(José Goulão, in AbrilAbril, 15/04/2022)

Vamos ver se nos entendemos.
Sem meias palavras, sem reticências, sem redundâncias nem floreados.
Exactamente 48 anos depois da Revolução de 25 de Abril de 1974, que derrotou o fascismo em Portugal, a Assembleia da República, dita «a casa da democracia», decidiu convidar para discursar o chefe nominal de um aparelho de poder nazi.
Volodymyr Zelensky, presidente da Ucrânia, não é um democrata. Foi designado em eleições não democráticas uma vez que parte significativa do eleitorado não teve condições para votar devido à guerra imposta pelo regime do mesmo Zelensky em várias regiões do país.
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O 25 de Abril e o convidado neonazi | AbrilAbril
Tenho a maior consideração por José Goulão, um raro jornalista português, cuja profundidade dos comentários aqui saúdo, em tempos onde o jornalismo português atingiu um nível geral de assinalável baixa qualidade e uma ausência de ética que só não perturba quem dela não precisa. Não é por sabermos o que é o chamado “mainstream” que podemos calar esta observação, pelo contrário. O mesmo posso dizer (e se fosse só eu…) dos comentadores convidados, os Portas (que rapaz tão bem informado de tanta coisa de que não saberá mas lê, e tão ridiculamente encadernado e tão delicado, Santo Natal, Santa Páscoa, que pároco antigo e fora de prazo se perdeu)), os Rogeiros, os Milhazes, todos injustamente acusados de bem informados, coitados. Claro que basta sabermos quem são os patrões, os mandantes e os empregados superiores da Comunicação Social Portuguesa para sabermos a resposta.
Quero apenas lembrar que, nos últimos anos dos 90, fui, a convite, cronista do DN, dirigido pelo saudoso Bettencourt Resendes e da RDP/Antena 2, presidida por José Manuel Nunes (deixei de o ser por entender que os colaboradores dos O.C.S. não se devem eternizar). Ora, aquando dos bombardeamentos de Belgrado (capital considerada próxima de Moscovo, fosse quem fosse que lá exercesse o poder), expressei no final de todas as crónicas (fosse qual fosse o assunto) a minha indignação pelo crime) e, com a enorme cidadã Isabel do Carmo e o grande jornalista Carlos Santos Pereira, fiz sessões públicas sobre o criminoso ataque da OTAN (por cá, a NATO). Recebi ameaças de morte pela minha posição. Razão última: Nunca o 25 de Abril (digamos assim) pôde abrandar, em muito largas camadas da população portuguesa, os sentimentos anti-Rússia e anti-comunismo. Hoje a situação é a mesma ou pior, nesse partucular.
Onde José Goulão não tem razão é na caracterização simplista de Putin. O simplismo nunca é bom, é redutor, como, aliás, sabe. Até parece desconhecer o que ele enfrentou quando se assentou no poder, etc, etc. etc. Deixo este possível debate para eventual outra ocasião, que, aliás, não peço nem particularmente me interessa, embora o pudesse fazer sem hesitações – estaria à frente de alguém que bem considero.
Entretanto, o José Goulão que prepare para si (não para mim), a sua lista de dirigentes de peso nos poderes do Mundo que mereçam o qualificativo “democratas”, de acordo com seu critério. E, a finalizar, atrevo-me a dizer-lhe, e não a brincar: Talvez não lhe seja impossível ler as respostas do próprio Putin às suas observações. O homem tem muito que fazer, mas, repito, não é impossivel. E o José Goulão apreciá-las-á. O Vladimir Putin foi dos Serviços Secretos (ainda bem para ele e mau para outros), mas não só: Além de vestir roupa cara é um homem culto e versado em História.
Aceite a minha admiração por si como jornalista (sou filho de um que passou maus momentos por causa do Doutor Salazar) e as saudações mais cordiais do
Maximiano Gonçalves
Assertivo comentário, caro amigo. Vá passando por aqui.
Sinto vergonha do meu país. Eu que modestamente contribui em 74, que na rua sonhei, e ousei acreditar… agora tenho vergonha e sei que foi em vão. O primeiro sinal foi a entrada do chega no parlamento e agora para o emporcalhar completamente convidam um Nazi que nos vem propor a guerra que ele nao quis evitar.
Vergonha mas é de portugueses como vocês. Já agora, o amigo Carlos Marques já atualizou o nº de mortos civis, ou ainda vai nos 1.500? Palhaçada!