(In observatoriocrisis.com, 11/08/2023)

A contraofensiva ucraniana fracassou: embora os ataques continuem sem parar, permanecem infrutíferos. A imprensa americana aceita o fracasso trágico da NATO, que enviou os ucranianos para a matança, obrigando Kiev a obedecer em silêncio.
A NATO enfrenta a Rússia como se fosse o Iraque…
A NATO e os EUA, conscientes do fracasso, tentam fugir às suas responsabilidades. Para justificar este grave erro estratégico, os estrategas da NATO conseguiram que o New York Times dissesse: “os militares ucranianos tiveram pouco tempo para aprender as táticas da NATO e, como não se sentiam confortáveis com elas, decidiram usar as táticas que melhor conheciam, as táticas da era soviética”.
Em resposta ao artigo do NYT, Ellie Cook, jornalista da prestigiada revista Newsweek, escreveu um artigo de investigação com opiniões importantes de militares e especialistas norte-americanos no seu artigo “Porque é que as táticas da NATO estão a falhar na Ucrânia”. (Ver artigo da revista americana aqui.)
Cook explica que a tática da NATO se baseia no controlo dos céus e a Ucrânia não tem esse controlo. Daí o desastre.
“Ninguém na NATO viveu um combate semelhante ao que os ucranianos viveram nos últimos 18 meses”, disse à Newsweek Davis Ellison, analista estratégico do Centro de Estudos de Segurança de Haia (HCSS).
“A NATO nunca testou seriamente a dinâmica de uma guerra terrestre contra uma grande potência. Isto apesar de décadas de investimento e formação”.
Na invasão do Iraque e na Guerra do Golfo de 1991, “as forças americanas e ocidentais rapidamente estabeleceram uma enorme superioridade aérea”, disse Paul van Hooft, outro analista do HCSS, à Newsweek.
Os falcões da NATO trataram a Rússia como se fosse o Iraque de Saddam ou a Líbia de Kadhafi. Uma dissociação da realidade que custou o sangue do povo ucraniano, uma tragédia à qual se juntam os danos infligidos à economia europeia e mundial, diz muito sobre a lucidez daqueles que prepararam e estão a alimentar esta guerra por procuração contra a Rússia.
Sobre a visão cínica da NATO relativamente à falta de treino dos ucranianos, o artigo da Newsweek cita declarações recentes do general Pat Ryder, secretário de imprensa do Pentágono: “Temos estado a treinar os ucranianos desde 2014”, acrescentando que os EUA “estão confiantes de que continuam a ter uma capacidade de combate significativa à sua disposição e que a utilizarão de uma forma que lhes permitirá continuar a treinar os ucranianos”.
O dogma da NATO na Ucrânia e a tragédia de Zelensky
Curiosamente, sobre a situação ucraniana, James W. Carden escreveu no The American Conservative: “À medida que a guerra na Ucrânia se aproxima da sua desastrosa conclusão, podemos razoavelmente esperar que aqueles que ajudaram a iniciar este conflito – e aqueles que apoiaram esta guerra ridícula e desnecessária desde o início – paguem um preço tão elevado como o pago pelos arquitetos e líderes da claque do fiasco iraquiano: nenhum.
Os únicos que pagarão a fatura serão os ucranianos e a própria Ucrânia, que, no final da guerra, corre o risco de desaparecer do mapa, com as suas regiões orientais controladas pelos russos e as suas regiões ocidentais sob a influência da Polónia, que já está a liderar o processo.
Uma tragédia que poderia ter sido facilmente evitada, escreve Carden: “Uma simples declaração dos Estados Unidos e da NATO de retirar o compromisso assumido em Bucareste em 2008 – de que a Ucrânia e a Geórgia ‘se tornariam membros da Aliança’ – teria facilitado, em muitos aspetos, a coexistência pacífica entre a Rússia e a Ucrânia.
Mas isso não aconteceu. O motor da máquina das últimas quatro administrações dos EUA (Bush, Obama, Trump, Biden) tem sido os ideólogos. E a ideia de que a Ucrânia tinha o “direito de escolher as suas alianças” e de que nós tínhamos o dever de o permitir acabou por ser tratada como se o seu apoio fosse uma escritura sagrada.”
A contraofensiva falhou, mais um problema para Zelensky
Se a Ucrânia se sente mal, Zelensky deve sentir-se ainda pior. Há relatos de alegados ataques russos contra ele. Temos sérias dúvidas sobre quem são os instigadores: não faz sentido matar um fantoche substituível, especialmente agora que ele está em apuros. Pelo contrário, seria extremamente contraproducente, porque criaria um mártir e Moscovo atrairia a desaprovação internacional.
Mas a sucessão de notícias deste tipo diz-nos claramente que há quem queira virar a página na Ucrânia, um pouco como aconteceu com o presidente sul-vietnamita Ngo Dinh Diem: foi assassinado pelos seus generais com a indicação da sua localização pelos americanos.
Para consolidar esta impressão, um artigo do famoso jornal Politico refere que o assassinato de Zelensky não conduziria a um vazio de poder, uma vez que existem substitutos viáveis. Será que o cómico que atua como político vai ser relegado para a representação de uma tragédia? Mas, como acontece frequentemente nas tragédias, o protagonista morre.
Fonte aqui.
Mais do mesmo: um morto-vivo instalado algures com uns milhões.
‘Marxista y luchador incansable’ – por outras palavras, órfão soviético.
«aqueles que ajudaram a iniciar este conflito – e aqueles que apoiaram esta guerra ridícula e desnecessária desde o início».
Para o verdadeiro marxista o poder é sempre a razão maior; será também a mais justa se visar dominar quem subscreva valores ocidentais.
Não há maior poder do que o complexo militar industrial, e não é de hoje, nem é por falta de aviso, tão pouco caso único num império decadente em vias de virar contra si próprio.
Mas o que é a história face à ideologia? Certo é que, certamente, o botas era um fracote, afinal, para tão acérrima defesa.
Não deixa de ser curioso que os desprezíveis conservadores clássicos (e alguns oportunistas, mas a farsa não resiste) são, dentro dos que têm direito a voz (ou seja, nada de sociais-democratas, quanto mais socialistas ou comunistas), a oposição à podridão do sistema de regras à medida por, ao menos, serem consistentes na sua ideologia.
O que explica que aqui na província, onde nunca houve ideólogos e nunca faltaram oportunistas e supremacistas, não haja um mínimo de contraditório quando o liberalismo miserabilista de melhor é impossível esgota os últimos cartuchos em quimera atrás de quimera até as vibes mudarem alguma coisa.
Vai correr bem, de certeza.
«Guerra ridícula e desnecessária desde o início», diz o Menos.
Concordamos em absoluto!. De facto, bastaria:
a ) A Ucrânia não ter pretendido integrar qualquer bloco militar (no caso, a NATO), não deixando, por isso, de poder vir a ser um país desenvolvido e integrante, inclusive, da UE, tal como sucede com uma Áustria;
c) Ter concedido autonomia às regiões do leste do país, tal como Portugal fez com respeito a uma Madeira e uns Açores.
Assim, muito provavelmente, nesta trágica «ópera bufa» a que se tem vindo assistir, depois de destruição e morte, ir-se-á assistir, não a uma paz, mas a um armistício (tipo Coreia), com os beligerantes a continuarem tecnicamente em guerra até não se saber, exatamente, quando…
Entretanto, os que defendem ser a Ucrânia um país soberano e, consequentemente, livre de integrar o bloco militar que muito bem entender, o que diriam se, hipoteticamente, Cuba, enquanto país, igualmente, soberano integrasse um bloco militar onde pontificassem uma Rússia e uma China e, nessa qualidade, viesse a ter armamento nuclear no seu território cedido por uma Rússia ou China? Uns EUA respeitariam isso ou ter-se-ia uma nova «crise de mísseis» como a ocorrida nos anos sessenta, quando os EUA os colocaram na Turquia e a então ex-União Sovietica respondeu colocando-os em Cuba, deixando o mundo às portas dum conflito nuclear? Quererão responder?
Ou o que aconteceria ao México se o Lopez Obrador dissesse metade do que disse o Zé Cocado no domingo antes da invasão? Já não havia México e quanto ao Obrador nem a alma se lhe tinha aproveitado. Por isso mandemos o Menos ir ver se o mar dá choco que a agua do mar tem efeito terapêutico.