O cancro não se cura com votos ou palavras bonitas

(Carlos Marques, in Estátua de Sal, 29/03/2024, revisão da Estátua)


(Este texto resulta de um comentário a um artigo que publicámos de Miguel Sousa Tavares ver aqui, mormente a critica ao seguinte excerto:

“Esta nossa doentia tendência para dar sempre mais voz e mais importância a quem mais berra ou desfila pelas ruas a cantar o hino tem como contrapartida o esquecimento de todos os outros. E os outros são os 80% que não votaram no Chega ou os 50% que pagam IRS. Só num país desnorteado é que a prioridade são aqueles e não estes.”

Pelo seu incisivo sentido de contraditório – o qual prezo e ao qual dou palco – e pelo seu carácter de quase manifesto, resolvi dar-lhe o destaque que, penso, merece.

Estátua de Sal, 29/03/2024)


De todo o texto do Miguel Sousa Tavares, na realidade só esta citação importa: “E os outros são os 80% que não votaram no Chega ou os 50% que pagam IRS”.

O Ventura pode ser o demagogo, mas a corja como Miguel Sousa Tavares e Francisco Mendes da Silva, é que é o verdadeiro fascismo que trouxe o país a este ponto.

Com que então, os que não pagam IRS não valem a pena… Devem ser desprezados por terem salários e pensões miseráveis, decorrentes de um regime político, (NeoLiberalismo e USAtlantismo, EUropeísmo e Globalismo), e de um sistema económico, (€uro, ataques aos trabalhadores, recusa em distribuir riqueza, Estado fraco para com os fortes, etc), que é profundamente fascista e que é exatamente o que o MST e o FMS defendem…

Esta citação do MST diz-me tudo o que preciso de saber dele e dos do “centro moderado” e da “democracia liberal”. Eles, do PS até ao CDS, passando por PSD e IL, e incluindo os mais EUrofanáticos e fans da NATO no Livre e PAN, e agora também em parte do BE, é que são o cancro. O Ventura é apenas uma metástase.

E, enquanto não perceberem isto, o Ventura e os Venturas por esse Ocidente fora vão continuar a crescer como cogumelos. Até ao dia em que se volta à ditadura de facto, com o fascismo de botas cardadas. E isto é inevitável, pois como se vê no texto do MST, as elites não têm capacidade mental nem predisposição social para perceber.

Agora a culpa é de quem vota no Ventura… Quem não vota nos amigos do MST e do FMS é ignorante… E há que escolher entre ser livremente miserável ou abdicar da liberdade para sair da miséria, como se não houvesse mais nada pelo meio… É insultuosa a “lógica” do MST e companhia. Mas eles precisam desta “lógica” para evitar a realidade.

Vamos a ela:

1) O offshore da Madeira continua aberto, e os ricos têm todos os esquemas e mais alguns à disposição, legalizados, para poderem fugir aos impostos, mas os que votam no Ventura é que são maus…

2) em Portugal fecham urgências por falta de pessoal, por falta de r€sp€ito pelos profissionais, mas quem não paga IRS (por ter salário ou pensão miserável) é que é mau…

3) Portugal atacou direitos laborais e destruiu a contratação coletiva e o sindicalismo, tudo isto matou qualquer hipótese de se poder subir o poder de compra dos salários, mas quem desespera e vota em protesto é que é ignorante…

4) Portugal é um dos maiores prejudicados da ditadura neoliberal do €uro e isso condena o país a uma morte lenta, mas ai, ai, aí: os populismos é que são a causa do problema…

5) Tudo quanto é público é cada vez mais gerido na “lógica” privada (RTP, Lusa, CGD, TAP) ou já foi privatizado a privatizado a estrangeiros que não querem saber do país, (ANA, Galp, EDP, REN, CTT, PT, Cimpor), privando-nos de qualquer rumo ou sector estratégico. A seguir, vão vender o que falta da Escola Pública, do SNS, e das pensões, mas as pessoas a quem é dito pela propaganda que isto é certo e não há alternativa, por mais que sintam os efeitos nefastos, é que são o problema…

6) Os portugueses ou ficam em Portugal na miséria e a ver todos os dias a desigualdade, ou emigram, ou ficam a ver as suas famílias partidas quando seus filhos emigram. No país sobram trabalhos mal pagos, quase escravatura, que são aproveitados por imigrantes a quem o nosso país não diz nada. As elites acham muito bem, pois isto é para eles apenas um número bonito na folha de excel de pagamentos das suas empresas. Acham que os humanos devem andar de país em país a adaptar-se às necessidades da elite económica. E depois, quando esse povinho f*dido decide votar zangado, o povinho é que é chamado de ignorante pelos amigos da elite que são os únicos com voz na imprensa mainstream

7) No ano de 2023, o poder de compra do salário médio só subiu na China, na Rússia, e no México. E só não subiu em Cuba, Venezuela, Irão, e outros, devido às sanções ILEGAIS que acabam por ser mais eficazes contra países mais pequenos ou com limitações de recursos. É bom não esquecer também como o FMI esmaga países, como Egipto, ou destrói totalmente países como o Haiti.

A elite ocidental está a fazer guerra contra a Rússia, está a preparar outra contra a China, e um grupo de senadores em Washington já ameaçou invadir o México. E, claro, as sanções ILEGAIS são para manter. E o FMI é o Nosso Senhor Jesus Cristo da economia Mundial…

8) Após anos e anos de austeridade e “contas certas” (cortar onde o povo precisa, para satisfazer as metas das elites), agora esbanja-se na guerra como se não houvesse amanhã, ora para apoiar nazis em Kiev, ora genocidas em Telavive, fora todas as outras poucas vergonhas, como bombardear o Iémen – como se navegar no Mar Vermelho para levar armas aos sionistas genocidas fosse um direito divino do povo “superior” do Ocidente…

Mas o povinho, se está zangado, miserável, e se protesta na rua, é porque lhe falta chá… É porque é demasiado ignorante para perceber o genial plano (globalismo belicista) da elite, e não entende a perfeição do regime político (ditadura da burguesia ocidental) em que vive.

Pois, meu caro MST e companhia, se há problema por estes lados, é exatamente por ainda só existirem 20% de votos antissistema. Deviam ser mais! E não deviam ser só votos, deviam ser paus, pedras, cocktails molotov, bombas, forcas e guilhotinas!

É para mim insultuoso que perante tanto fascismo da elite, belicismo, colaboração com nazis e sionistas genocidas, perante um sistema económico de roubo e ameaça aos não-ocidentais, e de desigualdade pornográfica contra os próprios povos ocidentais, ainda não tenha havido nenhuma bomba em Bruxelas, Frankfurt, Washington, Wall Street, Davos, Doha, Langley, Pentágono, em Westminster, na City e um pouco por todos os países vassalos, nas filiais do império a que, os ainda cegos, chamam “parlamentos nacionais”, mas onde já nada se decide e onde já nenhum povo se representa.

Estão à espera de quê? Que o senil octogenário Genocide Joe dê início à ÚLTIMA guerra mundial, e que imbecis como Macron, Kaja Kallas, Duda, Meloni, etc, peguem nos tais “miseráveis” que não pagam IRS e nos mobilizem a todos à força para morrer numa trincheira às portas de um país não-ocidental? Estão à espera que os EUA cumpram a promessa (como fizeram no Nord Stream) de destruir Taiwan só para impedir que a China destrone os EUA na liderança do mercado dos chips?

Querem mesmo empobrecer, ainda mais, em nome da “liberdade” de um multibilionário fazer passeios espaciais de 10 minutos?

Querem esperar pela finalização do GENOCÍDIO da Palestina e pela ativação da guerra na Sérvia só para que a NATO possa, respetivamente , ter uma enorme base militar na Mesopotâmia e anexar o Kosovo?

Querem continuar a ser “bons alunos” que aceitam o autoritarismo e a censura impostos por não-eleitos na EUropa?

Querem esperar para ver os vossos filhos a viver em barracas, em nome da “liberdade” das elites acumularem propriedade e especularem com casas de habitação vazias, e no final ainda terem de ouvir os mete-nojo, como o MST, a dizer que o problema são os vossos filhos, que são preguiçosos demais para terem 2000€/mês para pagar de renda?

P”TA QUE PARIU ISTO TUDO! Se não perceberam que é para aqui que vamos, e que os Venturas são apenas uma consequência, e não a causa do problema, então não perceberam nada!

O 25 de Abril está morto, após facadas sucessivas. E nem houve um único dia de luto pelos Capitães de Abril que nos deram a verdadeira Liberdade. Mas o Parlamento português obedeceu aos não eleitos da UE/NATO, para declarar luto por um racista, fascista, criminoso, chamado Navalny…

Nos bálticos já se vai ao ponto de destruir estátuas dos soldados soviéticos que derrotaram o nazismo, de proibir a celebração do Dia Da Vitória a 9 de Maio, de prender idosos veteranos que vão colocar flores nesses locais nesse dia, ameaçaram prender qualquer russo que se atrevesse a votar (o Francisco Mendes da Silva e companhia defenderam o mesmo para os catalães…), permitem marchas que glorificam as milícias nacionalistas e fascistas que colaboraram com Hitler, apoiam os seus equivalentes no Ucranazistão e, a Kaja Kallas, já faz declarações a preparar o povo para “não ter medo das armas nucleares” e que “ser a favor da paz é suicídio”… E, no final disto tudo, as elites globalistas NeoLib e NeoCon, com os MST e os FMS incluídos – e até os Daniel Oliveira -, ainda se atrevem a chamar-lhe “democracia”…

Meus senhores, a ditadura fascista de Salazar ajudou Hitler da forma mais tímida possível, sendo neutral (em vez de respeitar a aliança mais antiga do Mundo e ir em auxílio do Reino Unido). Mas a atual ditadura fascista de Portugal tem ainda menos decência, e viola a sua neutralidade inscrita na Constituição de forma a ajudar diretamente os nazis na Ucrânia e os imperialistas genocidas dos EUA em qualquer parte do globo!

A Alemanha está a enviar armas para o genocídio de um povo semita (os palestinianos), e os sionistas de Israel vão ao ponto de mandar a polícia do regime de opressão racial/étnica/religiosa (apartheid) espancar até os Judeus ortodoxos que se manifestam pela paz e recusam ser mobilizados. Por menos que isto, a NATO destruiu a Líbia inteira. Portanto o que é que os países da NATO mereciam agora que lhes fizessem?

Nós, no Ocidente (em graus diferentes em cada país) estamos, de facto, inseridos num Império genocida, cuja política externa é de belicismo, e a política interna é de fascismo económico disfarçado de “liberdade individual” ou de “democracia” liberal.

No plano interno, a desigualdade será cada vez mais pornográfica: os países vassalos serão cada vez menos soberanos e cada vez mais esmagados. No plano externo, continuam as forever wars para lucro dos oligarcas do Military Industrial Complex, as sanções ilegais para provocar miséria e fome nos países que se atrevem a dizer não ao Tio Sam e, numa destas agressões ocidentais contra a maior potência nuclear do mundo, o Ocidente gastas biliões dos seus recursos para ajudar meia dúzia de nazis a executar os planos de meia dúzia de pançudos em Washington.

Nesta conjuntura, os Venturas não passam de uma insignificante metástase. O próprio regime político e a sociedade dominada pela elite globalista (da “democracia” liberal) é que é o cancro. E o cancro não se cura com votos ou palavras bonitas. Cura-se com quimioterapia. O paciente só sobrevive se MATAR todas as células cancerígenas! E, como é óbvio, qualquer metástase morre também durante esse tratamento. Ninguém sobrevive tolerando o cancro. Não é um amigo com quem possamos chegar a entendimento. Temos mesmo de o matar!

No dia em que Julien Assange for libertado, e em que Bruno Amaral de Carvalho for diretor da RTP ou da LUSA (e a LUSA deixar de ser mero repetidor da AP/Reuters/etc); no dia em que Edward Snowden puder voltar vivo e livre aos EUA, e que, gente como Leyen, Stoltenberg, Nuland, estiverem em prisão perpétua, em que a NATO for desmantelada, e em que a Palestina deixar de estar ocupada; no dia em que os embaixadores russos forem convidados de honra no 9 de Maio na Europa inteira, e em que Pequim seja a primeira visita oficial de um Presidente português; no dia em que o Brasil, um país árabe e um país africano, tiverem assento permanente no Conselho de Segurança da ONU (ou do que vier a substituir a ONU…); no dia em que a maioria dos trabalhadores esteja sindicalizada, e que a comunicação social volte a falar a verdade (e as atuais PRESStitutas despedidas e condenadas por colaboração tal como se fez em Nuremberga); no dia em que cada país tenha a sua moeda e o dólar não seja moeda de reserva, e que a prioridade de todos os Bancos Centrais seja o pleno emprego e o fim da pobreza, então nesse dia saberemos que a quimioterapia funcionou.

Uns sonham com o dia em que todos tenham casa, educação, saúde, e possam ir de transporte público a todo o lado, possam viver em paz, ninguém passe fome, e a preocupação com o dinheiro no final do mês seja coisa do passado.

Outros sonham com a continuação deste longo dia em que só um grupo restrito pode viver no luxo, em que o Império domina pela guerra e genocídio, em que se chama ignorante ou preguiçoso a quem passa dificuldades, e onde tanto os demagogos como as elites (de formas diferentes) se aproveitam dos miseráveis.

Não há lugar para estes dois tipos de pessoas neste planeta. Ou o paciente mata o cancro, ou o cancro mata ambos e de caminho ainda destrói o planeta.

Exemplo prático: ou alguém dá um tiro em Netanyahu e mais meia dúzia de tiros no grupo central do sionismo (em Israel, na Europa, e nos EUA), ou milhões de humanos continuarão a sofrer.

As leis do chamado “estado de direito” não se aplicam aqui. A proibição de matar só se aplica em tempos de normalidade. E os demónios genocidas não merecem, não podem, ser tratados com as leis dos humanos. Aliás, foram eles próprios (os sionistas cristãos USAmericanos) a dizer que uma resolução de cessar-fogo aprovada no Conselho de Segurança da ONU “não é” vinculativa, Isto é, eles próprios admitem que nenhuma Lei do Mundo se lhes aplica. Portanto, estamos à espera de quê? Quimioterapia! Já!


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18 pensamentos sobre “O cancro não se cura com votos ou palavras bonitas

  1. Excelente Carlos Marques!

    No fundo, esta gente não passam de ideólogos.
    Procuram informação que comprove a ideia em que acreditam em primeiro lugar, depois usam esses exemplos para generalizar a coisa ao extremo através de um livro.
    E depois, se se verificar que a generalização do seu livro não tem nada a ver com a realidade, estão-se nas tintas!

    Mais uma confirmação de que estas histórias de liberalismo se baseiam em crenças, além de outros erros fundamentais (a abundância de bens torna as pessoas felizes, o comércio torna as pessoas amigas, etc.).
    Quando é que vamos sair desta situação? Quando é que os nossos dirigentes se tornarão clarividentes e pragmáticos?

    Hoje, a história é a mesma: os Governos procuram reforçar o mito do crescimento – enquanto este se desmorona – e utiliza preguiçosamente o mesmo processo, com uma reviravolta: o objetivo é agora tirar partido da polarização da sociedade, colocando os cidadãos uns contra os outros. Os egoístas do momento (desempregados, beneficiários do rendimento mínimos) serão convidados a apertar o cinto e, sobretudo, a alinhar. Trabalhar ou morrer. Não há grande margem de manobra. Desta vez, com um governo de direita mais liberal do que nunca, as medidas drásticas já não são uma piada. É preciso notar que o fenómeno não é exclusivamente Português: todos os países ocidentais são afectados por medidas semelhantes, destinadas a adiar o momento em que vamos à falência.

    Seja como for, se não inventarmos um novo modelo de sociedade que refute o consumismo, o decrescimento será inevitável e sofrido. Podemos sonhar com uma cidadania esclarecida, mas isso não está a acontecer. A cereja no topo do bolo é o facto de o mundo dos negócios se dar muito bem com a extrema-direita, nostálgica de outrora, ou seja, de um tempo de pleno crescimento.

    As estripações, as mutilações e todas as outras festividades fazem parte desta nova ordem, que é dura para os pobres, para aqueles cujo atravessar da rua os reforça na categoria do nada, e na realidade cada vez mais dura para o povo no seu conjunto, qualquer que seja a sua condição, excepto para aqueles que dão as ordens.

    A extrema-direita vai continuar o trabalho, alimentando esta máquina com a possibilidade totalmente legal de maltratar de facto aqueles para quem o índice aponta.

    Está na hora, mais do que na hora, de largar a “almofada” do torpor que entorpece a vontade e a coragem. Ou talvez seja mais tarde do que esperamos?
    O que significa governar pelo medo direto e até pelo medo insidioso, hipocritamente sussurrado por todos os megafones da comunicação social e do espaço público?

    Acabar com o medo é apenas um sonho?

    Há quem mostre que é possível, com o risco da própria vida. É uma questão de urgência, de absoluta necessidade material e moral?

    Também é fácil esquecer que não é o Estado que dá as prestações sociais, mas sim nós, através dos nossos impostos.
    E se decidíssemos que o dinheiro de borla para estes falinhas mansas tinha acabado…
    É estranho, mas já ouvi toda esta conversa extrema antes… Nos velhos tempos…

    Proteger os mais vulneráveis significa oferecer-lhes uma última atuação da orquestra no Titanic, enquanto aqueles que garantiram um lugar nos barcos os aplaudem com um suave grito de “coragem! aguentem!”. É verdade que temos muito para lhes agradecer, enquanto nos afundamos em paz, com as nossas almas saciadas por tanta bondade com os ricos parasitas..

    No estado actual, os pobres que trabalham pagam o que os ricos lhes tiram, só que a pobreza está a aumentar e os pobres começam a atacar os ricos, por instinto de sobrevivência, os ricos proteger-se-ão cada vez mais enquanto os pobres arriscarão tudo para se manterem vivos… o desequilíbrio entre as classes torna-se cada vez mais evidente, a consciência das pessoas desperta, o terreno torna-se cada vez mais perigoso, uma guerra torna-se vital para salvar uma ou outra, ou talvez as duas, e recomeçar onde começou com melhores bases, a história repete-se e um novo ciclo começou…

    O problema da política é que não é um jogo de póquer. Se o tipo do outro lado faz batota, e os políticos fazem batota há muito tempo, roubando as cartas certas aos Portugueses, então se o gordo do outro lado faz batota, podemos sair da mesa e dizer para nós próprios “que sacana, não volto a jogar com ele”. Mas não, agora não podes sair da mesa, estás algemado à maldita mesa política. Então, quais são as suas únicas opções, para além de esmagar a cara do batoteiro?

    Nesse caso dos lucros das empresas, vão para os bolsos dos patrões e dos acionistas (e não para o investimento na empresa ou para os salários) deviam ser tributados pelo seu justo valor. Em suma, por uma vez na vida, ajudemos as pessoas mais ricas. E, para recordar, quanto é que a evasão fiscal custa ao Estado? Que óptima ideia! Seria muito mais do que os 30 mil milhões em 2 anos. E poderíamos ter uma grande sociedade baseada na solidariedade.

    Já não é possível para mim ouvi-los. Até o zumbido da sua tagarelice é insuportável. Tenho um mau pressentimento sobre o nosso futuro nas mãos destas pessoas.

    O Miguel explica calmamente que a melhor maneira de recuperar muito dinheiro (milhares de milhões) é tirá-lo aos mais pobres e aos mais carenciados. Lamento, mas aqueles que o consideram “racional” estão apenas a concordar com o seu comportamento. Não há nada de racional, lógico ou “normal” nisso. É injustiça, pura e simples. Aqueles que se recusam a admiti-lo (apenas isso) são cúmplices.

    O André Ventura vai dizer-nos que a culpa é de Putin. Eles são tão incompetentes e cobardes que a culpa é da “santa Rússia”. Queriam afundar economicamente a “santa Rússia”, mas falharam, é o nosso navio que está prestes a afundar-se.

  2. Bem, o CAPITALISMO (uma anomalia histórica e antropológica), porque chegámos a este ponto? A TAXA DE LUCRO DESCEU, deixámos de produzir inovação, logo não há mais crescimento. No início da revolução industrial, depois a chegada do PETRÓLEO, a taxa de lucro era de 45%! Hoje, devido à falta de inovação e de novos territórios a conquistar, desceu para 4%! Por conseguinte, a burguesia compradora, a BlackRock, a Vanguard e companhia, procuram com unhas e dentes o rendimento a qualquer preço!

    Por conseguinte, a procura de RENDIMENTOS de alto rendimento é feita a todo o custo! É então que mudamos o paradigma automóvel, à falta de uma palavra melhor, com uma sólida propaganda sobre as alterações climáticas. A partir daí, por subversão, contamos com a ajuda dos “esquerdistas de direita” e pronto! É claro que o aparelho de Estado é infiltrado, para nomear os bajuladores obedientes da burguesia compradora, que produzirão todas as normas necessárias, com o objetivo de realizar esta mudança de paradigma na indústria automóvel, da combustão para a eletricidade! Segundo eles, esta mudança produzirá um pouco de crescimento e muito lucro.

    Farão o mesmo com as guerras por procuração, para o complexo militar-industrial, a guerra Irão-Iraque, as guerras do Golfo, a guerra contra o “terrorismo”, etc., onde também estão sobre-representados em títulos e ações (Fundo CARLYLE). Mas também para a BIGPHARMA através de pandemias controladas com o único objetivo de vender VACINAS e obter muitos LUCROS! Neste último caso, haverá o cuidado de desviar as moléculas existentes para outras doenças, ver o caso Mediator, que consiste em fazer algo novo a partir de algo velho!

    Ao mesmo tempo, os sectores da investigação e da inovação serão reduzidos, para que se possa ganhar ainda mais dinheiro com as poupanças feitas! Claro que o que temos aqui é a decadência da burguesia, que só consegue manter e aumentar a sua fortuna através da DÍVIDA pública e dos impostos que a pagam. Porque o pagador final é o povo, que continua a produzir riqueza, que é pirateada pelo Estado e pela burguesia, cujos agentes produz, e que são muito estúpidos!

    Então, aqui estamos à mercê desses piratas decadentes e preguiçosos, que já não produzem nada e não inovam em nada! As suas antropologias ordenam-nos a trabalhar para o estado, para o Supremo normalizador e cobrador de impostos, ou para o sector privado, para fazer novo com o velho! O nosso mundo está a desmoronar-se, sob o lixo, cuja superprodução já não pode ser demonstrada.

    Por conseguinte, vivemos numa era de hiper-abundância, mas nós, o povo, afastamo-nos cada vez mais dos meios de a obter, dos salários, dos meios de financiamento, é o tormento ! O que não ajuda a situação do lado do crescimento!

    A actual economia e as finanças são uma farsa total, porque a globalização tornou possível invisibilizar os desvios, as corrupções, as estratégias. Somos, de facto, invadidos por uma HIPERCLASSE, burguesa, que por si só tem dificuldade em fazer o seu próprio diagnóstico económico, sociológico e político.

    A classe dominante política é cada vez mais ignorante, impensada, decadente, superficial e oca ao mesmo tempo…
    Mas quem a colocou no poder? Quem votou nela?

    O que é verdade para as nossas “elites” políticas também é verdade para as nossas “elites” mediáticas, intelectuais, artísticas e até científicas

  3. Os comentários do Miguel não me espantam desde que, pelo menos duas vezes em comentários, garantiu que os russos seriam mais cruéis que qualquer outro povo. Ora além de racismo puro e duro e esquecer a crueldade de que todos somos capazes.
    Se hoje somos o único território peninsular independente do pais que comecou em Castela e justamente porque fomos cruéis para com os invasores e para con o nosso próprio povo. As baixas civis simplesmente não faziam mossa a quem mandava. E, se calhar nem tinham que fazer, era a sobrevivência de toda uma nação que estava em causa. E, em termos de crueldade, os, espanhóis não nos ficavam a dever nada. Ao contrário de muitos, não acho que, estaríamos melhor sendo espanhois. Só a ditadura franquista teria feito com que muitos dos que o dizem não estivessem vivos hoje. Aquilo era uma orgia de morte onde um desgracado podia ser morto em plena rua por não cumprimentar o padre. Nem prisão havia.
    Fomos os “reis” do tráfico negreiro, a Inquisição fazia bons churrascos nas praças das principais cidades. A esse preço, também os russos poderiam falar da especial crueldade portuguesa.
    E todos sabemos qual era a finalidade desse discurso. Se a Rússia fosse derrotada pela Ucrânia e pelas nossa sanções, se hordas de terroristas matassem a torto e a direito, se Putin fosse empalado as portas do Kremlin, se, as nossas hordas de empresários os reduzissem a uma miseria ainda maior que a dos anos Yeltsin, se o pais se desintegrasse, essa gente sub humana, cruel so estária a ter o que merecia.
    Dois anos volvidos, o discurso começa a ser outro, que se devia dialogar e tal e coisa.
    Porque, lá está, vê que o nosso navio é que está a afundar.
    Já a ideia de que quem nao paga IRS não merece atenção merece que o mandem ir ver se o mar dá choco.
    Quem não paga IRS é quem trabalhou uma vida inteira e muitas vezes tem reforma miserável porque o patrão não lhe fez descontos na Segurança Social apesar desses descontos lhe para deverem na “folha”.
    Conheço um caso desses, o homem trabalhou 36 anos para um camelo, chegava a tirar ordenados de dois mil euros pois que era chefe de sala num dos maiores restaurante da localidade turística e quando chegou ao fim foi lhe comunicado que só tinha direito a 350 euros de reforma porque anos tinham havido em que o sacana tinha descontado uns meros 500 euros.
    Outros trabalham que nem uns camelos para ganhar uma miséria chamada salário mínimo nacional e eu gostaria de ver o MST a viver um mês com esse dinheiro a ver se era, assim tão bom gestor.
    Por isso a boca dos 50% que pagam IRS era escusada.
    Até porque se é verdade que alguns votantes do Chega são pessoas que não pagam IRS e acham que com a exclusão de outros vão viver melhor, outros são empresários bem colocados e profissionais bem remunerados. Que acham que com a extrema direita no poder, a privatização de sectores que custam muito dinheiro ao Estado, como a saúde e a educação, o corte nos apoios sociais, vao pagar menos IRS. Ou IRC.
    E quem financiou o Chega foram grandes grupos económicos que pagam IRC tentando fugir o mais que podem quando não é mudando as sedes para paraísos fiscais como os Países Baixos.
    Mas desde a crueldade russa que o homem não me espanta. E não vale a pena perder mos tempo com ele É só mandá-lo ir ver se o mar dá choco.

  4. Texto muito bem escrito, o de Carlos Marques, lúcido e (quase) exaustivo no apontar de podres e defeitos em geral, mas demasiado zangado e isolacionista, “orgulhosamente só” e, aparentemente, assim querendo continuar, no (porventura) santuário para onde afirma ter emigrado. Em termos práticos, não contribui em nada para reunir as hostes sem as quais qualquer mudança é impossível. E menos ainda quando aponta como instrumento de eleição o fuzilamento ou enforcamento da sacanagem toda, o que não é muito diferente da defesa da pena de morte pelo jagunço Ventrulhas. Além disso, quando Miguel Sousa Tavares alude aos tais 50% que não pagam IRS, não me parece que esteja a referir-se aos que têm “salários e pensões miseráveis” e ficam, por isso, isentos, mas sim aos que têm negócios rentáveis e se tornaram exímios praticantes do olímpico desporto de 100 metros sem barreiras nem facturas, acumulando rendimentos não declarados.

  5. A nossa história comum é um peixinho dourado, apesar das recordações dos professores de história das lições de geografia política, a cada ciclo tudo recomeça, as mortes, o sofrimento que as guerras geram uma vez enterradas, temos sempre um louco político que arrasta os humanos para a sua guerra, para a sua loucura…Os loucos de hoje são Joe Biden, Netanyahu, Zelensky, Macron, etc,etc, e os nossos meios de comunicação social que estão a soprar para trás nas brasas dos seus conflitos…

    Falar sobre o período pós-guerra e as consequências de hoje, é importante o suficiente para compreender de onde vêm todos os conflitos de hoje.

    Um dia, no meio de uma conversa com amigos, onde as minhas críticas estavam a ser ridicularizadas porque “pfff isso não pode acontecer quando se está na democracia”, lembrei-me de que Hitler e o seu partido tinham sido eleitos usando todas as ferramentas democráticas ao seu alcance. Ninguém acreditou em mim. Fui tratado como um idiota. Agora podemos ver claramente que foram as eleições e os discursos que os levaram a pensar alto.

    Quem são chamados de “os benevolentes”?Eu disse a mim mesmo que o nazismo é o sistema dos sonhos para criar um capitalismo puro e duro!!
    O livro”Gomorra” fala sobre este tipo de máfia …tive a mesma reflexão sobre o sistema mafioso que incorpora maravilhosamente, parece-me, o capitalismo selvagem!!

    Com efeito, tal como a primeira, a segunda, e talvez em breve a terceira, é de facto o capitalismo de direita, sempre à direita, que permite aos países endividados reavivar a “economia” através de uma produção maciça de armas. Infelizmente, ninguém do ocidente fica de fora. O capitalismo da direita arranjado grandes problemas. Hitler em vez de Blum, disseram eles. É claro que todos os capitalistas tinham interesse em investir em armas de guerra e não em serviços sociais.

    É uma pena que toda esta história não seja conhecida pelo maior número possível de pessoas!
    Aprendi muito com isso! Como somos mantidos na ignorância!
    é enlouquecedor ver como somos facilmente manipulados!
    A miséria criada voluntariamente pelos mais ricos oferece aos oportunistas, mais uma vez, a política americana que contribuiu para todo este horror e que infelizmente
    continue fazendo isso de novo hoje!
    E é revoltante!

    “Muitas vezes cometemos o erro de considerar o nacional-socialismo como uma simples revolta contra a razão, um movimento irracional sem formação intelectual. Se assim fosse, o movimento seria muito menos perigoso do que é. Mas nada está mais longe da verdade. As doutrinas do nacional-socialismo são, na realidade, o culminar de uma longa evolução do pensamento, um processo para o qual contribuíram filósofos cuja influência irradiou muito além das fronteiras alemãs. O que quer que se pense nas suas premissas, é indiscutível que os criadores da nova doutrina foram escritores poderosos cujas ideias deixaram uma marca profunda no pensamento europeu. O seu sistema está a desenvolver-se com uma consequência implacável.

    Uma vez aceites as suas premissas, já não podemos contestar a sua lógica. Trata-se simplesmente de um colectivismo despojado de todos os vestígios da tradição individualista que poderia ter impedido a sua realização. Como, então, esta concepção da minoria reacionária foi capaz de obter o apoio da grande maioria dos alemães e, especialmente, de toda a juventude? A derrota, os sofrimentos da guerra e do pós-guerra e a onda de nacionalismo não dão uma explicação suficiente. Pelo contrário, essas ideias foram apoiadas principalmente pelos socialistas.

    Não foi a burguesia que contribuiu para a sua realização, mas a ausência de uma burguesia forte. As doutrinas que guiaram as classes dominantes da última geração na Alemanha não se opunham aos elementos socialistas do marxismo, mas aos seus elementos liberais, ao internacionalismo e à democracia. E à medida que se tornava cada vez mais claro que esses elementos se opunham à realização do socialismo, os socialistas de esquerda aproximavam-se cada vez mais dos da direita. Foi a União das forças anticapitalistas de esquerda e de direita, a fusão de socialismos Radicais e conservadores que pôs fim ao liberalismo na Alemanha.”

    – Friedrich Hayek as raízes socialistas do Nazismo

    Vou me ater à análise do movimento operário alemão: ela permaneceu por muito tempo muito mais popular e central, mesmo eleitoralmente, do que o nazismo. Mas está profundamente dividido – inclusive por milícias interpostas-entre social-Democratas e comunistas cada vez mais estalinistas:

    Em 1934, Estaline apita o fim da prioridade à luta contra os “sociotraidores” (que podem ser de qualquer maneira) a favor de alianças com estes últimos, contra os fascistas e os Nazis. As frentes populares serão vitoriosas em Espanha e em França, mas é demasiado tarde para a Alemanha e a Itália…

    Portanto, não é muito justo atribuir a derrota do movimento operário alemão à sua incapacidade de resistir face ao esmagamento sangrento de 1919-1920, por um presidente… social-Democrata. Nas eleições de novembro de 1932, ficou claro para todos que o apogeu do Partido Nazista havia fracassado: o próprio Hitler estava pensando em parar a Política. É aí que ele será apanhado por esta oligarquia industrial e financeira (é lindamente narrada por Eric Vuillard em “a Agenda”), uma oligarquia que o imporá ao presidente Hindenburg como primeiro-ministro (janeiro de 1933).

    É bom explicar que o fascismo é um momento do capitalismo.

    Convido-vos a assistir ao programa da Arte sobre” os Nazis e o dinheiro”, que explica os mecanismos criados pelos Nazis sobre a espoliação da propriedade judaica, a Constituição Financeira com empresas de fachada, os paraísos fiscais e a criação de vales e de uma moeda paralela.
    Isso explica o início de uma forma de capitalismo que conhecemos hoje.

    Infelizmente, ressoa a uma grande crise crise que está a atolar-se, a ascensão de extremos (Wokismo à esquerda e ultraliberalismo à direita) e a multiplicação de políticas totalitárias que reavivam os mecanismos de guerra…
    Sempre as mesmas histórias…

  6. Sim, também não concordo com isso de resolver com fuzilamento ou forca até porque isso não difere do que Israel está a fazer aos palestinianos, ao direito a que se arrogam os carrascos do kidom de matar quem eles decidam que é terrorista sem julgamento nem porra nenhuma, aos nossos planos discutidos as claras para assassinar Putin. Ao que os terroristas ucranianos andam a fazer como quando matam jornalistas que não seguem a mesma cartilha. E tantos outros casos.
    Embora compreenda quem queira ver gente como Netaniahu a enfrentar um pelotão de fuzilamento. Porque há gente que não merece morrer nem em paz nem na cama.
    Contudo acho que o Carlos Marques diz muitas coisas certas, embora não concorde com a teoria que os votantes do “Chega” são gente zangada com o sistema.
    Eles são e gente zangada com as minorias étnicas que segundo eles teem todos os direitos e mais alguns enquanto não temos nada, o que é mentira mas eles meteram na cabeça que é verdade.
    Um conhecido meu que não se atreve a dizer que também lá foi votar mas se queixa das tentativas de manter essa gente fora do Governo e dos cargos parlamentares tem um filho toxicodepente. Quer que o moço seja internado compulsivamente para fazer um tratamento a sério mas não consegue tal coisa.
    Compreendo que o homem esteja desesperado. Mas sair se com esta “se me vestisse de preto e pusesse um chapeu e fosse pedir ajuda já me ajudavam” já não me merece simpatia alguma.
    E essa dos direitos para os ciganos da me vontade de rir. Porque não é isso que acontece. Em todas as vertentes da vida.
    Vejamos o seguinte caso. Uma senhora que vem a pensar na vida, dentro de uma localidade, atropela um cigano em cima de uma passadeira, com montes de gente de étnia não cigana a confirmar que foi na passadeira. O homem, pessoa robusta na casa dos 40 anos, morre na hora, no local, e sai dali na ambulância da cruz preta com o delegado de saúde. A senhora é mandada em paz porque ninguém aferiu excesso de velocidade num caso em que a vítima morreu no local feita num molhinho e não se pode provar que as testemunhas diziam a verdade, numa decisão que surpreendeu até o advogado de defesa que esperava apenas reduzir o mais possível o tempo que a senhora ficaria sem carta.
    Isto podia não me cheirar a racismo que tresanda se no caso seguinte julgado pelo mesmo douto senhor, em que quem tinha pelo menos a proveniência geográfica errada era o arguido, o douto senhor so faltasse dizer que o mesmo era filho do Putin e não sabia.
    E teve a pouca vergonha de lamentar que as penas para o crime de atropelamento não fossem maiores pelo que teve de se limitar a dar pouco tempo sem carta para ver se não havia recurso. Porque acabou por, na própria leitura da sentença reconhecer que a coisa não tinha grandes possibilidades de se aguentar num recurso. Mas sabia que o arguido estava farto daquele circo de anos em que o palhaço foi ele.
    Também não ponho as maos no fogo sobre o partido em que o douto magistrado foi votar tendo em conta a necessidade que defende de que as penas sejam maiores.
    Quanto ao Miguel não ponho as maos no fogo sobre se ele não está mesmo a falar também da malta das reformas e salários miseráveis. O sujeito que escreveu num livro, publicado nos primeiros anos dos cortes a torto e a direito, “a verdade é que andamos todos a roubar o Estado”, entre muitas outras aleivosias, não me inspira confiança nenhuma.
    Em muitos textos o homem meteu o pau em quem trabalhava por baixo da burra como se a culpa fosse so deles. Por isso é mais que certo que agora está a meter tudo no mesmo saco.
    Na verdade, os salários miseráveis que levam a que mais de 50%nao pague IRS sao provocados por quem paga IRC que trata de descontar pouco ou nada para a Segurança Social.
    Porque as pessoas que trabalham por conta de outrem já perceberam que no fim da estrada, ou quando estão doentes, ou quando ficam desempregados, isso vai se reflectir nas prestações.
    No meu caso concreto, o meu primeiro emprego foi numa loja para turistas. Acabado o Verão, tive direito a um ano de um tal subsídio social de desemprego. Que começou a ser pago a partir do mês de Dezembro.
    Arranjei trabalho em Maio, mas enquanto o subsídio de desemprego não acabou trabalhei debaixo da burra e isso mesmo me foi proposto sem espinhas pelo empregador. Porque assim pagava só a a diferença entre o subsidio e o ordenado que me deveria pagar. É, claro, nem um tostão entrou na Segurança Social. Contrato com descontos só tive mesmo a partir de Janeiro do ano seguinte.
    O artista dizia a boca cheia que eu estava “a experiência”. Oito meses a experiência e tempo para parir um menino.
    Porque é que, segundo o douto MST, por culpa minha aceitei tal ilegalidade? Porque estava numa situação em que gente das elites nunca se verá. Sem tostão, com renda de casa para pagar e mãe sem possibilidades de arranjar trabalho por uma lesão sofrida a trabalhar a cargo. E tínhamos de ter um tecto por cima da cabeça e de comer.
    Mas gente como o Miguel está muito acima da realidade dos comuns mortais. E dessas realidades comezinhas dos cidadãos comuns.
    Mas lembro me de até outros explorados ladravam contra a pouca vergonha dos funcionários públicos trabalharem menos horas e ganharem em regra mais pois que no privado era quase tudo corrido a ordenado mínimo. Eles não queriam que a sua vida melhorasse, queriam que a vida dos outros piorasse. Eu achei sempre que mais gente compartilhar a minha miséria não me trata felicidade nenhuma nem me ajudaria a pagar as contas. Era a gente que não votava porque “são todos iguais” e os comunistas comem criancinhas.
    Se houvesse um Chega por essa altura, votariam Chega. Hoje talvez tenham saído pela primeira vez dos buracos para ir votar Chega.
    Hoje pago IRS com língua de palmo mas não me esqueci dos motivos pelo qual muito boa gente não o paga.
    De qualquer forma dou as boas vindas ao Carlos que há muito não aparecia por aqui e cuja acção foi decisiva para nos livrarmos do tal salazarento que nos chamava de tudo. Não que as vezes não achas e graça ao verdadeiro desespero do homem por ver que não convertia ninguém a força de nos chamar burros.
    Vamos continuando por aqui, com mais ou menos discordâncias, e quando os doutos poderes que defendem a nossa doutrinação e a verdadeira liberdade de expressão não fecharem a loja.

  7. “Contudo acho que o Carlos Marques diz muitas coisas certas.” Foi isso que quis dizer quando escrevi: “Texto muito bem escrito, o de Carlos Marques, lúcido e (quase) exaustivo no apontar de podres e defeitos em geral”. Mas quando o considero “demasiado zangado e isolacionista, “orgulhosamente só” e, aparentemente, assim querendo continuar”, é apenas porque receio que o estilo demasiado zangado aliene e afaste muitos e muitas potenciais boas aquisições para reforçar a trincheira da resistência. E sabem Deus e o Diabo (porque disso os informei por email) como as nossas forças estão desfalcadas.

    • Bem observado, amigo Camacho. O mais difícil é confiar na consciência colectiva para defender interesses comuns; impedir que a actual russofobia degenere noutras formas de xenofobia; identificar os promotores das operações plausivelmente desmentíveis que fomentam o medo e o terror; contrapor peça a peça as mistificações da multidão de rogeiros e milhazes. As dificuldades encontram-se em cada esquina, é penoso resistir aos muitos caminhos que a nada conduzem. De momento, a ofensiva ideológica vai de vento em popa, qualquer pequena vitória contra a avalanche de mentiras é uma tarefa gigantesca. O espírito crítico foi neutralizado: hoje levanta-se o espantalho da invasão russa aos países da OTAN, quando hé um ano a mesma Rússia “ía ser esmagada” pela Ucrânia. Chamar à razão esbarra numa muralha emocional habilmente plantada e cultivada todos os dias. Mas os factos continuam a ter força, têm é que ser realçados; as dificuldades da vida de todos os dias continuam a crescer em consequência de decisões de instituições, apenas o nexo causal tem de ser exposto publicamente.
      Os partidos não podem recear enfrentar ideias feitas, nem refugiar-se em posições condescendentes com a fúria desta ofensiva ideológica, têm que derrubá-la nos seus próprios fundamentos. Dizer que a Rússia é capitalista não chega. Há uma parte do estado nos países europeus que resultam de vitórias socialistas, ainda que temporárias, travadas no século passado. Esses ganhos estão agora na mira dos liberais, tanto na Rússia como no resto da Europa

  8. Acabei agorinha de ver o espectáculo pornográfico das sextas-feiras, na SIC, protagonizado pelas prostitutas merdiáticas Rogeiro e Milhazes. É um sacrifício a que poucos estarão dispostos, eu sei, mas, de vez em quando, obrigo-me a fazê-lo, para me manter informado sobre as tendências, sound bytes e aldrabices que eles ajudam a divulgar e poder, assim, contraditá-las junto de um ou outro incauto que as reproduza acriticamente nos locais que frequento. Pois ontem o Rogeiro ofereceu-nos, enternecidíssimo, um vídeo feito na Ucrânia, em que se ouviam sirenes a tocar e a câmara seguia uma fila de crianças que corria para um abrigo, todas muito branquinhas, claro, com uns casaquinhos muito quentinhos e uns gorrinhos de lã muito fofinhos, uma ternura. E o homúnculo, quase em lágrimas, confessava-se emocionado e impressionado com o modo ordeiro como as alvas e civilizadas criancinhas se comportavam. E logo em seguida, a rematar a sessão pornográfica, um ou dois minutos para falar, finalmente, de Gaza. É claro que sobre a situação das crianças de Gaza, mortas às dezenas todos os dias, sem civilizadas sirenes para as avisar mas com a banda sonora constante, omnipresente, dos motores dos drones de vigilância nazionistas em fundo, que não deixam sequer escapar uma mijinha junto aos escombros de um edifício bombardeado, sem abrigos onde se refugiarem, ordeira ou desordeiramente, sobre essas crianças mal vestidas, castanhas, ranhosas e esfomeadas não fez o cretino de m*rda a mais leve referência, não teve aquela besta uma palavra de lamento ou simpatia. Eu sei que a criatura é uma besta de m*rda e besta de m*rda nunca deixará de ser, mas continua a espantar-me que aquela besta de m*rda não se aperceba sequer da chocante obscenidade do seu comportamento.

  9. Tem razão, a malta so aceita estilos zangados se forem os fascistas a estar zangados.
    E sim, defender a morte de trastes que se calhar mereciam pelo menos a prisão perpétua no fundo do Alasca pode alienar muita gente que vai dizer “aqueles malandros defendem a violência, a morte, querem purgas estalinistas”.
    Mas compreendo a raiva de quem assiste todos os dias a um genocídio em directo, sem que os senhores do mundo e os comentamerdeiros se torçam ou chorem uma lágrima sequer.
    Pois se mesmo na nossa trincheira temos gente a citar o pai do capitalismo selvagem de Pinochet e Milei, aquele bandalho do Hayek, para “demonstrar” que foram os socialistas que pariram os nazistas. E não a burguesia farta de comunas a fazer greves e de trabalhadores a exigir direitos.
    Aos palestinianos nada lhes vale, nem a conversão a religião dos genocidas. Ontem um meio alternativo mostrava os últimos momentos de David Bem Abraham, de 63 anos, palestiniano convertido ao judaísmo, abatido a tiro como um cao por um soldado depois de ter obedecido a ordem de levantar os braços.
    Teve o mesmo destino de alguns judeus e ciganos roma e shinti que nos primeiros tempos se inscreveram no
    Partido Nazi.
    Isto se não ser louro e de olhos azuis tem as suas porras. As crianças de Gaza, para esta gente são tão subhumanas como as crianças do Donbass.
    E claro que, vendo esta gente a assistir impavida e serena a um genocídio e a apoiar ataques contra civis como foi o do Crocus, é provável que a Rússia ande com menos cuidado nisso de evitar baixas civis.
    Mesmo assim nada se compara com a orgia nazi sionista como estes comentamerdeiros bem sabem.
    Bem, eu conto me entre aqueles que não tenho estômago para aqueles dois e assim que vejo as barbas mal lavadas do Milhazes mudo logo de canal. Mas agradeço as informações em segunda mão, compreendendo a necessidade que há de arranjar estômago para ver as novas tendências dos aldrabões.

  10. ” Mas a corja como Miguel Sousa Tavares e Francisco Mendes da Silva, é que é o verdadeiro fascismo que trouxe o país a este ponto “.

    Estas frases são de uma gravidade extrema, que o autor devia penitenciar-se e pedir desculpa aos visados. Uma coisa é discordar outra é ofender.
    Não vale tudo na Liberdade de expressão.

  11. E claro que nem todas as crianças louras teem o mesmo valor. As da Ucrânia Ocidental teem valor, as do Donbass não teem nenhum. Como não teem as russas, nomeadamente as que morreram em Moscovo por estarem com as suas famílias no Crocus.
    Tambem aqueles russos são mesmo incivilizados. Que é isso de levar as crianças consigo? Tivessem feito como os ingleses que drunfam as crianças com Calpol e as deixam a dormir sossegadas em casa.
    Depois os coitados dos terroristas teem de matar crianças e lá vêem aqueles malandros que nos querem invadir para nos roubar a fome e a seca queixar se.

  12. Claro que é preciso pedir desculpa ao MST. No dia em que ele pedir desculpa a todos nós por ter escrito “verdade e que andamos todos a roubar o estado”, no dia em que pedir desculpa ao povo russo por ter dito mais de uma vez que eles eram mais cruéis que todos os outros, sub humanos portanto, no dia em que pedir desculpa a crianças e aos seus pais por ter dito que “as crianças são a praga dos restaurantes, a propósito da proibição de fumar nos restaurante a bem da proteção das crianças contra o fumo.
    E isso sao só algumas das atoardas em que o homem perdeu boas oportunidade de ficar quieto e calado e de que nunca pediu desculpa.

  13. A realidade sempre foi assim, mas, num futuro não muito distante, vão acontecer inúmeras mudanças em todo o mundo, Portugal, também, claro, não é a fé nem a esperança, mas a revolta ou revolução natural da mãe natureza e claro do papá mar, com a ajuda preciosa do sol e da lua e claro das estrelas do espaço. Claro que quem ler isto, diz este gajo passou-se, Ya DaNiX.

    Isto não é uma brincadeira de 1º de Abril ou de mau gosto, nem sequer um aviso, é somente uma chamada de atenção, porque na realidade, estão-se todos a “cagar” para o futuro.

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