(Por Carlos Esperança, 06/02/2019)
Quando ontem escrevi o texto sobre a gratuitidade das humilhações aos presos, fi-lo na ignorância da lei e dos usos carcerários no País. Não era por aquele preso que me revoltava, era por todos e quaisquer presos, nas mesmas condições, fosse qual fosse a gravidade do crime e a origem do delito.
Graças a leitores amigos, aprendi que a própria lei não impõe o uso de algemas fora das situações que intuitivamente admiti, incluindo uma diretriz da UE. Agradeço a quem me elucidou sobre o assunto, especialmente a um magistrado, ao advogado e ao alto quadro da Inspeção dos Serviços Prisionais, respetivamente Paulo Ferreira, Rocha Pereira e Inácio Oliveira, destacando ainda um comentário cheio de humanismo e notável sentido crítico, de José Carmona.
A forma emotiva como me exprimi impediu muitos leitores de manifestarem a opinião contrária, mas era essa a minha firme convicção e genuínos os meus sentimentos. E, contrariamente ao que pensava, a opinião maioritária entre os meus amigos.
Lamento quem, de boa fé, atribuiu a magistrados o que pertencia aos serviços prisionais e quem confundiu os direitos humanos com simpatias partidárias, mas a todos agradeço o interesse pela minha posição que certamente há de ter feito refletir os que apoiam e os que condenam a humilhação de presos. Um preso perde sempre a sua condição social e o bem mais precioso da vida, depois das necessidades básicas, a Liberdade.
Apostila – Aproveito para agradecer às autoridades espanholas, terem evitado algemas a Cristiano Ronaldo e José Mourinho, em dias diferentes, na deslocação do aeroporto ao Tribunal, poupando a humilhação aos próprios e o sofrimento a milhões de pessoas que os estimam, apesar dos graves crimes fiscais que cometeram. Bastou-lhes a afronta da prisão, que a lei permitiu remir com vultuosos cheques.
na ignorância da lei
leitores amigos
quem me elucidou
de boa-fé
a todos agradeço o interesse
Nota. Ó Manuel G., o Carlos Esperança está a agradecer o meu humilde comentário de ontem?