(Amadeu Homem, in Facebook, 03/03/2020)

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Comecei a minha vida profissional como psicólogo do trabalho, num serviço público do Estado Novo ligado ao mundo laboral, que ao tempo se designava como Serviço Nacional do Emprego (SNE). Foi-me dada formação específica e técnica em Lisboa e exerci o meu ofício em Aveiro e em Coimbra, até ao movimento militar de 25 de Abril de 1974.
Fiz milhares de entrevistas. Nelas obedeci sempre ao modelo e aos critérios que me tinham sido ensinados no curso de formação. Talvez ainda tenha nos meus papéis antigos um “Manual da Entrevista Psicológica” , de imensa utilidade prática no exercício daquela que foi a minha primeira profissão.
Nesse “vademecum” recomendava-se que o entrevistador recebesse o entrevistado com circunspecta afabilidade, mas sem familiaridade. A correção e neutralidade de postura eram recomendadas como fundamental, para que se ganhasse dessa forma a serena confiança do entrevistado.
Lá também se preconizava que as perguntas fossem muito claras, sucintas e sem margem para segundas interpretações. Uma diretriz fundamental era a de que se não interrompessem as respostas do entrevistado sob nenhum pretexto. O entrevistador deveria sempre abster-se de produzir juízos valorativos ou insinuações de tipo pessoal.
A grande regra era a de se conseguir o chamado “efeito de espelho”. Significava isto que a neutralidade, a contida afabilidade e a objetividade do entrevistador deveria ser de molde a neutralizar-lhe o mais possível a personalidade junto do entrevistado. Desta maneira, entrada a entrevista na sua fase crucial, o entrevistado já não veria no entrevistador uma figura interpelante, mas substituiria esta figura, no seu mais íntimo juízo, por uma espécie de espelho, no qual ele se revia e para o qual verteria a necessária informação,
Obedecendo a estas diretrizes, lembro-me de ter conseguido, da parte de muitos depoentes, testemunhos invulgares, pela sua verdade e pela sua sinceridade.
Hoje verifico que são muito poucos os que sabem entrevistar. A forma como uma figura da televisão como Clara de Sousa interpelou a ministra da Saúde foi o mais acabado exemplo DO QUE NÃO DEVE SER FEITO NUMA ENTREVISTA.
No lugar da bonomia, colocou essa Clara a agressividade. A entrevistadora assumiu-se como a primeira inimiga da entrevistada.
Não foi aquela figura neutral e inteligente, susceptível de extrair informação verdadeira da sua entrevistada. Nunca conseguiu – nem o poderia jamais alcançar – o tão determinante e fundamental “efeito de espelho”.
Numa palavra, assistimos a uma incompetência profissional gritante.
Mas a Dona Clara não foi nem é um caso isolado. Os entrevistadores atuais, na sua esmagadora maioria, são o exemplo vivo da mediocridade e da incompetência.
E aquele Rodrigues da RTP 1?
É bem pior! Parece uma hiena! Mas se for o entrevistado do PSD…ÓH, lá, lá, fica todo derretido.
Está enganado, prezado Amadeu Homem! Não é incompetência. Os entrevistadores que tão bem descreve não são incompetentes – fazem o seu melhor. São competentemente indecentes e preversos.
PARECEM Hienas ,pelo osso que vão comer ,depois do ataque de “raiva”que cospem nos “entre(vistoriados”,uma autentica “orgia sacrificial”…….que é servida como fast food a que chamam informação ……e ser for áqueles(as),que foram eleitos e servem isso sim a Causa publica em nome das Res Publica e que devem ser escrutinados ,mas não “enxuvalhados” por Jornaleiros de Serviço e ao serviço dos donos…….
Vi a entrevista na integra e concordo plenamente com a sua analise , a Clara foi de uma baixeza e falta de respeito pela entrevistada gritante ,tudo o que não deve ser feito ,as perguntas eram feitas num tom acusatório e sempre com segundas intenções , vergonha de jornalistas que não respeitam a profissão por isso não perco tempo a ver televisão portuguesa.
Causou-me impressão a postura desta Senhora, embora seu nome signifique claridade, luz, a Senhora Ministra, teve à sua frente, simplesmente uma caixa de ressonância, ligada. A debitar algo previamente cozinhado.