Quanto mais derrotas, mais vitórias

(Daniel Vmarcos, in Facebook, 04/10/2023)


Até à data, nenhuma das previsões dos supremacistas demoliberais, especialistas em bugigangas de guerra “game changer” e amigos do Fantasma de Kiev, concernentes ao conflito no leste europeu se concretizou. No entanto, isso não os para ou desmotiva de forma alguma.

A grande espinha dorsal da hegemonia “ocidental” é, em primeiro lugar, o condicionamento ideológico, a fábrica de crenças (mentiras) e, numa posição adjacente, o chamado “soft power”. Ou seja, em qualquer situação, seja ela favorável ou desfavorável, os pós-ocidentais fazem aquilo que melhor sabem fazer: mentem e subvertem. Atendendo às especificidades e faculdades do público que têm, a realidade e os factos raramente são um problema.

Por exemplo, já há quase um ano que não têm boas notícias, assentes em algo palpável da frente “ucraniana”, relevantes do ponto de vista operacional ou estratégico para o curso da guerra, com que alegrar os seus rebanhos, mas resolvem o problema passando da mera subversão e descontextualização de factos para a aldrabice pura e dura sem qualquer vínculo à realidade.

Além do ruído de fundo cheio de equipamento russo destruído, avanços que não se veem no mapa aqui e ali, celebração permanente de vitórias diárias que passadas umas 24h afinal não tiveram lugar – mas entretanto já não se fala no assunto pois o tema do dia é a “vitória” seguinte -, têm umas quantas fórmulas demagógicas com que descartam a priori toda a sequência de desastres no tempo.

 A mais comum é a tese, cuja fonte nenhum “ocidentalista” alguma vez conseguiu referir (pois não existe, fora do alucinante mundo da narrativa), de que “a guerra era para ser em três dias”. A partir daí deduz-se que, independentemente de tudo o que esteja a acontecer às AFU e aos seus coordenadores “ocidentais”, bem como às centenas de biliões e megatoneladas de equipamento que é enviado e metodicamente destruído na linha da frente, o inimigo está sempre a perder, pois não conseguiu cumprir o objetivo principal da “invasão” que era o de “tomar a Ucrânia em 3 dias”.

À medida que as coisas vão piorando e a impaciência das turbas pró-ocidentais, em relação à prometida destruição económica e militar da Rússia, vai aumentando – requerendo respostas no que toca ao “investimento” feito ou cedendo lugar a alguma desilusão, apatia e desinteresse pelo tema -, vão acrescendo outras mentiras flagrantes, tais como “a Rússia já perdeu mais de 50% do território conquistado” (logo, é só aumentar o financiamento da “Ucrânia”, escalar mais um pouco o grau do conflito e o inimigo irá ruir que nem um castelo de cartas).

O problema é que, se a mentirola dos “3 dias” simplesmente não é verificável, por mera falta de fonte, abrindo uma infinita margem para debates e discussões, já as novas mentiras, tais como a dos “50% do território que a Rússia perdeu” são facilmente verificáveis mediante uma rápida consulta de fontes abertas e “mainstream” dos próprios, sem qualquer necessidade de recorrer à “propaganda putinista” que domina a quase totalidade do espaço informativo fora do dito “ocidente” e satélites, o que é impressionante.

E, o pior, é que isto não é apenas algo que consta das cartilhas das fábricas de trolls das redes sociais ou daquilo que um qualquer Nuno Rogeiro logo à noite irá debitar com um ar muito “doutoral” e pericial.

O desespero, a mitomania da supremacia “ocidental” e a autoindução já estão numa fase em que até titulares de altos cargos estatais, tais como chefes ou secretários de estado, recorrem àquilo a que eles mesmos chamam “fake news” e dizem condenar veementemente.

Onde é que a personagem da imagem foi buscar os números em questão, ninguém sabe. Talvez tenham tentado contabilizar todos os sítios por onde os russos tenham passado, ou onde tenham efetuado alguma manobra no âmbito da Operação Militar Especial, para inserir na categoria de “territórios perdidos”.

Afinal de contas, para os inventores da “Grande batalha de Kiev” (aquela em que os russos supostamente tentaram tomar uma capital de vários milhões de habitantes com menos de 40.000 homens sem cobertura aérea e viram destruídos milhares de tanques com os NLaw e Javelin ocidentais, tendo retirado humilhados), inventores também do “Fantasma de Kiev” ou da “Resistência espartana da ilha das serpentes”, fabricar este tipo de coisas não é nada por aí além.

O que realmente sabemos, é que essa é a nova tendência na argumentação dos “analistas” de serviço e das contas falsas que preenchem as caixas de comentários dos principais meios de condicionamento de opinião logo, por tabela, dos papagaios demoliberais que por aí andam.


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9 pensamentos sobre “Quanto mais derrotas, mais vitórias

  1. Guerra na Ucrânia e, em breve, no Kosovo!
    Para não falar de outro conflito (ou massacre?) não muito distante: a Arménia contra os azeris e os turcos.

    E na Moldávia… no interesse dos nossos amigos neo-cons…
    Arruinados, os Estados Unidos querem que a guerra tenha uma nova cara…

    Depois da Ucrânia, Kosovo/Sérvia?
    Tudo isto deve estar nos ficheiros do Deep State….
    2 conflitos na Europa Continental em vez de 1, e não teremos muito tempo para esperar:
    – Ou o colapso dos países da Europa Ocidental, que já não têm quaisquer recursos financeiros ou económicos para além da criação de uma Nova Dívida Adicional, que os Americanos terão todo o gosto em oferecer-lhes às suas próprias taxas de U$…,
    – Ou um novo empenhamento militar dos países da UE…
    (“UE militar” completamente anacrónica, e totalmente dependente da NATO para agir…) para tentar acalmar este novo conflito, o que significa “in fine” um compromisso paralelo implícito da NATO/EUA…

    O Conflito na ex-Jugoslávia nos anos 90 (pré-organizado e planeado…) já tinha trazido camiões de Jihadistas do Médio Oriente para dar uma mãozinha aos “Seus Irmãos Perseguidos” nos Balcãs, e com a Carnificina que então vislumbrávamos “de longe”, porque no Terreno Real era “Muito Sangrento”…
    – Será que aceitamos que isto volte a acontecer?
    – Ou não será esta uma “Nova Armadilha” para a Europa, também desejada pelos mesmos que em 2014 incendiaram a “Ucrânia” através da Revolução da Donzela e dos atentados 24/24 contra as populações russófilas do DOMBASS que se seguiram, com o objetivo de :
    1) iniciar uma guerra contra a Rússia e desestabilizar a Europa, enfraquecendo gravemente os países membros da UE
    e
    2) tentar pôr a Rússia de joelhos para a poder desmembrar e pilhar mais tarde…
    – É um pouco “bizarro” que um conflito estrategicamente crítico (Ucrânia) esteja a acalmar devido à falta de combatentes e de recursos, e se encaminhe mecanicamente para uma negociação forçada,
    E – “ao mesmo tempo” – outro incêndio esteja a começar numa região vizinha, ainda localizada no centro do continente europeu, entre a Europa Ocidental (UE) e a Europa Oriental (Rússia)…
    Não parece nada bom… sobretudo quando se sabe que a indústria militar e bélica dos EUA é a 1ª indústria dos EUA e que o seu objetivo é o “Domínio Total”…
    Qual é a estratégia de desestabilização por detrás disto?
    Em todo o caso, eu não apostaria muito nos países da UE, já à beira da falência, se um tal conflito (instrumentalizado) recomeçasse e se alastrasse à região da Europa Central..

    Há alguns anos, quando questionado sobre a devastação no seu país, um homem disse: “Nós temos catástrofes naturais, mas vocês na Europa têm guerras.
    Agora temos as duas coisas.
    Esta Europa não tem a ver com a paz.
    Só vê os interesses de certas pessoas.
    Esta Europa assustou o Tio Sam, mas ao enfraquecê-lo está a atingir os seus objectivos, e qualquer meio é suficiente.

    Estamos a caminhar para tempos difíceis, vemos a televisão com os seus relatos de guerras, refugiados obrigados a abandonar os seus países, etc… e se tudo começasse de novo!
    (Acreditam que morrem pelo país; morrem pelos industriais e políticos)
    A Europa é um mosaico de países com línguas e costumes diferentes. Na Idade Média, o denominador comum era o cristianismo.
    Agora, a espiritualidade foi relegada para a sucata e tudo o que resta são nações incipientes às ordens de potências estrangeiras, principalmente por causa de questões energéticas, um fenómeno recente: pouco mais de um século.

    O império europeu nunca existiu, excepto nas mentes dos utópicos que não respeitam as nações. Ao acaso, Napoleão, Hitler.

    O Kosovo é sérvio. O que a NATO fez em 1999 não tinha qualquer base jurídica, era apenas uma forma de permitir que os americanos colocassem mais uma base militar na região.
    No norte da Síria, as bases de roubo de petróleo do exército americano estão a reformar-se com os restos da Daech (CIA) e os curdos iraquianos, turcos e sírios.
    Como de costume, os americanos são como peixes numa lagoa.
    Kosovo, Azerbaijão,
    Os GI’s estão a manobrar por procuração
    Uma velha fera ferida é mais perigosa do que viva
    Kevin McCarthy, a grande pedra no sapato de Zelensky.

    A UE é sinónimo de guerra e pobreza… Os EUA querem uma guerra para não pagarem a sua enorme dívida. Há alguma sondagem séria que fale da vontade dos Portugueses de participarem nesta enésima guerra na Europa? Falam-nos de funcionários europeus não eleitos que são completamente desconhecidos do eleitorado.
    A tirania europeia está a sonhar com um império belicoso.
    A guerra da NATO/EUA contra a Rússia, que está a ser travada através da Ucrânia, é apenas o início da futura guerra entre o Ocidente anglo-saxónico (do qual Portugal é servo) e o eixo euro-asiático Rússia-China.
    Faremos parte de uma nova organização do mundo, sucessora da que nasceu no final da Idade Média e dos “Grandes Descobrimentos”, que viu emergir progressivamente o mundo anglo-saxónico capitalista-liberal.
    Por vezes, as marionetas escapam ao seu marionetista; assim, o Hitler foi conduzido à chefia do Reich graças ao dinheiro de bancos britânicos com o único objetivo de destruir o comunismo, que aterrorizou os governos europeus entre as duas guerras.
    É compreensível que o Pacto Germano-Soviético tenha feito os patrocinadores do füherer acreditarem que o seu plano tinha falhado….

    Preparem-se!

  2. O Sul Global deveria criar também um TPI para julgar estes criminosos de guerra para não entrarem nos países onde onde mora 2/3 da Humanidade. Pu então, depois de condenados, prisão perpétua.

  3. Há por aí gente de uma certa pseudo-esquerda que está absolutamente furiosa com a vitória de Robert Fico na Eslováquia. António Costa, o nosso “iluminado” PM ao serviço de interesses estrangeiros, até já se deu ao trabalho de escrever uma carta ao Presidente dos socialistas europeus, a pedir a expulsão do partido político de Robert Fico – a Direcção Social-Democracia (SMER-SSD) – caso este mantenha a sua “retórica anti-Ucrânia” e a alegada “linha pró-russa”. A provável coligação do SMER-SSD com um partido da também alegada “extrema-direita”, é outro pecado capital para estes socialistas bem-pensantes.

    Estamos bem entregues nesta Europa. Que não restem dúvidas. Quem defende o seu interesse nacional e se recusa a ser um mero sabujo de Washington, é hoje imediatamente rotulado de “pró-russo”. Por sua vez, seguir políticas pragmáticas e aliadas da paz, dão direito ao rótulo de ser de “extrema-direita” e “anti-Ucrânia”.

    Desejo toda a sorte do Mundo a Robert Fico e ao povo da Eslováquia. Eles bem que precisam, no meio do ninho de víboras e traidores em que se transformou a Europa…

  4. Infelizmente quanto ao comprometimento dos tugas com a nobre causa ucraniana realmente não fiz sondagem nenhuma mas até no meu trabalho tenho lidado com muita gente e posso garantir que a adesão é tanta como foi a adesão às vacinas covid.
    E a coisa é fácil de explicar, a propaganda jorra como um rio revolto nas tv’s, na rádio, nas redes sociais em todo o lado.
    A estratégia foi a mesma das vacinas covid. Fomos aterrorizados com imagens de gente entubada em hospitais, acusados de matar idosos por não nos afastarmos dois metros deles, quem não se lembra daquele outdoor que nos acusava a beira da estrada mostrando um idoso entubado e a legenda acusadora “dois metros de distância podiam ter ajudado a evitar tudo isto”. Eu só pensava o que sentiria uma família que tivesse perdido um idoso para o covid ao ver uma merda daquelas. Depois a ideia que era instilada é que parecia que todas as doenças tinham desaparecido e só se morria de covid. Isso fez uma colega minha resolver se a ir dar a terceira, ate porque tinha gente idosa em casa. Apanhou covid na mesma e anda desesperada com as sequelas.
    Claro que quando vieram as vacinas a nossa mente foi levada a pensar “a vacina vai de certeza evitar”. Pior, o malandro que não se for vacinar impede a erradicação da doença, pode matar alguém e é um Bolsonarista.
    Ora esta estratégia funcionou em pleno pois que fomos todos feitos carneiros.
    Porque não repetir agora a estratégia? Só que desta vez quem disser que é má ideia apoiar nazis e putinista. A mim que só chamava ao homem “aquele peixe espada subdesenvolvido” a coisa daria que rir se não fosse trágico. E estúpido.
    E se hoje me resolvo a escrever o nome do homem e porque as sequelas da vacina me fizeram pagar pela língua. Com língua de palmo.
    E se dantes a conversa eram as vacinas milagrosas e a grande vitória da ciência agora a conversa é a ajuda total e incondicional a um pobre país inocente, indefeso e próspero atacado por um vizinho odioso que quer roubar o seu pão.E que com a nossa ajuda total e incondicional vencerá e libertará finalmente o mundo daquela presença maligna, daquela doença.
    Ora aquele país era sim uma miséria negra nas unhas de meia dúzia de oligarcas de onde quem podia fugir fugia. Um deles acabou morto como um cao no Aeroporto de Lisboa justamente porque devia estar farto da boa vida que lá tinha. Realmente as pessoas são complicadas, até se fartam de viver bem.
    Claro que se queremos impedir as pessoas de sair do país porque há uma guerra em que sao precisos em preparação, uma coisinha dessas vem a calhar. Um ucraniano que pense em emigrar talvez pense, que é melhor juntar se a uma milícia nazi, que até está a pagar bem para os padrões daquela miséria do que arriscar ser torturado até à morte, durante dois dias,
    Nas masmorras de um aeroporto no cu do mundo. Se fosse ucraniano acharia que valia a pena pensar nisso.
    Não que um país mereça ser atacado por dar miseria às suas gentes e por estar a criar milícias nazis ou a treinar neonazis que já matavam gente na Europa como um deputado da CDU morto com um certeiro tiro na testa a porta de casa.
    Mas se calhar o Zé Cocado podia ter ficado calado em vez de dar aquele discurso no domingo anterior a invasão. Podia ter tido mão nos seus caes nazis e não começar a bombardear forte e feio o que restava das regiões separatistas.
    Não o fez porque sabia
    ao que ia, porque esta guerra interessava, porque se queria enfraquecer e dividir a Rússia para melhor pilhar o que lá há.
    O problema foi que a Rússia fez o trabalho de casa possível e a coisa está a revelar se um bocadinho mais espinhosa.
    Agora o que é que faz gente de um país no cu da Europa, bem longe da Ucrânia, engolir esta ideia da pobre Ucrânia atacada sem razão por aqueles bandidos que deviam ser banidos da terra? Bem, o Milhazes e outros comentadeiros ajudam mas a raiz está provavelmente naquele sentimento salazarento de ódio a Rússia comunista que ainda se iria converter que assim tinha dito a Senhora de Fátima.Que ouviram a pais e avós e interiorizaram.
    Não interessa nada que o Putin não seja comunista embora o partido comunista lá do sitio também tenha apoiado a coisa, como aliás todos os partidos na Rússia porque até aquela besta do Jirinovski lhe pareceu má ideia ter nazis a sério mesmo ali ao lado, armados com armas nucleares a poucas centenas de quilómetros de Moscovo.
    Aqui quer se bater nos comunistas porque os comunistas russos apoiaram a guerra. Ao mesmo tempo que dizem que a guerra foi obra de um louco doente e solitário que se levantou de manha disposto a dar uma tareia no vizinho do lado. Um louco que estando a morrer de cancro quereria destruir o mundo, até porque não tem filhos nem netos.
    Enfim, o argumentario da claque da Ucrânia é uma verdadeira salada russa.
    Por acaso salada russa e uma alternativa relativamente barata para populações a empobrecer porque os seus governos se comprometem a continuar a empobrecer nos para apoiar a Ucrânia enquanto por lá houver um homem, mulher ou criança capaz de pegar numa arma. Isto está para durar tal como o verão deste ano que parece interminável pelo menos no Sul da Europa.

  5. Mantêm-se os dogmas da servidão a Moscovo:
    – As democracias são o pináculo da manipulação, da corrupção e do imperialismo.
    – Por comparação… nada se diz sobre quem no presente manipula, corrompe e invade com exército e mercenários.
    – Prossegue a exploração de tudo que é resultado da acção de propaganda herdada dos soviéticos: mobilizar a esquerdalhada para fazer crer os povos ocidentais como os explorados deste mundo, quando do mesmo passo os dizem os grandes exploradores.
    – E tendo a Europa usufruído de baixos orçamentos militares, confiando-se à protecção dos EUA, daí derivam uma servidão que reproduza a que a Rússia sempre aplica nas relações com os seus satélites.

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