Dopping — o programa de armamento de Bruxelas

(Carlos Matos Gomes, in Medium.com, 03/03/2024)


O que faz um atleta que entrou em decadência para tentar manter-se em competição? Droga-se! Injeta ou toma produtos que lhe dão a sensação de força e euforia, mas que a prazo mais ou menos curto lhe arruínam os órgão vitais e as suas capacidades de sobrevivência. Entra em ressaca.

O programa armamentista proposto pela comissão europeia presidida por Úrsula Von Der Leyen é uma proposta de dopping para a Europa acreditar que ainda tem um papel de relevo na competição pelo poder mundial. É um estímulo de efeito imediato, que se extinguirá e com ele o “atleta”. Restará um farrapo!

A referência para esta visão desencantada é o artigo: “A Europa entra em estado de pé de guerra” , do El País de 3 de Março de 2024, de que deixarei o link no final.

A introdução do artigo justifica a opção da União Europeia pelo pé de guerra com a “dissuasão de Putin de iniciar uma nova agressão e de garantir a sua autonomia num mundo turbulento”. São duas falácias numa frase: a invasão da Ucrânia foi um ato deliberadamente provocado pelo “Ocidente”, a Ucrânia não é para a Rússia comparável com qualquer outro estado europeu; e a União Europeia não dispõe de qualquer autonomia e nunca dispôs. A Europa do pós-guerra foi um estado vassalo, metade dos Estados Unidos e metade da antiga URSS. Argumentar com estas duas justificações: o perigo da invasão russa e a autonomia europeia é atentar contra a capacidade de julgamento dos europeus e dos seus maiores ou menores conhecimentos da sua História. Há os que aceitam os argumentos, mas fazem-no por fé e não pela razão.

Há um terceiro argumento para o dopping armamentista da Europa após mais de 60 anos em que os Estados Unidos impediram a construção de um aparelho de força armada comum com a formação (imposição) da NATO, que é ainda mais contraditório que os anteriores: a provável eleição de Trump nosso EUA. Ora Trump demonstrou no primeiro mandato o seu desprezo pela Europa: a Europa não é um jogador do seu campeonato, é irrelevante, acabará sempre por ser uma carta no seu bolso. Pode ter algum interesse como compradora de armas americanas, a par da Arábia Saudita e satisfazer parte da oligarquia americana ligada ao complexo militar-industrial, tradicionalmente votante nos democratas, mas pouco mais do que isso. A consideração dos Estados Unidos pela União Europeia está resumida na célebre frase de Victoria Nuland, “Fuck the EU!”, proferida a 6 de Fevereiro de 2014 enquanto alta representante dos Estados Unidos para a Europa, a propósito do golpe que os EUA estavam a organizar na Ucrânia. Victoria Nuland serviu tanto o regime de Trump como o de Biden e é hoje subsecretária de estado dos negócios estrangeiros de Biden. Para os Estados Unidos os seus homens de mão na Europa são os ingleses (são militares ingleses que estão a dirigir as operações na Ucrânia) — os ingleses são os “gurkas” dos Estados Unidos, enquanto a Alemanha será o financiador e o feitor da propriedade continental europeia.

Importa relembrar que a guerra dos Estados Unidos contra a Rússia — de que a Ucrânia é o pretexto — foi desde o início desenhada como um conflito de desgaste económico da Rússia para a impedir de ser uma alternativa viável à dependência da Europa relativamente aos EUA, de redução de capacidades da Rússia para esta não ser uma aliada decisiva da China, o inimigo principal. Daí que a resposta dos EUA à Rússia após terem provocado a invasão da Ucrânia tenha sido centrada na economia: as célebres sanções económicas em que os Estados Unidos ficaram com os lucros e estão a ficar e a Europa ficou com os prejuízos que vai continuar a acumular, quer através da recessão quer dos défices resultantes da militarização: um soldado é, pegando na ideia de Brecht, um desempregado armado e caro e as compras de material militar serão feitas aos Estados Unidos, que são uma potência nuclear e espacial, o que a Europa não é.

Qual é o programa de armamento e quanto custa? Segundo o artigo do El País, em 2014, quando a Rússia anexou a Crimeia, os aliados europeus da NATO gastaram 216.000 milhões de Euros, 1,47% do seu PIB. Em 2023, os gastos subiram para 347.000 milhões (ambos calculados a preços constantes de 2015), equivalentes a 1,85% do PIB. Para 2024 prevêem-se gastos de 380.000 milhões, cerca de 2%, do PIB e isto segundo dados da própria NATO. Tudo aponta para que os gastos continuem a subir. A NATO (leia-se os Estados Unidos) pretende que os 2% dos gastos em despesas militares sejam o patamar mínimo e não o máximo.

Desde 2022 que a U E financia a Ucrânia com fundos intergovernamentais da ordem dos 35.500 milhões de euros para material militar, o que é superior ao apoio dos Estados Unidos e tem sido empregue em boa parte em compras aos EUA! A Comissão Europa também planeia uma reorientação radical nos seus programas de investimento, com prioridade para as indústrias militares, criação de reservas de munições, de armas e a alteração dos objetivos do Banco Europeu de Investimentos para privilegiar empresas que fabriquem armas e munições em vez de empresas de produtos de duplo uso militar e civil como drones e eletrónica!

O grande problema deste programa belicista (muito parecido com o que ocorreu na Europa a anteceder a I Grande Guerra), de empobrecimento geral é fazê-lo passar junto das opiniões públicas europeias que não viveram nenhuma guerra, e logo num ano de várias eleições importantes, a mais importante das quais nos Estados Unidos. Há que refazer a História, desenvolver um programa de revisionismo histórico. Afirmar que os polacos, que foram invadidos pela Alemanha, se sentem ameaçados pela Rússia! Que os ucranianos que, em boa parte foram nazificados e apoiaram a Alemanha, devem defender-se da Rússia e glorificar os seus heróis nazis. Que os países bálticos que viveram decénios sem ameaças da União Soviética estão agora sob ameaça eminente. Glorificar heróis nazis, reciclados em nacionalistas, caso de Bandera, o herói ucraniano. Trata-se de criar, com a habitual cumplicidade dos grandes órgãos de manipulação (é para isso que as oligarquias investem na sua posse) um ambiente de “aí vem o lobo”, ou o truque do carteirista que avisa da presença de carteiristas na zona para roubar a carteira ao crente, que ainda deve ficar agradecido.

O argumento utilizado é o de que: “se os europeus levarem a sério (se se dispuserem a pagar armas e abdicar do estado social) a questão da defesa, a Rússia não atacará”. E o reconhecimento de que “ a Europa desvalorizou a sua defesa durante 30 anos”. Acontece que o desarmamento europeu foi uma imposição dos Estados Unidos e foi aceite pelos europeus em troca do estado de bem-estar.

Por fim, ninguém diz aos europeus que os gastos militares que os europeus vão pagar a troco de perderem boa parte do estado social é completamente inútil para os fins que são publicitados: defender-se da Rússia. É que a Rússia é uma das grandes potências nucleares (a grande arma da dissuasão) e uma das grandes potências aeroespaciais (determinantes para as tecnologias de informação e condução de operações) e a Europa não é nem uma coisa nem outra e os Estados Unidos jamais permitirão que a Europa se liberte da sua dependência nuclear e espacial, criando um futuro concorrente onde tem um vassalo e um cliente.

Em suma, o programa de armamento que os dirigentes da União Europeia estão a propor aos europeus em nome dos interesses dos Estados Unidos é um programa de dopping que dará aos europeus a sensação de força que se esvairá aos primeiros confrontos com a realidade, deixando os farrapos humanos que vemos nos viciados após as ressacas.

É evidente que estes assuntos não entrarão na campanha para as eleições nacionais e europeias. Quem o fizer será acusado de putinista e russófilo. Viva o dopping!


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7 pensamentos sobre “Dopping — o programa de armamento de Bruxelas

  1. Senhor Carlos Matos Gomes, é apenas uma questão de tempo até que a Terceira Guerra Mundial seja inevitável!

    Tocar no assunto num jantar de família vai garantidamente fazer-nos parecer pró-Putin, quando não é isso que está em causa. A questão é a paz.

    Finalmente, algumas palavras que são diferentes da propaganda mediática encomendada pelos Estados ocidentais que não respeitaram a sua assinatura dos acordos de Minsk: “Assinámos estes acordos de Minsk para ganhar tempo para nos prepararmos para a guerra, armando a Ucrânia”. Estão a mentir-nos e a conduzir-nos para o matadouro.

    O pensamento das pessoas e a cultura geral do presente são catastróficos… Há muita gente capaz de citar fábulas grandes datas da 2ª Guerra Mundial, mas quando se trata de agir para que “isto não volte a acontecer”, não há ninguém…

    Todos devem conhecer a síndrome de Munique.

    Quando se quer fazer uma guerra, tem que se começar por ter a logística E uma estrutura médica de alto rendimento na base de retaguarda. Ninguém quer ir combater, especialmente se não puder ser resgatado! Não é preciso ser presidente ou general para perceber isso!

    Os acordos de Minsk não foram respeitados pela UE e quem pensou que os russos não se atreveriam a intervir, um erro fatal que nos mergulha numa esgotante crise económica. A comissão europeia está a tentar sobreviver politicamente e está pronto para qualquer excesso.

    Toda a gente sabe isso, toda a gente fica calada e deixamos que uns “adolescentes mal formados” façam de conta que estão a falar e nos arraste para o abismo. Não estaremos a chorar quando a manivela voltar.

    Os lunáticos foram libertados. Depois de terem arruinado brilhantemente a economia europeia, de terem desmantelado a rede diplomática, de terem destruído a saúde,educação da população, de terem espalhado a corrupção e o clientelismo a todos os níveis, de terem deixado o país ser gangrenado , pelo extremismo , pelo racismo, pelo saque das infra-estruturas vitais, etc., esta gente quer agora GUERRA. Chega de fugir, de se salvarem dos destroços políticos num grande exercício de suicídio coletivo, como a Ordem do Templo Solar, para ultrapassarem até as exigências dos seus mestres que os impulsionaram e os mantiveram onde estão. Iremos à procura deles antes que seja demasiado tarde?

    Felizmente, a “potência imparável” não está a tentar, de momento, atravessar o Dnieper, nem a nado nem com mísseis… que é o que todas as nossas “elites” globalistas gostariam de fazer, mas na direção oposta. Em que cavalo devemos apostar, sabendo que seremos os felizes perdedores, seja qual for a nossa escolha?

    Uma questão de opinião…
    A Ucrânia está a ser atacada…
    Para já, C :
    – libertação das regiões de língua russa e reunificação com a Pátria!
    Estilo Tio Adi em 38-39….

    Não me parece (mas não sou convidado para as reuniões matinais do VVP…) que ele queira “invadir” a parte pró-ocidental deste país….
    …..ca só faz o Ocidente sonhar… !!!!!!!

    Se houver uma “invasão”….., será porque a NATO empurrou os seus peões para lá (recordo que neste momento e até ao final de maio – teoricamente – está a decorrer um vasto “treino” de tropas da NATO nas fronteiras imediatas da Rússia e da Bielorrússia…!)

    Os EUA, em estado de colapso e com uma dívida abismal, perderam a sua aposta na guerra da Ucrânia, cujo objetivo era desestabilizar a Rússia para melhor a poderem desmembrar e pilhar os seus recursos minerais e energéticos, aproveitam-se disso para fazer com que o seu adversário, que acabou por ganhar, acabe por não ganhar nada, porque eles, os ianques, maus jogadores e trapaceiros inveterados, vão virar a mesa ao contrário e fazer com que da Europa só restem migalhas, fazendo da Rússia a única “culpada”…

    E com a vantagem adicional de impedir a Europa de formar uma parceria económica com a Rússia no futuro, uma parceria económica que acabaria por competir ferozmente com o Tio Sam….
    Assim, os EUA vão fazer com que os países da Europa sejam destruídos ou, pelo menos, pior ainda, que fiquem KO durante muito tempo…
    É uma situação de PREDADOR-PERDEDOR para nós, Ovelhas Bravas, e o único Jackpot será para os EUA…
    Além disso, nos últimos dias, se bem repararam, o Deep-State tem acelerado a Mega Grave, Mc-Ron é atualmente o seu instrumento preferido, e os Demo(n)Crates dos EUA que sabem que estão num fracasso eleitoral comprovado, vão certamente virar a mesa antes das eleições dos EUA em novembro de 2024, eleições que de facto podem não se realizar… (especialmente porque TRUMP disse que ele próprio iria parar a Guerra da Ucrânia em 48 horas…)

    Espera-se que nos encontremos em guerra antes de novembro próximo…
    Para a bomba Atómica também parece bem planeado: Olhem novamente para a 1ª página da revista “THE ECONOMIST Junho 2020 – The Next Catastrophe”, pode verem um casal europeu “branco” sentado no sofá da sala de estar, com cada um dos 2 pais a usar uma máscara com filtro (de gás ou outra coisa qualquer??) no rosto, mas o filho, com cerca de 8 anos, tem um capacete de soldado na cabeça…,
    E na parede há uma série de molduras, incluindo uma no canto superior direito, que mostra um desenho de um cogumelo nuclear…
    Esta moldura está colocada na parede do lado direito, logo a seguir à que mostra um desenho de vários vírus….

    As tomadas ao fundo da parede do lado direito são tomadas de estilo europeu…
    O “Bouquet Final”, o Armagedão, se preferirem, durará menos de 1 hora e haverá perdedores por todo o lado, não haverá vencedores…
    Provavelmente sabe quem é o dono da revista The Economist, que anunciou em novembro de 2018 na capa da sua edição “Especial 2019”: O Pangolim + O QR-CODE apresentado no ecrã de um smartphone segurado na mão pelo Homem Vitruviano, que também tem ADN desenhado no seu braço direito (modificação genética…) e há também os 4 Cavaleiros do Apocalipse, um dos quais representa a Estátua da Liberdade com uma máscara cirúrgica sobre a boca (!!!)… Bem, não há dúvida sobre isso! E, claro, o retrato de Artemísia…
    Demasiadas coincidências que se confirmaram um ano depois…
    Neste momento, pode haver apenas um ligeiro desfasamento temporal entre o Plano deles e o Planeamento Mortifero…
    É desprezível!

    Os partidários do “vão para a guerra” não poderão dizer que não sabiam quando começarem a chorar.

    Em breve, os livros de história dir-nos-ão que o “peplum” terminará em 2024 por falta de figurantes.
    Fim do espetáculo.
    No lado Este, a direção ficará satisfeita por ter aumentado o palco para futuros espectáculos.
    Do lado ocidental, felicitar-nos-emos por termos “lixado” alguns dos co-produtores europeus.

    A guerra é uma vontade ocidental.

    E o exército ucraniano está a dar claros sinais de colapso por falta de munições, armas e tropas, apesar da coragem . As tropas da NATO não suportarão um mês o que as tropas ucranianas suportaram durante dois anos.

    Não existe um “campo do bem” ou um “campo do mal”. Existem apenas amigos e inimigos da paz.
    Os amigos da paz procurarão sempre uma solução consensual e justa para os problemas.
    Os amigos da guerra justificarão sempre as suas decisões a favor do assassínio em massa.
    O que não quer dizer que devamos “baixar as calças” em todas as circunstâncias… mas que devemos identificar, denunciar e combater APENAS os responsáveis. Todos os dias, somos cada vez mais numerosos a recusar apoiar as suas políticas…. Mas demasiados continuam a dormir… a confiar… a delegar as suas responsabilidades.

    Coletivamente, seremos capazes de enfrentar eficazmente esta escumalha que está a pressionar para a guerra.
    Individualmente, talvez consigamos salvar as nossas vidas… se estivermos preparados.

    Coletivo ou individual.
    Essa é a única escolha que temos.
    Submetermo-nos… desistirmos… abdicarmos, não deve fazer parte da equação.

    Aqueles que esperam …. uma cavalaria… um salvador… ou qualquer outra solução externa a si próprios, estão a desviar-se do caminho.

    Para os crentes… só Deus. Para os “incrédulos”… só a SI é que deve obedecer.

    Sozinhos… ou juntos?
    Essa é a única alternativa.
    Mas, em ambas as opções, teremos que lutar para ter sucesso.

    Aquela em que aqueles que instigam esta nova mudança de paradigma nunca devem ser adulados pelos “seguidores”. Devem apenas comportar-se e ser entendidos como “facilitadores” temporários e “regressar aos campos” depois do trabalho feito.

    Será uma traição não aceitar uivar com os tolos?

    Talvez seja o privilégio da idade que nos ajuda a não nos deixarmos levar pelas quimeras do momento…

    Os que dormem têm de acordar.
    E depressa… agora… é urgente.

    Isto é o que eu escreveria se ainda restasse uma pequeníssima réstia de esperança….

  2. Se formos para a guerra só temos de nos culpar a nós. Nunca termos abandonado a nossa mentalidade racista e colonialista.
    Nós fomos os povos das Descobertas. Dos que aportavamos a um território e dizíamos que era nosso. O território, os seus produtos, as suas populações.
    Dizemos nos, eles teriam feito o mesmo se fossem eles a ter os meios tecnológicos. Talvez não. Porque eles tinham recursos para não precisarem de tanta tecnologia simplesmente para se manterem vivos.
    Mas fosse como fosse, perdermos tempo a pensar em realidades alternativas não nos iliba.
    Fomos nós que pilhamos recursos naturais, substituímos,massacramos e éxterminamos populações.
    Tudo baseado numa ideia de superioridade moral, tecnológica e até religiosa.
    O problema é que não foi só em relação a nativos americanos, erradamente designados índios, africanos e indianos que tivemos esse sentimento de superioridade absoluta que nos dava o direito de fazer o que quiséssemos das suas vidas, das suas terras, de tudo o que tinham.
    Em relação aos “do Leste”, aquela gente que apesar de branca era vista como tendo costumes estranhos e bárbaros, até comiam um nojento preparado de ovas designado caviar, o sentimento era o mesmo.
    Os russos tinham se convertido ao cristianismo no final dos anos 900 mas nos anos 1450 ainda andávamos a caca los para escravos. Leonardo Di Ser Piero da Vinci nasceu em 1452, filho de escrava russa. Em 1452 ainda achávamos boa ideia reduzir esses brancos inferiores a última das degradacoes.
    Esse sabemos porque foi conhecido, as tantas quantos de nós podemos garantir que a pala de coisinhas destas ninguem tem sangue russo.
    Vale a pena pensar nisto antes de dizer a mesa do café que os russos deviam ser banidos da Terra.
    O que é que nos levava a acreditar que podíamos reduzir a escravos gente branca e cristã como nos?
    E de supor que se os russos não se tivessem organizado continuariam a ser cacados como animais não só por nós mas também pelos turcos. Alguém sabe quem foi Roxelana, esposa favorita de Solimao, o sultão que ameaçou toda a Europa?
    Foi este racismo desgracado que nunca nos abandonou que levou Napoleão a achar boa ideia invadir a Rússia quando já dominava a Europa toda, levar uma grande caldeirada porque os russos fizeram sacrifícios inauditos para defender a sua terra e ir mais cedo para Santa Helena.
    Hitler também achou que era boa ideia e, sem o dizer a boca grande, tudo o Ocidente achou e por isso deixamos o Hitler crescer. Nessa altura ate tínhamos o álibi da luta contra o nefasto comunismo.
    Mais uma vez os russos fizeram das tripas coração para defender as suas terras e as suas vidas porque também aqui o que se pretendia era uma substituição da população a exemplo do que fizemos nas Américas.
    Para os massacres em massa contaram com a préstimosa ajuda da população da Ucrânia Ocidental, brutalmente nazificada, mas que vimos como inocente vítima do comunismo.
    Essa população continuou a ser usada para acções de desestabilização pelo menos até aos anos 50.
    O criminoso Stepan Bandera coordenava a coisa a partir da Alemanha até ser morto por aqueles malandros do KGB.
    O que se esquecem de dizer é que as, autoridades alemãs limparam o cu a uma boa meia dúzia de pedidos legítimos de extradição do malandro.
    A Russia foi suficientemente ingénua para achar que se se tornasse novamente capitalista e cristã tudo ficaria resolvido.
    Ora claro que não ficou. Porque nunca abandonamos o racismo, nem em 1452 nem agora. Se no Século XVIII tínhamos muitos escravos africanos e nenhum russo era simplesmente porque já não era possível ir caçar russos. É porque eles se começavam a tornar um grande império que exigia ser tratado como igual e tinha armamento para fazer valer os seus direitos.
    Por isso começamos também a apoiar os combatentes chechenos justificando com alegadas atrocidades russas no território um terrorismo bárbaro.Atrocidades que nunca vimos, ao contrário das atrocidades israelitas que crescemos a ver.
    O que não serve para dizermos não ao genocídio em Gaza serviu perfeitamente para justificar atentados como o da Escola de Beslan, no Sul da Rússia.
    Ali só crianças e avós já idosos foram os alvos. Mas ainda houve quem justificasse aquilo e até quem dissesse a barbaridade que, aquilo espelhava as dificuldades da Rússia pois que as crianças resgatadas eram todas magras.
    Achamos que Israel tem todo o direito a matar sem julgamento quem eles disserem que é do Hamas mas acolhemos a cúpula de terroristas chechenos e limpamos o traseiro a pedidos de extradição. Quando a Rússia começou a mata Los, grande malandro que é o Putin.
    A verdade é que pensamos começar na Tchechenia e outros territórios muçulmanos o tal plano de desagregação da Rússia.
    Ser capitalista não lhe serviu de nada porque qualquer que seja o regime que tenham se pretenderem ser eles a gerir os recursos que teem e que nos queremos a preço de nada como quando traziamos prata da Argentina e ouro do Brasil, nós vamos sempre tentar espalhar as sementes da sua destruição. Esteja lá o Putin ou esteja lá outro. Haverá sempre um bom motivo para dizermos que não presta. O único presidente bom do nosso ponto de vista foi o Yeltsin, um bêbado tão relaxado que nem sabia já de que terra era.
    E sabendo que os russos não voltarão a ter a ingenuidade de eleger outro desses, tentar a sua destruição como tentaram Hitler e Napoleão e para a cambada de psicopatas que nos governam o caminho a seguir.
    Por isso escusamos de nós andar a carpir pela guerra que aí vem porque se ela vier a culpa é só nossa. Podíamos ter seguido o caminho da paz e do negócio honesto. Seguimos o de sempre. É lidar.

  3. Caros comentadores, venho hoje apenas agradecer as linhas de lucidez que nos servem aqui neste blog com bastante frequência. Para mim tem sido particularmente importante porque no meio que frequento reina esta cegueira ideológica, alimentada pelo medo, que faz com que seja impossível ter uma conversa que não acabe mal. É altamente frustrante como decerto saberão ! as conversas baseiam-se em argumentos falsos mas intransponíveis (tipo, se não paramos o Putin na Ucrânia ele só para em Lisboa)que nos tem sido inculcados ao longo dos anos seja nos noticiários, seja nas series e filmes de Hollywood que consumimos regularmente. Eu já estive desse lado ! do lado que tinha a America por defensora das liberdades mundiais…hoje pergunto-me como. Como não vi antes a miséria que esse país tem criado pelo mundo…a minha cabeça deu uma volta de 180º e de repente é tudo tão evidente que não percebo como os restantes humanos não vêem. E pergunto-vos: como lidam com os que não abriram os olhos ? como lidam com os que subscrevendo estas ideias feitas não interrogam o status quo ? tentam explicar ? ou desistem como eu no primeiro muro que encontram ? tenho muita dificuldade em não me irritar e por isso abdico de conversar…
    Seja como fôr, um grande bem haja para o Estatua e para os seus comentadores que fazem diariamente um trabalho notável e corajoso.

      • Este caminho não vai ser fácil, já o sabemos!

        Mas se quiserem conhecer a situação real no terreno na Ucrânia, existem algumas excelentes fontes de informação:
        – Stratpol
        – Rede internacional
        – CF2R
        – e muitas outras…
        E, claro, não acreditem em nada do que lêem nos principais meios de comunicação social (televisão, rádio, jornais).
        Informem-se!

  4. No meu caso tenho a sorte de boa parte das pessoas que conheço terem igualmente a cabeça no sitio.
    Mas sei o que é partilhar um serviço em que toda a gente acha normal apoiar nazis.
    A estratégia é desatar a cantar “the death of a clown” ou outras burlescas do género, a cara podre. Tem o efeito de lhes calar a boca mas se pudessem fazer me deportar para a Rússia decerto já o tinham feito.
    E quanto a conversa do Putin só parar em Lisboa se acabar de dar aos nazis o competente pateio do porco desato a rir nas trombas deles e digo para que raio é que a Rússia ia querer umas terras do Demo sem recursos e que no Sul já nem água teem.
    O gozo é a maior arma contra canalha dessa. O que me arrepia não sao as baboseira a que essa gente diz.
    O que me arrepia é que essa gente vota.
    Confesso que me passaram pela mente muitos pensamentos racistas em relação aos brasileiros quando votaram no troglodita Bolsonaro. Porque o troglodita nunca lá se teria sentado se não houvessem negros e pobres a votar nele.
    Mas agora vejo funcionários públicos e gente pobre a dizer que vao votar AD. Vejo um bandalho com conversa digna de tasca a valer 15% das intenções de voto e sei que graças a burrice desta gente esperam nos quatro anos muito duros. Tal como os que foram vividos pelos brasileiros. Fomos vítimas do mesmo esquema. Alegações judiciais mal amanhadas, um presidente que aproveitou a deixa ao ver que as sondagens eram favoráveis à direita e aqui estamos nos metidos numa alhada de todo o tamanho.
    Mas não podemos desistir. Alguém pensava que Lula da Silva sairia vivo da prisão? Mas ele saiu, voltou e venceu.
    O fascismo pode vencer no dia 10 mas vai acabar por morder o pó. E a nós cabe nos continuar a lutar. Não conseguimos abrir a cabeça de ninguém, paciência. Conto continuar a gozar muito com a cara deles. E “let’s all drink to the death of a clown”.

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