Marcelo aliado da Cofina

(Por Valupi, in Blog Aspirina B, 28/03/2019)

Marcelo e Octávio Ribeiro

Marcelo Rebelo de Sousa enaltece festa dos bebés e recorda nascimento dos filhos durante gala ‘Viva a Vida’

“Parabéns CMTV, parabéns Correio da Manhã. Um abraço para mães e pais. Esta festa tem muito mérito porque aposta no futuro de Portugal. É preciso que haja sete vezes sete festas destas”, disse Marcelo Rebelo de Sousa, lembrando “a verdadeira aventura” de quando foi pai.

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Octávio Ribeiro, diretor-geral editorial CM/CMTV, agradeceu a presença das famílias, garantindo que os portugueses que “politicamente decidem em Lisboa vão saber que se exige que olhem para o Interior com o cuidado que merece, porque sem que as pessoas estejam felizes e sem condições nas suas terras, Portugal não será Portugal”.

“E nós [CM e CMTV] estamos cá para dar todas as notícias. Esse é o nosso compromisso porque o nosso verdadeiro patrão é o povo português”, reforçou Octávio Ribeiro. Duas mil pessoas aplaudiram e viveram momentos de grande emoção com a festa da natalidade.

Marcelo Rebelo de Sousa aliou-se e elogiou bandeira da luta contra a baixa natalidade no Interior do País

Marcelo Rebelo de Sousa garante: Está ansioso pela estreia da novela ‘Alguém Perdeu’ – O Presidente da República já tem uma “alteração” na sua agenda esta segunda-feira, 18, porque não quer perder a primeira produção da CMTV. “Vou ver. Depois digo a minha opinão”, afirmou.

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O populismo bom no antro do populismo mau? Não, porque não há populismo bom. O que vemos é o populista popular ao serviço do populista popularucho. O espectáculo mostra quem manda em quem. É uma radiografia dos poderes fácticos no regime. Um regime onde um Presidente da República pode ser obrigado a comparecer na acção de um grupo de comunicação social cujo sucesso comercial e influência social estão associados à transgressão sistemática do código deontológico dos jornalistas e à pratica de crimes de violação do segredo de justiça em conluio com agentes da Justiça criminosos. Um regime onde se põe e dispõe de um Presidente da República para vender uma telenovela.

Marcelo Rebelo de Sousa, bufão-mor da oligarquia desde os anos 70, sabe que na política vale tudo desde que não se seja apanhado. Carl Schmitt explica, o jogo do poder resume-se à escolha dos amigos e dos inimigos. No caso, estamos perante uma amizade que anula o decoro e a dignidade do representante máximo da República. Vergonha indelével.

Contra os pulhas marchar, marchar

(Por Valupi, in Blog Aspirina B, 04/04/2018)

CM-Viagra

Para além de se rirem à gargalhada do Código Deontológico dos Jornalistas e do Estatuto do Jornalista, para além de terem uma actividade criminosa regular ao serviço de uma agenda política, para além de se conceberem como uma organização paralela ao Estado de direito, a comercialização da pornografia e a redução das mulheres a objectos e animais sexuais é parte principal do sucesso do Correio da Manhã, tanto na versão em papel como no cabo. Eis um exemplo da passada quarta-feira:

Temos uma jovem fêmea em fato de banho a propósito de ser actriz algures. Temos uma senhora em roupa interior a propósito do Trump. Temos três rabos de três fêmeas adolescentes a propósito da Páscoa e do Algarve. Temos uma manchete sobre os “viagras” a propósito não se sabe do quê. E ainda temos, no canto superior direito, a promessa de se mostrar a namorada nua de um ou uma (não sei porque não consumi o artigo) jovem de Aveiro. Uma capa que é foda.

Este é o líder da imprensa escrita em Portugal, e da informação no cabo, uma fonte que irradia para o espaço público uma cultura machista e abusiva tão ao gosto “popular”. Os números validam os seus critérios, é o mercado a funcionar. A única moral que respeitam é a das audiências mais desqualificadas e pulsionais, como vimos no caso do vídeo publicado no ano passado sobre um episódio de bebedeira num autocarro com estudantes no Porto. Enfim, qual é o mal de deixar as senhoras exibirem as suas mamas e cus, se elas não se queixam e até agradecem a atenção? Qual é o mal de ilustrar a paisagem de uma praia com juvenis e graciosos traseiros de umas incautas raparigas? E qual é o mal, ó deuses, de chamar para a 1ª página o belo gesto do tal jovem de Aveiro que resolveu partilhar com o mundo a sua admiração pela anatomia da namorada? Estamos a falar de Aveiro, raios, não de uma terreola qualquer perdida no Baixo Alentejo.

Estranhamente, a Cofina, a entidade responsável por este tremendo sucesso comercial que fica como ex-líbris da sociedade que somos, não é alvo de qualquer agressividade pelas entidades e personalidades dedicadas e empenhadas na luta pela dignificação da condição feminina e pela igualdade de direitos entre os sexos. Os políticos, mesmo os valentões dos esquerdolas que não perdem uma oportunidade para sovarem os imperialistas e reaccionários que os cercam, calam-se quando se trata da Cofina. A criminosa e degradante Cofina.

E se esse silêncio se regista na esquerda pura e verdadeira, na direita e na indústria da calúnia há viscerais louvores ao que se passa no esgoto a céu aberto. Se o tema da conversa for poderes fácticos, a Cofina será um dos mais poderosos em Portugal tal a rede de influências e dependências que montou. Até o actual primeiro-ministro e o actual presidente da câmara de Lisboa, dois dos melhores políticos no activo, já por lá andaram a contribuir para aquela miséria.

O texto do Octávio Ribeiro onde trata o Gélson como um escravo fugido da plantação de açúcar é o espelho cristalino da axiologia que está em causa no que só aparentemente é díspar, a violação dos códigos deontológicos e a violação da condição humana. Que este esgoto a céu aberto tenha a protecção das forças onde depositamos a nossa confiança cívica e política, social e cultural, é uma prova do subdesenvolvimento estrutural que nos diminui a liberdade. Que fique calado quem quiser ser cúmplice destes pulhas.


Contra os cancros mediáticos, refundar a RTP poderá ser a vacina eficaz

(Jorge Rocha, in Ventos Semeados, 25/02/2018)

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Se o país contasse com um setor da Justiça com alguma decência, o «Correio da Manhã», em vez de servir de cúmplice aos crimes de quem, dentro do Ministério Público, tem violado incessantemente o segredo sobre os processos em fase de investigação, tornar-se-ia no objeto de uma criteriosa observância dos seus métodos e objetivos. Octávio Ribeiro, Eduardo Dâmaso, acompanhados do respetivo patrão que os comanda e define os inimigos de estimação, já estariam pejados de julgamentos e, quiçá, de condenações com direito a prisão maior. Trata-se de um cancro, que importa extirpar, erradicar liminarmente do quotidiano dos portugueses. Para que os ares sejam mais respiráveis, menos infectos pela poluição lodosa causada pelos vómitos dessa coisa imunda, que se diz ser um jornal.

Poluição é também o que o dono do mesmo jornal causa no Tejo através da empresa que todos reconhecem ter sido causadora da descarga pela qual o rio se transformou num cemitério líquido entre Vila Velha do Ródão e Abrantes. A passividade do Ministério Público perante verdadeiros crimes como os de impedir a recolha de análises nos dias subsequentes a esse dolo ambiental e o roubo do computador de um inspetor, que teria as provas indiciadoras da provável condenação da empresa do grupo Cofina, indigna e dá razão a quem considera que a barrela no setor da Justiça tem de começar pela procuradora-geral, que a tudo isto dá cobertura.

A entrevista a Nuno Artur Silva, publicada no caderno de Economia do «Expresso» é, igualmente, elucidativa sobre os danos colaterais de tal cancro. A campanha movida pelo tabloide contra ele, e que encontrou apoio no atual presidente da RTP (não esqueçamos que ativo militante do PSD!) bem como no suposto Conselho Independente, mostra bem que, para Paulo Fernandes, não está apenas fazer o mal pelo mal, qual pérfido vilão de uma série da Marvel. Aquilo que pode ser bem feito, correspondendo a uma estratégia com todo o sentido para desenvolver e divulgar a cultura portuguesa, não só em Portugal, mas por todo o mundo onde emigrantes pretendem manter o vínculo com a terra, de que foram forçados a zarpar, fica em causa pelo terrorismo mediático, que incidiu sobre o seu principal obreiro.

Faz, pois, todo o sentido a proposta de refundar a RTP agora proposta no espaço público e que a pretende tornar num canal caracterizado pela decência e pela preocupação com a qualidade em detrimento das audiências, que só favorecem a mediocridade tonta de quem é burro e quer fazer dos outros burros. As esquerdas, atualmente maioritárias, devem unir-se nesse objetivo por muito que o vómito matinal da Cofina avance com uma campanha histérica sobre a violação da liberdade de imprensa e de informação.

Contra a abjeção a que diariamente somos sujeitos pelos canal de Balsemão e do prometido à Altice, estamos mesmo precisados de uma alternativa, que se revele atrativa pela diferença qualitativa. Por muito que isso signifique varrer também com cabeças de cartaz como o Orelhas dos Santos, que Nuno Artur Silva não aponta, mas deixa implícito poder constituir um dos que muito se oporá a alterar significativamente o atual estado das coisas.


Fonte aqui