A União Europeia contra a História

(Hugo Dionísio, in Facebook, 19/09/2023)

Apesar de estar titulado como “Respondendo ao chamamento histórico”, O discurso de Ursula Von Der Leyen deixou a história sem resposta. Diria que visa mesmo contrariá-la, pois, afinal, a história humana é a história pela libertação de todas as formas de opressão e exploração. É precisamente contra essa história que luta o discurso da CEO designada para a Comissão Europeia!

Como uma diligente e bem-comportada CEO, a nunca eleita, mas plenipotenciária, Úrsula Von Der Leyen, esgrime todos os pontos e argumentos que era suposto. Um deles é o alargamento da UE. Este alargamento, que pode nunca acontecer – mas isso são outras contas -, por si só seria motivo para a Turquia abandonar, de forma imediata, a NATO e a proposta de adesão. Afinal, por tantos anos foi congelada a adesão da Turquia, usando-se argumentos falaciosos como “os direitos humanos”, e, de uma assentada, a UE abre todas as vias de acesso (fast-track) a um país com uma constituição integralista (que define quem é e quem não é “ucraniano” original, com base numa suposta etnia, que, por acaso até cheira a polaca); um país que persegue e oprime os direitos políticos, religiosos e culturais das etnias que considera forasteiras… Expliquem-me como é que a Turquia não se ressente com isto? Alguém acredita que a Turquia é menos democrática que a Ucrânia? E Portugal? O que beneficiaria com um alargamento destes? Perder a única fonte de investimento público que ainda lhe resta, os fundos estruturais?

O discurso de Úrsula é, uma vez mais, uma denunciada colagem aos interesses dos EUA. O próprio jargão político-administrativo utilizado denuncia essa realidade. O “Parlamento” passou a chamar-se  “Casa” – referência à “House” norte-americana -, os regulamentos e directivas passaram a designar-se “actos” – referências às leis federais norte-americanas “acts” – e até o próprio evento, não sendo a designação nova, não deixa também de denúnciar a colagem – o “estado da União” por referência ao “State of the Union Adress” norte-americano.

Disse Úrsula que “a guerra se ouve nas nossas fronteiras”, o que me leva a questionar que guerra é essa! Será a mesma guerra nas mesmas fronteias que o Presidente Marcelo designou de “nossas fronteiras” com a Federação Russa? É sintomática a conexão orgânica entre todas as figuras de proa do poder político europeu, talvez com excepção de Orban, na Hungria. Em todos ouvimos a mesma cassete…

Disse a CEO da Comissão Europeia que, durante o seu mandato (diria mais “comissão de serviço”), assistimos ao surgimento de uma “União geopolítica – apoiando a Ucrânia, enfrentando a agressão Russa, respondendo a uma China assertiva e investindo em parcerias”.

Vale a pena parar em cada um destes pilares da “Europa geopolítica”. Primeiro, importa, desde logo, dizer que a União Europeia como entidade geopolítica está longe de ser uma construção de Úrsula ou dos seus mestres actuais. A UE sempre foi, desde os primórdios da Comunidade Europeia do Carvão e do Aço, uma construção geopolítica, como não poderia deixar de ser. O papel da chamada “construção europeia”, no quadro da “ameaça vermelha”, constitui o pilar fundador desta entidade “geopolítica”. Hoje, esgotado esse papel, a missão da UE é o de servir de muleta geoeconómica, mercado preferencial e reserva de recursos dos EUA. Ou seja, a “entidade geopolítica” que Úrsula diz ter construído é uma falácia, tratando-se mais de um apêndice geopolítico. Tal como sucedeu no G20, a UE não existe sozinha, só como os EUA; A UE só tem ideias que coincidam com os planos geopolíticos dos EUA; a UE é uma cartada geopolítica jogada pelos EUA, de um baralho que cada vez mais se confina à realidade do G7 e restantes súbditos.

A UE é apenas a mordaça que contém, submete e aniquila, o orgulho e as soberanias nacionais dos países europeus. É a jaula que os prende a uma existência mesquinha, dependente, subserviente e secundarizada aos interesses hegemónicos de Washington.

Não é a UE quem mais financia o “apoio à Ucrânia”, são os EUA, o que denuncia a quem interessa este conflito. Os EUA não pagam um cêntimo – nem através do papel que imprimem a que chamam dólar – por algo que não lhes seja útil; mas pagam todo o papel do mundo, se algo fizer parte da sua estratégia hegemónica. Não foi dos principais países europeus – França, Itália, Alemanha ou Espanha – que nasceu a tentação de fazer da Ucrânia um território NATO. Muito pelo contrário. Foram os países europeus que, no passado, impediram a Geórgia de fazer parte da aliança, precisamente para não acossarem a Rússia, país com que pretendiam manter-se em paz. Do lado da Alemanha, a relação era fundamental para o bem-estar do seu povo, como para a França, Áustria, Holanda e países do Leste. Apenas dois países apareciam repetidamente com esta tentação: EUA e Inglaterra! Este “apoio à Ucrânia” é tudo menos uma pretensão europeia, sendo, este conflito, resultado exclusivo da vontade americana, com a conivência, aí sim, dos “líderes” europeus eleitos a partir de 2007. Líderes cirurgicamente escolhidos, condicionados e instrumentalizados para nos prenderem a todos ao passado e presente colonial e imperialista.

A resposta à “assertiva China” vai pelo mesmo caminho. Todos conhecemos o início do discurso anti chinês, com a guerra de Trump à Huawei e a imposição de tarifas comerciais. A UE, nessa altura manteve-se imóvel, congelada, aprofundando os níveis de cooperação e investimento, o que fez até há muito pouco tempo. O crescimento do colosso oriental e a ameaça que introduz à hegemonia dos EUA – a UE como ponto de encontro de continentes não tem qualquer vantagem nesta estratégia -, constitui a única razão da classificação da China como um risco. Até à estratégia Biden do Indo-Pacífico, do AUKUS e da “contenção da China”, a UE não tinha qualquer doutrina concertada em matéria de “ameaça chinesa”. Portugal aceitou a Huawei, negociou a instalação de uma fábrica de baterias, vendeu-lhes – a meu ver erradamente – a EDP e parte da GALP, adjudicou obras, abriu as portas ao oriente. Hoje, a falta de independência a que governantes submissos como Marcelo e Costa votam Portugal, faz tudo isto perigar, com consequências graves para os trabalhadores e suas famílias.

Outro aspecto do discurso é o “investimento em parcerias”. Não existe uma parceria internacional da UE que não se enquadre: 1. Nas estratégias hegemónicas e geopolíticas norte-americanas; 2. Que não seja estabelecida com países e organizações que têm o beneplácito norte-americano; 3. Cujo resultado do investimento não tenha um retorno directo para Washington, seja económico, militar, político, ou todos juntos! Nada! Seja o corredor económico India-Arábia Saudita-Europa; seja a linha ferroviária entre o porto do Lobito, em Angola e a República Democrática do Congo; qualquer uma destas vias alternativas às rotas da seda chinesas, a que a UE chama de “global gateways” (ligações globais), está integrada na estratégia de Biden “um mundo, uma família, um futuro” e da “Buildbackbetter” (fazer bem outra vez). O benefício é, sobretudo, norte -americano, mas seremos nós que pagaremos os 300 biliões de “investimento”. Tudo para que os EUA tenham os metais raros africanos, de que necessitam, para a sua reindustrialização.

Diz então Úrsula que, agora, estamos mais “independentes” em sectores críticos como a “energia”, os “semicondutores” e “matérias-primas”. O mundo de Úrsula é um mundo fantástico! Nada lhe falta. É como o do CEO do Serviço Nacional de Saúde, que “gere” o SNS e usa serviços de saúde do privado! Uma lástima! O problema destes mundos maravilhosos, desta aristocracia burocrática, é que estão em colisão directa com os mundos das pessoas reais. Ao que julgo saber, a UE continua a comprar energia russa, apenas tendo trocado a posição do principal fornecedor, passando os EUA para primeiro lugar. Em troca, a UE perdeu um gasoduto que garantia fornecimento rápido, em qualidade e mais barato. Agora, tem de receber o gás em barcos. Não percebo que raio de independência é esta e como a UE se tornou mais energeticamente independente, aumentando a sua dependência em relação a um só fornecedor, muito mais caro e recebendo o gás através de logísticas mais complexas e com mais riscos.

A independência em “semicondutores” é caricata. Pois não consta que a UE seja local de produção em massa de “semicondutores”. O que a UE produz, isso sim, são máquinas litográficas, na Holanda, através da empresa ASML. A “independência” é tal que fazemos as máquinas mas compramos os semicondutores a Taiwan, à China (agora menos por causa das sanções – mais independência) e aos EUA. Acresce que, a ASML, como resultado da política de sanções norte-americanas, contra o desenvolvimento tecnológico chinês, se viu impedida – a agravar-se principalmente a partir do final deste ano – de vender as suas máquinas mais caras e avançadas ao seu principal mercado, a China! O que tem provocado uma queda abrupta nas suas receitas. Ora, se prescindir de um dos principais fornecedores de chips baratos; se ter de cumprir uma lei sancionatória que não é europeia, nem do interesse europeu; se assistir à disrupção das cadeias de abastecimento numa área fundamental; se ficar totalmente dependente dos EUA nesta matéria, e não mandar sequer na sua industria para este efeito, significa ser “mais independente em semicondutores”…

E nas matérias primas… O mesmo que no gás! Antes estavam aqui ao lado; baratinhas e boas, rápidas e em quantidade. A UE podia também ir comprar terras raras à China, à Rússia. Hoje, vê-se obrigada a ir buscar o que antes tinha barato e rápido, ao outro lado do mundo (América latina), mais caro e em menos quantidade, disputando o mercado com outros potentados regionais. Acresce que, resultado da política de sanções norte-americanas a alguns metais raros de origem chinesa, a UE, vê-se impedida também de os ir lá buscar. Como é que isto é ser mais independente?

Mas esta farsa continuou ao longo de todo o discurso. É interessante quando Úrsula fala da “resposta ás alterações climáticas” e do papel europeu nesta matéria. Quem a ouviu ficou com a impressão que o mundo pode ser salvo pela própria União Europeia. Um “planeta saudável”, como disse. Alguém explique como é que ir buscar energia e matérias-primas a locais mais distantes, gastando mais energia para os trazer e mais dinheiro, contribui para isto. Como é que substituir gás por carvão salva o planeta? Como é que transferir a base industrial da China para a India, onde as exigências ambientais ainda são menores, salva o planeta? Mas, não vivemos todos no mesmo planeta, ou a CEO da Comissão Europeia vive num planeta à parte? Na Lua, por exemplo? E que tal produzir aqui, na Europa, em Portugal e substituir as importações? Não? Que tal produzir e consumir localmente e apenas comprar fora o que não se produz aqui, taxando como luxo tudo o que seja importado sem necessidade? Também não? Pois…

Mas o melhor estava guardado para a parte da “competitividade” e da “concorrência desleal”. Depois de dizer que as “nossas empresas tecnológicas gostam de competir”, “elas sabem que a competição é boa para os negócios”, “a competição protege e cria bons empregos na Europa” … Ela vem falar em competição “verdadeira” e “justa”. Para atacar quem? A China, claro.

E é neste ponto que temos a confirmação sobre quem é que está aos comandos do drone Von Der Leyen. Se antes víamos uma criatura desprovida de vontade, que se limitava a papaguear agendas pré-determinadas… Nesta matéria conseguimos vislumbrar, por reflexo, a cara do piloto. Biden aprovou um “ACT” para as indústrias estratégicas para a “segurança nacional” dos EUA, que visou beneficiar e subsidiar as empresas norte-americanas de semicondutores e desviar tecnológicas europeias para o seu território. À data, o próprio Scholz deu sinais de poder ficar furioso. Pensou nisso e acordou!

Eis que o ataque é feito à China e aos subsídios que o estado chinês dá às empresas. Eu já nem falo dos mais de 10 triliões de dólares que os EUA enterraram em  empresas e bancos, desde a crise de 2008. A própria indústria automóvel americana recebeu biliões de dólares no tempo de Obama, para se restruturar. Parte dessa restruturação está, hoje, visível na fusão entre a PSA francesa, a FIAT-Chrysler, criando a Stellantis. O próprio estado francês tem 6% do maior construtor mundial de automóveis. Mas a CEO da Comissão Europeia diz que é a China quem financia as suas empresas a partir do estado. E é claro que o faz, todos o fazem. Daí que Úrsula queira aprovar um “acto” “anti subsídios” que investigue o desenvolvimento de veículos eléctricos chineses e possa levar à sua proibição nos mercados europeus. Segundo ela diz, são muito “baratos”. Os chineses cometem o “crime” de querer fazer carros eléctricos para todos!

Assim, querendo que os europeus paguem mais por automóveis, do que devem, Úrsula esconde que, também a UE, financia de forma regular o sector privado. Todos o fazem! E mais, acusa a China de financiar a “investigação” de veículos eléctricos. Isto quando a UE tem um programa temático dirigido ao sector privado chamado “mercado único, inovação e emprego”. Fantástica hipocrisia, certo?

Vamos lá a ver se nos entendemos: eu não sou contra o investimento público; eu não sou contra o proteccionismo dos estados, para defenderem a sua indústria, os seus postos de trabalho. Pelo contrário. Eu sou contra a mentira e os falsos pretextos e, ainda mais, contra a manipulação e a dissimulação. Usar este pretexto contra a China? OK… E os EUA? E o Japão? E a Coreia do Sul? Fazê-lo para proteger a indústria automóvel europeia? Certo! Mas… E então a ameaça americana, japonesa e coreana? Ou, o propósito é defender esses todos? Mesmo contra os interesses do povo trabalhador europeu?

Diz Úrsula que os veículos eléctricos “são bons para o ambiente”. Então…, mas tê-los baratos não é bom? A UE, na Estratégia 2020 aprovou 142 biliões para a competitividade, 420 para o crescimento sustentável e recursos naturais, 371 para a coesão económica, social e territorial. Na estratégia 2030, agora a iniciar o ciclo de financiamento, foram 166 biliões para o mercado interno, inovação e digitalização; 336 para o ambiente e recursos naturais e 392 para a coesão. Uma fatia importantíssima destes fundos vai parar às empresas privadas. Por exemplo, em Portugal, dos 2.9 biliões de euros para empresas, mil milhões foram para as médias empresas e 932 milhões para as grandes. Para investigação, digitalização, internacionalização… Apenas do PT 2020 e sem contar com os fundos da formação profissional (outros mil milhões), para competências, com os fundos para transição energética e ambiental ou os fundos para agricultura, pescas e outros mais. São muitos, muitíssimos milhões, apenas da UE, pagos pelos trabalhadores – não contando também com fundos nacionais que vão dos Lay-off à formação profissional e estágios profissionais – que vão parar às empresas privadas.

O que se passa com a China é um problema bem diferente: É que, pela primeira vez, na história dos últimos 500 anos, os EUA e a UE (o bloco imperialista e hegemónico) passaram a ter um competidor de peso, em todas as áreas, capaz de os suplantar em tudo! Na qualidade e no preço! E, ao mesmo tempo, melhorando paulatinamente as condições de vida do seu povo.

Este desafio demonstra toda a falácia da teoria liberal, do mercado livre e da concorrência. É fácil defendê-lo quando se têm as melhores universidades, as melhores competências, a maior fatia de capital acumulado, a moeda mundial de reserva, o sistema interbancário de trocas, o FMI, o Banco Mundial e tudo mais. Quando se domina isto tudo, e usamos o sistema para manter distâncias relativas, deixando os mais pobres subirem apenas o suficiente para que não sejam ameaça (quando sobem), mantendo as dependências e as interdependências que alimentam a submissão… Assim é fácil ser “liberal”. Logo que surge um competidor a sério, com armas a sério, com capital, conhecimento e capacidade organizativa… Os “liberais” passam logo a proteccionistas. Mas fazem-no à “liberal”, ou seja, mentindo e inventando desculpas. Admitir as verdades não está na sua matriz, pois tudo para eles é marketing, é venda, é logro.

É como dizer-se que a UE é “democrática”. Uma estrutura não eleita, como a Comissão Europeia, manda em tudo, de forma omnipotente, mas é “democrática”!

A UE não “responde à história”. A UE luta contra ela, tentando manter as estruturas de submissão, das quais o Sul global se tenta libertar! A UE, precisamente, não se dá conta de que a sua própria existência, tal como a do capitalismo, é “histórica”, passageira, contextual, transitória…

E é esse o drama de Von Der Leyen e dos seus mandantes!

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6 pensamentos sobre “A União Europeia contra a História

  1. Resumindo:
    Em tudo se vê claramente que a UE prefere depender dos EUA, e está disposta a a passar maiores dificuldades económicas para não depender da Rússia e da China!
    Ora isto é estranhíssimo, não só pelas grandes afinidades culturais e políticas com tais países, como pelo facto de serem líderes mundiais na realização do que seja o rumo histórico da Humanidade na sua luta « pela libertação de todas as formas de opressão e exploração».

    E quem assim não vê ou é cego ou não é comuna!

  2. Oh! JgMenos! E quais são as afinidades «culturais» com os EUA? A cultura do «Tio Patinhas»? Dos cowboys «bons» atirando pum…pum….pum…contra os índios «maus»? De pum…pum…pum…contra Presidentes de que não se goste, como um Linconl ou Kennedy? Do pum…pum…pum, toma lá chumbinho em cima, só porque, por engano, bateste à porta de um vizinho? De negros enforcados, apenas por negros serem? De se promoverem golpes de estado para se derrubar governos de que não se goste, mesmo que democraticamente eleitos, como num Chile? Etc.? É essa a «cultura» que te encanta? Ou o cego serás mesmo tu?🥸

  3. Muito obrigado Hugo Dionísio por este excelente artigo que nos ajuda a compreender melhor a geopolítica mundial.

    Sempre interessante. Quando se juntam os temas abordados neste Blog aos que são tratados quase diariamente por este Blog (a economia global, as ofensivas comerciais, os acordos dos BRICS e do G20 e os vários acordos multilaterais do tipo AUKUS, guerra etc.), é difícil imaginar um futuro pacífico para a humanidade. Mas veremos…

    Ucrânia, inflação, energia: o historial desastroso de Ursula Von Der Leyen.

    Gostava de acrescentar que na minha humilde opinião a europa já perdeu a guerra dos semicondutores.

    Depois de termos praticado a desindustrialização e a transferência de competências para o excesso, encontramo-nos agora com falta de indústria e de pessoal qualificado. Isto era previsível e deliberado, mas, embora possa parecer um fracasso, não o é. Enquanto os “traidores” enriquecerem, o objetivo é bem conseguido.

    Este Não UE até faz pressão para que cada um dos 27 países se especializasse apenas em algumas áreas +/- exclusivas em comparação com as especialidades exploradas pelos seus vizinhos.
    Custa a crer que o tenham feito para que nenhum país tenha potencial para ser autónomo em geral e para que todos se tornem dependentes uns dos outros, com toda a sangria que conhecemos ou podemos imaginar e com todo o drama humano que isso implica.

    Criaram uma pseudo-união virtual e não efectiva, que obviamente não poderia funcionar porque a realidade do funcionamento das coisas é imutável e não pode responder positivamente ao senso comum.
    Esta Não-UE é anti-natural e anti-humanista até ao tutano.

    Estou profundamente ligado a esta Europa, e às ideias que era suposto defender, mas estou literalmente chocado por ver onde nos está a levar hoje…

    Agora a Europa está a desmoronar-se e eles estão a rir-se!

    A União Europeia está agora a gastar quase 132 mil milhões no país de Volodymyr Zelensky, a Ucrânia.

    Desde o início que era óbvio que não nos devíamos meter em problemas com o nosso principal fornecedor. Seguimos os americanos que são os grandes vencedores desta guerra que eles queriam. A UE com as suas directivas está a levar-nos à ruína.

    A empregada do IKEA tem o seu diploma universitário muito contestado na Alemanha, muito contestada sobre os seus contratos com o Ministério da Defesa e contestada sobre os seus contratos com as máfias farmacêuticas.

    A empregada do IKEA desempenha muito bem o seu papel de americana. Enquanto Portugal fizer parte da Europa, será governada pelos Estados Unidos.
    Quer se trate da empregada do IKEA ou de outros.

    A União Europeia, tal como a Liga das Nações, está falida. A história repete-se, é certo que num contexto diferente, mas numa altura em que a guerra na Ucrânia e as vagas de migração estão apenas a começar, esta instituição, que pretende diluir as identidades nacionais para fins puramente económicos, está a mostrar os seus limites. Europa, sim, mas esta União Europeia está a rejeitar a realidade em nome de uma presunção elitista totalmente desligada das preocupações das pessoas “normais”. Que os povos e as culturas mudam e evoluem ao longo da história: sim. Mas aqui estamos a falar de uma rutura brutal e radical. O extremismo está do lado desta ideologia europeísta, que está a conduzir as pessoas para uma guerra civil global. A União Europeia está a sufocar a democracia e a tornar-se exatamente naquilo que sempre afirmou combater.

    Mas é exatamente isso que os criadores da União Europeia querem. O federalismo, que destrói a soberania dos Estados que a compõem.

    A Ucrânia é o exemplo perfeito de como um país não precisa de aderir à UE. Recebe ajuda ilimitada em nome da guerra contra o invasor russo que as zonas pró-russas da Ucrânia procuram defender. Tudo no interesse do imperialismo americano contra o imperialismo russo. Resta saber o que pensa o povo ucraniano, que está realmente a sofrer. Quanto à imigração, a UE quer o que está a acontecer agora, é o projeto globalista europeu. Também é desejado pelas nossas classes políticas de todos os quadrantes.

    Os executivos são um pouco como os delinquentes: se não houver sanções, são permitidos todos os tipos de abusos. Também deveria existir um tribunal para estas pessoas, para a traição ou a incompetência ao mais alto nível das instituições.

    O que me fascina é o fosso entre as instituições europeias e as pessoas comuns… e continuo a ver imagens de Bruxelas a arder e o Parlamento Europeu com………. como o fim de uma era e o início de uma catástrofe….

    A empregada do IKEA, que nunca foi eleita para a mesma, mas sim nomeada… A Alemanha não teria sido um pouco favorecida?
    O jugo que liga a UE aos Estados Unidos, e as nações umas às outras, parece-me cada vez mais perverso. Infelizmente, não é com o alargamento previsto a outros países que a estrutura poderá tornar-se mais democrática.
    Tudo isto me leva a desejar que Portugal abandone a UE o mais rapidamente possível, para recuperar um mínimo de soberania económica e a força para se opor ao belicismo reinante e à terceira guerra mundial.

    As opiniões dos cidadãos europeus diluíram-se desde o Tratado de Lisboa de 2008.
    Acreditava muito na CEE: paz, educação, intercâmbio de estudantes, ciência, desporto, cultura, etc. Em meados dos anos 80, a financeirização espalhou-se pela economia e começou a alterar o funcionamento da sociedade europeia no seu conjunto, como um tumor maligno que se espalha pelos gânglios linfáticos locais. Nasceu uma humanidade europeia a duas velocidades: uma oligarquia, por um lado, e um povo cada vez mais escravizado, inculto, insociável, analfabeto, estúpido e sem espiritualidade partilhada, por outro.
    Detesto o que fizeram com aquilo que era a esperança de toda uma geração.

    Esta ideologia europeia não é a vontade do povo, mas de líderes políticos com uma ideologia totalmente neoliberal que glorifica os mercados e o comércio livre, independentemente das consequências sociais, ambientais e até migratórias. Esta ideologia serve apenas os interesses das multinacionais e dos acionistas das grandes empresas cotadas na bolsa. Não somos governados por políticos, mas sim por ideólogos desfasados da realidade e, sobretudo, não eleitos.

    O “discurso sobre o estado da União” não substitui um discurso sobre o estado da “democracia” na União… As gesticulações destinadas a ensinar a xenofobia politicamente correcta em relação à Rússia e à China não revelam qualquer melhoria nas intenções pacifistas dos Comissários Políticos do regime.

    A atual UE é uma república democrática e nós sabemos o que isso significa em nome de um país.

  4. O problema é que efectivanente temos afinidades culturais com os trastes do outro lado do mar. Aliás, foi da nossa cultura de rapina e de matar sem do nem piedade para sacar recursos dos outros que os Estados Unidos nasceram. Se não tivéssemos transferido para lá as nossas populações mais dadas à cultura de rapina e assassínio, como os criminosos e os fanáticos religiosos, não haveria hoje Estados Unidos. Eles nasceram de nós. Mas como vieram dos piores de nós, claro que teem hábitos culturais que repugnam, e ainda bem, boa parte de nós.
    O que não quer dizer que nos também não façamos barbaridades. No rescaldo da reunificação alema, alguns neonazis dedicaram se a queimar turcos vivos. As autoridades trataram de reprimir a coisa, e, aí a coisa foi diferente do que se passava no sul dos Estados Unidos, onde as autoridades fechavam os olhos ao linchamento de negros, quando não davam uma ajudinha. Por cá convinha dar a ideia que éramos um bocadinho mais civilizados que isso.
    E, claro, como foi para lá que mandámos os piores, conseguimos por cá manter o grau de civilização suficiente para nem toda a gente poder comprar uma arma ao virar da esquina. O que não impediu um ex criminoso da guerra colonial de ter uma para matar um negro pai de três em plena rua. Enfim, coisas da nossa cultura que infelizmente tem muito da americana. Afinal, eles são os nossos cruéis filhos.
    E nós somos hoje como aquele pai velho que não tem mão no filho, a quem em tempos até deu jeito ele ser mau que uma dor. Quantas empresas europeias não beneficiaram das ditaduras na América Latina? Já para não falar de outras latitudes ou ninguém se lembra quando muito do que, se vestia na Europa era Made in Indonesia? Feitos em fábricas em que os trabalhadores eram alojados em cubatas a volta da fábrica, pagos com comida rudimentar e aí de quem piasse, que era morto como um cao.
    E as guerras por petróleo também nos deram jeito, mas agora, como um mau filho, os americanos querem destruir o velho pai, assim como quando o tal filho ruim como as cobras trata de enfiar o paí no lar mais barato e infecto que encontrar.
    Sim, nós temos a cultura deles e por isso é que apoiar nazis para ver se pomos na Rússia um governo que nos deixe pilhar tudo o que lá há parece boa ideia a tantos de nós. Uma verdade dura de encarar de frente mas uma verdade.

  5. A desonestidade central da cambada esquerdalha é a de chafurdar no passado, sem limite de tempo ou ponderação de rigor, enquanto escamoteiam o presente, sendo isso essencial para que se lhes preserve uma qualquer visão de um imaginário futuro .
    Raras e fugazes são as invocações da ditadura do proletariado.
    Permanentemente ausente, a invocação que o socialismo é o fim da propriedade privada dos meios de produção.

    Sabem-se marginais de toda a realidade presente e previsível, e cevam a frustração no apoio a quem quer que seja adversário do que definem por inimigo principal: as democracias ocidentais.

  6. Oh!JgMenos! Não sendos um marginal de toda a realidade presente e previsível, mas, ao invés, com a tua «inteligência», decorrente de quem terá um cérebro, não de «elefante», mas do tamanho dum «amendoim», um profundo conhecedor da realidade presente e meteorologista quanto à realidade futura, achas que andarão mesmo por aí uns OVNIS com extraterrestres dentro a espreitarem-nos e com que fim?🧐

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