União Europeia: uma experiência globalista falhada

(Eamon McKinney in Strategic Culture, 22/09/2022, trad. Estátua de Sal)

Com o rápido aumento do custo de vida e a perspetiva de um inverno sem calor, a raiva na União Europeia contra os governos nacionais está rapidamente a chegar ao ponto de rutura.


A unidade europeia sempre foi um conceito questionável entre um grupo de diversos países que historicamente nunca se amaram e sempre desconfiaram uns dos outros. A força dessa unidade sempre questionável está agora a ser testada à medida que a UE enfrenta o seu maior desafio. O entusiasmo inicial entre os líderes da UE pelo conflito com a Rússia diminuiu consideravelmente nos últimos meses, à medida que a realidade da sua guerra ridícula e autodestrutiva contra a Rússia lhes continuou a sair pela culatra virando-se espetacularmente contra eles.

Com o longo e quente verão europeu agora para trás, os cidadãos da Europa estão a levantar-se massivamente em protesto contra os seus governos. Enquanto os líderes nacionais continuam a dar lições ao seu povo sobre os sacrifícios necessários que devem fazer para apoiar a Ucrânia, cada vez menos cidadãos concordam com eles. Com o rápido aumento do custo de vida e a perspetiva de um inverno sem calor, a raiva contra os governos nacionais está rapidamente chegando ao ponto de rutura. 

Alemanha, França, República Checa, Áustria e Itália testemunharam imensas manifestações furiosas que estão a causar sério pânico aos governos. Acresce que muitos estão a tentar retroceder procurando soluções fora das diretrizes da EU:  a Hungria e a Sérvia recusaram-se a seguir a linha dominante e garantiram os seus interesses energéticos recorrendo à Rússia.

A Alemanha foi o principal beneficiário económico da UE e usou a sua considerável influência para impor condições adversas aos estados mais fracos da UE, Grécia, Irlanda, Itália, Portugal e Espanha em particular. Compreensivelmente, esses países estão agora relutantes em compartilhar as suas reservas de energia com um país que mostrou pouca compaixão por eles após a crise financeira de 2008. As indústrias alemãs beneficiaram dos baixos custos da energia russa durante anos, o que contribuiu muito para sua competitividade global. E estavam ansiosas pelo pipeline Nord Stream 2, até que os EUA intervieram e forçaram o seu cancelamento. Agora, os grandes consumidores de energia alemães estão a implorar ajuda ao governo para evitar a falência. O setor manufatureiro, outrora dominante e pujante, está a enfrentar a destruição completa, a menos que uma rápida reaproximação com a Rússia ocorra. Mas mesmo nesse evento improvável, o dano à economia alemã já está feito e qualquer recuperação pode levar anos.

Numa palestra amplamente publicitada, a ministra das Relações Exteriores da Alemanha, Annalena Baerbock (que, sem surpresa, é outra graduada do Fórum Economico Mundial) disse que permanecerá com a Ucrânia independentemente do que os eleitores alemães pensem. Uma tradução mais honesta seria que ela está de acordo com a agenda dos Globalistas do FEM e que os interesses do povo alemão não são levados em consideração. Se ela se importasse com o povo ucraniano ou alemão, estaria a tentar parar a guerra, mas a paz e a preservação das vidas europeias não são os seus objetivos. Por mais repulsiva que seja a sua declaração, ela foi o eco exato dos sentimentos de todos os líderes da UE, e ela representa um dado eleitorado. Mas esse eleitorado não é o povo alemão, são os interesses globalistas.

Um exemplo de quão ridiculamente inepta e distante da realidade é a UE, decorre da exigência de impor um teto de preço para as importações de energia russas. Como é que acham que a Rússia responderá a isso exige que nós demos crédito ao pensamento lógico: a Rússia simplesmente interromperá todo o fornecimento de energia. Muitos, como o francês Macron, pediram um teto de preço para todas as importações de energia, não apenas as russas. Embora os EUA concordem com um teto no preço europeu para a energia russa, opõem-se fortemente a ele nas importações de energia dos EUA. A destruição do seu valioso amigo e aliado, a Europa, é boa para os EUA, desde que para lá flua sempre um dinheirinho…

Enquanto os cidadãos cada vez mais irritados exigem que os governos coloquem os interesses nacionais acima dos interesses da Ucrânia, eles estão, contudo, a ser ludibriados e a colocar mal o problema. Os interesses da Ucrânia nunca foram levados em consideração; o conflito sempre foi decorrente da obsessão dos EUA destruírem uma Rússia em ascensão. O povo da Ucrânia é apenas um dano colateral naquilo que é, essencialmente, apenas mais uma guerra de banqueiros na defesa dos interesses das potências financeiras globalistas. Como os europeus estão a começar a entender tardiamente, eles também estão a ser considerados como danos colaterais na promoção dessa agenda globalista. Nenhum dos líderes europeus tem soluções para a crise para a qual conduziram com tanto entusiasmo os seus países há apenas alguns meses. Chuveiros frios e racionamento de energia espartano não são as soluções que as pessoas querem ouvir para os problemas. Pregar que eles devem sacrificar o seu futuro pela Ucrânia funciona melhor nos meses quentes de verão do que no iminente inverno frio e muito frio da Europa. Os chavões dos líderes fantoches de Klaus Schwab não vão mais aplacar o povo europeu com fome e com frio. 

Um inverno brutal de descontentamento é inevitável para a Europa, à medida que as temperaturas caírem; o calor e a raiva aumentarão contra políticos que venderam os interesses dos seus países aos globalistas. Podemos esperar ver governos em queda em toda a Europa à medida que a raiva pública se tornar incontrolável. 

O pânico não está sendo sentido apenas nos círculos europeus; os EUA também estão profundamente preocupados com a força da unidade europeia, ou melhor, com a falta dela. Biden em mais de uma ocasião pediu aos europeus que permaneçam unidos na sua guerra por procuração contra a Rússia. Biden está preocupado que qualquer desvio de suas sanções contra a Rússia cause uma divisão no bloco. Um raro momento de clareza do senil presidente dos EUA. Os EUA estão a acompanhar de perto a agitação na Europa. Ao examinar os resultados dessa ação, pode-se notar que, enquanto as fraturas entre os líderes fantoches ocidentais estão de facto a aumentar, a unidade entre os povos das nações europeias está a fortalecer-se à volta de uma causa comum. O recente protesto dos agricultores na Holanda foi apoiado por agricultores de todas as nações europeias numa demonstração de verdadeira unidade contra a agenda globalista. Um movimento unificado transfronteiriço e antigovernamental não é a unidade europeia que Biden ou os belicistas da OTAN tinham em mente. Eles descobrirão que controlar políticos corruptos da Europa Globalista é mais fácil do que controlar milhões de cidadãos raivosos, frios e famintos.

Demonizar Putin como o autor de todos os problemas da Europa pode ter funcionado no início do conflito, mas já não funciona mais. Nenhuma das muitas manifestações testemunhadas foram dirigidas a Putin ou à Rússia; o alvo da ira é firmemente contra os governos que venderam a soberania de suas nações a uma elite globalista/americana. É provável que Putin seja mais popular entre os europeus do que os fantoches incompetentes que conduzem os seus próprios países para a lixeira. Embora Putin tenha interrompido o fluxo de energia para a Europa, ele ainda tem mais cartas para jogar. Urânio, fertilizantes e alimentos, entre muitos outros itens essenciais, ainda são fornecidos para a Europa, por enquanto. A destruição da Europa não é do interesse da Rússia, Putin não culpa o povo, ele apenas espera que o povo acorde e reconheça o seu verdadeiro inimigo.

Os próximos meses serão um período de imensa turbulência na Europa, um grande sofrimento é inevitável para milhões de pessoas sacrificadas pelos seus governos no altar da globalização. Quanto tempo a UE se pode manter unida é a grande questão, ainda que poucos ficariam tristes ao ver seu fim. O que muitos consideraram um empreendimento nobre, agora ficou claro ser apenas uma instituição antidemocrática que responde não ao povo, mas a uma oligarquia corporativa que não responde aos desígnios de nenhuma nação. 

Assim, da tragédia que é o conflito ucraniano, algo de bom ainda pode surgir. Se os países europeus puderem restaurar a sua soberania nacional saindo da UE amplamente desprezada, eles libertar-se-iam do controle globalista e seriam livres para prosseguir pacificamente os seus próprios interesses nacionais legítimos. 

E isto da forma que a maioria dos europeus optasse por ser empreendida. Movimentos fortes de “saída” existem em todos os países membros há anos, o movimento da Itália e da Holanda em particular teve grande apoio público. O “Brexit” do Reino Unido mostrou que tal pode ser feito apesar da imensa propaganda anti-Brexit, num referendo, o povo votou pela saída. À luz dos eventos mais recentes, um referendo sobre a saída da UE provavelmente teria sucesso na maioria dos países.

A UE é uma experiência globalista fracassada, nunca ofereceu mais do que a pretensão de uma verdadeira democracia, no topo não eleito, sempre foi uma tecnocracia de funcionários corporativos escolhidos a dedo. Destruiu as economias de todos os seus membros por incompetência e corrupção. Isso causou o caos e a agitação social nas comunidades ao forçar a imigração em massa em vários países. Interferiu nos assuntos internos dos estados membros muito além de quaisquer poderes que lhes foram concedidos. Ousou escrever novas leis que tomam a primazia sobre o sistema de justiça próprio das nações. Criou novas camadas absurdas de burocracia e regulamentações que tornam as empresas europeias amplamente não competitivas globalmente. Agora é dominada pelo WEF e pelos lacaios de Klaus Schwab, que estão a promover a Grande Reinicialização e consideram o conflito na Ucrânia como um passo para isso. Declarações como as proferidas por Annalena Baerbock revelando onde se encontram ancoradas as suas lealdades, deveriam escandalizar todos os europeus, mas deveriam também esclarecê-los.

Os acontecimentos deste inverno podem muito bem determinar o futuro da Europa para o próximo século. Quer seja uma Europa unida à Rússia como parceiro comercial pacífico, ou um buraco infernal Globalista do Terceiro Mundo, as ações dos povos europeus nos próximos meses decidirão qual o cenário que ir prevalecer.

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7 pensamentos sobre “União Europeia: uma experiência globalista falhada

  1. O mundo europeu está à beira do colapso. Já ninguém, sejam investidores ou financiadores, acredita no euro ou em empresas europeias.
    Actualmente a moeda europeia (o.9683/USD -1,56 ainda em queda) está à beira da morte e todo o mercado europeu está de joelhos. Portanto, rezemos, nesta posição, por dias mais brilhantes.

    O próximo colapso na Primavera irá causar a explosão dos subúrbios e a guerra civil…. Curioso que ninguém esteja a falar sobre isto…. A verdadeira guerra virá depois..

    O problema é que não vamos simplesmente desistir do nosso consumo excessivo, mas acabaremos por nos separar, e provavelmente em guerra civil.

    Não admira que von der Leyen tenha acabado de declarar a sua oposição a qualquer cessar-fogo na Ucrânia: parece que “há muito em jogo”.

    A minha leitura das notícias geopolíticas desde 2014 convenceu-me de que a crise ucraniana tem sido cozinhada pelos EUA há anos. Os EUA provavelmente nunca digeriram a compra de gás pela Europa à URSS, decidida nos anos 80.
    Já em 2015-2016, os EUA estavam a trabalhar para sugerir fortemente a compra do seu gás (xisto), explicando que o abastecimento da Europa era frágil devido à Ucrânia. Finalmente conseguiram este ano.
    Gostaria de saber mais sobre uma coisa: porque é que os contratos de gás europeus já não são contratos a longo prazo, com o associado baixo custo, mas contratos a curto prazo, necessariamente de custo elevado desde que indexados ao preço à vista. Já li isto várias vezes, mas apareceu no meio de um artigo, sem ter sido pesquisado. Li que esta decisão veio da Comissão Europeia. Pergunto-me porque terão feito isto.

    Assim, o aumento dos preços da energia começou muito antes da guerra na Ucrânia.

    Não é por acaso que os EUA têm pressionado a Ucrânia a recuperar a Crimea desde 2014, estão a matar a Europa e a Rússia se possível também, para melhor aparecerem como salvadores. A Europa continua a afundar-se nas guerras de vizinhança, e os outros beneficiam com isso, não há muito de novo aí.…
    Sim, estamos prestes a pagar um preço elevado pelo gás de xisto americano que é proibido procurar aqui… (CO2 )
    Em todo o caso, se for necessário um vencedor, pode muito bem ser os EUA, que sempre lideraram e defenderam o mundo…
    Saberão o que fazer com a sua capacidade financeira, não como na europa, onde distribuem dinheiro em todo o lado e em qualquer direcção.

    O euro está a perder contra quase todas as moedas, excepto contra a Austrália e a Dinamarca.
    Quanto mais baixo for o euro, mais caro será importar bens e energia necessários.
    Será que entrámos numa espiral descendente? Descobriremos muito em breve.

    Este buraco negro que vemos chegar à nossa frente, onde não há saída, pode ser um pouco assustador quando sabemos que há uma escalada deliberada no conflito ucraniano. A guerra não seria a única saída prevista pelos nossos políticos doentes? o que limparia os seus nomes ao mesmo tempo.
    Sabendo que a UE é apenas o instrumento político da NATO e, portanto, dos EUA, e que a UE obedece com o dedo na costura das suas calças às ordens da NATO, que nada mais faz do que nos prejudicar e eliminar-nos lentamente..
    A guerra foi planeada pelos EUA e crise energética na Europa:
    Encenaram um golpe em Kiev para mudar o regime (2014) e pressionar a Rússia a reagir à agressão ucraniana contra Donbass Real objectivo: pressionar a Europa a adoptar um vasto leque de sanções contra a Rússia.
    objectivos
    Colapso da economia da UE (inevitavelmente como resultado)
    Dividir a Europa – especialmente a Alemanha e a Rússia – e destruir a economia europeia, colocando “idiotas” em posições políticas para impedir que o abastecimento energético russo chegue ao continente.
    Tudo isto porque há uma necessidade urgente de um influxo de recursos externos para manter toda a economia dos EUA, mas especialmente o sistema bancário.

    Os nossos líderes já não dirigem nada e pavoneiam-se por aí.
    A UE indexou o preço do gás ao petróleo e da electricidade ao gás. Em suma, através da guerra na Ucrânia, criaram um bode expiatório para aumentar o preço da energia. E agora, como as pessoas estão a ser deduzidas das suas contas bancárias, poderão deduzi-las directamente. É sorrateiro mas a oligarquia financeira e as multinacionais têm empresas que lhes permitem recolher este dinheiro. Veja-se o que aconteceu com a EDP, que teve de vender a sua electricidade no mercado. Este é exactamente o mecanismo que foi posto em prática pela UE.

    O verdadeiro problema para mim é o dinheiro. Nós, humanos, somos tão estúpidos em colocar um preço em tudo.

    O maior problema em Portugal é que a grande maioria da população Portuguesa não tenta compreender as coisas económicas. E o sistema educativo nacional tem-nos encorajado durante décadas a afastarmo-nos destas coisas porque falar de dinheiro é sujo e é vergonhoso querer ganhar uma boa vida. Isto resultou em gerações de idiotas que votaram em tudo e todos e estão agora a chorar porque o país está falido. Como não conseguem compreender, é-lhes dito que a culpa é dos russos. E como lhes tem sido dito durante décadas que os russos e Putin são os maus da fita, eles acreditam nisso. A repetição funciona!

    Eles não só aumentam o controlo sobre as nossas vidas, como também se lavam para todas as suas necessidades diárias: energia, transportes, bancos, habitação, alimentação, etc… As multinacionais estão em todo o lado, sendo o melhor exemplo o supermercado onde compra todos os seus bens e necessidades materiais. Vendem combustível, electricidade, serviços bancários e de seguros, aluguer de veículos, etc. Quando o nosso salário vai parar ao bolso deles?

    • O texto do Strategic Culture é uma boa análise mas é otimista demais para o lado Russo e pessimista demais para o lado Europeu. Portugal continua a ser um país com elevadíssima taxa de apoio à ditadura da UE e à aberração do €uro, assim como em muitos outros países.
      Isto só é possível com muita ignorância do povo e muita propaganda do regime, mas é o que é…

      O €uro levou-nos à estagnação, empobrecimento, mais desigualdade, endividamento privado e externo e só depois público, falta de competitividade, morte lenta, e austeridade. Mas se perguntar a um português comum, pelo menos 6 ou 7 em 10 vão dizer que o €uro é uma coisa boa, e que se temos problemas, ora a culpa foi do Sócrates, ora do Passos, dependendo da cor do campo político desse ignorante.
      Enfim, é a idiocracia que temos.

      Quanto ao seu comentário, é também uma boa análise, mas também sofre dos mesmos problemas. As pessoas atentas como nós percebem o que se passa, sabem quem é o real problema (UE, Atlantistas/Globalistas), e quem é o real inimigo (EUA/NATO).
      Mas a maioria das pessoas está com o cérebro demasiado lavado pela propaganda do regime.
      Ainda esta semana confrontei um português que me disse que o Maidan de 2014 na Ucrânia é o equivalente ao nosso 25 de Abril de 1974….
      Mais palavras para quê? É o cúmulo da estupidez.

      Você fez esta pergunta e eu respondo:
      “Gostaria de saber mais sobre uma coisa: porque é que os contratos de gás europeus já não são contratos a longo prazo, com o associado baixo custo, mas contratos a curto prazo, necessariamente de custo elevado desde que indexados ao preço à vista. Já li isto várias vezes, mas apareceu no meio de um artigo, sem ter sido pesquisado. Li que esta decisão veio da Comissão Europeia. Pergunto-me porque terão feito isto.”
      – a resposta é simples: fanatismo ideológico da igreja da Economia de Mercado, pressão do lobby das multinacionais que tanto lucraram com este mercado especulativo (e cedência dos políticos corrompidos), e pressão também dos EUA, que já tinham planeado há vários anos (pode ler-se no “Expanding Russia” da RAND Corporation) esta guerra proxy na Ucrânia e as medidas a tomar: sanções e substituição do gás Russo pelo sujo gás de fracking USAmericano. Ora, contratos de longa data com preços estáveis não permitiriam nada disto…
      Mas se for à rua perguntar, os ignorantes, superficiais, de cérebro lavado, ou mal intencionados da propaganda, vão-lhe responder que a Economia de Mercado é uma coisa boa, que as sanções são necessárias, e que a escalada dos preços é culpa do Putin.
      Enfim…

      Por último, a desvalorização do €uro. Já atingiu um tal nível em 7 meses (cerca de menos 15%, ou de 1.13$ para 0.96$) que agora os preços do barril de petróleo BRENT em dólares estão mais baixos que há 7 meses atrás, mas nós na €UROpa temos de pagar com mais da nossa moeda: 102€ por barril agora vs 85€ por barril antes de 24-Fevereiro-2022.
      Agora sim, pela mão da UE NeoLiberal, estamos a caminho de ser uma Venezuela em plena crise monetária e inflação galopante, também aí (na Venezuela) provocada pelas sanções ILEGAIS impostas pelos EUA.
      Mas se preguntar aos Europeus e Portugueses em particular, vão repetir a propaganda: a culpa é do ditador Maduro.
      Que a maioria do povo apoie o PSUV, isso é só um pormenor que não interessa à nossa narrativa…

      Se o €uro só não compara mal com a Dinamarca, é porque a Coroa Dinamarquesa está indexada ao €uro, com pouca margem para flutuação.
      E porque os erros políticos (sanções e energia) da UE e militares da NATO são igualmente cometidos pela Dinamarca.
      Mas a Dinamarca, ao contrário de nós, tem uma vantagem: o valor da moeda ainda é um poder soberano. Simplesmente, por uma questão de competitividade, ainda não acham que é uma boa altura diminuir a indexação da Coroa em relação ao €uro, caso contrário, os preços das exportações Dinamarquesas para o seu principal mercado (países do €uro) ficaria demasiado caro para nós, e a balança comercial externa da Dinamarca sairía muito prejudicada.

      Esta é também a forma como se explica o quanto estes países desta zona (Dinamarca, Países Baixos, Alemanha, Áustria) ganharam com o €uro à custa dos países do Sul: ao terem todos a mesma moeda, quer ricos/desenvolvidos quer pobres/subdesenvolvidos, as exportações deles ganharam competitividade e aumentaram muito, e a sua moeda, que numa situação normal (de moeda nacional) se devia ter valorizado até os saldos externos estabilizarem, continuou na realidade num valor igual para todos.
      O resultado é que os fortes ficaram ainda mais fortes e com tamanhos saldos externos excessivos que até violaram o limite máximo das regras do MIP (Macroeconomic Imbalances Procedure), enquanto os países fracos ficaram ainda mais fracos e neste casos com défices excessivos, só controláveis com doses cavalares de austeridade e contração das actualizações salariais.
      Mas enquanto os pobres “PIGS” foram catigados com mais austeridade, e ainda ameaçados com sanções (Portugal, 2015 e 2016), os países ricos puderam violar os limites do MIP à vontade, sem fazer ajuste nenhum.

      Todos os decisores do PS e PSD/Direita sabem perfeitamente disto, mas não os incomoda. Pelo contrário, ficam felizes por ter assim uma desculpa para cortar direitos e salários, transferir riqueza dos trabalhadores para os ricos, e seguir a agenda Facho/NeoLiberal da elite globalista em geral, e da elite portuguesa (patronato fascista mesmo!) em particular.
      E o que dizem os eleitores e ignorantes em Portugal? Lá está, repetem o que a propaganda tantas vezes lhes disse: que foi a bancarrota do Sócrates, que não há alternativa (TINA), e que a Esquerda que critica este sistema é “extremista” e “irresponsável”.
      É como aquela estória do porco que vota no dono da fábrica de salsichas, porque o dono lhe acenou com a possibilidade de engorda, e porque o porco foi convencido que o seu inimigo é o “extremista” vegetariano que lhe tentou explicar que a engorda é uma armadilha…

      Entretanto, lá foi o Biden à ONU dizer que temos de castigar a Rússia, que a NATO é bem intencionada, que as sanções e a escalada bélica são para manter, etc.
      E aqui na Europa ouviu-se em quase todos os países em uníssono: oinc oinc!

  2. Uma excelente reflexão sobre a situação da UE …infelizmente o caminho parece cada vez mais tortuoso. E sem duvida este inverno vai ser determinante nesta caminhada. Euro-Russia ou Euro-america ?? Ou seja vai acontecer a queda da europa ou da america ?? Porque aos americanos pouco mais resta que a UE o resto do mundo quer a sua queda e só nós continuamos acreditar nesses falsos e sempre travestidos americanos. Atenção não estou a defender o Puttin nem as suas politicas eu sou é pela europa livre ,nas suas escolhas e nas escolhas dos seus parceiros ,sem se rebaixarem a um regime não muito diferente daquele de que neste momento tanto precisam para ultrapassar tudo isto. Quem tem a faca é quem corta as coisas os outros só esburraxam …Ou seja os russos são quem tem o petroleo e o gaz de que tanto precisamos e é com eles que devemos negociar os nossos interesses ,os russos tb precisam de uma europa forte …

  3. Como eu já disse aqui, depois de tentar conquistar a Europa duas vezes pela força das armas no século passado, a Alemanha pensou que afinal talvez fosse melhor comprá-la. E durante algum tempo pareceu que tinha sido uma boa ideia, ainda que consubstanciada na impressão de toneladas de dinheiro falso.

    Começa a ser difícil escrever alguma coisa original sobre a situação presente quando as coisas se mantêm as mesmas e já se disse praticamente tudo o que havia para dizer a respeito. Mesmo o texto agora em apreço, de Eamon McKinney, ele traz apenas uma repetição de argumentos que já foram expressos inúmeras vezes na Imprensa Livre e não comporta realmente nada de novo, não revela absolutamente nada que não saibamos. Quem sabe alguma coisa, já sabe tudo o que ele diz.

    Estou a lembrar-me de que uma crítica que correntemente se faz aos comunistas portugueses, é a de que eles “dizem sempre a mesma coisa”. Isto é porque a Política, como é entendida nos dias de hoje, tem um caráter essencialmente sofista, no qual se valoriza a arte de persuadir e enganar, ao invés dos valores éticos que originalmente lhe estavam associados. Muitas vezes se elogia ou critica um político tendo apenas como base a sua “imagem”. Isto quer dizer que o mais importante na política de hoje é a capacidade de transmitir uma aparência junto do eleitorado e não a capacidade real de corresponder aos anseios dos eleitores. Isso não interessa para nada porque dos eleitores só se quer mesmo o voto. E quanto mais inconsciente ele for melhor. De aqui se retira imediatamente que, no contexto vigente, um bom político é um bom vigarista.

    Os jogos de luz e sombra que dominam os jogos da Política não são de hoje, eles sempre estiveram presentes, porque essa é a natureza humana. A palavra “candidato” deriva de candura, pureza. Porque os gregos que concorriam a cargos públicos na velha Atenas vestiam-se de branco para transmitirem a ideia de que eram absolutamente limpos e honestos.

    Os comunistas portugueses dizem sempre as mesmas coisas porque a realidade não se alterou, ela continua estruturalmente a mesma do tempo de Marx e Engels. Aliás, as estruturas das sociedades levam normalmente centenas de anos alterar-se, umas mais do que outras. A estrutura religiosa ocidental, por exemplo, tem 1642 anos desde a sua fundação no ano de 380 dC como Igreja Oficial do Império Romano.

    As relações de exploração capitalista são, portanto, semelhantes às que eram ao temp da Revolução de Outubro de 1917, ainda que tendo conhecido variações conjunturais desde então. Por influência da União Soviética e do seu desejo de apoiar as lutas dos trabalhadores e dos movimentos de libertação pelo mundo, e do medo que os patrões ocidentais tinham de perder o controle das suas sociedades, o equilíbrio de poder tendeu a equilibrar-se durante algum tempo, tendo no entanto vindo a desabar do lado das maiorias desde a implosão da URSS causada pelos próprios comunistas russos no seguimento do golpe de estado palaciano de 1985.

    Ou mais precisamente, de uma fação do Partido Comunista da URSS, centrada no KGB, encantada pelos cantos de sereia do Capitalismo Ocidental. Só agora os governantes russos parecem estar a compreender plenamente a verdadeira natureza do Ocidente, e à sua própria custa, para eles e para o seu povo. E no entanto os ensinamentos estavam todos nos textos de Marx, Engels e do próprio Lenin que eles alegremente abandonaram. Até estrnhei que o corpo de Lenin não tivesse sido “despejado2 do seu mausoléu. Esse letal equívoco parece ter durado até hoje. O próprio Putin, e o seu belicoso delfim Medvedev, eram até há pouco tempo adeptos embevecidos do integracionismo com a Europa. No que eles se iam meter.

    Voltando ao tema, claro que os primeiros sinais de revolta estão já a ser sentidos, como foi previsto desde o princípio pelos ideólogos e economistas do lado russo. Todas as suas previsões se estão a concretizar uma após outra, o que faz pensar que os líderes ocidentais também não podiam deixar de saber o que estavam a fazer. A Ciência Económica e a Matemática são as mesmas no Ocidente e no Leste, tal como a Física e a Química. Então, eles deliberadamente aceitaram destruir as próprias economias e o bem-estar dos seus povos em ordem a um imperativo imperial emanado da América.

    Começam a ser vistos os primeiros sinais de contestação. Ainda muito timidamente no entanto, porque a crise ainda está no princípio e é difícil às populações ocidentais libertarem-se de um dia para o outro do colete de forças ideológico a que estão sujeitas desde há muitos anos.

    Não é apenas a Imprensa, como se poderá pensar, o condicionamento das massas abarca todos os meios de comunicação e começa desde tenra idade, procurando influenciar a pessoa numa fase precoce em que a própria personalidade individual ainda está em formação. Na Banda Desenhada, as crianças começam por admirar as aventuras de um pato milionário obcecado pelo dinheiro criado pela Disney numa propaganda descarada ao capitalismo, e seguem à medida que entram na adolescência acompanhando a ação de heróis que mantêm a Lei Imperial e a “Pax Americana” junto de povos terrestres ou alienígenas que a aceitam sem contestação porque ela é obviamente boa e a única possível e admissível. Exceto, claro, os “maus” que no fim ficam sempre a perder. Depois o processo continua e barca todas as fases do crescimento da pessoa através do Cinema e Televisão, da Literatura, e finalmente da Imprensa, que progressivamente se tornou numa pura máquina de propaganda à medida que foi sendo adquirida pelas grandes oligarquias ocidentais. As mensagens subliminares são tão ou mais importantes quanto as ditas “informativas”.

    Basicamente, a estrutura do controlo sobre as mentes das pessoas baseia-se em dois princípios:

    1. O conceito de manada. As pessoas tendem a seguir a maioria como carneiros em rebanho e a pensar que, se muita gente escolhe determinado caminho, é porque ele deve ser bom. No Marketing este princípio é muitíssimo utilizado. O operador de “Call Center” diz algo como isto: “Oh, senhora Dona Maria, não imagina a quantidade de pessoas como a senhora que já aderiram a este pacote. Tem sido um sucesso!”. E muitas vezes resulta. Também na Política os meios de comunicação de massas completamente domesticados procuram a todo o custo aplicar esse princípio. Mesmo agora, que a Europa e os EUA estão isolados na sua nojenta empreitada perante os restantes 85% da Humanidade, transmite-se afincadamente a ideia de que é ao contrário.

    2. “Em Política o que parece é”. Uma mentira muitas vezes repetida acaba por devorar a verdade. Os media repetem incessantemente as mesmas encenações e os locutores são treinados para repetir as aldrabices vezes sem conta, com um ar absolutamente sério e credível. Também recebem treino para expressarem um tom levemente irónico e desdenhoso quando são obrigados a transmitir uma opinião de sinal contrário, por mais bem fundamentada que ela seja. Os termos para nomear as situações noticiadas são cuidadosamente escolhidos. Toda a informação visual é editada conforme seja conveniente. E a mensagem deve ser simples e singela, do tipo “isto é bom e aquilo é mau, porque sim”, e “nós somos os heróis e eles são os vilões”. “Nós somos a democracia e eles são ditaduras autocráticas” e isso nem se discute, basta olhar. Simples assim, dando seguimento às mensagens subliminares do Cinema. E resulta muito bem, porque ao longo dos anos as pessoas foram progressivamente sendo desabituadas de pensar por si.

    Claro que a estrutura de controle de massas em ordem ao Grande Capital não se fica por aqui. É do senso comum que um indivíduo isolado numa sociedade de milhões de pessoas não tem força absolutamente nenhuma contra o sistema, então a Propaganda do regime exalta o culto do individualismo como se ele fosse uma coisa boa num ser que é essencialmente social. Diz que é muito importante assegurar o desenvolvimento individual da pessoa, enquanto se esforça por transformar essas mesmas pessoas em robôs com cérebro de papa de aveia. Toda a união é perigosa, então o sistema esforça-se por criar clivagens entre as pessoas lançando mulheres contra homens, inventando vítimas LGBT que a maioria das pessoas nem sabia que existiam, empolando pequenas manifestações idiotas de racismo no Futebol enquanto apoia o nazismo na Ucrânia, etc. E mesmo que algumas dessas questões até sejam claramente corretas, o objetivo que lhes está por trás não é. O “Matrix” é um polvo com muitos tentáculos.

    No entanto, como eu também já disse aqui, o estômago pensa muito melhor do que o cérebro, e é então natural que em alguns países da UE a situação social comece a deteriorar-se cada vez mais. Como acontece quase sempre, as marés das populações em desespero movem-se em direções erradas e é por isso que estamos a ver a ascensão de partidos fascistas e de extrema direita em alguns países, nomeadamente a França e a Itália. E claro, a Inglaterra. Mas será provavelmente no Leste da Europa que os primeiros sinais de Revolução se farão sentir, porque esses povos são os que vivem pior e estão mais dependentes das importações russas. Li recentemente que em lguns desses países o ordenado mínimo ronda os 100 euros. Não há muito ali para cortar.

    é neste contexto que aparecem os ideólogos de Davos, e eu já expressei também aqui a opinião de que eles não são a causa do problema, mas sim uma tentativa desesperada de justificar o que se aproxima junto das massas, e de alguma forma aplacar a sua revolta através da introdução progressiva da ideia de que a sua quebra do nível de vida e o resvalar de milhões para a miséria é afinal absolutamente inevitável e até, quem sabe, uma coisa boa. Eles serão então o suporte ideológico ao qual o sistema dominante capitalista se agarra desesperadamente, para tentar evitar a perda de controle das suas sociedades e do mundo em geral.

    O problema real é que a derrocada do sistema capitalista global, tal como foi há muito tempo prevista pelos pensadores marxistas, está finalmente a acontecer. É a terceira no espaço de um século, e sabemos como foram resolvidas as outras duas.

    É também por isso que quem sabe alguma coisa sabe que a III Guerra Mundial é inevitável e de resto já está em curso.

    Apenas está para saber se desta vez restará alguma coisa para reconstruir no fim.

    Eu já expliquei aqui, com base na teoria marxista, os porquês destas derrocadas ocasionais, programadas no tempo pela própria natureza do sistema e não pela vontade dos homens que o dirigem. Quem quis entender, entendeu. Voltarei no entanto, se mo permitirem, a abordar o tema no contexto da União Europeia, quando tiver oportunidade, tempo e paciência para o efeito…

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