(In Blog O Jumento, 28/09/2019)
Há muito que os grupos corporativos querem o país refém dos seus interesses, em vez de constituírem os seus partidos optam por usar os poderes que têm à mão para tentarem influenciar o curso da vida política.
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Cada grupo corporativo considera que a causa de todos os nossos problemas são os políticos, para uns o problema resolve-se com advogados, os enfermeiros resolvem com greves que visam provocar mortes, cada um socorre-se da arma que os contribuintes lhes pagam.
No caso dos magistrados do Ministério Público há muito que tentam gerir os destinos do país chamando a si a escolha dos governantes, fazendo-o pela negativa, usam os poderes ao seu dispor para destruírem os políticos que detestam. Todos sabemos que o Mário Nogueira faz greve aos exames, que as laranjas aparecem no inverno, que as melancias são a fruta do verão e que os processos com maior impacto político são tornados públicos em vésperas de eleições.
E os processos contra políticos são como as colheitas da uva para a produção de vinho, há anos bons e anos maus, no caso do Vinho do Porto os anos muitos bons são eleitos para vintage. Para o nosso Ministério Público anos de boas colheitas costumam ser aqueles em que o PS pode renovar-se no governo ou em eleições e se o alvo for um ministro ou mesmo um primeiro-ministro, então teremos um ano vintage. Isto é, a vindima de 2019 tinha todas as condições para ser vintage e com as primeiras uvas já apanhadas tudo aponta para um bom vinho com o rótulo do Ministério Público.
Até porque mal o MP disse que estava aberta a época da colheita o pessoal da vindima, neste caso o Rio, a Cristas e não só, não resistiram à tentação de se atirarem as uvas, finalmente estavam maduras. O problema é que o vinho do MP não serve para nada, serve apenas para embebedar e está para a sociedade portuguesa como o medronheiro está para o vinho português, é uma zurrapa, vinho a martelo.
A não ser que nos digam que podem transformar a Zezinha num milagroso Centeno, um partido do MP nada tem nada para nos oferecer a não ser para os políticos que lhes desagradem. Está na hora de os nossos magistrados deixarem a clandestinidade e criarem o seu próprio partido.
Não é Rui Rio que tem umas ideias sobre isso?
Pese poder trazer alguns ‘inconvenientes’ por eventuais abusos do poder político?
É pena que não vá para o parlamento apresentá-las e discuti-las, mas o país não o merece em tão pobre poleiro.
Pois. Pobre poleiro, pobres partidos. Lançam umas farpas quando em campanha, ficam depois, no Parlamento perante o executivo, como o macaco da estatueta: olhos vendados, boca fechada, ouvidos tapados.
Chegam ao poder, ‘cansados’ do esforço físico e mental da campanha , à semelhança dos generais, assim que a isso promovidos, com corte epistemológico em relação ao que pensavam antes-depois, sobra Tancos.
Que ‘alternativas’ ou iniciativas apresentam as oposições, perante desvarios sucessivos do poder-governo?
Que fizeram perante o aborto BatOta-PS, as oposições? Ou perante o meio aborto Defesa 2020-PSD? Ou o aborto MontijoANA-agarotado Marques sem plano B?
Podem ter muita razão sobre a falta de independência do MP, mas com este discurso de calimeros salvadores do país injustiça dos já perdi a paciência para os ler e ouvir.
Não ajuda que a política seja quase um zero em termos de futuro e a ideologia económica patética quando toda a gente já diz que não dá mais uva.
O vinho não é ‘medronheiro’ que é coisa que não existe. É ‘morangueiro’.
O artigo está excelente!
Abraço
Nota. Nem mais, Jumento! Eu diria ainda mais, depois de ler divertido que o José Sócrates apelou ao voto no António Costa: vamos continuar a brincar aos polícias e ladrões?
[…]
No artigo intitulado de “Desta vez o nome é Tancos”, José Sócrates é claro a anunciar ao que vem. “Para ir directo ao assunto, considero que a apresentação da acusação judicial de Tancos tem uma evidente e ilegítima motivação política”, começa. “Não só pelo momento escolhido – no meio da campanha eleitoral –, mas, principalmente, pela forma como o Ministério Público orientou a sua divulgação pública”, argumenta. “O truque, desta vez, consistiu basicamente em apresentar nas televisões a prova: uma mensagem do antigo ministro para um deputado na qual afirma que ‘já sabia’.”
Portugal: estudantes voltam a sair à rua — e, desta vez, não vão sozinhos
Para o antigo dirigente socialista, “a mensagem nada prova”. “Isolar aquelas duas palavrinhas permitiu o formidável passe de mágica que contaminou toda a conversa posterior. A operação chama-se spinning e constitui hoje uma especialidade da nossa política penal”, avalia José Sócrates.
Daqui José Sócrates parte para atacar “procuradores e (alguns) jornalistas”. “Nem direito de defesa, nem presunção de inocência, nem tribunais. Eis ao que chegou esse poder oculto, subterrâneo e quase absoluto que resulta dessa extraordinária aliança entre procuradores (alguns) e jornalistas.”
[…]
E a parte melhor, que é inegavelmente esta:
“Em 2005, foi o Freeport; em 2009, as escutas de Belém; em 2014, a Operação Marquês, agora foi Tancos”, conclui o antigo dirigente socialista.
https://www.publico.pt/2019/09/29/politica/noticia/setimo-dia-jose-socrates-chega-campanha-falar-tancos-1888295
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É delicioso e surpeendente este apoio (ou talvez não pois o José Sócrates concorre com o José Neves, um na Ericera e outro lá no monte agarvio). Eeheheh!, os gajinhos da estratégia do PS devem ter ficado para morrer…
Adenda. Assim vai a campanha do PS: pois, de repente, sinto a falta das mensagens de apoio do Armando Vara, do Carlos Santos Silva, do Lalanda de Castro, do Manuel Pinho, do Zeinal Bava e do Henrique Granadeiro, surpreendemente do Duarte Lima e, quiçá, do próprio Ricardo Salgado.
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