Propósitos e despropósitos, verdades e conjeturas

(Virgínia da Silva Veiga, 14/04/2021)

Comecemos pelo princípio. Estava-se em Setembro de 2012 quando Portugal clamou, como antes nunca se tinha visto, contra o governo recentemente instalado. Foi a célebre manifestação “Que se Lixe a Troika”. Milhares e milhares de pessoas queriam uma alternativa e clamavam por António Costa para encabeçar a mudança.

Não. Continuaria na CM de Lisboa até ao final do mandato. Era este o quadro. António Costa não queria ser Primeiro-ministro, seguiria o exemplo de Sampaio, seria um dia candidato a PR, dizia-se.

É neste quadro que se atrapalham planos e uma outra personagem começa a surgir como hipótese, Marcelo Rebelo de Sousa.

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É neste ínterim que todos se apercebem porque é que o indesejado Sócrates tinha escolhido ir prestigiar o curriculum para Paris, entrar para os altos estudos do Sciences Po e resolvera, sem grandes meios para isso, com propinas caríssimas, manter-se pelos corredores do poder internacional, ali, na cidade luz. Primeiro em casa de uma prima – ao que consta -, depois na de um amigo, ambas então sem grandes condições mas com a que mais importava: no coração prestigiante e influente da cidade luz. E perceberam melhor quando, ao mesmo Sócrates, dá para, sem remuneração, vir para o canal 1, liderar audiências com comentários políticos.

Não tardou o que se viu. Preso. Preso por prisão ilegal, um batalhão de holofotes que o arredariam de vez de tais pretensões.

Professor e aluno, amigos e, sobretudo, doutores na universidade da vida política, concertaram ou não, então e entre si, o caminho que asseguraria ao primeiro apoio para dois mandatos como PR e ao segundo como PM? Não sabemos. Pareceu, talvez, a quem pensou nisso.

Nessa conjetura, António Costa não defenderia nunca José Sócrates. Que defendesse ele “a sua verdade” que é qualquer coisa como quem diz poder haver qualquer outra. A da Cofina, a das violações do segredo de justiça, a dos julgamentos de tabacaria a dar um jeitão a este cenário.

Mas, eis que surge, já muitos anos depois, um documento emitido por um Juiz, após ouvir o contraditório, com quase 7 000 páginas, que, em termos escorreitos, diz o que há de mais simples: José Sócrates não era corrupto, essa coisa de dizer que tinha uma conta na Suíça era falsa. Falsa! Quando muito, Sócrates, sem desviar um cêntimo do erário público, terá aceitado a prodigalidade do amigo rico que o juiz entende poder não ser mero altruísmo, coisa ainda a ver, mas sem ato de corrupção que lhe corresponda.

Um estrondo. O homem afinal não era corrupto, levanta a cabeça e… pode vir a candidatar-se a PR. Logo agora? E volta a história a repetir-se, não como triste comédia, mas como anunciada tragédia.

O PS, à beira da escolha de novo Secretário-Geral, tem duas opções: Pedro Nuno Santos ou Fernando Medina. Santos domina o aparelho. Medina só terá hipóteses se António Costa tirar a bola que um dia mandou para o ministro das infraestruturas e se puser do lado dele. E porque diabo Costa iria apoiar um homem que também é televisivo, ele próprio um potencial candidato a PR?

Precisamente por isso, é a convicção que Fernando Medina ofereceu ao comentar um processo judicial com discursos de ética. Uma ética e uma moral tão despropositada que muitos houve a especular haver intuito de queimar Sócrates de vez. Vinte e oito arguidos, todos a viver vidas luxuosas, e a ética deu-lhe para só falar de um, para se pronunciar sobre o único aspeto que ainda vai ser julgado?

Fernando Medina foi Secretário de Estado de José Sócrates, nada tem ou teve alguma vez para lhe apontar como ato de corrupção e, aparece agora, não a sublinhar isso mesmo, mas a dizer que JS é culpado da fracturação da sociedade portuguesa. Porquê? Pois eu não sei. Tinha de ser exatamente o contrário.

E fico-me a desejar que Medina não tenha a mesma sorte, não volte a subir ao Pico dos Açores em condições de privilégio, que a mulher não volte a aceitar trabalhar para uma empresa de dinheiros públicos que distribui rendimentos em ano de prejuízo, sobretudo que nos diga em que residenciais costuma ficar instalado. A compra do apartamento em que vive, felizmente, já foi esclarecida.

Para garantia de que ninguém faça um dia julgamentos de ética a propósito ou a despropósito.


16 pensamentos sobre “Propósitos e despropósitos, verdades e conjeturas

  1. Evidentemente.

    Toda a gente tem de acreditar que durante anos Sócrates recebeu milhões de um amigo empresário por pura generosidade.

    Que os empresários são assim mesmo. Generosos.

    Que falta de pachorra para estas conversas de atrasados mentais.

    Até o juiz nadador salvador de politicos e empresários corruptos, o Ivo, foi obrigado a reconhecer que houve corrupção. Precisando de uma jiga joga com os prazos para salvar o Sócrates e o Salgado da acusação.

    Existe outra razão para o PS se demarcar de Sócrates para além das, também válidas, indicadas no texto.

    É que se não o fizer é o fim do PS.

    O povo, “que conversa pelas tabacarias” como os politicos inclusive de esquerda, se referem com tanto desprezo pelos seus constituintes, não ia perdoar que o PS se associasse a um caso tão crasso de alta corrupção.

  2. Nota. Só quem viveu a vida toda na sombra dos mais esconsas arrecadações do Partido Socialista, como é o caso, pode começar meia dúzia de frases mal amanhadas, e dizer que os milhares de participantes na manif Que Se Lixe A Troika via a salvação para os males do país numa qualquer personagem do Partido Socialista! Para quem não é burro como a senhora aveirense recordo que a manif do QSLAT foi um brado global contra o PS, em primeira análise, e contra o que significava o projecto do PSD. O António Costa entrar nesta estória é do domínio do delírio.

    #socratete
    #canalhice, como diz o outro.

    • Adenda, em tempo.

      Aliás, gostaria ainda de convidar a senhora a explicar o seguinte.

      0, zero. Licenciada em Direito, diz, com escritório aberto presumo que em Aveiro, onde estagiou nomradamente o soturno Carlos Costa Pina que foi secretário de Estado do governo do José Sócrates e que, estando por ora na GALP sem que se saiba de todo por nomeação de que grupo de accionistas e/ou para defender que interesses…, lembro que este é o gajo que obrigou à demissão dos primeiros camaradas do primeiro governo do António Costa com as famosas viagens à borla para irem curtir ao Euro gaulês e que é o autor do despacho exibido pelo Sócrates na TVI sobre a OPA da Sonae, e nada mais aqui acrescento.

      1. Licenciada, pois, inscreveu-se há anos num mestrado em Estudos Medievais na FLUP tendo procedido ao obrigatório registo da tese sobre qualquer coisa do século XV ao que me lembro. Coisa séria e que impressiona, sublinho.

      2. Licenciada em Direito, diz pois, sendo agora mestranda em Estudos Medievais, portanto, regressa aos corredores da RDP onde terá sido, em tempos, jornalista mas agora como especialista em História sendo alcandorada a autora de um programa pomposamente intitulado Histórias de Portugal. Pormenores importante que dão sabor a esta sopa: o programa ns RDP, rádio pública, durou exactamente o tempo que durou o governo do PS sob a batuta do menino de ouro; e no seu curriculum, claro está, apenas o facto de resoonder agora pelo estatuto de mestranda da FLUP lhe conferiria pergaminhos para ter as portas escancaradas na direcção de programas da RDP. Ainda assim, noto, espezinhado centenas de mestrandos, outros tantos doutorando, ou Mestres e Doutores

      3. Depois de tantas canseiras, tendo os estúdios da RDP sido aparentemente desbaratizados, voltou à vidinha tendo apresentado uma tese em Estudos Medievais sobre… o seu programa na RDP. Que caraças, digam lá se isto não é também um crime perfeito?

      🙂 , ao cuidado do Portugal Profundo. Digam-lhe, os rastos estão na net.

      • Como diria o José Pacheco Pereira, com a devida vénia:

        – “Coisas que interessam ao Ephemera, se calhar, e ao tipo do Portugal Profundo de certeza.”,
        subir assim é simples mas é típico. Renovo-lhe o convite, donzela.

        #socratete
        #canalhice

      • RFC. Tem cuidado. Ao menos faz os “trabalhos de casa” bem feitos. Usar a técnica do Rosário Teixeira sem ter os meios que ele tem gera afirmações que podes ter que provar, se fores acusado de calúnia e difamação. (Não vou adiantar mas o que escreveste tem erros colossais – do ponto de vista factual e não só do ponto de vista interpretativo ou especulativo.) A visada nem se dá ao trabalho de te responder nem de te processar porque te considera demasiado insignificante para mereceres qualquer crédito.

        • Virgínia Celeste das Neves Rodrigues da Silva Veiga – Gisahttp://catac.letras.up.pt › units-of-description › documents
          Virgínia Celeste das Neves Rodrigues da Silva Veiga … Processos Individuais de Alunos de Mestrado em Estudos Medievais. Identificador 83062; Código …

          http://catac.letras.up.pt/units-of-description/documents/83062/?

          Nota. Porra, desapareceu?! O registo é de 2008 pelo que este MISTÉRIO só dá mais sabor à estória e é candidato a best-seller policial, então. Não brinques comigo e um conselho d’amigo: não sejas papagaui, pá! Olha insignificante, quem exactamente? Voltarei ao assunto… Portugal Profundo, please.

          Prova de Mestrado em Estudos Medievais
          Lic.ª Virgínia Silva Veiga
          Prova requerida pela Licenciada Virgínia Silva Veiga

          Dia 27 de Novembro de 2013, pelas 14h30m, na sala nº 201 – 2º Piso

          Dissertação:

          “Histórias de Portugal, um programa de rádio”

  3. Nota outra, esta do pó dos arquivos. «Asterisco. A licenciada Virgínia Celeste das Neves Rodrigues da Silva Veiga fez um mestrado em História Medieval e do Renascimento, na FLUP, tendo voltado à RDP como especialista em antena durante o/s governo/s de José Sócrates. Não aprofundo o assunto que pode, ou deve, ser suculento.», cito. Inbestigue-se!, por supuesto, por ora sublinho por aqui o asterisco com que encerrei mais um lindo-lindo comentário sobre o mestrado da donzela.

    #sofagate, mas na FLUP.

    _____

    RFC diz:
    Outubro 22, 2020 às 4:46 pm

    Off.

    Da série “Subsídios para um Dicionário Breve do Aspirina B” (Letra T de A Menina dos , , hashtag #ameninadostelefones) | Hors-Text

    II

    Que havemos de fazer? Que venha 2019
    (Por Estátua de Sal, 31/12/2018)

    […]

    Virgínia da Silva Veiga diz:
    Janeiro 1, 2019 às 11:09 pm

    Bem, eu não tenho por hábito comentar comentários. Mas vir aqui inventar conversas de pessoas que nem sequer têm o telefone umas das outras passa os limites da salutar convivência humana. Do comentador anónimo já li de tudo o que há de inventivo e deselegante. Dar aos outros a impressão de que me conhece e de que eu tenho o telefone de alguém da Estátua de Sal, ficcionando uma conversa, não é invenção, é desonestidade. Se o vazio feio dos comentários acoitados em perfil anónimo já eram pouco louváveis, isto raia a total falta de decoro.

    estatuadesal diz:
    Janeiro 1, 2019 às 11:26 pm

    Concordo plenamente, já admoestei o irrequieto, RFC… 🙂

    RFC diz:
    Janeiro 2, 2019 às 5:48 pm

    Virgínia, tenha dó.

    Li-a pela manhãzinha e tenho sorrido, aliás, se somar tudo o que aconteceu, atingi, há bocado, não o nirvana mas o patamar do bastante, e lamento que não tenha tempo para lhe responder com mais jeito do que isto.

    1. Tal como faz com o seu ex-PS [José Sócrates] para si própria, no fundamental, utiliza exactamente a mesma estratégia que é a da vitimização contra quem lhe aparece à frente. Uma verdadeira #socratete, acho qu’é isto.

    2. Dito isto, é vítima de quê (tem exemplos) a propósito? Do «chorrilho de disparates» que utilizou aqui há tempos n’A Estátua de Sal sobre o quadro do Júlio Pomar apreendido pelo MP olvidando todos os outros que fazem parte da acusação do MP quando, na sua nova vida, noções como Antigo Regime ou Estado Moderno ou sei lá o quê, pó dos arquivos, Braudel e todos os outros, deveriam estar presentes? Ah, e quê, coitada da senhora qu’isto não é desonestidade intelectual e política (há aqui uma diferença!), tens de compreender, menino, faltam-lhe as bases para abraçar, um pouquinho só que seja, esta vida nova e talvez, assim como assim, consiga perceber finalmente a importância do rasto documental deixado pela compra, transmissão e posse de propriedades várias nomeadamente das obras de arte (ou do nosso património, como hoje se diz)… É nabice, não se trata de desonestidade política, desculpa-se e eu segui o baile acredite. Mas, pergunto, nunca leu nada sobre isto, nunca ouviu uma ou duas conferências de HMC, um seminário?, em que estes e outros assuntos são obrigatoriamente debatidos?*

    3. Desonestidade, senhora donzela atrevida, tal como já lembrei ao Dieter a propósito da alegadamente corrupta Joana Marques Vidal, num divertido comentário em que entrava o Silva Santos Carlos, o Gordo, perdão o Magro, uma caixa de robalos, perdão, umas latinhas de atum Tenório para a cave dos mormons é coisa que, vosotros/as, não devem usar sobre os outros. E é simples de perceber o porquê, acho, basta lembrarem-se do vosso cadastro político.

    [Tlim, e vivó velho!]

    _____

    Asterisco. A licenciada Virgínia Celeste das Neves Rodrigues da Silva Veiga fez um mestrado em História Medieval e do Renascimento, na FLUP, tendo voltado à RDP como especialista em antena durante o/s governo/s de José Sócrates. Não aprofundo o assunto que pode, ou deve, ser suculento.

    Enapá!

    • Perante tanta trabalheira que tens tido, vou só deixar uma pequena pergunta, já que os teus comentários comentam-se a si próprios. Almejas ser convidado pelo Gomes Ferreira para provares ao Henrique Neto e ao Rosa do Observador que eles são uns meninos de coro a denegrir o Sócrates? Parece-me que andas a tirocinar para tal… 🙂 E fico-me por aqui.

      • Nota. Eu saí agora da igreja do Campo Grande, onde me fui aconselhar, e desculpa lá que te diga isto: só volto a interagir contigo quando fores capaz de demonstrares por factos que estás novamente… sóbrio (o que no meu vocabulário elegante, nada de confusões piolhosas!, quer dizer apenas que deixaste finalmente de ser uma #socrarete desmiolada). Aquela série de dezoito posts é uma vergonha, se não conheces a acusação só se compreende por descuido pois o Pluvio-com-acento tem-na online há largos tempos e tempos largos.

      • Vá, não me censures pá qu’isso fixa-te mal… Posta aí o meu comentário de há bocado em quando reafirmou o meu sincero desejo em ver-te sóbrio, novamente. Aqueles dezoito-18-dezoito posts de lambidelas seguidas ao cabrão do José Sócrates mentiroso foram coisa do Demo.

        🙂 , e dorme!

        • Ó homem, os teus comentários entram automaticamente, sem a minha interferência, a não ser quando excedes o número máximo de links que está nas configurações do WordPress. Entendido?

          • Nota. Como vês surgiu o comentário de que reclamava, com um look diferente porque o meu telemóvel não assume por defeito as informações anterior (endereço e nick que, no meu caso, é um acrónimo). Em baixo está um miminho da donzela, mas apanha-se
            e mais depressa coxo do que uma. Daqui a bocado apito, tremam!

            🙂 , #socratetes

  4. O programa Histórias de Portugal pode ainda ser ouvido em “podcast” na página da Antena 2, com o cuidado de começar pelo episódio sobre A Dama de Pé de Cabra, isto é, no sentido inverso ao que aparece na página daquela estação de rádio( in https://www.rtp.pt/programa/radio/p5751/e3112013 ) . Tratou-se de um mestrado integrado, protocolo celebrado entre a Faculdade de Letras da Universidade do Porto e a empresa RTP/RDP, emitido entre Novembro de 2013 e Janeiro de 2014, era Primeiro Ministro Pedro Passos Coelho que, obviamente, nem sei se saberá que o programa, com a duração de três meses, existiu. Mista de áudio e texto, a tese foi e está editada publicamente por esta forma embora seja ainda intenção publicá-la também em papel e CD). Nesta publicação, também datada, há um breve resumo do que foi e a indicação do júri da tese. (https://historiasdeportugal.wordpress.com/contactos/sobre-virginia-da-silva-veiga/ ).
    Como a História de Portugal é o que nos deve importar, em meu entender, fica o esclarecimento e apenas um outro: Duarte Nuno Costa Pina, que comigo estagiou, nascido em Barcelos, hoje advogado na comarca de Estarreja, não é sequer parente do citado Carlos dos mesmos apelidos, pessoa que ambos desconhecemos. De resto, apenas a breve correcção de que não considero ninguém insignificante. Bem pelo contrário. Destes dados, corrigir-se-á, querendo, ideias ou afirmações que já se percebe nada terem a ver com a minha estória de vida e voltaremos a temas mais interessantes. Assim, estória, sem “H”. Obrigada.

    • Notas várias, aos soluços.

      […]

      «Duarte Nuno Costa Pina, que comigo estagiou, nascido em Barcelos, hoje advogado na comarca de Estarreja, não é sequer parente do citado Carlos dos mesmos apelidos, pessoa que ambos desconhecemos.», concedo que a nódoa na farpela por causa de uma queixa apresentada por um cliente provinciano no longínquo ano de 2004, em que V. exercitou as suas hermosas falanges aliás, foi arquivada. Coisas que podem ser provocadas pelo excesso de álcool, tem cuidado ó d’A Estátua! Apesar da antonomásia frou-frou o monárquico Duarte Nuno não é, de facto, o visado Carlos que permanecerá sob fogo dos regicidas blogosféricos, ressalvo.

      1/3

      Asterisco.

      PARECER DO PRESIDENTE DO CONSELHO DEONTOLOGIA DE COIMBRA DE 17 DE SETEMBRO DE 2004

      Dr. A HORTA PINTO

      O Senhor F……., participa do Senhor Dr. Costa Pina, advogado com escritório em Aveiro, por este, tendo sido nomeado seu defensor oficioso num processo-crime, lhe ter cobrado directamente os seus honorários, no montante de 500,00 Euros, e despesas no montante de 47,30 Euros, apesar de o Tribunal lhe ter fixado honorários no montante de 200,25 Euros.
      Dos autos resulta, além dos factos que antecedem, que o participante não beneficiou de apoio judiciário, que o participado lhe apresentou nota de honorários e despesas e descontou no montante dos honorários a quantia que a esse título lhe foi arbitrada pelo Tribunal.
      Nada há de incorrecto no procedimento do participado. Com efeito, preceitua o n.º 2 do artigo 42 da Lei nº 30-E/2000 de 20 de Dezembro que o arguido, “não constituindo defensor, nem requerendo a concessão de apoio judiciário, ou este não lhe sendo concedido, é responsável pelo pagamento de honorários que o defensor apresentar para remuneração dos serviços prestados, bem como das despesas em que este incorrer com a sua defesa.” Este regime é reafirmado no nº 3 do artigo 47 da mesma lei.
      Não há dúvida pois que o participado podia cobrar os honorários e despesas directamente ao participante, não estando o quantitativo dos honorários limitado aos valores fixados na tabela que vigora para os casos de apoio judiciário.
      Diz ainda o participante que a intervenção do Dr. Costa Pina foi “praticamente nula”. Esta afirmação é injusta e não corresponde à verdade, o participado conferenciou mais que uma vez com o participante, preparou a sua defesa, apresentou extensa contestação escrita e juntou prova documental. O participante, julgado por ter sido encontrado a conduzir com taxa de alcoolémia superior a 1,2 g/l, foi condenado numa multa de apenas 280 Euros e numa inibição de conduzir pelo período de 3 meses, que é o mínimo previsto na lei. Assim, o participado fez mais do que é costume fazer-se em casos idênticos, e os resultados obtidos não podiam ter sido melhores.
      Sou assim de parecer que nada houve de censurável no comportamento do Senhor Advogado participado, pelo que o presente processo deve ser arquivado.

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