Os «nossos valores» sequestrados

(José Goulão, in AbrilAbril, 06/10/2022)


Não é opção, é uma ordem «baseada em regras»: a lei do «excepcionalismo» de âmbito planetário gerido pela única nação «indispensável». E dizem os comentadores autorizados que não existe imperialismo.


Os nossos dirigentes, tanto os que têm envergadura imperial como os seus súbditos, para quem a soberania nacional é coisa arcaica própria de mentes estagnadas, repetem sem descanso, martelando a cabeça dos cidadãos como no método tradicional de ensino da tabuada, que agimos em função dos «nossos valores partilhados». Nós, o garboso Ocidente, senhores do planeta e dos espaços siderais por mandato divino e usucapião fundado em séculos de expansão e extorsão, assim administrando a «civilização».

«Nossos valores partilhados» nas bocas dos fundamentalistas ocidentais é todo um programa de dominação, um conceito de ordem mundial assente num único poder centralizado com ambição a tornar-se global e incontestado.

Se olharmos o mundo à nossa volta nestes dias assustadores, equipados com lucidez, independência de raciocínio e dose cada vez mais elevada de coragem, concluiremos que a aplicação desses «valores» – a palavra certa é imposição – funciona como um gigantesco exercício de manipulação que transforma princípios universais, humanos, inquestionáveis e comuns a muitas e diversificadas culturas num poder minoritário, de índole mafiosa e níveis de crueldade que vão da mentira institucionalizada à generalização da guerra, passando pelo roubo como forma de governo e de administração imperial/colonial. A este aparelho que pretende impor uma realidade paralela àquela em que vivemos chama-se «ordem internacional baseada em regras», um catálogo de normas de comando voláteis, casuísticas, não escritas e a que todo o planeta deve obedecer cegamente, sem se interrogar nem defender.

«Ordem internacional baseada em regras» é o código imperial que veio soterrar o direito internacional e transformar as organizações mundiais que devem aplicá-lo em órgãos que rodopiam à mercê das «regras» de cada momento, manipulados, desvirtuados e instrumentalizados segundo as conveniências do funcionamento da realidade paralela.

Liberdade e democracia

Poucos princípios preenchem tanto as prédicas dos dirigentes mundiais e seus apêndices às escalas regional e nacional do que liberdade e democracia.

Uma liberdade para expandir globalmentee, porém com uma definição muito específica e padrões limitados pelas «regras» da única ordem internacional permitida.

A liberdade prevalecente, e que condiciona todas as outras, acaba por ser a da propriedade privada e da inexistência de restrições ao funcionamento do mercado. Todas as restantes alavancas que devem fazer funcionar o mundo assentam neste princípio inquestionável que faz da justiça social uma aberração, transforma em servos a grande maioria dos seres humanos, converte as organizações internacionais e a generalidade dos governos nacionais em instrumentos dos casinos financeiros e das oligarquias económicas sem pátria, fronteiras ou limites comportamentais. Uma liberdade condicionada pela ditadura do lucro e a vassalagem ao dinheiro.

Este conceito dominante de liberdade, a liberdade de extorsão própria da realidade em que de facto vivemos, é desde há muitos séculos um alicerce da «civilização» ocidental – a única reconhecida para efeitos de relações internacionais. A ordem «baseada em regras» é extremamente exigente e vigilante em relação a esta mãe de todas as liberdades e, se necessário for, não hesita em recorrer à guerra para a restaurar lá onde estiver ameaçada.

Com a democracia acontece mais ou menos a mesma coisa. Só existe um único formato que permite instituir o «poder do povo», mesmo que depois o povo em nada se identifique e beneficie com a interpretação da sua vontade que dela fazem os eleitos. É mais ou menos assim, segundo o padrão «representativo» determinado pelo Ocidente: de em x anos criam-se festivais ditos políticos onde vigoram a violação tácita da igualdade de exposição de opiniões, a manipulação da informação e das chamadas «sondagens» e a divisão ostensiva e «institucionalizada» entre os partidos com «vocação para governar» e os outros; ensinados assim a «decidir», as maiorias de eleitores escolhem em «liberdade» os seus preferidos, garantidamente aqueles aplicam a doutrina oficial «democrática», nestes tempos o capitalismo na sua arbitrariedade plena, o neoliberalismo.

Exemplo desta democracia no seu grau máximo de evolução é a União Europeia: neste caso os cidadãos nem precisam de «escolher» os dirigentes máximos da organização, simplesmente nomeados para não haver erros nem desvios à doutrina governativa oficial e única; e supondo que os eleitores «escolhem» directamente o Parlamento Europeu, este tem poderes limitados para não perturbar o trabalho arbitrário dos não eleitos ao serviço dos seus patrões.

Quanto aos Estados Unidos, o paradigma democrático a que deve obedecer-se num mundo unipolar, a escolha imposta aos cidadãos limita-se a dois aparelhos mafiosos de poder que agem em formato de partido único. Sendo esta a democracia que funciona como farol, segundo as sentenças abalizadas dos mestres da opinião única, todas as outras devem seguir tendencialmente o mesmo caminho. Não é opção, é uma ordem «baseada em regras»: a lei do «excepcionalismo» de âmbito planetário gerido pela única nação «indispensável». E dizem os comentadores autorizados que não existe imperialismo.

Daí que os praticantes da democracia ocidental, a única, tenham ainda como missão fiscalizar os exercícios democráticos através do mundo. Por isso a União Europeia, por exemplo, arroga-se o direito de «aceitar» ou não os referendos nos quais as populações do Donbass decidiram juntar-se à Rússia.

Trata-se, afinal, de aplicar o princípio de reconhecer as eleições e consultas populares que dão o resultado pretendido pelo Ocidente e rejeitar as outras cujos eleitores decidiram de forma não tolerada pelos vigilantes da ordem internacional, como se tivessem violado as «regras» mesmo cumprido os mecanismos processuais das votações instituídos como únicos. É à luz desse entendimento discriminatório que os Estados Unidos e os seus satélites não reconhecem resultados eleitorais na Venezuela, na Nicarágua, na Rússia, por exemplo, mas assinam por baixo a legitimidade de fraudes como nas Honduras, de golpes como no Brasil, Paraguai, Bolívia, Ucrânia, Paquistão (só alguns dos mais recentes) ou a designação como presidentes de indivíduos que nem sequer concorreram a eleições – o caso de Juan Guaidó na Venezuela. 

A democracia ocidental é, como se prova, bastante elástica em casos que chegam a roçar o absurdo e muito restritiva no reconhecimento de actos eleitorais legítimos, porém menos convenientes para os interesses dos «excepcionalismo». É uma questão de exercício do poder internacional que o Ocidente julga possuir à luz de «regras» casuísticas determinadas consoante os interesses de uma «civilização» que não envolve mais de 15% da população mundial.

Recorrendo a exemplos muito actuais, eis como a «democracia ocidental» é peculiar no próprio Ocidente. Robert Habeck, ministro da Economia da Alemanha, colosso cada vez mais reduzido a um tapete de Washington, garante que não lhe interessa a opinião do eleitorado, o essencial é que a Rússia seja derrotada pela Ucrânia. E Josep Borrell, o «ministro dos negócios estrangeiros» da União Europeia, que ninguém elegeu, determina que os cidadãos europeus «têm de pagar o preço» necessário para «derrotar a Rússia». Ora aqui estão «regras» que corrigem a própria democracia padrão.

O mesmo Borrell, espanhol e também socialista, é claríssimo na interpretação dos «nossos valores partilhados». Considera que na vida internacional há, evidentemente, «dois pesos e duas medidas»: os nossos, os «correctos», e os dos outros, atributos daquilo que George W. Bush qualificou como «a barbárie».

Direitos humanos

Pedra de toque dos «nossos valores partilhados», os direitos humanos traçam a grande fronteira entre o Ocidente «civilizado» e os outros – 85% da população mundial.

Direitos humanos são, por sinal, valores que ilustram a preceito a tese de Borrell sobre dois pesos e duas medidas: nós sabemos o que são direitos humanos, os outros não.

Os principais acontecimentos da actualidade permitiram até refinar o conceito de direitos humanos a partir da clarificação entre seres humanos e entes sub-humanos – distinção baseada nas práticas de Volodimyr Zelensky, por sua vez inspirada nos conceitos purificadores de Stepan Bandera e seus pares, pais e heróis do regime ucraniano de Kiev, no seu tempo colaboradores dos nazis alemães em massacres de dezenas de milhares de seres humanos – talvez deva escrever-se sub-humanos.

As nações europeias dançam a música tocada por Zelensky segundo partitura das «regras» de Washington, para que os russos do Donbass e os russos em geral, sub-humanos por definição dos nazis que mandam em Kiev, sejam devidamente sacrificados tal como vinha a acontecer, metodicamente, como resultado de uma guerra iniciada há oito anos.

A «democracia ocidental» apostando o que tem e não tem, a própria vida dos cidadãos por ela regidos, para que um regime nazi liquide sub-humanos é um cenário apropriado para quem defende os direitos humanos acima de tudo? É o aval para a conversão do nazismo à democracia ou, antes de tudo, a demonstração de que a «democracia ocidental» segue na direcção do inferno do fascismo? O que nada tem de ilógico, pois foi o fascismo que embalou no berço a ditadura neoliberal que dá forma ao regime financeiro-económico-político dominante em termos internacionais, exercido com ambições globalistas e totalitárias e que, em última instância, dita a «ordem internacional baseada em regras».

Governantes, comentadores, analistas e outros formatadores da opinião única incomodam-se quando, a propósito da situação no Donbass, se recordam as atrocidades cometidas pelos Estados Unidos e a NATO, ou respectivos braços mais ou menos informais, nas guerras – algumas delas «humanitárias» – levadas até à Jugoslávia, Afeganistão, Iraque, Somália, Líbia, Síria, Iémen. Sem esquecer o caso exemplaríssimo do Kosovo, onde os Estados Unidos e a União Europeia praticaram uma secessão territorial sem qualquer consulta às populações envolvidas e entregaram o governo a terroristas fundamentalistas islâmicos especializados em múltiplos tráficos, todos eles rigorosamente respeitadores dos direitos humanos, como está comprovado.

E que autoridade têm os que condenam a anexação do Donbass, com o presidente norte-americano à cabeça, os mesmos que são cúmplices da anexação de quase toda a Palestina e territórios sírios por Israel, do Saara Ocidental por Marrocos, que esfacelaram o Iraque e a Líbia, que roubam ouro e milhões de milhões de dólares ao Afeganistão, à Rússia, à Venezuela, à Líbia, sem esquecer o petróleo da Síria?

Na sequência natural da definição dos padrões únicos e civilizacionais dos direitos humanos surgem outros direitos tão ou mais invocados como sagrados, por exemplo o de opinião, o de expressão, o respeito pela privacidade de cada um, a liberdade de informar e ser informado.

A situação actual é rica em exemplos de como a «democracia ocidental», o mundo baseado «em regras» e a partilha dos «nossos valores» andam de mãos dadas com o cinismo, a hipocrisia, a mentira pura e simples e o desrespeito pelo ser humano (para já nem falar nos sub-humanos).

A pressão sobre as opiniões e a liberdade de pensar torna-se cada vez mais asfixiante, intolerante, adquirindo contornos inquisitoriais. Regra geral, a partir sobretudo da implantação do neoliberalismo durante os últimos 40 anos, as opiniões dissonantes da verdade única e tolerada foram desaparecendo da comunicação social, dos espaços de debate público, das instituições de ensino.

O que é silenciado não existe, o comum dos mortais habituou-se a viver com os conceitos que recebe de enxurrada, quase sem tempo para pensar, se tiver preocupação e cuidado em não perder o hábito de fazê-lo. A individualidade, a faculdade de pensar fundiram-se e dissolveram-se no interior de um imenso rebanho de repetidores de verdades absolutas e incontestáveis que, não poucas vezes, agridem e alienam a sua condição de cidadãos livres e com direitos.

O processo não é estático – evolui no pior sentido, o da agressão de um direito essencial do ser humano, que é o de pensar pela própria cabeça e partilhar as reflexões e conhecimentos com os outros. Os acontecimentos acuais, designadamente a guerra na Ucrânia e o envolvimento profundo e cúmplice do Ocidente institucional no apoio ao regime de inspiração nazi de Kiev, transformou a estratégia de silenciamento das opiniões dissonantes numa perseguição de índole totalitária. Pensar de maneira diferente tornou-se um delito, uma colaboração com entidades maléficas, um atrevimento inaceitável e, por isso, submetido a difamações, ameaças de agressão e às mais rasteiras calúnias públicas. Enquanto a comunicação social se tornou refém da propaganda terrorista.

Nesta «civilização cristã e ocidental», incapaz de cortar o cordão umbilical com o imperialismo e o colonialismo, sobrevivem reconhecidamente os resquícios inquisitoriais. Que se afirmam com veemência crescente ao ritmo de uma fascização que os horizontes não afastam.

Neste contexto, os «nossos valores partilhados» são cada vez mais instrumentos para criação de uma ficção que arrasta perversamente os seres humanos em direcções contrárias aos seus próprios interesses.

Trata-se de uma armadilha que é, ao mesmo tempo, um esforço desesperado para tentar impedir o fim da era do poder unipolar, que parece inevitável – mas pode ser travado por uma guerra de proporções e consequências catastróficas.

Os «valores partilhados» autodefinidos como um distintivo da pretensa superioridade humanista e civilizacional do Ocidente, e que são fundamentos da arrogância de pretender dar lições a outros povos, culturas e civilizações, são, afinal, universais; não têm donos, proprietários, muito menos polícias e esbirros. E as civilizações não estão hierarquizadas: classificá-las num qualquer ranking entre bondade e maldade, legitimidade e ilegitimidade, correcção e erro é um perigoso jogo de cariz xenófobo – o que parece incomodar cada vez menos os orgulhosos, prepotentes e fundamentalistas praticantes e adeptos da suposta superioridade ocidental,

De facto, no Ocidente esses tão invocados «nossos valores partilhados» estão sequestrados, pelo que é fácil subvertê-los e usá-los perversamente como instrumentos para ludibriar e neutralizar o espírito crítico da grande maioria dos cidadãos.


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11 pensamentos sobre “Os «nossos valores» sequestrados

  1. Ursula La Hyena é um engodo americano.

    Desde que nos concentremos nela, esquecemos a fonte do poder a que ela cede traindo os interesses europeus.

    Qualquer hiena com os genes de um cão cacareja como obedece ao seu dono ao impor-se sobre a besta.

    Graças à Úrsula, a Europa chegará ao fim. É da natureza das hienas acabar com os animais feridos. Os abutres acabam os restos mortais. Os vermes alimentam-se do esqueleto.

    Uma vez removidos os ossos, a Europa pode ser preservada no Museu.

    Um pequeno guia turístico à entrada irá contar-lhe em inglês sobre a queda desta civilização avançada.

    A Sra Van der leyen está a levar-nos directamente ao confronto, mas não é ela que irá à frente para a batalha, como sempre, a guerra é o massacre de pessoas que não se conhecem, em benefício de pessoas que se conhecem e não se massacram umas às outras.(paul valery)

    Von der Leyen, como procônsul dos EUA, está a fazer bem o seu trabalho, porque se há uma área em que a lei europeia fez progressos, é esta, mas como é contrária aos interesses do capital dos EUA, é abandonada sem qualquer outra forma de julgamento e, sobretudo, sem fazer muito barulho, apesar dos enormes interesses económicos…
    Uma verdade inegável permanece: o pequeno Israel ou a Turquia de média dimensão têm mais influência política do que 447 milhões de europeus. A submissão ao império americano é agora total e completa, só temos de esperar pelo Inverno, num contexto de desvalorização do euro, pauperização acelerada, privatização de sectores públicos, encerramento de empresas não rentáveis e desemprego em massa devido à escassez de energia, tudo isto em benefício dos accionistas do outro lado do Atlântico. A lavagem ao cérebro sobre a Ucrânia e a manipulação ilimitada por medo terão superado toda a racionalidade. RIP Europa.

    Decifrar a primeira página da revista TIME em Janeiro de 2022 e tem a data do colapso:
    23 de Março de 2023
    Tudo é anunciado nesta capa com antecedência, para os iniciados do Grande Reset..

    Não quero a guerra, mas não vejo como podemos evitá-la face aos métodos de engenharia social do Ocidente, dos quais uma grande parte dos ocidentais são eles próprios vítimas.

    Este tecnocrata não foi eleita por nós.

    A Europa serve apenas os interesses de uns poucos seleccionados, convém-lhes pôr em prática um incompetente que não tem legitimidade.

    Sim, especialmente porque o seu “poder” não é legítimo, não tem mandato do povo nem base jurídica para conduzir a Europa à guerra, tomar medidas contra a Rússia ou ameaçar um Estado soberano se não gostar do resultado das eleições….. quanto mais ilegítima for uma potência, mais autoritária tende a tornar-se..

    Apoio todos aqueles que procuram a paz e especialmente a sua prática, mas é importante saber que a maioria dos chamados movimentos populares de insurreição são financiados e apoiados pela CIA. Isto chama-se guerra assimétrica ou como utilizar cidadãos comuns cheios de boa vontade para servir objectivos ocultos estrangeiros.

    Basicamente, não se pede aos cidadãos europeus a sua opinião sobre questões tão sensíveis. Não será isto uma típica negação da democracia?
    Cada vez mais esta senhora age de forma independente e impõe as suas escolhas, ignorando a opinião dos cidadãos (não me atrevi a escrever assuntos)…
    O resultado é que passei de europeu convicto a um verdadeiro desejo de deixar esta União Europeia, o que me desilude profundamente. Já não confio naqueles que o dirigem, nem no seu funcionamento.

    A UE sairá da crise ucraniana laminada, para grande benefício dos EUA.
    Como poderia ser de outra forma com políticos (no topo em particular) que agem como agentes americanos, que vivem como cidadãos americanos, que querem modelar a nossa cultura na sua, que insultam o nosso país a partir do estrangeiro?

    “Os americanos, nossos grandes amigos”, estão a vender-nos gás a um preço elevado, tirando partido disso para roubar os nossos dados, enquanto nos separaram dos russos durante muito tempo e mantêm o conflito ucraniano a fim de alterar o poder russo. Este conflito marca o fim da UE, do Euro, e da potência industrial do continente … Em 5 anos seremos uma potência agrícola e turística sob o protectorado americano …

    A América afasta-se virtuosamente, avança com as suas instituições “democráticas”, dá a ilusão de um debate livre. O objectivo, contudo, é afastar os artistas e intelectuais europeus do seu anticonformismo individualista. O gratificante e gratificante enquadramento de grupo cria uma conformidade que não é sentida como tal.

    Nesta fase, eles não proclamam a sua superioridade cultural e escondem a origem da influência e do maná financeiro. Apresentam-se modestamente como garantes da liberdade destes círculos “internacionais, livres, democráticos”. A influência através da rede é um sucesso.

    • Só por curiosidade, tem factos ou argumentos para contrapor? Foi o que me pareceu…. O cheiro a fel detecta-se tão bem como o vácuo argumentativo.

      • Parece-me que entendeu mal o meu comentário, que é de total concordância com o texto do José Goulão. Lamento que a ironia tenha sido entendida em sentido diametralmente oposto ao pretendido.

        • Peço desculpa então de me ter escapado a ironia e da alfinetada. De tanto apanhar com fundamentalistas da “verdade oficial”, a reação já se vai tornando menos ponderada. Mea Culpa.

          • Não levei a mal, porque a sua capacidade de indignação só prova que está acordado, o que é uma mais-valia em época de borregos dorminhocos. Um abraço.

  2. Alexandre, o Grande, o da Macedónia, conquistou tudo o que existia a Ocidente, e, em transe, veio-lhe a vontade de conquistar o Oriente.
    Le petit Napoleon, (os dirigentes franceses sempre enormes), conquistou quase tudo a Ocidente e então proclamou que a Glória, se conquistava a Oriente.
    O pau mandado Hitler foi até onde quis a Ocidente e depois dispôs-se a salvar a civilização e conquistar a Glória,, no Oriente, enquanto os comparsas aguardavam, quietos, o resultado da lide.
    Mr, Biden, na ânsia de hidro-carbonetos, obriga o pau mandado a fazer tais exigências e renúncias do que assinara, que levam o 2º outorgante a exigir o cumprimento do tratado. Mr. Biden acha que vai encontrar a Glória, a Oriente, e não lhe falem do Afganistão.
    A História não se repete, mas rima.
    Ou será, de facto, uma farsa, à quarta repetição ?

    • Percebo o ponto de vista mas acho injusto a comparação com Alexandre O Grande.
      Esse unia povos, respeitava a diversidade cultural e étnica, desenvolvia de facto a civilização. Era através da guerra e da conquista? Pois, mas era assim em todo o lado naqueles tempos.

      Já o actual império, de Biden, Trump, e companhia, nada tem de grande a não ser a arrogância e xenofobia. Como o José Goulão muito bem escreve, é um império que se dedica a destruir o que é diferente, e a impor uma visão única.

      E enquanto Alexandre o Grande foi até à Índia, o inpério das mentiras não passou sequer do Afeganistão, e há muito boa gente especialista no assunto que diz que na Síria foi derrotado ainda mais depressa.

      E enquanto Napoleão ainda chegou a Moscovo (o que viria a ser a sua desgraça e norte de mais de meio milhão de escravos tornados soldados do “grand armée”, o actual império das mentiras nem sequer chegou a Minsk, e foi travado assim que tentou atravessar o Dnieper.

      E enquanto Napoleão tem a “desculpa” da época em que viveu, os que agora apoiam Nazis e matam civis no Donbass não têm desculpa nenhuma. Nem na Ucrânia nem em lado nenhum, da Sérvia à Palestina, de Cuba ao Vietname. O império ocidental está podre e nunca teve mais do que podridão. Tem de cair, para bem da esmagadora maioria do Mundo.

      E a Europa tem de abrir os olhos e salvar-se, tornando-se independente dos EUA, desmantelando a NATO, e voltando ao modelo de cooperação entre Estados soberanos que tão bem (ou pelo menos melhor) funcionou antes da ditadura do €uro. E o facto de nessa altura a CEE não ter no seu seio os maluquinhos da Polónia e da troika do Báltico também é um factor importante.

      E desta vez há algo que não tinha havido antes na história: uma unidade cada vez maior dos não-ocidentais. Os BRICS+ crescem, a SCO cresce, e até a Turquia pode um dia destes sair da NATO para lá entrar.
      Na América do Sul há união na revolta contra a OAS.
      Em África nem querem ouvir falar do Zelensky, do Macron ou dos restantes porcos imperialistas.
      Na Ásia cresce a influência da China, que une pela cooperação em vez da força.
      E todos estes (e mais alguns) recusam a cada vez mais abertamente a imposição da “rules based world order”.
      Se isto é mesmo o início do Mundo Multipolar, será então também o fim dos tristes exemplos de expansão Ocidental em busca de Glória.
      E isso merece celebração!

  3. Só para a risota :
    E os 80 ,oitenta aviões Rafale que a França do petit Pétain ia vender aos Árabes ?
    Os USA tramaram~lhe o negócio e ainda assim os norte-americanos são os maiores, para os gauleses!
    Volta,Obélix, traz um bidão de poção mágica !

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