(Baptista Bastos, 02/09/2016)

Baptista Bastos
O mundo está a mudar e essa mudança mexe, profundamente, com os mecanismos do poder moderno e, por isso, com a nossa imediata compreensão e aceitação. Que fazer? Tentar entender, através das possibilidades da nossa compreensão, o movimento acelerado das coisas.
As velhas noções de relação com os outros têm sido substancialmente alteradas. Pretende-se, isso sim, controlar os mecanismos pessoais, através da uniformização em massa. A organização da União Europeia talvez nascesse de uma ideia generalista de que essa uniformização tenderia a aceitar as coisas tal como eram apresentadas. Desejavam, os seus progenitores, uma espécie de uniformização do pensamento e do comportamento humanos. Cedo se verificou a impossibilidade do sistema. A espécie humana constrói, inventa e alimenta as tecnologias, mas recusa a uniformização. A História está repleta destes exemplos. E a própria União Europeia torna-se recalcitrante de si mesma.
A Alemanha, pela razão exposta por Wolfgang Schäuble, tornou-se numa espécie de poder que não deseja outro que não aquele, antigo, hegemónico e atroz, fautor de tanta miséria e de tanto desconforto. Mas o cansaço já atingiu diversos governos. Não são absolutamente favoráveis a esta União, mas não estão dispostos a aceitar e admitir esta política do tudo quero e tudo mando, dominada por Angela Merkel, e que mais não é senão o porta-voz dos grandes poderes económico-financeiros.
A nossa situação, a situação portuguesa, chega a ser rastejante. Vimos isso com José Sócrates e, de um modo absolutamente cabisbaixo, com Pedro Passos Coelho, em que a subserviência atingiu aspectos de ultraje. Como a nossa comunicação social estava, quase toda, sob a direcção abjecta de administrações apenas destinadas à subserviência, o assunto tornou-se de uma gravidade tormentosa.
Nem no tempo do salazarismo a situação foi tão delicada. É substancialmente depravante o número de bons jornalistas que foram afastados, e substituídos por tecnocratas medíocres que apenas serviam um dono: o do dinheiro.
Não acredito na manutenção indeterminada de uma situação dolosa, desta natureza. Porém, admito que o assunto seja fastidioso e incómodo. Naturalmente, as nações não conseguem viver com esta aspereza de comportamento. E as reacções que se têm registado são particularmente significativas. O próprio Francisco Louçã escreveu, há dias, que a situação é incomportável. E Louçã, quando fala deste modo determinante, quer sempre dizer mais do que aparenta.
O mundo está numa situação perigosa. E as decisões últimas dos seus dirigentes, assim como a multiplicidade das tensões nas relações de poder são de molde a ficarmos muito preocupados com o que pode acontecer.
Como escreve muito bem e pensa muito bem, é bom frequentar, sempre.
Ó meu empertigado vertical ás vezes de cabeça para baixo, diz-me lá a mim, que sou simples leitor de História, qual foi a época histórica em que o mundo não esteve perigoso. Ou é só agora.
E que bem que te fica essa genuflexão intelectual perante a ciência política atribuída ao sábio rabaça louçã, primo do outro grande rabaça gaspar, tratado aqui como Pitágoras a quem os alunos se referiam com a seguinte reverência divina “Ele Disse” e não havia mais discussão.
Mas azar deste aluno fala-barato que elege sábio acima de Pitágoras o louçã cronista da sic pois este, quando fala, além de determinante ainda significa dizer mais do que apenas disse. E azar porque muitos se lembram bem que foi este mesmo rabaça louçã que, aliado ao cds e psd em plena AdR para chumbar o PEC IV, fez troar no plenário a grande revelação de sagesa política proclamando que “derrubar Sócrates é o princípio da solução de todos os problemas do país”.
Tal qual foi a sagesa do rabaça louçã nesse momento é a sagesa de bb nesta crónica, eterna réplica sempre repetida anos e anos a fio até ao enjoo, ao comparar o incomparável lutador Sócrates que convenceu Merkel mesmo contra shauble com passos coelho que se vendeu a shauble com o aplauso de Merkel.
A verticalidade tão auto-apregoada de bb é como uma pintura abstracta pintada apenas das mesmas cores tons e matizes sempre.
Ó Neves, bolas que ainda bate mais neste que no Pacheco….:)
A “estatuadesal” não conhece mas muito antes de pacheco já fazia “esta” crítica a bb. Era no tempo que em todas as crónicas se queixava da política assim: “Este não foi o país que me prometeram”. Era um choradinho permanente e quando não o escrevia directamente a lamentação lá estava subentendida.
Agora a música parece diferente mas, no fundo do texto, encontra-se sempre alguma lamentação acerca do país prometido e não cumprido à sua persona individualmente.
E todas as suas crónicas são variações sobre o tema dessa promessa pessoal, que diz, lhe fizeram (nunca explicitou quem a fez) que transformou em ladainha de lamúrias que a mim, confesso, já enjoa.
O pacheco é incomparavelmente mais versátil.
Pronto, já entendi: o BB é uma espécie de carpideira e o Pacheco um centro-campista que quando é preciso também joga a guarda-redes…:) Ok. Boa semana.
Neves critica BB por dizer mal (como dizer bem???), mas creio que o articulista deveria ter ido mais longe. Em vez de apenas alertar para o perigo evidente (que o Neves prefere fingir que nem existe), parece-me que seria mais proveitoso explicar de onde vem exactamente, ou seja, do capitalismo selvagem, cada vez mais incompatível com o arremedo de democracia que ainda estrebucha…por enquanto…
Não esbanjámos…..Não pagamos!!!!!