Marques Mendes e o fogo

(Por Dieter Dillinger, in Facebook, 20/08/2017)

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(Vão todos de férias, mas o Mendes até comenta de calções de banho se preciso for. É que deve receber “à peça” e uma semana sem comentar eram uns milhares de euros a menos na conta bancária… 🙂  – Estátua de Sal, 20-08-2017)


O pequenito Marques Mendes fez uns gráficos para dizer mal de Portugal, comparando áreas incendiadas com a Grécia, Itália, França e Espanha, esquecendo que nos últimos 50 anos ou mais sempre houve fogo no verão em Portugal.

O palerma não conhece a geografia desses países que é bem diferente da portuguesa.

Por acaso tenho visto o pequenito de calções no local em que estou de féria e estamos perto da Andaluzia. Não sei se o gajo foi alguma vez a Granada, Cordoba, El Egido, Almeria, etc. O que se vê aí? Áreas agrestes sem grandes florestas e na Andaluzia onde há mais arvoredo como no Parque Natural de Donana também ardeu.

Quem vai a Madrid e atravessa de carro a região de Castela e conhece também Castela La Mancha encontra muita aridez. O mesmo sucede na Grécia que até de avião vemos o vasto Peloponeso sem árvores e andei pelas ilhas e muitas zonas só vi mesmo zonas arborizadas no Norte da Grécia.

Em França, tenho-a atravessado muitras vezes de carro a caminho da Alemanha e Suíça e apanhei com chuvadas enormes em Agosto. Só mesmo no sul na Cote d’Azur e perto S. Tropez é que há calor e floresta e também ardeu.

O Marques Mendes é mesmo BURRO e não faz ideia da geografia europeia. Se colocasse a Alemanha via que não arde nada porque chove quase sempre no verão como acontece em todos os países do norte.

Ele nunca se perguntou a si mesmo porque razão o Alentejo quase não arde? Porque é bastante árido, apesar de ser bem menos que a Andaluzia.

Portugal tornou-se artificialmente um país de floresta desde que o governo de Hintze Ribeiro no fim do Século XIX iniciou uma vasto programa de florestação que foi continuado por todos os regimes e governos até hoje.

Já aqui escrevi que quando era criança, o Parque do Monsanto todo arborizado não existia. Aquilo era tudo terra e calhaus.Hoje é uma imensa e bonita floresta que não tem ardida porque há lá sempre muita gente e é difícil lançar fogo. Mesmo à noite um indivíduo que se se meta no meio dessas árvores não sabe se há alguns pares por lá escondidos que acabam por ver o que o incendiártio fez.

D. Diniz mandou plantar o pinhal de Leiria e durante os descobrimentos e até aparecer o navio de ferro, Portugal teve muitos pinhais e consumiu muito, tanto na construção naval como nos fogões de cozinha e lareiras. Só nos últimos 50 anos é que a situação mudou com o abandono das aldeias que é um fenómeno global por a nossa civilização se ter orientado para a indústria e serviços e a máquina acabou com o trabalho “escravo” na agricultura.

5 pensamentos sobre “Marques Mendes e o fogo

  1. É preciso é dizer qualquer coisa, mesmo que nunca tenha pensado no que vai dizer. O mesmo se passa com o pequeno grande arquiteto, que uma vez, tendo esgotado o arquivo sócrates, teve de escrever sobre…tesouras

  2. Viver habitualmente.
    “INCÊNDIOS: 2011 – O ÚLTIMO COMBATE”
    Agosto de 2010 – Portugal: o drama deste ano com os fogos florestais, vem comprovar como pouco se avançou desde o fatídico ano de 2003, quando o fogo iniciado no mato a poucos passos de um caminho da vila de Silvares para a serra da Maunça (Fundão) varreu o país até Abrantes, no total dos incêndios por uma área idêntica à do Algarve.
    Como habitualmente, inúmeros comentadores, estudiosos e políticos, vão opinando e diagnosticando o que está de há muito diagnosticado: que política florestal (existe?); ordenamento do território (objectivo possível há duas décadas, entretanto realizado pela realidade económica e inércia governamental); organização dos meios de combate aos fogos florestais (portuguesa).
    In JF.2010

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