O Novo “PRIOR” DO CRATO!

(Joaquim Vassalo Abreu, 01/05/2017)

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Eu não sei se o Crato é do Crato mas, como tal nome transporta, se não é do Crato o Crato é dele. E assim de alguém fez novo “Prior”, porque o outro do Crato só tinha o nome.

O outro, segundo reza a História, era António e, em vez da carreira eclesiástica, abraçou com capa e espada a causa pátria. Ser apelidado de “Prior” é, portanto, um logro. Mas o que a mesma História também diz é que terá participado, ao lado de D. Sebastião, na batalha de Alcácer Quibir e que se terá feito passar por padre para ser libertado. E que, com ele na defesa da pátria e da grei, Portugal ficou sessenta anos nas mãos dos Filipes…Um “Prior” de meia tigela, é bom de ver… ou” fajuto”, como dizem os Brasileiros dos feitos condes e viscondes…

Mas o Crato, sendo Crato mesmo não sendo do Crato e conhecendo certamente a pífia história do tal “Prior”, resolveu dar o seu contributo para o apagamento desse embuste ligado ao seu nome e resolveu reescrever a História. Então, em entrevista ao DN, veio dizer que o seu novo “Prior”, mas este por si transportado a “Herói Nacional”, se chama Pedro! De quem foi fiel escudeiro para a educação dos portugueses e das portuguesas, tendo conseguido o heróico feito de, pagando menos aos professores e tendo imensos alunos com pais desempregados…com ele o ensino tenha substancialmente melhorado! Assim como a emigração, o desemprego e a fome.

Mas o seu novo “Prior”, foi por si elevado não só a novo “Prior” mas também a “Herói Nacional” pois, segundo a sua matemática visão, pegou num país falido, sem dinheiro para pagar salários dali a dois meses (sim, porque um país falido não recebe impostos…) e disse-lhe: “Vamos conseguir”! E que, com o grande esforço de todos os portugueses, não se esqueceu de acrescentar, “conseguiu”. O quê? Isso não disse!

Ora daqui resulta que, segundo o nosso matemático transformado em filósofo, quem terá “conseguido” esse tal feito terão sido os portugueses e as portuguesas, mas que o “Herói Nacional” é ele, o novo “Prior”, pois terá catapultado os tais portugueses para esse heróico desígnio de salvar a Pátria para que esta continuasse a ser uma nação valente e imortal…

Que este Crato é um pândego a gente já sabia, menos ele que, mesmo assim, ainda não o descobriu. De igual modo que o seu patrono, insistindo em ostentar o “pin” identificador do seu amor pátrio, também ainda não realizou que já não é há muito, nem nunca foi, o tal “salvador” e é, quanto muito, um sebastiãozinho tão perdido no nevoeiro das suas “batalhas” que, até o Júdice lho lembrou, só ele ainda não se convenceu de que já não o é.

Com o outro entraram cá os Filipes e com este entrou a Troika que, tal qual os Filipes, vieram resgatar esta ditosa pátria dos desmandos, da luxúria, do pecado, da cupidez e do desnorte de um povo transformado em gastador compulsivo, tanto em vinho como em “gajas” e com um salário mínimo vergonhoso de tão alto que ele era!

Mas o Sr. Prior mais a Madre Superiora resolveram agora, de há uns tempos a esta parte, mudar os seus teológicos princípios e estão a abandonar as críticas às evidentemente bem-sucedidas políticas deste governo, aceitando que os resultados são bons, que realmente a economia e a vida social melhoraram, mas que tudo se deve às políticas do anterior governo, do seu! E que fariam tudo igual, também dizem…

Já agora, Sr. Prior, travista-se de padre, como o outro, para ver se ainda o levam a sério… Em “Herói Nacional” do Crato, que do Crato ninguém conhece…

PS, que quer dizer, “pensamento sério”: A “Madre” diz que vai a Fátima em peregrinação para ver o Papa. E você, Sr. Prior? Deixa-se ficar?


Fonte aqui

O grande humorista

(Por Estátua de Sal, 15/12/2016)

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                                                                                      O Grande Humorista

Passos Coelho já tem um novo emprego garantido quando for varrido do PSD, vai para humorista fazer concorrência ao Ricardo Araújo Pereira. Enquanto não o chutam por falta de virilidade e calculismo, ele lá vai perorando e ensaiando para a sua nova profissão futura.

Hoje veio dizer que o Governo é tão mau, a situação do país é tão caótica, que o Costa até teve de ir buscar um ex-ministro dele, o Macedo, para resolver os problemas da CGD. E alvitrou Passos que um dia destes, ainda vão ter que ir buscar outro ex-ministro deleo radical e incompetente  Nuno Crato. Passos fala dos ex-ministros como se fossem propriedade sua, uma espécie de oficiais às ordens de Sua Majestade. No fundo, continua a achar que ainda é Primeiro Ministro, o que é um sintoma de distúrbios psiquiátricos de gravidade elevada. (Ver notícia aqui)

Ora, se o Macedo lhe pertencia, e como a escravatura já foi abolida, este desabafo de Passos só pode ser entendido como uma peça de humor negro feita por alguém que, lá fundo, se sente traído, ou melhor dizendo corneado, pelo súbdito e compagnon de route. Como dizia um grande amigo meu, “a dor de corno é a maior dor do mundo”, e Passos deve estar a espernear por o Macedo lhos ter posto, sem apelo nem agravo.

Coitado, fica-se com o Crato, de quem espera grande lealdade, ou pelo menos,  sendo tão incompetente, que não seja nunca posto à prova, sendo chamado a funções de Estado de novo. Quando o barco naufraga os ratos são os primeiros a abandonar o navio.

Só Passos é que não quer ver que o navio já naufragou e que nunca teve a rodeá-lo outros mamíferos que não fossem ratos, digo mesmo, grandes ratazanas.


Nada menos exigente do que chumbar todos

(Mariana Mortágua, in Jornal de Notícias, 19/05/2015)

Mariana Mortágua

                     Mariana Mortágua

Pelo segundo ano consecutivo e a segunda vez em democracia, crianças de 9 ou 10 anos foram ontem chamadas para fazer um exame do 4.º ano. Não tenho nada de especial contra os exames. Eu própria já fiz muitos ao longo dos últimos anos. Coisa diferente é dizer que uma criança de 9 anos deve fazê-los.

Para fazer esta discussão é preciso antes desmontar os mitos que a rodeiam.

O primeiro é que é assim em todo o lado. Falso. Há apenas dois países em que crianças com esta idade fazem exames (Portugal e Áustria). Em muitos outros há provas de aferição, como acontecia em Portugal até Nuno Crato.

A semelhança entre uns e outros é que ambos aferem os conhecimentos dos alunos, as competências ensinadas por escolas e professores, e como é que estão a reagir. A diferença é que as provas de aferição aferem, os exames chumbam. As crianças sabem isso, como o sabem as escolas que passam os últimos dois meses não a ensinar, mas a preparar para o exame. O segundo mito é que, com exames ou sem exames, ninguém chumba em Portugal. Falso, tristemente falso. Portugal tem a terceira maior taxa de retenção dos alunos até aos 15 anos. Um em cada dez alunos, diz o Conselho Nacional de Educação, fica retido logo no 2.º ano. Ou seja, com sete anos já levam um ano de atraso. Não se pense que chumbar muito é ser mais exigente. Pelo contrário, é o mais fácil. Significa desistir, desde cedo, de quem tem dificuldades. É o triunfo da exclusão onde devia haver apoio e da desistência onde devia haver superação. Não há nada menos exigente do que chumbar toda a gente.

Terceiro mito. “No meu tempo, havia exame na quarta classe e sabia-se mais”. Pois é. Mas o exame, na ditadura, tinha lugar na 4.ª classe porque este era o patamar máximo a que era permitido ao povo estudar. Era uma prova de exclusão. Quem não tinha dinheiro, quase todos, dificilmente voltava a ver uma escola. A democracia, felizmente, acabou com esses tempos e abriu a escola a toda a gente.

Este exame tem o efeito de seriação social que tem sido uma das imagens de marca de Nuno Crato. Do ensino dual para quem chumbou dois anos, ao fim do Inglês no primeiro ciclo para 65 mil crianças, ou à substituição do programa de Matemática – contra todos os pareceres, sem estudar impacto e sem nenhuma formação específica para os docentes. Crato não é exigente. É desistente. De uma escola que integra e não deixa nenhuma criança para trás. Que, pelo meio, os resultados que tanto evoluíram nos últimos anos comecem a dar sinais de regressão não é de estranhar.

DEPUTADA DO BE