Mariana Mortágua versus Moniz da Maia

(Por Jovem Conservador de Direita, in Facebook, 03/05/2021)

Corre por aí um vídeo da deputada Mariana Mortágua a humilhar numa comissão um dos melhores empresários deste país. Esse empresário é o Dr. Bernardo Moniz da Maia, uma mente brilhante na qual o BES investiu 500 milhões. Para quê? Para fazer negócios complicados. (Ver vídeo abaixo).

Não me cabe a mim avaliar a qualidade dos negócios do Dr. Moniz da Maia, mas se lhe emprestaram tanto dinheiro foi porque mereceu. Acham mesmo que um banco colocaria tanto dinheiro nas mãos de alguém que não fosse de uma extrema competência? Se lhe deram tanto crédito foi porque mereceu. Era complicado estar aqui a explicar a leigos o que é que leva um banco a colocar tanto dinheiro nas mãos de uma pessoa, mas acreditem que o fez por boas razões.

Provavelmente arrebatou as pessoas do BES com uma excelente apresentação de powerpoint com muitos gráficos.

É muito fácil humilhar um homem destes quando as coisas correm mal no conforto do parlamento. É fácil perguntar-lhe o nome de fundações e de offshores como se o Dr. Moniz da Maia fosse uma pendrive que tivesse de saber de cor as formas que usou para, legitimamente, proteger a fortuna que conquistou através do seu mérito do socialiamo e do totalitarismo da máquina fiscal.

Faltou a Mariana Mortágua a coragem de lhe fazer perguntas verdadeiramente difíceis como “o que é que o apaixona?”, “o que é que pensa sobre a ingratidão das pessoas em relação ao seu excelente trabalho?”, “o que dizem os seus olhos?”, “tem aqui um daqueles microfones pequeninos das TED Talks, pode coloca-lo e inspirar-nos um bocadinho?” ou “gosta de atum?” Isto sim, seria usar bem os recursos de uma comissão parlamentar. Ia permitir-nos conhecer o ser humano e o empreendedor por detrás daquele buraco de 500 milhões.

Porque os empreendedores têm de ser apoiados mesmo quando falham. Nós investimos nas pessoas e no seu potencial. Se os primeiros 500 milhões desaparecem, temos de continuar e emprestar até que o potencial se cumpra. Temos de permitir que o Dr. Moniz da Maia cresça de uma forma segura. Condená-lo por ter queimado os seus primeiros 500 milhões é como bater num bebé por não saber usar talheres. Temos de aceitar que um bebé vai deixar cair muita papa até conseguir comportar-se devidamente num jantar de gala. Se perdermos a esperança num bebé logo da primeira vez que o vemos tentar comer com uma colher de plástico ele nunca vai desenvolver-se. Com os empreendedores é a mesma coisa.

Se chamamos os empreendedores ao parlamento para serem humilhados por deputados estamos a matar a inovação neste país. Temos de apoiar os empreendedores quanto têm sucesso, mas sobretudo quando falham, que é quando mais precisam. Quantos e quantos jovens empreendedores desistiram dos seus sonhos depois de verem a Mariana Mortágua, a assassina da inovação, a humilhar o Dr. Zeinal Bava? Sempre que um jovem empreendedor rasga o seu poster do Dr. Zeinal ou do Dr. Moniz da Maia o nosso PIB per capita morre um bocadinho.

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Que se explique Passos Coelho

(Mariana Mortágua, in Jornal de Notícias, 02/05/2017)

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Ó Mariana só te desculpo porque ainda és muito jovem e os jovens tem direito a ter a esperança que os mais velhos já perderam em grande parte. Então tu acreditas que o Láparo é capaz de explicar seja lá o que for? Ele nada sabe de finanças e deve achar que as provisões do Banco de Portugal são o tesouro do Capitão Gancho. Como é que alguém que confunde provisões com reservas pode dar explicações seja lá do que for? Se lhe pedires para dar uma aula de sandice, de desfaçatez, de roubo de carteiras – por esticão ou não -, aí sim, aí terás um mestre e um explicador credenciado e de eleição. Quanto às minúcias da macroeconomia e das finanças bancárias bem podes esperar sentada.  Como diz o povo, na sua eterna sabedoria, quem não tem não pode dar.

Estátua de Sal, 02/05/2017


“Querem deitar a mão às reservas do Banco de Portugal para rapar o fundo ao tacho”. Foi assim que Passos Coelho se referiu à proposta do Grupo de Trabalho sobre a Dívida Pública para reduzir os futuros acréscimos de novas provisões do Banco de Portugal (BdP).

Pode ser que Passos não saiba do que está a falar, mas o mais provável é que esteja deliberadamente a recorrer a demagogia barata e desinformada para tirar ganhos políticos do medo que procura criar nas pessoas.

A matéria é complexa, mas vale a pena ser explicada.

O BdP tem fundos próprios: capital, reservas, contas de reavaliação e provisões para riscos gerais. Os dois primeiros estão definidos legalmente e ninguém lhes mexe, aumentam todos os anos, e as contas de reavaliação são decididas pelo BCE. Restam então as provisões para riscos gerais, cujo propósito não está definido.

A partir de 2015 o BCE decidiu pôr em prática um programa de estímulo que consiste em comprar títulos de dívida pública aos bancos, ajudando a sua situação financeira e diminuindo a pressão sobre os juros dessa dívida no mercado. Fê-lo por toda a Europa e, no caso português, comprou já 26 mil milhões. Esses títulos encontram-se no balanço do BdP.

O Estado português continua a pagar os juros dessa dívida, que são centralizados no BCE e depois distribuídos, como lucros, pelos vários bancos centrais nacionais de acordo com a sua participação no BCE. Esta regra faz com que a Alemanha ganhe relativamente mais com este programa. Mas o BdP tem recebido muito dinheiro desta forma, que retém, constituindo elevadas provisões, injustificadas, uma vez que o ativo que detém é dívida pública. Note-se que, ao contrários dos bancos comerciais, que constituem provisões para acautelar riscos de crédito, o Banco de Portugal não dá crédito de habitação ou a empresas, pelo que não tem esses riscos. Ora, ao constituir provisões tão grandes, o Banco não só deixa de distribuir dividendos ao Estado como paga menos IRC (as provisões foram de 480 milhões em 2016).

A média destas provisões na Zona Euro foi então de 1,7% e em Portugal de 4,2%. O que se propõe é que as futuras provisões possam ser menores do que as anteriores, para que estes lucros, pagos pelo Estado, possam servir para financiar políticas públicas e sejam portanto usados por Portugal.

A proposta do Grupo de Trabalho é sensata e correta. É Passos quem tem de explicar porque prefere a demagogia à informação, o medo ao esclarecimento e a austeridade, essa sim rapa-tacho, à sensatez.


Fonte aqui