Fez-se luz sobre Zaporozhie

(Hugo Dionísio, in Facebook, 21/04/2023)

Fez-se luz. Meses a fio de tentativas desesperadas, com vista à tomada da Energodar NPP, em Zaporozhie, subitamente iluminadas. A última destas suicidas incursões envolveu dezenas de barcos através do Dniepre e centenas de soldados – da Ucrânia claro -, enviando-se para a morte os filhos dos outros! Meses a fio de bombardeamentos, às proximidades da maior central nuclear da Europa, contando com a leal – e previdente – direção de coordenação da comunicação social mainstream

Sem o desejar, tentar ou enunciar, foi a própria CNN quem desvendou o porquê das duas atividades. Ficámos a saber, no dia 19 de Abril, que os EUA avisaram a Rússia para não tocar na tecnologia nuclear americana, guardada na NPP, (ver aqui ). Senão fosse trágica, a narrativa encomendada à CNN, seria de rir a bandeiras despregadas.

Como não poderia deixar de ser, tanto a notícia, como a carta, só falam de informação técnica, software, etc. Contudo, devemos sempre questionar-nos sobre o que está para além do muito que não é dito, quer na carta enviada à ROSATOM, quer no que a CNN apurou.

Partindo do critério de que, o que é dito visa esconder o que ficou por dizer, ou, a narrativa adotada é o contrário da realidade concreta – o que a recente fuga do Pentágono confirma de todo -, julgo que podemos confirmar ou, pelo menos, tomar como muito prováveis, as seguintes informações:

Na Energodar estão armazenados mais de 300 mil milhões de dólares, em urânio enriquecido a níveis acima dos necessários para produzir energia elétrica, o que vai para além do caracter, meramente “civil”, da “tecnologia” em poder dos russos;

As declarações do comediante Z. sobre a necessidade de o seu regime se armar com armas nucleares, poderiam ter mais na manga que um mero desejo, sendo plausível que, hoje, se especule se os EUA não estariam a promover o desenvolvimento da tecnologia nuclear ucraniana, no sentido de estes poderem chegar, “por si próprios”, à aplicação militar da tecnologia nuclear.

Esta técnica não é nova, tendo sido já usada pelos próprios EUA em Israel, por exemplo. Na notícia aponta-se que esta cooperação foi tornada “pública” pelo Departamento de Energia dos EUA em 2021. A justificação reside em “ajudar a implementar novos procedimentos de manutenção e operações no reactor que visam fortalecer a segurança energética”.

Parece-me que, face ao que os russos terão encontrado, esta carta visa dois objectivos muito concretos:

1. O de tornar conhecida uma narrativa que “desmonte” e substitua qualquer acusação futura, que os russos possam fazer, sobre o facto de os EUA estarem a ajudar um regime hediondo, como o de Z., a armar-se com armas nucleares.

2. Orientar a atividade noticiosa, da imprensa ajoelhada, para a narrativa do caracter civil da cooperação, criando um muro entre a narrativa “oficial” e qualquer outra que surja, logo a classificando como “teoria da conspiração” ou “propaganda russa”.

Seja o que for que lá esteja e a que os russos tenham jogado a mão, o seu valor é superior às largas centenas de homens mortos na tentativa de tomar a central. É, pelo menos, esse o entendimento de quem os mandou para lá! O elevado valor do “material” também justificou o bombardeamento das proximidades, para criar uma ideia de insegurança permanente, face aos combates, e, dessa forma, obrigar a Rússia a aceitar a entrega da central, pelo menos, a uma força da ONU (ou da AIEA), o que equivaleria a dizer que seria uma força controlada pelos EUA. Dessa forma, conseguiriam remover o que lá colocaram.

Estes bombardeamentos foram tão desesperados que justificaram a construção de uma narrativa absolutamente inverosímil, segundo a qual os russos bombardeiam o que é seu. O que envolveu, não apenas, a imprensa ajoelhada, como o próprio Director da AIEA, o qual, estando na central e vendo de onde vinham os bombardeamentos, dizia “não consigo perceber quem os faz”.

Estar sob escuta 24/7/365 e sob bullying constante causa grandes problemas ao nível da percepção da realidade: fala-se do que não existe e vê-se o que não está lá. Basta olhar para os desgraçados dos diretores de informação, comentadores do regime e demais arautos psicóticos, para perceber que o fausto em que vivem, se paga bem pago. Não sinto mais por eles que não pena. Pena por se descer tão baixo, por pensar tão pouco, por estar sempre atrás, por estar sempre para trás.

Não podendo pensar à frente – não vão pensar algo que lhes esteja interdito – também não poderão, alguma vez, pensar no tipo de narrativa que se preparou para a Energodar. Esta narrativa está ao nível de um Nord Stream – já devidamente desmontada -, de umas armas de destruição em massa ou de um “russiagate”. Por comparação e face ao trabalho a que se deram, podemos antever o real valor do que lá está.

Mas a carta é elucidativa noutros aspectos também. Uma das piadas mais interessantes que conta é o facto de sublinhar que “é ilegal, segundo a lei dos EUA, a pessoas não autorizadas, como a ROSATOM e as suas subsidiárias, conscientemente aceder, possuir, controlar, exportar, armazenar, reter, rever, reexportar, embarcar, transferir, copiar, manipular a tecnologia ou os dados, ou autorizar outros a fazê-lo, sem que essas entidades russas sejam autorizadas” pelos EUA. É razão para perguntar o que farão. Se vão prender o diretor da ROSATOM e seus funcionários. Se vão à Rússia buscá-los.

Claro que não podemos ser ingénuos, sobre o real significado desta jurisdição extra fronteiriça que, os EUA, atribuem a todas as suas leis. Na minha opinião, o que a carta – e o correio televisivo da CIA que é a CNN – diz aos russos é o seguinte: “se vierem a público dizer qualquer coisa que contrarie o que dizemos, ficamos a saber que praticaram um dos actos que consideramos ilegais”. Nos termos em que o colocam na lei, até olhar para a coisa é crime. Mas não se ficam por aqui. Agora vem o principal: “se o fizerem, qualquer russo que apanhemos pelo mundo, que trabalhe em qualquer coisa relacionada com o “nuclear”, será sequestrado, raptado, enviado para a estância humanitária de Guantánamo Bay e tratado como espião, por capturar e revelar segredos de estado”. Eis porque se deram ao trabalho de escrever esta carta.

Então, mas porquê a notícia? Porque, como a ROSATOM pegou na carta e a meteu num cartucho de 155 mm e enviou-a aos congéneres do regime de Bandera – estes também vieram falar disto -, teve de se garantir que os russos receberam mesmo a mensagem. Ninguém pensará que eles não ouvem a CNN, certo? Pode nem ser isto e se calhar não é, mas não pensem é que, nos dias que correm, a CNN ou outra gaiola (de papagaios) da mesma estirpe, traria um assunto destes à baila sem objetivos muito concretos. O de preparar o público para a narrativa de substituição da verdade, é um, o outro, pode ser uma tomada de posição pública, numa era em que os canais diplomáticos estão entupidos de ignorância, imbecilidade, estupidez e muita poia que sai das cabeças pensadoras que pensam, por conta do que Biden não pode, nem é capaz de pensar.

Agora, a conclusão que retiro, desta muito confirmativa “notícia”, é a de que esta é mais um resultado das malfeitorias da elite, que controla o regime paranoico que domina os EUA. Por muito que me custe, considerando os dados históricos, o “modus operandi” e sendo tal a predisposição desta gente para o crime, a mentira e a ocultação da informação ao povo, sou obrigado a lançar a suspeita de que estava em marcha um projeto que resultaria, a médio prazo, no armamento do regime Bandera com armas nucleares. Não digo, porém, que fosse objectivo usar armas nucleares… Contudo, um gangue de loucos nazis, com armas nucleares… Já estão a ver o que tal implicaria em termos de submissão da Rússia.

Esta terá sido, para mim, a par de outras, uma das principais causas de entrada dos russos na “Operação Militar Especial”. Tenho a certeza de que eles souberam desta situação e ficaram em pânico, o que obrigou o presidente Putin a tomar, finalmente, a decisão de agir.

Ter a certeza de que, sendo verdade, os russos acederam facilmente à informação, não é nada de fantástico. Só para dar um exemplo do nível de informação que os russos teriam do que se passava em Zaporozhie, temos o canal Telegram de um nazi dos AZOV de Zaporozhie, que lutam pela recuperação da Energodar (chama-se “atual  Energodar”), e dedicam-se a identificar, no Telegram, os trabalhadores da central e da cidade, os quais, sendo ucranianos de nascimento, segundo eles, se “venderam” aos “orcs”. Colocam as fotos, os nomes, currículo, morada, data de nascimento, telefone, tudo, e ameaçam de morte como fazem os nazis que pretendem imitar e que perseguiam as pessoas de que não gostavam. Isto só comprova que, ao contrário do que dizem os sempre desinformadores serviços “secretos” britânicos, não faltavam lá trabalhadores ”pró-russos”, o que equivale a dizer “ucranianos, falantes de russo”.

Isto explica o porquê de, logo nas primeiras horas da operação, terem corrido a tomar a central – foram logo lá -, numa operação que teve tudo de previamente planeada, pensada e executada com forças especiais, de forma que não falhasse, o que só sucedeu com infraestruturas militares muito prioritárias, como o caso dos laboratórios bio militares secretos. Simplesmente, eu não compro a treta de que “ah, foi para garantir a segurança da central”, à qual os Banderas responderam com “ah, nós é que garantimos a segurança”, ao que os caniches ingleses bradaram “ah, os russos estão a violentar os trabalhadores”, concluindo os seus donos com “os russos estão a bombardear a central que tomaram e querem segurar”.

Todos queriam tanto aquela central. Não por ser “aquela”, mas por estar em mão dos russos e, no caso destes, pelo que esta teria lá dentro. Ainda o havemos saber com certeza absoluta. Ultimamente não temos esperado muito tempo pelas confirmações absolutas. Mas, esta confirmação nunca virá do reduto territorial da NATO. Imaginam o que seria saber-se que, para além das outras razões todas que assistem aos russos, ainda acrescentássemos esta?

Agora, o que isto tem de extraordinário? A meu ver, muito pouco. Para quem instalou dezenas de laboratórios bio militares secretos, pagos com dinheiro do orçamento americano e de empresas privadas como a Pfizer, os quais, segundo está documentado, provado e reportado às Nações Unidas – que Guterres leu de olhos fechados para depois vir dizer que não sabia -, desenvolviam perigosíssimas estirpes de vírus, bactérias, fungos e suas formas de transmissão, via humana ou animal… Esta é apenas mais uma aplicação do que constitui o plano de ataque dos falcões e suas crias.

A construção de um projéctil social para ser atirado contra o inimigo russo demorou muitos anos e representa a construção de um edifício que foi crescendo ao longo do tempo. Quando começámos a ouvir falar que havia falcões que consideravam possível ganhar uma guerra nuclear com a Rússia, não deveríamos ter considerado improvável tal acontecimento. Deveríamos ter questionado: como vão fazê-lo? Talvez produzindo uma guerra nuclear contida. Como agora tentam fazer em Taiwan, possivelmente.

Gente desta não tem limites. Portanto, aplicar-lhes os mesmos limites morais e éticos de alguém que trabalha, vive a sua vida e quer simplesmente viver em paz, é um erro crasso. O projecto – hoje mais difícil de concretizar -, passava pelo escudo balístico na Europa que impediria os mísseis de passarem para o Ocidente, necessitando de um país mártir, que fosse traído ao ponto de ser usado como terreno de uma luta nuclear geograficamente contida, mas que destruísse a Rússia. Que tal um país que já estava contaminado? Que tal um país em que foi – pelo menos no Ocidente – criada uma política de ódio tal, que tivesse alguém louco – e corrupto – o suficiente, para o fazer? Seria apenas necessário fazer avançar a tecnologia nuclear de que já dispunham, mas a um ritmo muito mais rápido e no sentido militar.

Mais tarde, quando acontecesse, viriam dizer que os ucranianos o tinham conseguido sozinhos e nem toda a verdade do mundo, destruiria o muro propagandístico que a imprensa ajoelhada criaria para a conter. A verdade seria, como hoje, apenas de uns quantos teimosos e “malucos das teorias da conspiração”.

Não o tendo conseguido e estando em caminho de se dar por perdida a aventura neonazi na Ucrânia – há quem diga que os documentos vazados visam começar a preparar o público para o inevitável – a solução a adoptar está a ser iniciada pela Finlândia, que consiste na construção de mais um muro altíssimo, que separará o país da Rússia.

Considerando o que está em preparação em Taiwan e que visa o mesmo tipo de isolamento… O que ocorrerá na cabeça de vento desta gente, passará talvez por isolar a China e a Rússia do mundo que eles acham que lhes pertence. Não se esqueçam eles é que, a história nunca corre bem para os que erguem os muros…. Normalmente ganha quem os deita abaixo. Vai tentando, tentando até conseguir.

Nem as muralhas mais altas, os castelos mais fortificados e os muros mais sólidos impediram a história de avançar. O Ocidente está prestes a descobrir que o mundo não se confina ao Império anglo-saxónico.

E é isso que espero. Não existe nenhum muro capaz de parar a luz da verdade! E a luz da Energodar é apenas um começo.


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7 pensamentos sobre “Fez-se luz sobre Zaporozhie

    • Já quando foi a batalha por Mariupol corriam rumores de que haviam instalações secretas nas galerias da Azovstal. Com que fim? Bio laboratórios? Instalações de apoio ao projeto de desenvolvimento de armas nucleares?

      • Esses rumores não passaram disso. Era “só” mesmo um bunker cheio de nazis do batalhão Azov, a usar civis como escudos humanos para estúpida e inutilmente atrasar a libertação oficial da cidade de Mariupol, nesse momento uma cidade da República independente de Donetsk, e agora uma cidade de facto Russa.

        Mas o momento de mais nojo foi quando um propagandista da SiC, a propósito dos Nazis que tinham ido para o Norte de Mariupol para a zona industrial illich (se não me engano chama-se assim, no Google Maps a zona chama-se Kalmiuskyi District) foram quase todos apanhados pelos Russos, mas circulou a informação de que alguns conseguiram escapar, ao que o tal presstituto da SiC comentou: “felizmente escaparam”.
        Imaginei só estes aldrabões corruptos a comentarem em directo a Segunda Guerra Mundial e a usarem o “felizmente” de cada vez que os Nazis de Hitler conseguiam escapar aos Soviéticos…
        Como é que eu havia de voltar a ver a SiC depois de uma coisa tão nojenta como esta?

        Enfim, voltando ao tópico, esta teoria do Hugo Dionísio faz todo o sentido (mas lá está, enquanto não for confirmado, é só uma teoria, um rumor), mas de onde vem o tal valor dos 300 mil milhões?
        O urânio enriquecido vale assim tanto, ao ponto de numa só central nuclear poder estar o equivalente a 1.5x o valor total do PIB de Portugal, ou o total dos bens Russos roubados pelo império genocida ocidental com as suas sanções ilegais?
        Não seria antes algo como 300 milhões?
        E de onde é que o Hugo Dionísio tirou esse número?
        Se alguém souber responder, agradeço.

    • Não metas tanto na veia. Olha que um dia a avença que recebes do Pentágono pode não chegar para as doses todas..

  1. Nada é impossível, mas, como nos laboratórios, o mais provável é o mais banal: uma enorme central eléctrica que possa servir de central logística 100% segura contra todos menos os mais loucos já justifica o esforço. Talvez optimizada com tecnologia americana, mas dificilmente mais do que isso.

  2. A teoria aqui cuidadosamente exposta e escrutinada pelo Hugo Dionísio é verosímil pois apresenta argumentos coadjuvantes no sentido de permitir perceber melhor as motivações que levaram a Rússia à invasão da Ucrânia. Claro que para mim já fazia todo o sentido o argumento da necessidade de impedir a entrada deste pais na Nato, mas agora o quadro fica ainda mais claro, se se admitir que havia um risco acrescido de a Ucrânia estar a ser capacitado com tecnologia nuclear, o que se nao fosse freado a tempo colocaria a Rússia numa situação insustentável.
    Há apenas algo que só encaixa se partirmos do principio que nos Estados Unidos a clique dominante perdeu completamente a noção do real, porque entregar de mão beijada tecnologia nuclear a um pais corrupto no qual o títere de serviço é dominado por uma forte fação nazi, destituída de escrúpulos de qualquer tipo, e provavelmente imbuída de um forte sentimento niilista (tal como aconteceu com os nazis, sobretudo quando viram perdida a guerra) é correr o risco de ver o feitiço virar-se contra o feiticeiro e tenho muita dificuldade em compreender como se pode descer a este ponto, não tanto em termos de maldade, mas sobretudo em termos de estupidez, se bem que se calhar os dois atributos andam juntos e já Cristo o confirmou quando formulou o sempre lembrado: Perdoa-lhes, Pai, porque não sabem o que fazem!

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