(José Preto, 31/12/2019)

Fazendo Jâsus comendador da Ordem com o nome da avenida que ele atravessava todas as manhãs, sugerindo que tem papel análogo ao do Infante, Marcello II, o afectuoso, gera a interessante situação de dar honras a quem não conseguirá sequer pronunciá-las. E antevejo mesmo que não fará bem nenhum a tais honras, nem à personagem, afirmar-se “cãomendador “ou coisa que o valha.
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Em geral falando, a figura do alarve coberto de títulos no seu analfabetismo, é bem a imagem simbólica de um regime de professores de direito que só escrevem anedotas sobre o Estado de Direito, em quase todos os casos, incluído o do afectuoso. (Por não fazerem ideia do que isso seja, ou não quererem que os outros façam). Símbolo do lugar onde, a meio da carreira partidária, se compram uns graus por equivalência numa qualquer privada. Jâsus e sua cruz teutónica de vermelho sob invocação de um Infante de Avis é apenas mais um acto de confirmação do valor das dignidades do Estado e no Estado.
Além disso, o afectuoso presidente – coisa talvez mais importante – consuma outra intrusão sua no processo do “assalto a Alcochete”, intrusão de monta, claro, fazendo com que uma das testemunhas mais confusas (diria até sem fusas) apareça aos olhos do tribunal como vaca sagrada dos relvados, de cruz teutónica ao pescoço (outra coisa complicada para a personagem dizer).
Estas coisas que o presidente afectuoso semeia, de resto como todos os da sua laia política (á esquerda ou à direita, tanto dá, que eles são todos iguais Ventura incluido), saldam-se num desalento difícil de vencer para quem tem a tarefa quotidiana de defender a igualdade das partes diante de tribunais independentes. Os compromissos internacionais do Estado em matéria de Direito Internacional dos Direitos do Homem foram remetidos para o rol das ficções. como bem se vê.
É nesta perspectiva que temos de colocar-nos. Todas as idas a juízo são combates (de maior ou menor intensidade, embora) contra o regime deste permanente abuso que tudo enquadra (e avilta).