(Vicente Jorge Silva, in Público, 01/12/2019)

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O caso Joacine e as peripécias envolvendo os novos partidos «unipessoais» com assento no Parlamento estão a eclipsar o ambiente político tradicional, a actividade das oposições divididas (PSD) ou apagadas (CDS) e a própria acção governativa. O efeito da novidade ou do insólito tende a impor-se mediaticamente aos velhos folhetins mais ou menos gastos e previsíveis, o que não é propriamente uma surpresa. A curiosidade e a excitação suscitadas pelos sucessivos episódios anedóticos envolvendo Joacine e o Livre não têm precedentes – pelo menos de fresca data – na política portuguesa. Mas o caso do Chega e de André Ventura, convertido recentemente no tribuno do “movimento zero” e das reivindicações das forças de segurança, tornou-se também pretexto de agitação, onde alguns pretendem ver projectada a nostalgia da extrema-direita (ou da “direita nacionalista” como prefere chamá-la um dos seus saudosistas, Jaime Nogueira Pinto).
O Livre e Joacine ilustram a bizarria dos caminhos por onde se foi perdendo uma esquerda radical em busca de originalidade ideológica. Já Ventura e o Chega limitam-se a tirar do baú as bafientas saudades salazaristas, embora o comentador televisivo benfiquista tenha encerrado o seu currículo académico defendendo teses políticas opostas às que hoje proclama. Finalmente, há ainda a Iniciativa Liberal (IL), mas esta limita-se sobretudo a um espectáculo de cartazes de rua onde expõe um incipiente liberalismo novo-rico à espera de conquistar terreno entre as direitas envelhecidas.
Resumindo: tudo isto poderia não passar basicamente de folclore ou de uma transitória capitalização dos descontentamentos que, entre outros sectores, as forças de segurança polarizam. Só que – e isso é deveras preocupante – o vazio que estes episódios preenchem não se deve apenas a um mero efeito de novidade. Deve-se também ao cansaço e esgotamento dos discursos políticos tradicionais – à esquerda ou à direita –, com destaque particular para as contradições cada vez mais insustentáveis das políticas do Governo, entre o rigorismo financeiro de Centeno e as situações de carência dramática de sectores como a Saúde, a Educação ou as forças de segurança (para só falar em exemplos mais ostensivos). Aliás, o mal-estar no interior do executivo foi expresso esta semana pelo confronto ínvio entre o ministro da Administração Interna e o ministro das Finanças relativamente à precariedade em que se encontram a PSP e a GNR.
Esse mal-estar já não pode ser disfarçado pelo próprio António Costa, apesar das suas recentes promessas de revitalização do mais debilitado dos sectores em crise: a saúde. Por outro lado, as relações entre Costa e Centeno já conheceram melhores dias e é óbvio que as agendas de ambos tendem a divergir desde a formação do actual Governo (onde o lugar régio de Centeno foi ocupado pelo novo ministro da Economia e amigo de Costa, Siza Vieira).
Para Centeno, as “contas certas” não são compatíveis com as fantasias líricas de uma visão financeira da Europa que o primeiro-ministro vem cultivando. Ora, até que ponto poderá manter-se este equilíbrio cada vez mais instável entre Costa e Centeno, evitando uma situação de ruptura? Como será possível compatibilizar a recuperação do país – e dos seus sectores mais atingidos pela precariedade – com o rigor austero das contas que é ainda um dogma religioso na União Europeia?
Entre o mundo emergente dos pequenos partidos e das suas «originalidades» e o mundo pantanoso das velhas políticas tão difíceis de reformar, o país corre o risco de ficar refém de um bloqueio histórico, por mais cor-de-rosa que sejam os sonhos portugueses de António Costa – e europeus de Ursula von der Leyen.
Nota. Li, aqui vai para além do folk.
Artigo da Bárbara Reis, há dias.
Hoje, trabalhamos com o mínimo dos mínimos: um elemento de graduado de serviço (normalmente um agente), dois no carro-patrulha e um na patrulha apeada (sentinela). Pois: numa esquadra que serve uma população, há DOIS polícias na rua.
https://pbs.twimg.com/media/EKo_yABWoAARkwy.jpg
… e uma oportuna homenagem à Greta, hoje.
https://www.publico.pt/2019/12/02/p3/cronica/carta-ao-ministro-do-ambiente-joao-pedro-matos-fernandes-1895838
Adenda. PS a descer, BE em terceiro, PCP em recuperação, PAN em marcha, André Ventura muito acima do CDS e, que surpresa!, o Livre bloqueou.
https://cdn.jornaldenegocios.pt/images/2019-12/OriginalSize$2019_12_02_21_07_30_365779.jpg
http://www.jornaldenegocios.pt/
Da série “Onde é que eu já vi isto?”
Nota. Benjamin #Netanyahu? Mike Pompeo? Isto é uma mini-cimeira das #Lajes, só que desta vez calhou ao António Costa servir os croquetes.
EU: depois do Durão Barroso há mais um lugar?
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Médio Oriente
Netanyahu vai encontrar-se com Mike Pompeo e António Costa em Lisboa
Primeiro-ministro israelita chega quarta-feira a Portugal para se reunir com o chefe da diplomacia dos EUA, que está na capital portuguesa. Irá ainda ser recebido pelo primeiro-ministro português.
Maria João Guimarães e Lusa
3 de Dezembro de 2019, 16:14 actualizada às 17:08
[…]
https://www.publico.pt/2019/12/03/mundo/noticia/netanyahu-vai-encontrarse-mike-pompeo-lisboa-1896032
Glup!
Nota. Isto não é mais um atentado ao estado de Direito, é uma tragédia para alguns poucos beija-cus. Hoje, segundo se ouvirá decerto, o coração de Portugal sangra…
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Operação Lex
Operação Lex: Juiz Rui Rangel demitido da magistratura
Decisão de expulsar o magistrado foi tomada esta terça-feira por maioria dos membros do plenário do Conselho Superior da Magistratura com um voto vencido.
O juiz Rui Rangel foi demitido esta terça-feira da magistratura pelo Conselho Superior da Magistratura (CSM), devido ao seu envolvimento no processo criminal Operação Lex, revelou à agência Lusa fonte do CSM.
https://www.publico.pt/2019/12/03/sociedade/noticia/operacao-lex-juiz-rui-rangel-demitido-magistratura-1896061
Mais um não-funcionário…