O tecido económico e social português

(José Pacheco Pereira, in Público, 28/12/2019)

Pacheco Pereira

1. “Manuel, sei que estás a organizar a Junta de Freguesia, agora que ganhámos. É preciso pôr esses tipos fora, que só nos vão sabotar. E não te esqueças de arranjar alguma coisa para a minha filha, que está a acabar o curso e é das nossas. Está já há um ano inscrita na Juventude e é de confiança. Diz-me alguma coisa”.

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2. “Doutor, lembra-se do que falámos quando lhe estive a arranjar as janelas em casa? Fiz-lhe um preço de amigo. Estou agora a telefonar-lhe por que me dá jeito aquele trabalhinho no Centro de Saúde. E o senhor doutor podia falar de mim ao dr. Silveira.”

3. “O meu filho acabou o curso de Gestão, diga ao Eduardo da contabilidade para o pôr a trabalhar com ele, e que o coloque na folha dos pagamentos com um ordenado jeitoso. O rapaz merece e precisa de se endireitar”.

4. “Esse tipo é um lacaio do monhé e por onde passa rouba tudo. Os socialistas são todos assim.” (Comentário não moderado).

5. “A minha amiga não se esqueça de deixar uns dinheiritos para o Alfredo que nos arranjou a camioneta mais barata. Ele espera ganhar algum e como fez tudo sem recibo, ficou-nos mais barato”.

6. “O que nós precisávamos era de um Salazar para pôr todos estes políticos na ordem”.

7. “Sabes onde é que eu tenho arranjado algum dinheiro? A agência do Frederico, aquela na Estefânia, tem lá um informático que pede a pessoas para dizerem mal de uns restaurantes e bem dos outros e paga-me para pôr comentários no Facebook. Não é muito, mas dá para tomar umas bicas”.

8. “Ó sr. Doutor, aconselha-me a comprar umas antiguidades e ir a umas galerias comprar quadros? É que eu tenho aqui uns dinheiros em cash que queria usar sem problemas. É que agora os bancos fazem muitas perguntas. Como eu não conheço nada dessas coisas, o senhor doutor podia indicar-me aos seus amigos.
– Ó Diogo, tenho aqui um cliente que precisava de fazer uns investimentos em dinheiro vivo e não percebe nada de arte. Ainda tens uns daqueles Dalis com a assinatura? Pede-lhe bom dinheiro porque se ele vir o nome do Dali vai logo atrás e está com pressa de tirar o dinheiro do cofre da tia. Percebes?”.

9. “Olá, Simão. Tenho uma encomenda da vereadora da Câmara, sabes, aquela que viveu com a Simone, para organizar uma exposição e eu preciso de um curador. Eles têm dinheiro para pagar, não te acanhes.”
– Mas para essa exposição não é preciso nenhuma trabalho de curadoria…
– Pois é, mas eles têm dinheiro e assim habituam-se a ter que pagar as artes.
– Está bem, mas aqueles quadros são uma merda e aquilo não presta para nada.
– Pões o teu nome em letras pequeninas na folha de sala.”

10. “O que é que você quer beber? Temos que comemorar o nosso negócio… Ó senhor Lima, uma garrafa de Moët & Chandon…
– Mas isso não é muito caro?
– Não te preocupes: o Estado paga, que é para isso que servem os impostos.”

11. “Não estás a pôr pouca camada de alcatrão?
– Não faz mal, é suficiente.
– E o engenheiro não vem cá verificar?
– Vir, vem, mas ele sabe que eu sou amigo do Presidente da Câmara e eu mando-lhe um cabaz de Natal.”

12. “Tenho as estufas cheias de nepaleses e se fosse preciso ainda trazia mais. Trabalham com quase 50º nas estufas e para a terra deles ganham muito.
– E não veio aí um grupo da Igreja ver as condições em que eles viviam?
– Vieram. É tudo do Bloco de Esquerda, mas eu disse-lhes que punham em risco a competitividade da agricultura alentejana. E eles não podem fazer nada porque o secretário de Estado pensa o mesmo.”

13. “Como é que te chamas?
– Maria Alberta.
– E de que é que te queixas?
– Faltei para levar o meu bebé ao hospital que estava com febre.
– Mas não disseste nada ao supervisor.
– Não tive tempo.
– Pois é mas vais ter multa e põe-te a pau que houve quem te visse naquele ajuntamento à entrada a que os comunistas dos sindicatos chamam ‘concentração’. Não te concentres mas é no emprego que não vais ter sorte nesta casa.”

14. “Eu vou é votar no Chega, é metade a trabalhar e metade a roubar” (Comentário no Facebook).

15. “Estás como o Sócrates. Grande escola! Quanto é que eu tenho de pagar por fora?”

16. “Ó Jaime, o chefe de gabinete do ministro não é aquele com quem passas férias no Algarve? Organiza lá um almoço porque precisava de lhe dar uma palavrinha.”


A Guidinha e a pouca vergonha

(Nicolau Santos, in Expresso Diário, 29/06/2015)

Nicolau Santos

      Nicolau Santos

Há muitos muitos anos havia em Portugal uns textos magníficos. Eram as redações da Guidinha, escritas por Luís de Sttau Monteiro e publicadas primeiro no suplemento do Diário de Lisboa, «A Mosca», e mais tarde em O Jornal. Ora se a Guidinha voltasse a escrever redações, escreveria algo assim sobre acontecimentos da semana passada.

Aqui no bairro da Graça onde vivo há muitos anos somos todos muito amigos uns dos outros e os vizinhos ajudam-se muito e sempre que é preciso ovos ou farinha a minha mãe manda pedir-me ao dr. Rui, que vive num grande palacete ao pé de nós e onde trabalha do raiar do dia até muito depois do pôr-do-sol, sempre a receber pessoas que falam línguas muito diferentes mas ele sabe todas e é só cumprimentos e mesuras e agradecimentos e então para os amigos angolanos não há mãos a medir é sempre a curvar-se a recuar a andar de lado a dizer palavras caras mas não deixa por isso de ser um excelente vizinho e como digo o dr. Rui empresta-nos sempre ovos e farinha quando vou lá pedir-lhos embora nunca venha saltar a fogueira no Santo António nem comer umas castanhitas.

Pois agora ainda andamos mais contentes com o dr. Rui porque havia um grande problema cá no bairro e o dr. Rui fez de McGyver e resolveu tudo num abrir e fechar de olhos. Era o caso dos filhos do senhor Jerónimo e do senhor Moniz,o Bertinho e o Tó, que são jovens de muito valor e estudaram que se fartaram e já deram muito ao país e a este governo então nem se fala, o Bertinho parece um mouro como chefe de gabinete do senhor que manda no país e que acho que se chama Pedro e o Tó faz a mesma coisa mas no gabinete do dr. Rui.

Ora como os santos estão a acabar, lá diz a canção, «Santo António já se acabou / o São Pedro está a acabar / São João São João dá cá um balão para eu brincar», o dr. Rui quis acautelar o futuro dos moços, que merecem sinecuras e prebendas depois de tanta entrega à Pátria. Mas onde se o emprego de qualidade escasseia, apesar de estar tudo muito melhor, como se sabe? Vai daí, o dr. Rui tirou da caneta e despachou duas ordens: na primeira colocou o Tó, que tanto o tem ajudado, como cônsul-geral em Paris; e depois, como o senhor que manda nisto tudo e também aqui na Graça, o senhor Pedro, lhe tenha telefonado a dizer que assim ficava o Bertinho sem emprego e ele já lhe tinha dito que iria para Paris e não podia voltar com a palavra atrás e até ficava mal visto, o dr. Rui disse-lhe que descansasse e tirou outra vez da caneta e zás catrapaz pás pás, e vá de colocar o Bertinho como embaixador de Portugal na Unesco, que também fica em Paris e até tem melhores instalações e vista mais aprazível para o Sena e sempre se pode ir a pé até ao Louvre e olhar as velharias e as novidades dos «bouquinistes».

E porque é que eu digo que o dr. Rui parece o McGyver? Ora porque depois de ter resolvido o caso do Tó, arranjando um problema ao Pedro e ao Bertinho, resolveu o problema ao Pedro e ao Bertinho, desautorizando o dr. Paulo, de quem nunca gostou particularmente, porque houve uma vez que ele lhe fez uma grande partida e escreveu umas coisas desagradáveis a seu respeito quando era jornalista. E para lhe mostrar que também tem muito poder, o dr. Machete vá de começar a abrir o que o dr. Paulo andou a fechar nos últimos quatro anos, as embaixadas da Unesco, Bruxelas e Nova Iorque, que são sempre sítios onde se vive confortavelmente, grandes casarões com lareira e tudo para os dias de chuva e podem comer-se crepes e «escargots», «moules» à fartazana e ir ver o Woody Allen nalgum bar de jazz da cidade que nunca dorme.

A minha mãe está a dizer-me para ir pedir ao dr. Rui que já que reabre tudo, para ele reabrir a mercearia da esquina, que dava tanto jeito e fechou, e assim sempre se arranjava emprego para o meu irmão, que por agora não tem nada que fazer e até anda a pensar emigrar, como o dr. Pedro diz que não disse.

Mas se o dr. Rui agora faz um figurão lá no bairro, o outro vizinho que mora na Horta Seca anda um pouco mais cabisbaixo. É o António das taxas e das taxinhas, como é conhecido, que disse que não tinha pedido a ninguém dos serviços para estudar o programa eleitoral do PS, e disse-o na sexta-feira com aquela voz forte e convicta que tão bem lhe fica, e pelos vistos só o avisaram no sábado, que afinal tem lá uns diretores-gerais particularmente empenhados e azougados que fizeram mesmo o que ele disse que não tinha sido feito mas nós gostamos muito do António das taxas e das tachinhas e perdoamos-lhe tudo e já o estivemos a confortar porque ele é um moço muito trabalhador e divertido e também é amigo do dr. Paulo e todos dizem cá no bairro que o António está ainda guardado para grandes voos.

O mesmo aconteceu à Paulinha, mas aí foi mesmo do gabinete dela que resolveram estudar as propostas do PS e não se percebe o alvoroço já que se está sempre a dizer que as pessoas não trabalham e estes trabalham tanto e mais do que lhes pedem, ou pelo menos do que lhes pediu a Paulinha, e não faz sentido virem agora criticar os moços por causa do empenho e da dedicação e o programa dos rosinhas tem de ser muito bem estudado porque aquilo deve ter por lá grandes maroscas e é preciso alertar o povo para os perigos que dali podem vir.

Fossem todos como a Joaninha, ali da rua da Escola Politécnica, e nada disto acontecia, porque a Joaninha, como já fez saber, não quer que acelerem nada, quer que tudo anda como tem de andar e assim é que tem de ser e está muito bem, e isto lembra-me qualquer coisa, talvez a frase de um senhor que morreu há muito tempo, mas isso agora não interessa nada, como diz aquela senhora da televisão, a senhora Teresa Guilherme, do ponha, ponha, ou não sei se é isso, mas pronto, agora fico por aqui porque a minha mãe está a dizer-me para ir pedir ao dr. Rui que já que reabre tudo, para ele reabrir a mercearia da esquina, que dava tanto jeito e fechou, e assim sempre se arranjava emprego para o meu irmão, que por agora não tem nada que fazer e até anda a pensar emigrar, como o dr. Pedro diz que não disse.

História social da “cunha”

(José Pacheco Pereira, in Público, 18/04/2015)

Pacheco Pereira

               Pacheco Pereira

A origem das “cunhas” cobre todas as classes sociais e todas as áreas da sociedade.

Nos espólios que tenho organizado relativos ao século XX português há uma constante que os atravessa a todos, sejam de que natureza for, que é a presença maciça de “cunhas”. Literalmente milhares de “cunhas”, que aumentam quanto mais poderosas forem as funções daquele a quem se pede um favor.

Mas esta regra não é assim tão evidente, visto que há também muitas centenas de “cunhas” para pessoas que não tendo altas funções na burocracia do Estado estão colocados numa situação estratégica para concederem favores pessoais de emprego e de carreira. Dada a natureza dos espólios em que tenho trabalhado, a maioria das “cunhas” exerce-se em relação ao Estado e aos seus corpos e, depois do 25 de Abril, aos partidos políticos ou por via dos partidos políticos tendo também como destinatário o Estado. Os partidos políticos tornaram-se com o tempo e a democracia o lugar da “cunha”, com maior enfâse para os que acedem ao poder político central, mas também com grande dimensão ao nível autárquico.

Tendo lido muitas destas “cunhas” em cartas clássicas, notas de telefonemas, notas pessoais, etc. não tenho dúvidas em afirmar que quem não dá um papel central na história social portuguesa à “cunha” não conhece Portugal. Faça-se a justiça de dizer que o nosso país não é caso único, a “cunha” e o patrocinato estão muito mais disseminados pela Europa, mais a Sul do que a Norte, do que se pensa. Acrescento mais: penso que o papel da “cunha” pouco diminuiu na sociedade portuguesa, como alguns pensam. Só mudaram os processos e os destinatários, e com o declínio de muita da nossa economia, em particular na indústria, o Estado tornou-se o verdadeiro centro das “cunhas” e os aparelhos partidários o seu principal veículo.

Trato aqui essencialmente da “cunha” individual, a favor do próprio, quase sempre associada ao emprego ou a movimentos numa carreira, nomeações e retribuições, e nalguns casos recompensas, condecorações, para o próprio ou para os seus próximos, familiares, amigos, correligionários e conhecidos. “Pedidos” de outra natureza implicando benesses, interesses, negócios, também são comuns, mas são em muito menor número e só raramente estão no limite do tráfico de influências ou da corrupção sugerida ou tentada. Tal tem a ver com a natureza dos interlocutores, mas pode também estar sub-representado pelo facto de estarmos ainda num mundo em que o papel, a carta e a correspondência, são quase o meio único de contacto, o mundo antes do email. E há coisas que não se colocam num papel.

Os espólios que tenho em mente, dois são de personalidades de relevo político na vida pública depois do 25 de Abril, um Primeiro-ministro e um Presidente da Assembleia da República, outro é um advogado oposicionista, abastado e de uma família com meios, que também prosseguiu a sua actividade política depois do 25 de Abril e os outros, mais antigos no tempo, um é de um militar de carreira, de patente média, mas colocado no Estado-Maior, outro de um ministro do Estado Novo. Com excepção deste último, que é de menor dimensão, todos incorporam milhares de documentos, correspondência, etc. e cobrem desde a primeira república até ao início do século XXI. E todos estão cheios de “cunhas”

A origem das “cunhas” cobre todas as classes sociais e todas as áreas da sociedade. Há algumas “cunhas” que se percebem ter origem em pessoas muito “humildes” e há “cunhas” vindas de pares do destinatário e nalguns casos de seus superiores. Do mesmo modo, não há uma diferenciação significativa entre as “cunhas” de pessoas quase analfabetas, que lutam com a caligrafia para escrever uma simples carta, e professores universitários e intelectuais: todos exercem a activa tarefa de meter “cunhas”.

No caso do militar referido, que coleccionava meticulosamente a correspondência que recebia atando-a com um cordel, e que atingiu a patente de coronel, há um número significativo de “cunhas” de militares com patente superior, com uma boa representação de oficiais-generais. Ele acelerava os “processos”, autorizava ou impedia transferências e isso tinha muito valor. No caso do advogado é pedida muitas vezes a sua “recomendação” para um colega ou amigo, visto que o meio que frequentava o colocava em contacto com pessoas que eram “dadoras” de emprego.

As cunhas aos políticos de topo ou são “pedidos” de anónimos que pretendem ver rectificada uma situação que pensam ser prejudicial e injusta, ou são, “pedidos “ vindos de personalidades partidárias que usam essa condição para pedirem, ou em muitos casos reivindicarem, lugares como os de deputado, ou lugares tidos como sendo de confiança política, na administração central e local. As “cunhas” para lugares de deputados, associados a muita intriga contra outros pretendentes ao mesmo lugar, são reivindicadas em nome da biografia e fidelidade partidária: eu que fiz isto e aquilo pelo “nosso” partido tenho direito a ter este lugar ou esta nomeação. Outra fórmula muito comum, é “essa” administração (de uma empresa pública, por exemplo) é constituída pelos “outros”, que não fazem outra coisa que não seja prejudicar os “nossos”, pelo que deve ser mudada e aqui estou eu disponível. Para a Caixa, para a CP, para a TAP, para o Porto de Lisboa, para este Hospital, para estes Serviços Municipalizados, etc.

Pensava eu que havia algum incómodo e vergonha em pedir “cunhas”, mas parece tão natural que não espanta quem pede, nem quem a recebe. Pedir uma “cunha” é colocar-se numa situação de ficar a dever um favor e presumia eu que havia um factor de humilhação em fazê-lo. Mas isso não impede que haja pessoas que metem “cunhas” a seu próprio favor como quem respira. Aliás a generalização da “cunha” a todos os níveis sociais como uma prática não só consentida como aceite com normalidade, é um dos factores mais decisivos para a baixa qualidade dos serviços públicos e da burocracia portuguesa.

A massificação desses serviços, com o aumento dos funcionários, depois do 25 de Abril teve o efeito positivo de diminuir a relevância da “cunha” individual, embora não a afastasse das carreiras e hierarquias. Tive ocasião de conhecer bem, antes do 25 de Abril, uma instituição, uma grande biblioteca municipal, em que praticamente toda a gente, do director aos funcionários que recebiam as requisições e iam buscar os livros, estava lá por “cunha”, naquilo que era tido como um prémio de um trabalho fácil, sentado a dormitar a um canto. O pesadelo que isso representava para os leitores comuns era enorme. Como era também regra nesses tempos, quando o leitor era um amigo do director ou alguém de relevo na micro-sociedade do Estado Novo, os salamaleques e a diligências eram penosas de se ver.

Depois do que li nesses papéis, uns mais antigos e outros menos, coloquei-me a dúvida: será que nada mudou? E inclino-me para responder que não, pouca coisa mudou. A “cunha” continua a ser crucial na vida portuguesa, embora hoje tenha outros nomes e outra circulação. Mas a proximidade ao poder, a qualquer poder, continua a ser uma vantagem enorme na obtenção de vantagens injustas e no bloqueio ao mérito

Os “facilitadores” vivem desse mundo e olhando para certas carreiras mesmo no topo do estado a pergunta é como é que chegaram lá. Como é que meia dúzia de pessoas sem qualquer carreira, saber académico, experiência de vida, trato do mundo, podem mandar nalguns casos mais do que um Primeiro-ministro ou um Presidente da República, ao deterem o controlo dos partidos?

A resposta é: meteram muitas “cunhas” e prestaram muitos serviços numa fase da vida, e facilitaram muitas “cunhas” noutra. São espertos e hábeis. Conhecem-se entre si e sabem melhor do que ninguém as regras do jogo. Uns sofisticaram-se, outros não, mas há “espaço” para todos. Mas o seu efeito na vida pública é baixar os níveis de qualidade, estiolar a competição política, controlar o seu território com mão de ferro, e gerar à sua volta um círculo de iguais. E pôr em risco a democracia.