A guerra na Ucrânia para manter a União Europeia sob tutela

(Por Thierry Meyssan, in Rede Voltaire, 24/01/2023)

Mas porque é que Josep Borrell, Charles Michel e Ursula von der Leyen, que foram condenados por corrupção e provaram a sua incompetência, se tornaram os líderes da União Europeia ? Para subscrever aquilo que lhes dita Jens Stoltenberg.

É difícil admitir, mas os Anglo-Saxões não o escondem. Parafraseando uma citação célebre do primeiro Secretário Geral da Aliança, A OTAN foi concebida para « conservar a Rússia fora, os Americanos dentro e a União Europeia sob tutela ».
Não há nenhuma outra interpretação possível sobre a continuação das inúteis « sanções » contra Moscovo e dos vãos combates mortíferos na Ucrânia.


Faz já quase um ano que o Exército russo entrou na Ucrânia para aplicar a Resolução 2202 do Conselho de Segurança. Rejeitando este motivo, a OTAN considera, pelo contrário, que a Rússia invadiu a Ucrânia para a anexar. Nos quatro “oblasts”, os referendos de adesão à Federação da Rússia parecem confirmar a interpretação da OTAN, salvo que a História da Novorossia confirma a explicação da Rússia. As duas narrativas desenrolam-se em paralelo, sem jamais se tocarem.

Pela minha parte, tendo editado um boletim diário durante a guerra do Kosovo [1], recordo-me que a narrativa da OTAN à época era contestada por todas os agências de imprensa dos Balcãs, sem que eu tivesse meio de saber quem tinha razão. Dois dias após o fim do conflito, jornalistas dos países membros da Aliança Atlântica puderam ir até lá e constatar que haviam sido enganados. As agências de notícias regionais tinham razão. A OTAN não tinha parado de mentir. Mais tarde, quando eu era membro do governo líbio, a OTAN, que tinha um mandato do Conselho de Segurança para proteger a população, alterou-o a fim de derrubar a Jamahiriya Árabe Líbia, matando 120 000 pessoas que ela era suposto proteger. Estas experiências mostram-nos que o Ocidente mente sem vergonha para encobrir as suas acções.

Hoje em dia a OTAN garante-nos que não está em guerra, uma vez que não colocou homens na Ucrânia. Ora, assistimos por um lado a gigantescas transferências de armas para a Ucrânia, para que os nacionalistas integralistas ucranianos [2], treinados pela OTAN, resistam a Moscovo e, por outro lado, a uma guerra económica, também ela sem precedentes, para destruir a economia russa. Tendo em conta a amplitude desta guerra por interpostos ucranianos, o confronto entre a OTAN e a Rússia parece possível a qualquer instante.

Uma nova Guerra Mundial é, no entanto, altamente improvável, pelo menos a curto prazo: no entanto, os actos contradizem já a narrativa da OTAN.

A guerra continua e prossegue sem parar. Não que os dois campos estejam em paridade, mas porque a OTAN não quer enfrentar a Rússia. Vimos isso, há três meses, durante a Cimeira do G20, em Bali. Com o acordo da Rússia, o Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, interveio nos debates por vídeo, desde Kiev. Ele pediu a exclusão da Rússia do G20, como acontecera com o G8 depois da adesão da Crimeia à Federação da Rússia. Para sua grande surpresa e dos membros da OTAN presentes na Cimeira, os Estados Unidos e o Reino Unido não o apoiaram [3]. Washington e Londres acordaram que havia uma linha a não ultrapassar. E por um bom motivo: as modernas armas russas são muito superiores às da OTAN, cuja tecnologia data dos anos 90. Em caso de confronto, não há qualquer dúvida que a Rússia certamente sofreria bastante, mas que ela iria esmagar os Ocidentais em poucos dias.

É à luz deste acontecimento que devemos reler aquilo que se passa à frente dos nossos olhos.

O afluxo de armas para a Ucrânia não passa de um engodo: a maioria dos materiais enviados não chega ao campo de batalha. Já havíamos anunciado que eles estariam a ser enviados para desencadear uma outra guerra no Sahel [4], o que o Presidente da Nigéria, Muhammadu Buhari, publicamente confirmou, atestando que muitas armas destinadas à Ucrânia estavam já em mãos dos jiadistas africanos [5]. Além disso, constituir um arsenal do género manta de retalhos, ao adicionar armas de idades e calibres diferentes, não serve para nada. Ninguém tem logística suficiente para abastecer os combatentes com munições múltiplas. Deve-se concluir, portanto, que estas armas não são dadas à Ucrânia para que ela vença.

New York Times deu o alerta explicando que os fabricantes ocidentais da Defesa não conseguiam produzir armas e munições em quantidade suficiente. Os stocks estão já esgotados e os exércitos ocidentais são forçados a dar o material que é indispensável à sua própria defesa. Isso foi confirmado pelo Secretário da Marinha dos EUA, Carlos Del Toro, que chamou a atenção para o actual despojamento dos exércitos americanos [6]. Ele precisou que se o complexo militar-industrial dos EUA não conseguisse, em seis meses, produzir mais armas do que a Rússia, o exército dos EUA não mais seria capaz de cumprir a sua missão.

Primeira observação : mesmo que os políticos dos EUA queiram desencadear o Armagedom, eles não dispõem dos meios para o fazer nos próximos seis meses e não os terão provavelmente, de qualquer forma, no futuro próximo.

Avaliemos agora a guerra económica. Deixemos de lado a sua camuflagem sob uma linguagem castigadora: as «sanções». Já tratei desta questão e sublinhei que não se tratava de decisões de um tribunal e que elas são ilegais face ao Direito Internacional. Vejamos as moedas. O dólar esmagou o rublo durante dois meses, depois ele voltou a descer para o valor que tinha de 2015 a 2020, sem que a Rússia tenha assumido empréstimos maciços. Por outras palavras, as pretensas «sanções» tiveram apenas um efeito insignificante sobre a Rússia. Elas perturbaram seriamente as suas trocas comerciais durante os dois primeiros meses, mas já não a incomodam hoje. Além disso, elas não custaram nada aos Estados Unidos e em nada os afectaram.

Sabemos que, ao mesmo tempo que proíbem aos seus aliados de importar hidrocarbonetos russos, os Estados Unidos importam-nos via Índia e reconstituem assim os stocks que haviam gasto durante os primeiros meses do conflito [7].

Pelo contrário, observamos um abalo na economia europeia que é forçada a pedir emprestado maciçamente para apoiar o regime de Kiev. Não dispomos nem de estatísticas sobre a extensão desses empréstimos, nem da identificação dos credores. É, no entanto, claro que os governos europeus fazem apelo a Washington no quadro da Lei de empréstimo-arrendamento dos EUA (Ukraine Democracy Defense Lend-Lease Act of 2022). Tudo o que os Europeus dão à Ucrânia tem um custo, mas este só será contabilizado depois da guerra. Só nesse momento a factura será apresentada. E ela será exorbitante. Até lá, tudo corre bem.

A sabotagem dos oleodutos Nord Stream 1 e Nord Stream 2 , em 26 de Setembro de 2022, não foi reivindicada após o golpe, mas antes pelo Presidente norte-americano, Joe Biden, em 7 de Fevereiro de 2022, na Casa Branca, na presença do Chanceler alemão Olaf Scholz. É certo que ele só se comprometeu a destruir o Nord Stream 2 em caso de invasão russa da Ucrânia, mas isso apenas porque a jornalista que o interrogava enquadou o assunto sem ousar imaginar que ele o poderia fazer também ao Nord Stream 1. Por esta declaração e mais ainda por esta sabotagem, Washington mostrou o desprezo que tem pelo seu aliado alemão.

Nada mudou desde que o primeiro Secretário-Geral da OTAN, Lord Ismay, declarava que o verdadeiro propósito da Aliança era o de «manter a União Soviética fora, os Americanos dentro e os Alemães sob tutela» (« keep the Soviet Union out, the Americans in, and the Germans down ») [8]. A União Soviética desapareceu e a Alemanha assumiu a chefia da União Europeia. Se ainda estivesse vivo, Lord Ismay provavelmente ainda diria que o objectivo da OTAN é manter a Rússia fora, os Americanos dentro e a União Europeia sob tutela.

A Alemanha, para quem a sabotagem desses oleodutos foi o golpe mais sério desde o fim da Segunda Guerra Mundial, encaixou-o sem pestanejar. Simultaneamente, ela engoliu o plano de Biden de salvação da economia dos EUA às custas da indústria automobilística alemã. A tudo isso, ela reagiu aproximando-se da China e evitando zangar-se com a Polónia, o novo trunfo dos Estados Unidos na Europa. Agora, ela propõe-se reconstruir a sua indústria desenvolvendo fábricas de munições para a Aliança.

Como consequência, a aceitação pela Alemanha da suserania dos Estados Unidos foi partilhada pela União Europeia que Berlim controla [9]

Segunda observação : os Alemães e os membros da União Europeia no seu conjunto tomaram nota de um declínio no seu nível de vida. Eles são, junto com os Ucranianos, as únicas vítimas da guerra actual e a ela se acomodam.

Em 1992, quando a Federação da Rússia acabava de nascer sobre as ruínas da União Soviética, Dick Cheney, então Secretário da Defesa, encomendou ao straussiano [10] Paul Wolfowitz um relatório que só nos chegou depois de amplamente manipulado. Os extractos do original, que a propósito publicaram o New York Times e o Washington Post, mostraram que Washington já não considerava a Rússia como uma ameaça, mas a União Europeia como uma potencial rival [11][11]. Podia ler-se nele:
«Muito embora os Estados Unidos apoiem o projecto de integração europeia, devemos tomar cuidado para prevenir a emergência de um sistema de segurança puramente europeu que minaria a OTAN e, particularmente, a sua estrutura de comando militar integrada».

Por outras palavras, Washington aprova uma Defesa Europeia subordinada à OTAN, mas está pronta a destruir a União Europeia se esta pensar tornar-se uma potência política capaz de lhe fazer frente.

A actual estratégia dos Estados Unidos, que não enfraquece a Rússia, mas a União Europeia com o pretexto de lutar contra a Rússia, é a segunda aplicação concreta da Doutrina Wolfowitz. A sua primeira aplicação, em 2003, consistia em punir a França de Jacques Chirac e a Alemanha de Gerhard Schröder que se haviam oposto a que a OTAN destruísse o Iraque [12].

Foi exactamente o que disse o Chefe do Estado-Maior Conjunto dos EUA, o General Mark Milley, durante uma conferência de imprensa após a reunião dos Aliados, em 20 de Janeiro, em Ramstein. Enquanto exigia que cada participante doasse armas a Kiev, ele reconheceu que «Este ano será muito, muito difícil expulsar militarmente as Forças Russas de cada centímetro quadrado da Ucrânia ocupada pela Rússia» (« This year, it would be very, very difficult to militarily eject the Russian forces from every inch of Russian-occupied Ukraine »). Por outras palavras, os Aliados devem sangrar-se, mas não há nenhuma esperança de ganhar, seja o que for, em 2023 à Rússia.

Terceira observação : esta guerra não é feita contra Moscovo, mas para enfraquecer a União Europeia.

Fonte aqui


[1] Le Journal de la Guerre en Europe.

[2] “Quem são os nacionalistas integralistas ucranianos ?”, Thierry Meyssan, Tradução Alva, Rede Voltaire, 17 de Novembro de 2022.

[3] “Zelensky armadilhado por Moscovo e Washington”, Thierry Meyssan, Tradução Alva, Rede Voltaire, 22 de Novembro de 2022.

[4] “Preparam uma nova guerra para o após derrota face à Rússia”, Thierry Meyssan, Tradução Alva, Rede Voltaire, 24 de Maio de 2022.

[5] «Muhammadu Buhari met en garde contre le flux d’armes de la guerre russo-ukrainienne en Afrique», Actu Niger, 30 novembre 2022.

[6] «Navy Secretary Warns: If Defense Industry Can’t Boost Production, Arming Both Ukraine and the US May Become ‘Challenging’», Marcus Weisgerber, Defense One, January 11, 2023.

[7] « India’s breaking all records for buying Russian oil, but who is the surprise buyer ? », Paran Balakrishnan, The Telegraph of India, January 16, 2022.

[8] Esta citação adorna orgulhosamente o site oficial da Aliança Atlântica.

[9] « Déclaration conjointe sur la coopération entre l’UE et l’Otan », Réseau Voltaire, 10 janvier 2023.

[10] “A Rússia declara guerra aos Straussianos”, Thierry Meyssan, Tradução Alva, Rede Voltaire, 5 de Março de 2022.

[11] « US Strategy Plan Calls For Insuring No Rivals Develop », Patrick E. Tyler, and « Excerpts from Pentagon’s Plan : “Prevent the Re-Emergence of a New Rival” », New York Times, March 8, 1992. « Keeping the US First, Pentagon Would preclude a Rival Superpower » Barton Gellman, The Washington Post, March 11, 1992.

[12] « Instructions et conclusions sur les marchés de reconstruction et d’aide en Irak », par Paul Wolfowitz, Réseau Voltaire, 10 décembre 200


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Um pensamento sobre “A guerra na Ucrânia para manter a União Europeia sob tutela

  1. Após a queda do Império Europeu, que é susceptível de nos arrastar para o abismo, teremos de reconstruir um estado de direito digno desse nome, e uma verdadeira democracia. Seria melhor começar imediatamente..

    A União Europeia perdeu a sua legitimidade do ponto de vista dos seguidores do liberalismo, bem como da população de uma forma mais geral, tanto do ponto de vista da classe média como do proletariado. Será que o colapso político e económico da Europa tem origem de uma hipotética revolução dos povos europeus,que se concretizará sob o impulso de uma classe “média” em perdição, ainda tão fagocitada por uma cultura de elites americanas que já não representa os interesses do povo americano? Será que o resmungo de toda a população europeia será capaz de se libertar da oligarquia actual que asfixia tanto os empresários como os empregados que estão agora desclassificados? A transformação do “Estado de direito” em “Direito de estado” permitirá que o maior número , (que parecem partilhar este estado de espírito) livre da oligarquia actual?

    A transformação do “Estado de direito” no “direito do Estado” permitirá que o maior número (que parecem partilhar este estado de coisas) impulsione um movimento político que permitirá finalmente escapar à assistência (ao preço da paz social) de uma população desfavorecida que explora o sistema europeu da mesma forma que as nossas elites que recorrem a toda a abjecta evasão fiscal (ou “optimização”) que priva o maior número de pessoas de um verdadeiro estado de direito que é para todos na proporção da sua contribuição? Devemos realmente temer uma aproximação entre a Alemanha e a Rússia (que já não é o país da era soviética, dada a sua balança comercial e a sua dívida), mesmo que seja considerado “antidemocrático”? Poderá a europa, vendida pelos nossos oligarcas, recuperar a sua autonomia tanto do ponto de vista da independência desperdiçada pelos tratados europeus. Liberalismo …absolutamente, mas a soberania inevitavelmente…..! A Europa, desejada pelas elites americanas (tendo levado à nossa vassalização) é uma ilusão, todos a conhecem …

    Penso que a França e Alemanha é o principal culpado do fracasso europeu. Claro que, economicamente, é a que ganhou tudo, mas politicamente, jogou com a chantagem da Segunda Guerra Mundial para impor regras europeias ao estilo francês (obrigações do euro, aceitação da Gréciae Portugal na zona euro, guerra na Ucrânia, etc.). Então os alemães são belicosos do que costumavam ser e mesmo aterrorizados pelo passado…. a ideia de uma aproximação à Rússia não é estúpida face ao declínio e ao lobismo dos EUA.

    Não consigo ver a Europa a sobreviver a isto.

    Roma antiga, monárquica, republicana e depois imperial, tinha uma unidade cultural bastante forte, um núcleo antes de se tornar um império geográfico e não uma ruptura completa com o que era a era dourada grega e o passado etrusco.

    A UE é um monstro enxertado na realidade multinacional dos povos europeus.

    O actual império europeu está ainda mais deformado do que todas as tentativas anteriores de impérios de origem europeia, por vezes mais duradouros porque estavam agarrados ao Estado-nação, do qual a Inglaterra é o melhor exemplo, uma vez que o Reino Unido é na realidade apenas a Inglaterra na origem.

    A Roma antiga, o primeiro império de expansão duradoura na Europa até à África e ao Oriente, não se assemelhava no seu núcleo à antiga multinacional Império Austro-Húngaro, tendo este último entrado em colapso.

    E a última Roma, que viu demasiados alemães instalarem-se no seu seio, também entrou em colapso por ter aculturado demasiado no então novo cristianismo revolucionário.

    Lei pelo Estado ou o Estado por lei visto como absoluto em velhos impérios, monarquias, repúblicas na Europa. Um continente que conheceu várias revoluções culturais de civilizações. Já existe uma diferença filosófica entre Tomás de Aquino e Descartes, e outra entre este último e Kant, e ainda outra com Nietzche e Marx, que contava mesmo que não gostasse dele.

    Os Estados Unidos foram fundados em 1776. 227 dos 245 anos da sua existência (ou seja, 95%), tem estado em guerra! Por outras palavras, há apenas 18 anos (de 2,5 séculos) em que os EUA não travaram quaisquer guerras!

    Os Americanos não gostam de fazer a paz, ou engarrafam-na o melhor que podem…, desde o Tratado de Versalhes em 1919 até ao Vietname ou a Guerra Fria depois de 1945 e a actual ebulição anti-China e Russofóbica, estão envolvidos numa guerra perpétua…
    Os vassalos e os políticos escolhidos (“um político europeu já não é eleito, ele é escolhido”, disse um historiador americano) aceitarão a sua ruína com um belo espírito de renúncia e com a indiferença de uma opinião pública mumificada.

    A administração dos EUA rasgou todos os tratados ou promessas, os acordos de Quioto, os acordos nucleares com a Rússia, a não expansão da NATO, os acordos de Minsk ..

    A história lembrar-se-á:

    “A guerra que nunca deveria ter acontecido!

    Os perpetradores (reais) desta “guerra” são

    1°) a expansão agressiva e criminosa da nato
    (= latido da NATO nas fronteiras da Rússia) e as centenas de bases americanas em torno da Rússia (estamos a falar de quase mil bases !!!!) (= expansão agressiva totalmente injustificada) (excepto que é rentável para os “interesses” dos nossos grandes “amigos” americanos!

    2°) a guerra teria sido evitada … os acordos de Minsk tinham sido implementados (bastava regionalizar o país (federalismo ou confederalismo) com a protecção das minorias de língua russa e polaca e a neutralização política do país!

    A Rússia esperou 8 anos pelo respeito e a realização destes “acordos” de Minsk!

    De facto, há 8 anos que “gozam” (!), armaram massivamente os ucranianos no objectivo desta guerra (programada pela entidade americana) e há 8 anos que os ucranianos “pacíficos” não deixaram de bombardear as partes da Ucrânia de língua russa !!!!

    As consequências: (procurados pelos nossos grandes “amigos” americanos): divisão da Europa, perda maciça de saídas económicas para o maior país do mundo, perda do acesso (barato e pouco poluente) à energia (transporte não muito poluente por gasoduto), perda da “rota do norte” (para o transporte marítimo internacional), obrigação da aviação civil de contornar a Rússia (= desvios colossais = poluição agravada (graças aos “amigos” americanos!!!!)

    Esta guerra é uma catástrofe para toda a Europa: uma catástrofe ecológica, uma MAIOR catástrofe económica para a Europa …..( e (talvez) em breve para o resto do mundo !!!!) …. e ….. (ao mesmo tempo) uma verdadeira bênção para os nossos grandes “amigos” americanos (e para o aparelho militar-industrial)!

    Algumas décadas depois…a Europa está subdesenvolvida e tem poucos aliados…porquê?
    Em quantas “mortes mais” por nada se não o gosto do poder sem partilhar que os russos perderão como os europeus, apesar das suas guerras por procuração, com milhões de mortes invisibilizadas no Ocidente…não mais fácil e mais inteligente de lidar do que bater, de massacrar?

    Em todas as áreas, devemos ser intelectualmente honestos, colocar as coisas em perspectiva e comparar o que é comparável!
    Alguns afirmam que Putin é comparável a Hitler ou Stalin! Isto é absurdo, ao contrário da realidade: Estaline massacrou milhões dos seus compatriotas (executados ou enviados para os gulags até à morte), deportou populações inteiras, impôs um terror negro… Nada disso com Putin!
    Quer se seja a favor ou contra Putin, deve-se permanecer honesto, pragmático, e não fazer propaganda tendenciosa, escandalosamente orientada!

    Até lá nada irá acontecer e tudo o que se pode prever é uma recuperação das encomendas e investimentos do complexo militar-industrial, uma vez que os stocks estão no seu nível mais baixo e as perspectivas de um confronto com a China serão agitadas pelos clãs Democratas e Republicanos e a Ucrânia não pode ser deixada “à sua sorte”. Mas a guerra só acontecerá realmente quando os fabricantes, tanto na China como nos EUA, tiverem adquirido a sua independência industrial em semi-condutores ultra-subsidiados de Taiwan e quando o mercado energético tiver sido suficientemente reestruturado no seu abastecimento para conduzir a uma produção militar maciça. Até lá, continuaremos a viver ao ritmo das deslocalizações e da escassez, na Europa e em África e talvez em crise financeira no que diz respeito aos derivados não controlados por qualquer autoridade do mercado, afectando a especulação sobre créditos de carbono, subsídios , e o Mercado Europeu da Energia para os nossos operadores históricos e parasitas que foram encenados pelos políticos “honestos” de Bruxelas. Assim, a China e os norte-americanos deveriam participar numa efectiva predação para a reestruturação da nossa economia e da nossa soberania. Com a explosão maciça e previsível do desemprego em Portugal e na Europa, as falências da industria, atravessando mais uma vez, com o povo de Davos e os seus bilionários servidores, o campo minado da dívida, os conflitos sociais, a Zona Euro, não se farão sem “reformas de pensões” quase anuais de franchouillard até 2030 e mais além. Este é o nosso roteiro pré-preparado, a menos que um evento repentino fora dos Estados Unidos perturbe este jogo de póquer de mentira global.

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