PORQUE NÃO QUERES SER POBREZINHO, PÁ?

(José Gabriel, 01/08/2018)

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Canais de televisão, exercendo aquilo a que chamam jornalismo de investigação, parece que resolveram fazer uma pornográfica incursão por tudo o que é propriedade ou rendimento de tudo quanto é figura de relevo na esquerda.

Querem fazer render o caso Robles, que está encerrado e não “dá mais”. Sejamos claros: este foi um caso de incoerência entre o que se proclama e o que se faz, com consequências políticas que feriram, sobretudo, o seu partido. Só isso, e já não é pouco. Quanto ao resto, que use dos seus direitos e cumpra os seus deveres é o que dele esperamos – o mesmo que, afinal, exigimos a nós próprios.

Mas a corja mediática não descansa. E agora, descobriram que a líder do BE é sócia de uma empresa familiar que se dedica a restaurar casas para turismo rural. E que temos nós a ver com isso, ó jornalistas da treta? Qual é o problema, se nem uma suja insinuação vos vale? E, deixem-me dizer-lhes, aquilo que quisestes que fosse um ataque, acabou por ser um elogio: as reconstruções daqueles modesto palheiros ficou um mimo e é digna de elogios.

O que se segue agora? Saber quanto custou o carro de um qualquer perigoso revolucionário? Descobrir as obscenas quantias que alguns figurões de esquerda gastam em livros ( e quadros! Eles chegam a ter quadros e outros luxos! )? E quantas divisões tem a casa de um qualquer comunista? Esta é a perspectiva da direita: os militantes da esquerda mais consequente deveriam ser Franciscanos, fazer voto de pobreza, viverem em total despojamento.

Ó gente da direita analfabeta, a luta de classes não é entre bons e maus, entre pobrezinhos e ricos, mas o antagonismo entre as classes matriciais de um dado modo de produção que dela decorre tem reflexo económicos, políticos, ideológicos que em muito determinam as opções dos cidadãos.

É aqui que ganha sentido a tendência dominante das vossas chafaricas jornalísticas. Fazem o seu papel. Mas a prova que o fazem com os pés é, de quando em quando, um dos vossos bonzos sentir necessidade de declarar que “a comunicação social tem tendência de esquerda”.

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