesmo. O major-general Carlos Branco, que de táctica e estratégia percebe muito mais do que eu, e muitíssimo mais do que o que o parvalhatz [um bully residente do dito blogue] julga que aprendeu ao colo do tio, enquanto este lhe afagava e desentupia o rabinho e lhe descrevia as gloriosas aventuras da guerra colonial, o major-general Carlos Branco, digo, escreveu aquilo que era óbvio e lógico, que as tropas russas acumuladas junto à fronteira, se interviessem, o fariam apenas em apoio às forças separatistas e nunca para invadir todo o território da Ucrânia. O mesmo pensava o também major-general Raul Cunha, como ele próprio confessa no vídeo que a Yo aqui pôs às 13:51. Que o Putin tenha optado por mandar a lógica e a racionalidade às urtigas e empurrado os militares russos para uma operação que iria, previsivelmente, ter custos políticos enormes não prova a incompetência ou má-fé de Carlos Branco, mas apenas que ele se enganou nas previsões porque, como eu e muitos outros, não julgava possível uma tão “inacreditável estupidez” ordenada por um tipo comprovadamente inteligente, como Vladimir Putin.”
    ________________________

    Historicamente, a Rússia safou-se sempre melhor quando reagiu a invasões e agressões de que foi vítima, acabando (ainda que tenha pago por isso custos elevadíssimos) por pôr os agressores a fugir a sete pés, batendo “vigorosamente” com os calcanhares no rabo. Os exemplos mais conhecidos, mas não únicos, foram os das invasões napoleónica e hitleriana. Ao tomar desta vez a iniciativa, em vez de esperar a pé firme a iniciativa do inimigo e reagir depois à agressão a partir de uma posição moralmente mais forte, e assim mais moralizante, ao adoptar a metodologia dos inimigos do passado (que, diga-se, continuam a sê-lo no presente), a Rússia prejudicou-se a si própria, facilitando a aglutinação de um vastíssimo e heteróclito campo adversário, uma salgalhada de ressabiados e despeitados, criptonazis “insuspeitos” que passaram décadas remoendo vinganças à sombra de bandeiras bué de “democráticas” e pensam ter finalmente chegado a sua hora, idiotas úteis, marias-vão-com-as-outras e borregos descabeçados. Uma mixórdia, mas desgraçadamente uma mixórdia que a metodologia adoptada pela Rússia imbuiu de um priapismo plastificado de indignação histérica e mal informada, que funcionou como factor de união e, sob o comando oportunista do “império do bem”, facilitou num abrir e fechar de olhos o despejar de milhares de milhões em apoio militar à Ucrânia e a invenção, pela Europa vassala, de pacotes de sanções idiotas uns atrás dos outros, praticamente sem um pio de países e povos que em condições normais não deixariam de questionar tanta generosidade e tantos e tão evidentes tiros nos pés.
    (continua)

  10. (continuação)
    As votações na Assembleia Geral da ONU, por exemplo, ilustram também a dificuldade em que a Rússia se colocou a si própria perante países que normalmente votam ao seu lado. A motivação invocada pela Rússia é mais do que justa, as suas preocupações são mais do que justificadas, sejam elas a defesa das populações russófonas e russófilas do Donbass ou a segurança do seu próprio território perante o cerco obsceno da NATO. Infelizmente, porém, a metodologia adoptada arrisca-se a agravar os factores que justificam essas preocupações.

    De um modo mais suave e educado do que eu, e muito mais sucinto, parece-me ser isso que Carlos Branco quer dizer quando escreve:

    “Tinha-se [a Rússia] preparado para enfrentar sanções, mas não para fazer face à resposta solidária do Ocidente, em especial nos termos e na dimensão em que ocorreu.”

    Dito isto, parece-me que começam também a perspectivar-se alguns (inesperadamente clamorosos) erros de cálculo do “império do bem” e seus vassalos europeus. Lembremos, por exemplo, o secretário da Defesa norte-americano, Lloyd Austin, salivando de entusiasmo, no início da “aventura” ucraniana, com a perspectivada e programada exaustão da Rússia em termos de capacidade militar e financeira. O homem estava certamente a pensar na intervenção soviética no Afeganistão e no enorme esforço, militar e financeiro, que isso acarretou para a URSS e a levou à exaustão, em troca de um investimento irrisório por parte do império. Umas centenas ou milhares de Stingers transportados no lombo de mulas e mão-de-obra maltrapilha exclusivamente afegã fizeram a festa. Desta vez, a coisa não é bem assim. O esforço financeiro da Rússia é grande, mas o esforço financeiro do império e da criadagem europeia é muito maior, ainda que a mão-de obra continue a ser principalmente indígena. Não se trata, desta vez, de umas centenas ou milhares de Stingers relativamente baratos, fáceis de manusear e oferecidos a maltrapilhos. São milhares de milhões de dólares, euros e libras em tanques sofisticados, transportes blindados e viaturas de todo o tipo, equipamentos de defesa antiaérea caríssimos (um único míssil Patriot, “provocado” por um drone ou míssil de apenas algumas dezenas de milhares, custa três a quatro milhões), artilharia, munições sofisticadas, sistemas de informação com custos exorbitantes, como os oriundos de satélites ou o sistema Starlink do Elon Musk. E ainda faltam os milagrosos F-16 e outros passarinhos, passarinhas e passaretas que eventualmente possam já estar a humedecer os sonhos viris dos merceeiros do costume. Tudo isto com custos de manutenção de fazer corar qualquer trabalhadora do sexo independente ali para a zona do Intendente.

    “Perversamente”, o esforço militar e financeiro da Rússia, apesar de real, “arrisca-se” a ter um efeito “secundário” positivo no reforço da sua capacidade militar (qualitativa e quantitativamente), aperfeiçoando equipamentos e meios para os produzir, racionalizando, aumentando e porventura diversificando a capacidade de produção, testando-os continuamente em situações reais de combate perante equipamentos inimigos, etc. Quanto às sanções, acabam por produzir efeitos parecidos, estimulando a substituição de equipamentos estrangeiros por fabricação local, quando possível, ou a procura de alternativas mais fiáveis e confiáveis noutros países, nomeadamente China, Índia ou Irão, por exemplo.

    E há ainda outros efeitos “secundários”, outras “perversidades” com efeitos potenciais inesperados noutros “teatros”, como lhes chamariam os especialistas de aviário que por aí se atropelam uns aos outros em bicos dos pés. Por exemplo, é notório, de um lado e do outro, o peso que os drones, de vigilância ou armados, têm tido na condução da guerra. Até agora, porém, quando se pensava em drones pensava-se em veículos aéreos não tripulados. Mas a recente ideia ucraniana de, com notório sucesso, aplicar o mesmo princípio, o mesmo conceito, a veículos aquáticos, alguns com capacidade submarina que os torna de muito difícil, ou quase impossível, detecção, arrisca-se a ter enormíssimas consequências no futuro a nível mundial, desequilibrando radicalmente domínios estratégicos até aqui inquestionáveis, como é o caso da inigualada capacidade marítima de projecção de forças dos Estados Unidos, assente em pelo menos dez porta-aviões, mais uns quantos em construção, julgo que nove porta-helicópteros, destroyers, cruzadores, os mais diversos navios de apoio e de transporte, etc.

    Alguém acredita que o potencial dos drones aquáticos ucranianos tenha passado despercebido à China ou ao Irão, por exemplo? Ao ver a quantidade de drones aquáticos (e não só) que uma Ucrânia depauperada é capaz de produzir, bastam dois neurónios e meio para perceber que, neste momento preciso, tanto americanos como russos, chineses, iranianos, britânicos, franceses, alemães, japoneses e outros estarão a investir freneticamente em investigação e desenvolvimento de aparelhos semelhantes, em alguns casos, provavelmente, muito mais sofisticados. E se pensarmos na gigantesca capacidade de produção da China e na sofisticação da sua engenharia, por exemplo, não é difícil imaginar que estejam já a imaginar um enorme “cardume” de drones aquáticos baratos e carregados de explosivos, trabalhando em “enxame” e utilizando inteligência artificial, a contrabalançar o poderio naval americano no Pacífico, nomeadamente os porta-aviões que os EUA usam habitualmente em manobras de intimidação no estreito de Taiwan ou no mar do Sul da China. Tal “enxame”, cuja viabilidade, se acaso não existe já, não demorará muito tempo a ver a luz do dia (e a escuridão da noite), poderá eliminar num piscar de olhos, de maneira fácil e baratucha, todos os barcos e barquinhos que os americanos possam enviar para a região, se acaso EUA e China entrarem algum dia em conflito militar real. E a inversa é igual.

    Ainda que possa eventualmente não ser difícil detectar e interceptar o ataque de um, dois ou meia dúzia de drones aquáticos ao mesmo tempo (o que os russos, aliás, não têm conseguido fazer), não me parece possível qualquer defesa contra a investida simultânea de 500 ou 600, atacando a partir de todos os pontos cardeais. E se isso é já materialmente possível, nessas quantidades, com drones aéreos, é uma questão de (pouco) tempo a viabilização de tal tipo de manobra com drones aquáticos. Não falta, à China, capacidade industrial para a produção de tais quantidades. E a esquadra americana no golfo Pérsico, junto às costas do Irão? Porta-aviões ao fundo, como dizíamos nos nossos jogos infantis de batalha naval! Lá se vai a projecção de forças, lá se vai o domínio dos mares! Sobra o quê? Fácil, sobram as armas nucleares. E aí, adeus mundo cruel, vamos todos para o galheiro! Ave Cæsar, morituri te salutant!

    Enfim, nada aqui é simples, mas certo certinho é que me parece que há muita gentinha que fez mal as contas e agora anda por aí agarrada à calculadora a tentar refazê-las, de cabelos arrepelados e choramingando pelos cantos.

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