(Pepe Escobar, Diálogos do Sul, 25/11/2022)

Durante reunião do G20, o Presidente estadunidense afirmou que Washington não deseja uma nova Guerra Fria e que apoia a política de Uma Só China.
A cultura balinesa, um perpétuo exercício em sutileza sofisticada, não distingue entre o secular e o sobrenatural – sekala e niskala. Sekala é o que nossos sentidos conseguem discernir. Como, por exemplo, os gestos ritualizados dos líderes mundiais – os reais e os secundários – em um G20 altamente polarizado.
Niskala é o que não pode ser percebido diretamente, mas apenas “sugerido”. O que também se aplica à geopolítica.
Em Bali, o ponto alto talvez tenha trazido uma intersecção entre sekala e niskala: o badaladíssimo encontro cara a cara entre Xi e Biden (ou melhor, o encontro cara a fone de ouvido).
O Ministério de Relações Públicas chinês preferiu ir direto ao cerne da questão e selecionar os Dois Pontos Altos.
1. Xi disse a Biden – ou melhor, a seu fone de ouvido – que a independência de Taiwan é um assunto simplesmente fora de questão.
2. Xi também espera que a NATO, a União Europeia e os Estados Unidos venham a se engajar em um “diálogo amplo” com Moscovo.
As culturas asiáticas, sejam elas balinesas ou confucionistas – são avessas a confrontações. Xi colocou três camadas de interesses em comum:
● evitar conflito e confrontação, e levar à coexistência pacífica
● desenvolvimento em que os países se beneficiam uns aos outros
● promover a recuperação pós-covid em nível global, lidar com as mudanças climáticas e enfrentar de forma coordenada os problemas regionais.
É significativo que a reunião de três horas e meia tenha tido lugar na residência da delegação chinesa em Bali, e não nas instalações do G20. E que ela tenha sido solicitada pela Casa Branca.
Biden, segundo os chineses, declarou que os Estados Unidos não desejam uma Nova Guerra Fria, não apoia a independência de Taiwan, não apoia as “Duas Chinas” nem a “uma China, uma Taiwan”, não busca se “desacoplar” da China e não deseja conter a China.
Mas digam isso aos straussianos/neocons/neoliberalcons que se inclinam à contenção da China. A realidade mostra que Xi tem poucas razões para confiar em Biden – ou melhor, no combo que, dos bastidores, monta todo o enredo. Então, no pé em que as coisas andam, continuamos em niskala.
O jogo soma-zero
O Presidente da Indonésia, Joko “Jokowi” Widodo, ficou com péssimas cartas nas mãos: como realizar um G20 para discutir segurança alimentar e energética, desenvolvimento sustentável e questões climáticas quando tudo que existe sob o sol está polarizado pela guerra na Ucrânia.
Widodo fez o melhor possível, conclamando todo o G20 a “pôr fim à guerra”, com a insinuação sutil de que “ser responsável significa criar situações que não sejam de soma-zero”.
O problema é que boa parte do G20 chegou a Bali querendo uma soma-zero – buscando confrontação (com a Rússia), e quase nenhuma conversa diplomática.
As delegações dos Estados Unidos e da União Europeia pretendiam esnobar abertamente o Chanceler russo Sergey Lavrov a cada passo. Com a França e Alemanha foi diferente: Lavrov teve rápidas conversas tanto com Macron quanto com Scholz. E disse a eles que Kiev não quer negociar.
Lavrov também revelou algo de grande importância para o Sul Global:
“Os Estados Unidos e a União Europeia entregaram ao Secretário-Geral da ONU promessas por escrito de que as restrições às exportações de grãos e fertilizantes russos serão suspensas – vamos ver como isso será implementado”.
A tradicional foto do grupo antes do início dos trabalhos do G20 – um ritual que marca todas as cimeiras realizadas na Ásia – teve que ser adiada. Porque – quem mais seria? – “Biden” e Sunak se recusaram a estar na mesma foto que Lavrov.
Histeria infantilóide e nada diplomática desse tipo só faz ofender profundamente a graça, a gentileza e o ethos de não-confrontação de Bali.
A versão ocidental é que “a maioria dos países do G20” queria condenar a Rússia quanto à Ucrânia. Bobagem. Fontes diplomáticas insinuaram que o placar verdadeiro era de 50/50. A condenação vem do bloco Austrália, Canadá, França, Alemanha, Itália, Japão, Coreia do Sul, Reino Unido, Estados Unidos e União Europeia. A não-condenação do grupo Argentina, Brasil, China, Índia, Indonésia, México, Arábia Saudita, África do Sul, Turquia e, é claro, Rússia.
Em termos gráficos, o Sul Global contra o Norte Global.
A declaração conjunta, portanto, irá se referir aos impactos da “guerra na Ucrânia” sobre a economia global, e não à guerra da Rússia na Ucrânia”.
O colapso da economia da União Europeia
O que não vinha acontecendo em Bali envolveu a ilha em uma camada adicional de niskala. O que nos leva a Ancara.
A névoa ficou mais espessa porque, no pano de fundo do G20, os Estados Unidos e a Rússia conversavam em Ancara, representados pelo diretor da CIA William Burns e pelo diretor da SVR (serviços de inteligência estrangeira) Sergei Naryshkin.
Ninguém sabe ao certo o que está sendo negociado. Um cessar-fogo é apenas um dos cenários possíveis. Mas a retórica acalorada vinda da NATO em Bruxelas e dirigida a Kiev sugere que uma escalada irá prevalecer sobre algum tipo de reconciliação.
O porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, foi peremptório, de facto e de jure: a Ucrânia não pode e não irá negociar. A operação militar especial, portanto, irá continuar.
A NATO vem treinando novas unidades. Os próximos alvos possíveis serão a usina nuclear de Zaporíjia e a margem esquerda do Dnieper – ou até mesmo uma maior pressão ao norte de Lugansk. De sua parte, os canais militares russos colocam a possibilidade de uma ofensiva no inverno sobre Nikolaiev: a apenas 30 quilômetros das posições russas.
Os analistas militares russos sérios sabem o que os analistas sérios do Pentágono têm também que saber: a Rússia levou ao campo de batalha ucraniano apenas uma fração de seu potencial militar. Apenas uns poucos soldados do exército russo foram convocados, a maioria deles sendo spetsnaz – forças especiais. Quem de fato luta são as milicias das Repúblicas Populares de Donetsk e de Luhansk, os comandos Wagner, os chechenos de Kadyrov e voluntários.
O repentino interesse dos americanos em conversar, e Macron e Scholz se aproximando de Lavrov, apontam para o cerne da questão: a União Europeia e o Reino Unido talvez não consigam sobreviver ao próximo inverno, o de 2023-2024, sem a Gazprom.
A Agência Internacional de Energia calculou que o déficit total, naquele momento, se aproximará de 30 bilhões de metros cúbicos. E tudo isso pressupõe circunstâncias “ideais” para este próximo inverno: em geral quente, a China ainda sob lockdowns, um consumo de gás muito mais baixo na Europa e até mesmo um aumento na produção (na Noruega?)
Os modelos da Agência Internacional de Energia vêm operando com duas ou três ondas de aumento de preços nos próximos doze meses. Os orçamentos da União Europeia já estão em alerta vermelho – compensando as perdas causadas pelo atual suicídio energético.
Quaisquer custos adicionais imprevisíveis ao longo de 2023 significarão que a economia da União Europeia entrará em total colapso: fechamento de fábricas em todo o espectro, o euro em queda livre, a subida da inflação, a dívida corroendo todas as latitudes, dos países do Club Med à França e à Alemanha.
É claro que a dominatrix Ursula von der Leyen, líder da Comissão Europeia, deveria estar discutindo todos esses tópicos – defendendo os interesses dos países da União Europeia – com os atores globais, em Bali. Mas, muito pelo contrário, mais uma vez sua única agenda foi a demonização da Rússia. Sem qualquer niskala, apenas com a mais tosca dissonância cognitiva.
Fonte aqui.
Arengou ontem Paulo Portas, no ‘Jornal das 8’ da TVI (minuto 21:13):
“Eles [chineses] fecharam agora outra vez Beijing [continuo a chamar-lhe Pequim], Xangai [ele disse Shan-Hai, com agá aspirado e tudo] e Guangzhou [dantes chamávamos-lhe Cantão], três das maiores cidades e províncias (…). Isto vem revelar: alínea a) HÁ QUALQUER PROBLEMA COM AS VACINAS CHINESAS, ISSO ERA PREVISÍVEL. SÓ UMA DELAS É QUE FOI A REGULADORES EXTERNOS.”
Qual é o problema?, perguntar-me-ão porventura alguns borreg…, perdão, alguns ilustres cidadãos. Nada de mais. No que respeita à Covid na China, o meu problema (diferente do que o Portas atribui às vacinas chinesas) reside apenas em meia dúzia de picuinhices sem importância que têm a ver com a realidade, essa extravagância (caída em desuso) da gloriosa época que vivemos, em que o que está (cada vez mais) a dar é a narrativa. Vamos então aos números chineses e cotejemo-los com os americanos, cujas vacinas, no entender do Paulinho das Feiras, não têm certamente qualquer problema, maleita que afecta apenas amarelos e afins. Para começo de conversa, a China tinha ontem 1.448.471.400 habitantes, contra 334.805.269 dos EUA, o que dá 4,3 chineses para cada americano. Passemos às picuinhices, em números de ontem (fonte: Worldometers).
China / EUA
Total de casos: 307.802 / 100.465.087
Novos casos: 3709 / 6098
Total de casos activos: 31.410 / 1.333.758
Casos sérios/críticos: 112 / 2927
Total de mortos: 5233 / 1.104.755
Novos mortos ontem: 1 / 4
Total de casos por milhão de habitantes: 213 / 300.070
Total de mortos por milhão de habitantes: 4 / 3300
Pois é, há realmente qualquer problema com as vacinas chinesas, qualquer taxista que se preze poderá explicar-nos isso. Pelo sim, pelo não, vou evitar andar de táxi nos próximos tempos.
(eu sei que os pontos a separar os milhares já não se usam, mas decidi “recuperá-los” para facilitar a comparação, dado que não sei como alinhar as colunas)
Continuando a narrat… perdão, a sua pedagógica palração, acrescentou o ilustre feirante:
“E depois, houve um pequeno detalhe: naquele sistema político-económico muito específico que é a China, os testes passaram a ser pagos, E CADA TESTE CUSTA 35 CÊNTIMOS.”
Mais uma picuinhice: o preço dos testes nos EUA varia entre 20 e 850 dólares, com uma média ponderada de 127 dólares cada. Mais pormenores no link abaixo, de que transcrevo um pequeno extracto:
“Currently, the Medicare reimbursement rate for a COVID-19 test is either $51 or $100, depending on the type of test offered. For those who end up paying out of pocket, there was a smaller range of $36 to $180 per test. Again, any test would also likely require additional charges for specimen collection and a physician’s visit, which could potentially add to the cost significantly.”
Fonte:
https://coronavirus.jhu.edu/from-our-experts/q-and-a-how-much-does-it-cost-to-get-a-covid-19-test-it-depends
Excelente a desmontagem do aldrabão!
Lol, o Paulo Portas abandonou o cargo de consultor e virou especialista em virologia e táticas militares… Deve é ter pedido umas dicas ao Relvas e arranjou umas equivalências na Católica…
É engraçado que se vejam umas quantas manifestações soltas na China contra os confinamentos, mas ninguém no Ocidente explica que o factor desencadeador da situação foi um bloco de apartamentos no qual deflagrou um incêndio, e que 10 pessoas morreram por causa dos tempos de resposta das equipas de emergência (constrangidos por causa das políticas de confinamento).
Entretanto, já devem ter aproveitado um financiamentozinho da USAID ou duma qualquer “ONG” com financiamento do Pentágono e meteram uns quantos emplastros nas ruas a fazer de cabeças de lista para a direção do próximo partido comunista chinês com tendências ocidentais, valha-me um qualquer deus…
Lá, são pessoas a denunciar o regime opressivo, prepotente, que desrespeita direitos humanos e impede o normal funcionamento da sociedade pela restrição de liberdades fundamentais.
Se fosse cá era negacionistas, fascistas, anti-vaxxers, cheganos ou avençados do Ventura!! Raios partam!
Quanto às vacinas chinesas: o que o “burro que nem trinta Portas” quer dizer é que, como as vacinas chinesas não foram aprovadas na Agência Europeia dos Medicamentos, não são fiáveis.
E convém não esquecer que são comunistas: tal como tudo o que fosse soviético, é defeituoso.
Só aqui no Ocidente capitalista, verdadeiro paraíso na terra em que as chefes não eleitas de Comissões não eleitas que negoceiam à porta fechada (ou melhor, às mensagens apagadas) com as empresas em que o marido trabalha, é que os produtos medicamentosos são feitos em condições.
Meu, isto cada vez mais parece uma tourada. Levamos todos com cornos e ainda rimos de contentes!
Isto é para levar a sério ?
Somos afogados num fluxo contínuo de informação e distracção entre futebol e presentes de Natal, enquanto a situação internacional se agrava de dia para dia.
Penso que o Mundial de Inverno de 2022, neste momento particular da história, foi tudo menos coincidência.
O verdadeiro inimigo e concorrente dos EUA é a China, não a Rússia. O próximo conflito após a Ucrânia será entre estes dois gigantes, o que terá consequências muito piores para nós, especialmente porque a NATO e, portanto, os países europeus estarão necessariamente envolvidos. A Ucrânia é apenas um aperitivo para os EUA, já há muito tempo que planeiam o próximo conflito.
Os próximos anos ou meses farão com que 2022 pareça uma bela festa da aldeia, tendo em conta o que está previsto.
O risco de a China lançar um ataque a Formosa é susceptível de aumentar com as manifestações internas de contestação do poder e o cansaço do confinamento: é bem sabido que um poder no abismo utiliza frequentemente a guerra para mascarar os problemas internos.
O momento é provavelmente favorável à China porque a Nato enviou um grande número de armas para a Ucrânia (armas que a Nato já não possui) e a guerra virar-se-á para a vantagem da Rússia ..
Os Estados Unidos não estão preparados para apoiar duas frentes, para não falar do facto de a Sérvia, etc. poder aproveitar a oportunidade para resolver velhas disputas…
Se infelizmente tudo isto acontecer, estaremos numa posição muito má na 3ª guerra mundial, especialmente porque nenhum líder ocidental tem a estatura de um chefe de estado, a “começar pelo nosso próprio”.
A China tem muito mais a perder do que a Rússia. De facto, para além da vodka,compramos 3 coisas essenciais da Rússia: fertilizantes fosfatados, petróleo e gás e, claro, trigo russo para o gado. As sanções contra este país só se voltam contra nós.
Um boicote à China certamente não lhe faria qualquer favor, mas acabaria por nos arruinar. Não esquecer que se Putin desclassificou o seu país, os chineses são os maiores detentores da dívida dos EUA, o que não os impedirá de anexar Taiwan nos próximos meses desde que Xi foi reeleito.
Esperem e vejam…
Os Estados Unidos são o inimigo da europa, que está a rolar no chão em frente aos EUA como sinal de submissão.
Mas enquanto houver vida, há esperança!
A 3° Guerra Mundial híbrida já teve lugar, e nós (Portugal) perdemo-la enquanto a Alemanha a ganhava. Esta guerra tem um nome, a deconstrução da UE. Em todos os aspectos, a europa regrediu a favor do seu vizinho e dos EUA e da China. Estamos agora a entrar na 3° guerra mundial de combate, a do fim do petróleo. Esta guerra teve o seu início em 2008 com o pico do petróleo convencional e a crise económica. O início da guerra foi em 2018 com o pico de todo o petróleo não convencional. Desde então, tem sido uma descida ao inferno, com crise após crise, económica, monetária, sanitária, militar, ecológica, etc. Tudo isto para chegar no final a um mundo que terá agido sobre a inevitável diminuição do petróleo, do crescimento que o acompanha, e portanto das economias baseadas na dívida.
Klaus Schwab fala no seu famoso livro publicado em 2020 de uma guerra híbrida, que algumas pessoas não notarão; não saberão que estão em guerra.
A 3° guerra mundial de combate não seria um pretexto em si mesmo?
Quando olhamos um pouco mais de perto para os motivos das guerras anteriores, apercebemo-nos que os invocados nos manuais escolares são apenas para as “crianças”, sendo os verdadeiros motivos quase sempre económicos.
O motivo para uma nova não derrogará esta “regra”, mas existe uma diferença muito grande, é que o próprio motivo económico esconde o motivo subjacente que é o excesso de população, os seus excessos e as suas ameaças.
A sobrevivência da humanidade, ou melhor, de uma parte da humanidade, depende da disponibilidade de energia, pelo que temos de descobrir quem beneficia com o crime.
Os incompetentes no poder precisam de uma guerra ou caem, por isso põem o caos na Ucrânia esperando que Putin reaja e este é o resultado… Ainda estão no poder (eles = EUA, UE, NATO, ONU).
Quanto à inflação de 30%, penso que já a temos sobre o que é vital… por isso vamos a 180% ????
Ainda temos de ter a certeza de que a inflação se deve a esta guerra.
A primeira pergunta seria: qual seria a inflação que teríamos sem esta guerra?
A segunda questão é: quanto desta inflação é devido à criação desenfreada de dinheiro?
Também temos a lei Sapin 2:
Com a possibilidade de congelar (até 6 meses) ou limitar os levantamentos de uma conta corrente ou de uma conta poupança bancária em caso de crise financeira que ameace a estabilidade do sistema financeiro.
E a lei europeia BRRD que autoriza a apreensão de contas bancárias de particulares.
Taiwan 50% dos chips convencionais e 80% dos chips avançados.
Sistemas antimísseis israelitas nos emirados e mísseis hipersónicos iranianos(?).
E a Rússia é energia, mas também matérias-primas.
Os EUA estão a travar uma guerra contra o mundo inteiro e nós estamos nela. O pior é que nem toda a gente vê isto e são aqueles que não o vêem que nos estão a levar para dentro dele, no fundo. Ou, se o perceberem, então são traidores corruptos que jogam nas mãos do inimigo mascarado.
Finalmente! As pessoas estão a acordar!
Uma guerra de todos contra todos é o que eles querem esconder todos os seus delitos como sempre.
Quem terá a inteligência para não aderir aos seus esquemas desta vez?
Em suma, Rússia e China têm tudo: energia, tecnologia, trabalho. Nós não temos nada, excepto agricultura (não por muito tempo) e monumentos e aldeias antigas. O plano de poupança é bom para um mês mas para anos? O pouco que nos resta será aniquilado pela ascensão dos novos BRICS. Iremos experimentar o que os países da Europa Oriental experimentaram …. pobreza, ditaduras e insegurança.
Uma classe política inteira a ser despedida (ou pior) uma administração tentacular inteira a ser desconstruída para manter o essencial. Uma Europa a ser relançada no Zero , isto é o que vai acontecer… Quem vai dar o sinal. O exército está sob as ordens da Nato, o que proporciona boas carreiras.
De Gaulle compreendeu há muito tempo os riscos que os EUA representavam para a Europa!
Os russos prepararam-se para esta eventualidade mais rapidamente do que tinham previsto. Desde a Segunda Guerra Mundial, os crimes de guerra dos EUA têm sido inúmeros, e pode-se comparar as guerras travadas pela Rússia ou pela China com as travadas pelos EUA. Não há comparação! Se houver uma terceira guerra mundial, será pela América ou por causa dela! E mesmo que com eles lutássemos a terceira guerra mundial, mesmo que fosse nuclear; americanos, europeus, ingleses, australianos juntos, representam apenas dois mil milhões de pessoas contra o resto do mundo, o que representa seis mil milhões de pessoas! O que faremos quando houver apenas alguns milhões de contra os poucos biliões restantes? O povo pró-União Europeia será, como hoje, os perus na floresta! E como de costume, serão as pessoas que pagarão o preço! Motivo para querer esta UE para deixar a NATO (que já não é relevante), para deixar a CEDH, para deixar a ONU, sendo estes organismos demasiado corrompidos pela América…! Nunca houve qualquer razão para lutar com o vizinho nem para ser incapaz de negociar com ele quando fica em casa e o respeita. Não importa o seu tamanho!
Então, pergunta é: Como se defende o modelo capitalista americano contra os chineses (ou outros), sem taxas de juro? Porque, sem crescimento (e já quase não pode haver crescimento espectacular), as taxas não são sustentáveis: excepto fazendo batota com um grande esquema Ponzi, possivelmente impulsionado por uma IA da Silicon Valley. Ao acenar com uma hipócrita restrição climática através dos meios de comunicação social para que a queda do nível de vida se chame sobriedade energética e não a inflação muito menos sensual dos preços dos alimentos?
Para aprofundar este assunto, recomendo o livro de William Engdahl: A Century’s War – The Anglo-American World Order…
Trabalho edificante sobre a guerra do petróleo
Os números sobre covid que citei anteontem, às 5:24 am, foram tirados do site Worldometers, que consulto quase desde o início da pandemia. Os dados sempre me pareceram rigorosos, nomeadamente porque os que lá apareciam sobre Portugal estavam em sintonia com os fornecidos pela DGS portuguesa. No entanto, verifiquei há pouco que, no que respeita à China, há uma enorme discrepância entre os números do Worldometers e os da Organização Mundial de Saúde. À data de ontem, as diferenças são as seguintes:
China
Worldometers / OMS:
Total de casos: 307.802 / 9.626.714
Novos casos: 3709 / 19.130
Total de mortes: 5233 / 30.166
Novas mortes: 1 / 45
No seu site, a OMS afirma que os números que apresenta são os fornecidos pelas autoridades de Saúde dos países a que dizem respeito (“The WHO coronavirus (COVID-19) dashboard presents official daily counts of COVID-19 cases, deaths and vaccine utilisation reported by countries, territories and areas.”). Assim, não entendo por que motivo as autoridades chinesas forneceriam à OMS números muito mais elevados do que os apresentados pelo Worldometers, já que, teoricamente, teriam até interesse em minimizá-los. De qualquer modo, na comparação China/EUA, as diferenças continuam abissais, com umas enormes orelhas de burro para o “império do bem”. Com os dados da OMS no que respeita a China e EUA, e multiplicando os números dos EUA por 4,3 (ou seja, os que os EUA teriam se a sua população fosse a mesma da China), o quadro resultante é o seguinte (números de ontem):
China / EUA
Total de casos: 9.626.714 / 417.231.171 (97.030.505 x 4,3)
Novos casos: 19.130 / 0
Total de mortos: 30.166 / 4.588.629 (1.067.123 x 4,3)
Novos mortos: 45 / 0
Estranhei, no entanto, que a OMS afirmasse, como atrás se vê, que ontem, nos EUA, houve 0 (zero) novos casos e 0 (zero) novas mortes, pelo que há bocado consultei o site de novo. A informação de hoje diz-nos o mesmo, no que respeita a novos casos e novas mortes: zero para os dois itens. Porém, no mesmo quadro, somos informados de que o total de casos acumulados, à data de hoje, é de 97.329.491. Como ontem eram 97.030.505, conclui-se que, de ontem para hoje, houve nos EUA mais 298.986 casos de covid, o que é “um pouco” diferente de zero. Contradição do mesmo calibre quanto ao número de mortos nas últimas 24 horas. Por um lado, diz-nos a OMS que não houve nenhum. Por outro, diz-nos que o número de mortos acumulados à data de hoje é de 1.069.757, quando ontem dizia que eram 1.067.123, o que significa mais 2634 mortos por covid, nos EUA, de ontem para hoje.
Francamente, já não sei em quem ou no que confiar, mas as contradições chocantes no site da OMS deixam-me com a pulga atrás da orelha, sabendo nós como muitos organismos internacionais teoricamente isentos, como a própria OMS, a Agência Internacional de Energia Atómica e outros, da ONU e sem ser da ONU, estão há muito capturados pelo império e sua criadagem indígena, com diligentes sipaios em todos os continentes.
Bom esclarecimento, ó Camacho! 🙂
Obrigado, amigo. Chateia-me meter a pata na poça, mas por vezes não há como evitar.