Não é pós-verdade é pró-mentira

(Por Estátua de Sal, 21/12/2016)

carros

A Federação Europeia dos Transportes e Ambiente acusa as marcas de indicarem consumos falsos com base em testes de laboratório. A conclusão é de um estudo da Federação Europeia dos Transportes e Ambiente (FETA). As marcas manipulam os dados e mentem sobre o consumo dos automóveis, sendo cada vez maior a diferença entre o consumo de combustível indicado pelo fabricante e a realidade em estrada….

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A palavra do ano dizem que é “pós-verdade”, referindo-se às declarações públicas de políticos que são consabidamente falsas mas que, ainda assim, são repetidas não implicando perda de popularidade junto dos eleitorados, antes pelo contrário.

Mas eu acho que o termo não é muito correto. Devia antes dizer-se que vivemos num mundo de pró-mentira. A mentira é da indústria, dos políticos, dos bancos, dos jornalistas. Está institucionalizada, e dá lucros chorudos, e não há penalizações, como se vê por esta notícia. Mais uma aldrabice da indústria automóvel que só pode mentir com a conivência dos governos. Onde andam os reguladores e as instituições públicas de controle do sector?

As sociedades humanas só podem sobreviver se houver um espírito gregário de colaboração entre os seus membros. Quando a mentira impera há um custo económico acrescido que deriva do facto de toda a acção em conjunto ter que ser escrutinada previamente. Quando a mentira impera a confiança no outro esboroa-se e não há colaboração sem custos e ressalvas.

Depois digam que não há crescimento económico. Pudera, quando a rede de interdependências se esfrangalha ou enfraquece, o trabalho colectivo e os ganhos de grupo caem igualmente.

Os neoliberais teimam em esquecer que os aspectos institucionais do capitalismo são críticos para que os “benfazejos” mercados funcionem. Mas sem valores, ética e princípios, não há instituições que operem eficazmente. E sem estas, é a selva. E na selva não reinam os mercados. Na selva é o reino do Tarzan, o homem-macaco.

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