Assunção Cristas – a rã que queria ser boi

(Carlos Esperança, 10/09/2018)

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A Dr.ª Cristas, aproveitando a guerra civil que lavra no PSD, onde o grupo parlamentar prefere a implosão do partido à aceitação de um líder sem cadastro e com percurso académico e político sem mácula, vai debitando frases vazias de conteúdo e cheias de vento mediático.

«Somos ‘a’ alternativa a António Costa e às ‘suas’ esquerdas. Somos o único partido que se recusa servir de muleta a António Costa” – diz a azougada líder, à solta no espaço mediático, enquanto decorre uma virulenta campanha contra os partidos que apoiam o atual governo.

O país sabe que decorre a Festa do Avante, não pela sua qualidade, mas pela recusa da venda de um livro do jornalista que luta contra o regime de Angola, o que o PSD e o CDS não fizeram à ditadura fascista, em Portugal. Não sentiam a necessidade de existir e, quanto à censura de livros, não o fizeram numa festa partidária, fizeram-no a Saramago num seu Governo.

O BE, apoiado pela comunicação social enquanto foi julgado útil para debilitar o PCP, é alvo de uma campanha suja e implacável. A pretexto da especulação imobiliária do ex-vereador de Lisboa que, não praticando qualquer ilegalidade, revelou uma grave incoerência pessoal, o BE passou a ser diariamente fustigado por todas as sucursais da central de intoxicação da direita.

O PS é responsabilizado pela degradação do SNS, dos caminhos de ferro e pelos incêndios que ocorrem, apesar de estar a remediar o desleixo do governo que o precedeu, sendo acusado da degradação dos serviços públicos que a direita procurou destruir, para privatizar.

Esta direita rapidamente esqueceu a forma como explorou o caso de pedofilia (processo Casa Pia) contra o PS e o erro grosseiro do juiz exibicionista que foi à AR prender um deputado, com a TV atrás, destruindo-lhe a carreira política e lançando a infâmia sobre o partido. Não houve provas para o acusar, mas o mal já estava feito, Ferro Rodrigues (secretário-geral) pediria a demissão e o PS saiu fragilizado.

A Dr.ª Cristas trata a esquerda como se fosse esta a autorizar o corte de sobreiros, a receber as luvas dos submarinos ou a patrocinar a disseminação dos eucaliptos. Para a azougada líder do CDS os fogos existem por incompetência do PM, como se António Costa assinasse a resolução do BES, a pedido de uma ministra amiga, sem saber do que se tratava.

Esta direita usa os casos de políticos de esquerda, mesmo em fase de instrução, até à náusea, como se os crimes, a existirem, fossem exclusivos dos adversários; usa casos pessoais como arma partidária, e suspeitas, como crimes provados. Não sente vergonha em tratar os partidos de esquerda como se um ex-líder tivesse uma vivenda de luxo no Algarve, sem dar satisfações sobre a forma de aquisição; um ex-PR deixasse nascer ou patrocinasse uma cabala contra um PM, a partir de Belém; um ex-chefe de gabinete de PM fosse preso logo que perdeu as eleições num clube de futebol; um ex-deputado votasse duas vezes em locais diferentes, no mesmo ato eleitoral; um grupo de autarcas, denunciados pela Visão, não tenha sido investigado, vários ex-ministros condenados, um ex-líder parlamentar acusado de matar uma velhinha, etc., etc..

A esquerda não tem ex-líderes comentadores profissionais da TV nem um só fundador que se tenha envergonhado do partido que criou e cuja foto tenha sido retirada da sede.

O que a esquerda portuguesa nunca teve foi um PM que tivesse preenchido uma ficha na PIDE, outro que tivesse sido cúmplice da invasão do Iraque ou um que chegasse a S. Bento depois de ter recebido 6,7 milhões de euros da UE, cuja devolução, por fraude, foi exigida ao Estado.

Nem um PR que tivesse ganhado substanciais mais-valias em ações não cotadas da SLN/BPN!

6 pensamentos sobre “Assunção Cristas – a rã que queria ser boi

  1. O título do texto do Carlos Esperança foi uma má escolha que contrasta com a boa qualidade de um texto que coloca os dedos em todas as feridas da direitralha-radical.

    Perante a falta de alternativa (ou vergonha em assumir a alternativa, caso contrário perdem os votos quase todos), sobra a propaganda da direitralha-radical, a comunicação social da propaganda paga e jornalismo de sarjeta, e os bitaites diários de alegados e/ou artificialmente construídos casos e casinhos, que significam NADA para a vida da esmagadora maioria dos portugueses.

    Mas numa coisa, a Assunção Cristas tem razão, o CDS é mesmo uma alternativa:

    – a Geringonça sobre pensões, o CDS tem como alternativa o corte de pensões;

    – a Geringonça valoriza salários, o CDS tem como alternativa o empobrecimento de quem trabalha;

    – a Geringonça ajusta o défice com crescimento acima da média da Zona Euro, o CDS tem como alternativa a austeridade recessiva sem nunca cumprir o défice, ou na melhor das hipóteses crescimentos anémicos abaixo da média da Zona Euro;

    – a Geringonça enfrenta protestos na função pública em torno de contratações, aumentos e descongelamentos, o CDS tem como alternativa os despedimentos, os cortes e congelamentos;

    – a Geringonça tem melhorado a distribuição do esforço fiscal, o CDS tem como alternativa o aumento do IRS (castigo para quem trabalha) e o fim do adicional de IMI (prenda para quem tem mansões);

    – a Geringonça estimulou o crescimento com a procura interna, sem prejudicar as exportações, e aumentando o investimento, o CDS tem como alternativa a contração da procura interna, mínimos históricos de investimento privado, e a aposta única nas exportações por uma questão de sobreviviência (por não se ter a quem vender cá dentro);

    – a Geringonça discutiu, preparou, e está a colocar no terreno, uma corajosa reforma das florestas, o CDS tem como alternativa a eucaliptização de norte a sul do país;

    – a Geringonça reforçou a escola pública, racionou os contratos de associação, e oferece manuais escolares gratuitos, o CDS tem como alternativa a privatização do sistema de ensino todo, e o regresso aos tempos do ciclo-vicioso em que a classe social definia a escolaridade, e por sua vez a escolaridade confirmava a classe social;

    – a Geringonça bate-se pelas liberades individuais (Estado laico, canábis recreativa, co-adoção, eutanásia, etc), o CDS tem como alternativa um Estado religioso, ultrta-conservador, e autoritário.

    – a Geringonça já está há 3 anos a fazer descer a dívida que interessa (Dívida Pública Líquida em % do PIB) desde o record de 118.6% (4ºT-2015) até aos 114.7 (1ºT-2018), a alternativa do CDS foi pegar nos 97.2% (2ºT-2011) deixados por Sócrates e ir de record em record até aos 118.6% (4ºT-2015).

    – na Geringonça discutem-se visões diferentes de como melhorar a vida dos Portugueses todos, no CDS a alternativa é melhorar a vida de uma minoria, e privatizar tudo por fanatismo ideológico, mesmo que isso signifique prejudicar a vida de 99% da população.

    Como vê, caro Carlos Esperança, é raro mas por vezes a Assunção Cristas diz a verdade: o CDS é mesmo uma alternativa à Democracia Liberal (10ª melhor do Mundo) em que nos tornámos, muitas vezes pela mão de ora PS, ora PSD (exceção a partir de 2011), e sempre com base em leis fundamentais, desde a Constituição ao SNS, aprovadas por PS, PCP, e mais recentemente também Bloco de Esquerda.

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