Entre a Argentina e Portugal haverá algum paralelelismo?

(Júlio Marques Mota, 27/03/2024)

Entre a Argentina e Portugal haverá algum paralelelismo?  Penso que sim, a partir dos resultados eleitorais de 10 de março.

Retomo a série Democracias Minadas e com mais um artigo de Claudio Katz sobre a Argentina, este datado de fevereiro de 2024. Talvez seja uma obsessão minha, mas as analogias de Portugal com a Argentina parecem-me cada vez mais evidentes.

O degradante espetáculo de ontem na Assembleia da República será  um bom exemplo das forças contraditórias que estão subjacentes aos diferentes discursos e às ambições dos diversos partidos e de algumas das pessoas singularmente consideradas, como Francisco Assis, Medina e Eurico Brilhante Dias. O que se mostrou ontem é que o poder, com a viragem à direita feita com estas eleições, assenta numa coligação fraca, em poder e em capacidade política de ação no complicado contexto em que a AD se encontra. Um dia marcado pela agenda politica estipulada por um maestro na política, André Ventura. Os homens da AD pareciam galinhas a sentirem que a raposa está a chegar ao galinheiro. Mas para além da raposa, havia outros animais da floresta a assustar os homens da AD, representados pelas três figuras do PS citadas.

Lembram-se do movimento antigeringonça e de um almoço possível na Mealhada entre os militantes do PS que se opunham a essa geringonça, uma geringonça que teve como principal negociador Pedro Nuno Santos? Esses homens também estão no PS no assalto ao poder no interior do PS e a lógica que os move não será bem a lógica em que assenta a dinâmica criada por Pedro Nuno Santos. Nada disso, a sua lógica é outra. Enquanto a lógica de Pedro Nuno Santos será uma lógica no sentido de servir o bem público, mesmo que possa parecer uma lógica de poder individual, a lógica dos outros dois e até a de Santos Silva, é inversa, é uma lógica de poder individual, mesmo que pareça uma lógica de sentido de servir o bem público. Resistirá   Pedro Nuno Santos às pressões internas dos que se opõem à sua visão verdadeiramente progressista  ou cairá ele no marasmo político que se desenha? Penso na segunda hipótese e, lamentavelmente, esta está em linha com o paralelo do que aconteceu na Argentina

E face aos rapazes da AD o grande vencedor do dia e da noite de ontem é, para já, André Ventura – se houvesse acordo com a AD seria uma grande vitória sua, amarrando a AD à sua agenda política; se não houver acordo com o Chega, terá de haver acordo com o PS e temos André Ventura radiante a afirmar que PS e AD são todos a mesma coisa e que, portanto, a grande oposição ao sistema político no poder em Portugal seria ele, André Ventura.

Encostada a AD ao PS, numa espécie de Bloco Central camuflado, poderia ser assim a forma de funcionamento da atual legislatura, com as forças internas no PS a levarem este PARTIDO a deslizar alguma coisa mais para a direita, mais do que aquilo que lamentavelmente já  deslizou com on governo de Antóbio Costa. 

Porém, dada a difícil situação económica e social que se vive em Portugal, alargar-se-iam as contradições no interior desse Bloco Central disfarçado, no interior da AD e no interior do PS assim como entre a AD e o PS. Reduzir-se-ia ainda mais a sua eficácia governativa no sentido de dar resposta às necessidades da maioria da sua população, os esquecidos da democracia. A situação económica, política e social continuaria a degradar-se.

Voltaria a lógica austeritária, com bons ideólogos a defendê-la pela parte do PS, como aconteceu com Miterrand em 1983, pela parte da AD não vejo ninguém com nível e com coragem para a justificar e convencer a população da necessidade da austeridade como resposta à crise que se iria assim instalar. Neste retorno da austeridade contar-se-ia com o apoio das grandes Instituições como UE, BCE, FMI, Banco Mundial, Davos. Não foi Xavier Milei aplaudido pela Finança Internacional em Davos?  , 

Nesta sequência, o  Chega alargaria ainda mais a sua base de apoio com o enfraquecimento da AD, a base eleitoral do PS reduzir-se-ia ainda mais com as gentes de esquerda do PS, que as há e muitas, à  procura de outros poisos mais em linha com as suas aspirações situados à esquerda do PS. 

Nestas movimentações, a AD e o CDS desapareceriam, a ala direita  PSD seria absorvida pelo Chega  enquanto a base de apoio conjunta de PS+AD reduzir-se-ia imensamente, e a esperança representada por Pedro Nuno Santos seria colocada no baú das coisas inúteis a guardar na história como o exemplo do que não se deve fazer e o mesmo aconteceria com Luís Montenegro .

O PS ao deslizar à direita e o PSD ao perder a sua ala direita ficariam cada vez mais iguais entre si e homens tipo Santos Silva, Brilhante Dias, Francisco Assis e algumas das figuras mais apresentáveis do PSD assumiriam depois os comandos do  Novo Bloco Político.  E André Ventura retomaria um dos slogans fundamentais em Javier Milei – eles são a casta, é contra ela que nós combatemos. E as equivalências com o que se passou na Argentina seriam imediatamente visíveis.

Este é um cenário possível, mas só será possível se a esquerda continuar a não querer perceber como é que dramaticamente se chegou até aqui. Perceber isso é, no entanto, apenas meio caminho andado para barrar o caminho aos Ventura deste mundo e do outro.

É preciso igualmente desencadear políticas que expliquem às pessoas e as convençam de que os caminhos a seguir não são os que lhes têm sido impostos, mas sim os caminhos que passam obrigatoriamente por MAIS e MELHOR ESTADO ASSIM COMO POR MAIS EMPENHO COLETIVO NA CONDUÇÃO DOS NOSSOS PRÓPRIOS DESTINOS. E aqui a responsabilidade maior será necessariamente das gentes do PS. Estarão os seus dirigentes – e em debates francamente abertos -, verdadeiramente disponíveis para em conjunto se desbloquearem as portas do futuro de Portugal?

Só assim se pode garantir que os Javier Milei deste mundo e do outro não se atravessarão no nosso caminho. Quanto aos  caminhos de Milei e das suas múltiplas contradições, aqui vos deixo, abaixo, mais um texto de Claudio Katz, o qual também irei publicar em breve no blog A Viagem dos Argonautas, no ambito da série Democracias Minadas.


Milei quer mudar o equilíbrio de forças subjugando os movimentos sociais

Entrevista a Claudio Katz – in Rébellion, 05-02-2024

Publicamos esta entrevista de Claudio Katz, economista, investigador e professor da Universidade de Buenos Aires, sobre a política do novo presidente argentino, Javier Milei, concedida a Rébellion em 5 de fevereiro de 2024. “Milei pretende introduzir na Argentina uma reforma laboral que precarizará o emprego e consolidará um modelo neoliberal, como no Chile, no Peru e na Colômbia”.

Rebellion: Em novembro e dezembro, escreveu que o projeto de Milei dependia da resistência popular. Como avalia a greve e a mobilização da CGT?

Claudio Katz: O impacto foi extraordinário, tanto pelo seu fortíssimo carácter como pelas suas repercussões políticas. A praça (em frente ao Parlamento) e os arredores encheram-se de uma multidão espontânea que complementou a presença sindical. Tratou-se de um protesto marcante 45 dias após o início do governo, em pleno período de férias e com tempo quente. A marcha foi organizada em conjunto com as assembleias regionais e contou com uma grande participação dos sectores da juventude, da comunidade e da cultura. Mais uma vez, quando o movimento operário organizado intervém, o seu poder é avassalador. Ele foi o protagonista das principais lutas populares.

Rebellion: A mobilização teve também um grande impacto internacional…

Claudio Katz: Sem dúvida que sim. Houve atos de solidariedade em frente às embaixadas de muitos países europeus e nas principais capitais da América Latina. Isto mostrou que está a tomar forma uma consciência global emergente contra a extrema-direita. Começamos a aperceber-nos de que, se Milei ganhar, Kast, Bolsonaro, Uribe ou Corina Machado na nossa região, e Trump, Le Pen ou Abascal no norte, ficarão mais fortes.

Se, por outro lado, conseguirmos parar Milei, a vaga mundial de reacionários sofrerá a sua primeira derrota nas ruas perante a resistência organizada. Enquanto o anarco-capitalismo procura o apoio internacional do FMI, dos banqueiros e dos grandes capitalistas, a luta dos trabalhadores argentinos está a gerar solidariedade a partir das pessoas de menores rendimentos em muitos cantos do planeta. Esta linha de fratura é muito promissora.

Rebellion: É possível ver o ativismo internacional de Milei no seu discurso em Davos?

Claudio Katz: Sim. Aí, repetiu os seus conhecidos elogios ao capitalismo, mas com a premissa absurda de que este sistema está a atravessar o seu momento de maior prosperidade. Esse diagnóstico inusitado foi feito no mesmo dia em que um relatório sobre desigualdade ilustrou o que aconteceu nos últimos quatro anos. Nesse período, a riqueza dos cinco homens mais ricos do planeta duplicou, à custa do empobrecimento de inúmeros outros.

Na sua apologia libertária, Milei rejeitou todas as formas de regulação estatal e negou a existência de falhas de mercado. Vive num mundo de fantasia, sem saber que o capitalismo não poderia funcionar um minuto sem o apoio do Estado. Também relançou a apresentação infantil do empresário como um benfeitor social, ignorando a exploração, a precariedade, o desemprego e o parasitismo dos financeiros.

A estas idealizações míticas da escola neoliberal austríaca, acrescentou dois complementos mais convencionais. Por um lado, a crítica reacionária ao feminismo e, em particular, ao aborto, para o exercício efetivo do princípio da liberdade individual que ele tanto valoriza. Por outro lado, voltou a negar as alterações climáticas, no meio das catástrofes provocadas pelas secas, inundações e degelos a que assistimos todos os dias. Ele não está a ignorar estas provas por ignorância, mas devido ao seu apoio egoísta às companhias petrolíferas. Alinhou-se com o negócio da poluição para privatizar a YPF (a empresa pública de petróleo da Argentina), favorecer o grupo Techint e entregar as jazidas de Vaca Muerta (um projeto para explorar gás de xisto).

Rebellion: Mas também lançou um exótico aviso contra a contaminação socialista das grandes instituições ocidentais…

Claudio Katz: Sim, parecia um lunático no discurso em que censurava os banqueiros por deixarem entrar a influência socialista nas suas reuniões. É absurdo supor que na Meca mundial do neoliberalismo e da livre iniciativa exista uma corrente de pensamento anti-capitalista. Mas, como de costume, Milei tem feito estas explosões porque está a ser contrariado. Neste caso, o seu descontentamento deve-se ao declínio da globalização e à consequente desvalorização do Fórum de Davos.

As figuras de relevo no passado já não participam nesta reunião. Esta deserção está em sintonia com o reforço da viragem para a intervenção reguladora do Estado nas economias centrais. As tarifas e as despesas públicas voltam a ser instrumentos na política económica, agora acompanhadas de subsídios às cadeias de abastecimento e de leis que favorecem a produção local de alta tecnologia. Milei está aborrecido com esta viragem neo-keynesiana em relação à sua ortodoxia globalista. É um neoliberal à moda antiga, ainda comprometido com o globalismo dos anos 90.

Rebellion: Mas ainda leal ao guião americano…

 Claudio Katz: Claro que sim. É essa a sua prioridade. Foi a Davos para apoiar a campanha de agressão dos Estados Unidos contra a China. A nova potência asiática já atingiu níveis de produtividade superiores aos do seu rival ocidental em inúmeros segmentos da atividade industrial. É por isso que participa neste fórum com propostas de comércio livre, com o objetivo de promover os seus negócios em detrimento dos Estados Unidos. Na sua exótica denúncia do socialismo, Milei apoiou o lóbi anti chinês do dirigente americano.

Está de tal modo ao serviço de Washington que não se importa que esta campanha afete o enorme comércio da Argentina com a China. Já retirou o país dos BRICS, está a fazer gestos de gratidão a Taiwan e está a pôr em risco o principal mercado de exportação do país. Nesta aventura, está a ultrapassar Bolsonaro, que tentou a mesma política de choque com Pequim.

Milei, por outro lado, ainda está à espera de uma recompensa financeira de Wall Street por tanta submissão ao Departamento de Estado. Não tem em conta que a China já fez várias advertências à Argentina. Exige o reembolso dos empréstimos swap e anunciou que poderá substituir a compra de soja e de carne por fornecedores do Brasil, da Austrália ou do Uruguai. Tal como aconteceu com o Conicet, a Arsat, as universidades públicas e a YPF (empresa pública de petróleo argentina), Milei pode destruir num só mês uma relação comercial com a China construída ao longo de várias décadas.

Rebellion: Será que se trata de uma mera cedência aos Estados Unidos ou de uma nova estratégia global para a extrema-direita?

Claudio Katz: São as duas coisas. Milei tem uma grande afinidade com Netanyahu, porque são as duas figuras centrais da nova viragem internacional da extrema-direita. Com as suas práticas atrozes, favorecem a passagem da retórica à ação.

O massacre em Gaza ordenado por Netanyahu e a destruição da economia argentina promovida por Milei diferem da gestão convencional de Bolsonaro ou do primeiro Trump e estão na linha de Orban e Meloni. As duas figuras reacionárias do momento apoiam ações draconianas para reorganizar a geopolítica, seguindo a contraofensiva imperial lançada pelos Estados Unidos para recuperar posições no mundo.

No Médio Oriente, trata-se de incendiar a relação da China com a Arábia Saudita e os consequentes progressos na desdolarização da economia mundial. Na América Latina, significa retomar a restauração conservadora com maior virulência para abafar a frágil emergência de um novo ciclo progressista. Milei faz parte da estratégia de Trump para um novo mandato a partir da Casa Branca.

Rebellion: Esta linha de ação aproxima Milei do fascismo?

Claudio Katz: Não é a palavra certa para descrever o seu projeto. Milei pretende introduzir uma reforma laboral na Argentina para precarizar o emprego e consolidar um modelo neoliberal semelhante ao desenvolvido no Chile, Peru e Colômbia. Para atingir este objetivo, precisa de alterar a relação de forças, vergando os sindicatos, os movimentos sociais e as organizações democráticas. Trata-se de um objetivo thatcheriano, baseado no desmantelamento das poderosas organizações populares do país. Procura resolver um conflito social emblemático a favor das classes dominantes, como aconteceu com a greve dos mineiros ingleses em 1984.

Milei está rodeado de grupos fascistas, mas o seu projeto não é fascista. Não tem a intenção imediata de forjar um regime tirânico, com o recurso ao terror contra as organizações populares. Este modelo reacionário surge geralmente em tempos de perigo revolucionário. De momento, o libertário procura subjugar os trabalhadores com o apoio da classe dominante e dos meios de comunicação social.

Os poderosos perdoam-lhe tudo para que ele possa concretizar o seu ajustamento Não dizem nada sobre os erros de um dirigente que gasta dinheiro público a renovar a sua casa para acolher os seus cães, que perde o seu tempo em debates delirantes nas redes sociais com contas falsas ou que processa o condutor que atropelou um cão.

Os proprietários da Argentina olham para o outro lado, à espera que o seu plano de guerra contra o povo funcione. Comercialmente, há muito em jogo em detrimento da maioria da população. A demolição das pensões e a venda do Fundo de Garantia, por exemplo, reabrem a possibilidade de reintroduzir a vigarice dos AFJP (o fundo de pensões do Estado). O restabelecimento do imposto sobre o rendimento para os mais ricos financia o branqueamento de capitais e o novo perdão para os grandes evasores fiscais.

Rebellion: Mas será que não gera oposição com a sua gestão errática e imprevisível?

Claudio Katz: Sim, é verdade. Todos os dias intervém com uma certa improvisação, reagindo caoticamente às contrariedades que encontra. Ficou muito afetado pelo êxito da greve e, com a sua fúria habitual, demitiu funcionários públicos e ministros. O seu grande projeto é a remodelação regressiva do país, através do Decreto de Necessidade e Emergência e da Lei Omnibus (uma lei que teve a sua primeira aprovação, com artigos como a privatização de bens do Estado e a restrição dos direitos dos manifestantes). Trata-se de duas iniciativas inconstitucionais que visam levar a cabo uma gigantesca pilhagem.

Mas ele encontra a mesma limitação que obrigou Bolsonaro em 2019 a negociar as suas medidas com muitos legisladores ou governadores, concedendo benefícios em troca de votos. Nessas negociações, metade de seu projeto já foi podado, e ele conseguiria aprová-lo em geral, mas cortando completamente iniciativas específicas. Ele conta com o apoio do PRO (Partido Republicano), da UCR (Partido Social Democrata) e da Coligação Federal para conseguir realizar o ataque aos direitos populares, mas esse apoio não se estende à gestão dos negócios. Há uma diferença entre o objetivo comum de destruir os sindicatos e os movimentos sociais e a questão de saber quem beneficia com as privatizações e a desregulamentação.

As empresas que disputam esta fatia do bolo têm porta-vozes diferentes no Congresso. É por isso que a direita convencional está a tentar limitar os poderes delegados ao Executivo. Dá carta-branca para reprimir os protestos sociais, mas procura apropriar-se de uma parte da reforma fiscal em curso. O libertário não conseguiu fazer passar estes conflitos no Parlamento e a sua autoridade política foi enfraquecida por uma série interminável de negociações com a direita conciliadora. Se conseguir chegar a um acordo na Câmara dos Deputados, terá ainda de passar pelo Senado, enquanto os tribunais já estão a emitir decisões que limitam a sua ação.

Rebellion: O que é que Milei vai fazer se estes obstáculos persistirem?

Claudio Katz: Tudo indica que está a planear uma aventura referendária. Pode ser agora ou um pouco mais tarde. Está a pensar em convocar um referendo com o pretexto de que o Congresso não o deixa governar. Assim, retomaria a campanha contra a “casta” em que baseou o seu sucesso eleitoral. Para ele, este recurso é o pontapé de saída para o regime político autoritário que pretende construir. A reforma eleitoral – já rejeitada pelo Congresso – apoiou este modelo ao definir a atividade eleitoral e ao privatizar a política, fragmentando o mapa eleitoral em numerosos círculos eleitorais.

O principal problema do Milei é a falta de uma base política própria. É aí que reside a grande diferença entre Milei, Bolsonaro, Trump ou Kast. Milei não tem esse apoio e até agora não foi capaz de o criar. Não conseguiu criar um movimento reacionário anti greve, nem repetir as marchas de direita da era Macri ou as manifestações regressivas da pandemia contra o progressismo.

Está também a considerar a opção repressiva que Bullrich menciona todos os dias, com multas multimilionárias aos sindicatos, restrições ao direito de reunião e provocações contra manifestantes. A presença da polícia nas ruas intensifica-se e Milei procura um pretexto para autorizar a intervenção das forças armadas na segurança interna. Nesta ótica, purgou o alto comando e colocou à sua frente um homem com ligações estreitas ao Pentágono. Mas, mesmo neste domínio, não obteve resultados.

 O grande teste é o protocolo contra as barragens policiais para impedir manifestações, que tem sido ultrapassado vezes sem conta até à data. O fiasco da polícia que prendeu aleatoriamente manifestantes em frente ao Congresso confirma este fracasso. Penso que, neste domínio, a disputa com o protesto popular ativo e corajoso vai continuar.

Rebellion: A situação económica não será igualmente decisiva?

Claudio Katz: Sem dúvida. Milei procura baixar os salários e empobrecer a maioria da população, a fim de estabilizar a moeda reduzindo a inflação através de uma recessão induzida. Cortando as despesas públicas, contraindo o consumo interno e fazendo cair o nível de atividade, espera conseguir controlar a inflação e acabar com a espiral inflacionista Isto já aconteceu várias vezes no passado.

É o ajustamento ortodoxo em curso, que tende a gerar uma queda do PIB superior à registada no ano passado. Milei aposta na organização da frente monetária com a chegada de dólares provenientes da colheita recorde, das exportações de hidrocarbonetos e da redução das importações. O seu objetivo é recriar, com a aprovação do FMI, uma situação semelhante à dos anos 90, com Menem. Neste contexto, forjará a sua base política de direita.

Rebellion: E será esta repetição viável?

Claudio Katz: Não sabemos, mas lembremos que Menem conseguiu sobreviver ao desastre inflacionista desde o seu início e por muito tempo e Milei está apenas a começar a seguir essa trajetória. O Riojano podia contar com o justicialismo, os governadores e a burocracia sindical. O seu emulador não tem esse apoio e, para continuar na corrida, terá de passar pelo teste imediato de um trimestre tumultuoso. Se tiver de voltar a desvalorizar em março ou abril, enfrentará uma crise grave.

A perspetiva de uma nova grande desvalorização do peso já é visível na escalada dos preços, neutralizando os efeitos da Mega desvalorização de dezembro. Além disso, o círculo vicioso da recessão, que faz baixar as receitas e aumenta o défice orçamental, é bem visível, anulando todos os efeitos dos cortes decididos pelo Governo.

Estas incoerências intensificam os conflitos entre os três grandes sectores capitalistas do país. Milei e o seu ministro da Economia Caputo representam o capital financeiro e estão a levar a economia à falência para garantir o pagamento aos credores. Exploram o povo, mas se este confisco não for suficiente, estão dispostos a exigir pagamentos aos outros dois grupos de poder. Um sector é a agroindústria, que beneficiou muito com a desvalorização, mas que agora resiste a contribuir para a retenção na fonte exigida pelo governo. O outro segmento de industriais está de acordo com a reforma laboral prometida por Milei, mas é afetado pela abertura do comércio e pela redução das vantagens fiscais nas províncias.

Rebellion: Então, que cenários estão na calha?

Claudio Katz: As alternativas dependem do resultado da agressão contra o povo. Todos os antecessores de Milei conseguiram impor a sua agenda durante algum tempo, sem nunca conseguirem remodelar a economia neoliberal ou estabilizar um governo de direita. A diferença entre Videla, Menem e Macri foi a duração em que conseguiram preservar os seus modelos.

A última experiência foi a mais curta, e esta brevidade poderá repetir-se se a atual batalha popular for tão bem sucedida como a reforma das pensões de 2017. Milei espera evitar esta frustração aumentando a parada com a opção da dolarização, e os grupos de poder estão a observar atentamente a sua gestão, avaliando se continuam a apoiá-lo ou se estão a preparar uma substituição com o tandem Villaroel-Macri (antigo presidente de direita de 2015 a 2019). Tudo dependerá do resultado da batalha social que está a ser travada nas ruas, e o que acontecer com a lei omnibus dará a primeira indicação deste confronto.

Rebellion: Notou alguma mudança na resistência popular?

Claudio Katz: A dimensão e a diversidade da manifestação da CGT (Confederação Geral do Trabalho) indicam que existe uma certa consciência da intensidade da luta em curso. Muitos participantes nesta manifestação sublinharam que “ainda agora começou” e outros apelaram a que a luta continue até Milei ser derrotado. Em alguns bairros, as assembleias e as panelas reapareceram com uma certa reminiscência de 2001, e um elemento-chave foi o encerramento de uma ação pública com um discurso de uma mãe da Praça de maio. Esta centralidade dos direitos humanos será decisiva na batalha atual.

Também considero interessante a abertura da direção da CGT, que se reuniu com deputados da FIT (Frente de Esquerda e dos Trabalhadores) e convidou para a tribuna a maioria dos organizadores da Manifestação. Não querem repetir a rejeição da sua cumplicidade passada, a sua inação durante a era Macri ou a sua cegueira perante a erupção de movimentos sociais.

Seja como for, a continuidade de um plano de luta continua em suspenso, pois é evidente que a greve não é suficiente para travar Milei. Nas manifestações, os trabalhadores são convidados a unirem-se contra aqueles que não estão satisfeitos com esta convergência. Esta instrução exprime uma vontade profunda de redobrar a luta, com a organização sindical à cabeça de uma frente que derrotará a austeridade.

Também considero significativa a radicalização que começa a fazer-se sentir entre os sectores que esperam ocupar as ruas até à queda do governo. O cineasta Aristarain tornou isso explícito. Por último, gostaria de aprofundar o significado da palavra de ordem “A Pátria não se vende”, adotada por muitos dos participantes na manifestação. Nesta reivindicação, a Pátria é a Arsat (uma empresa pública de satélites), o Conicet (uma organização dedicada à promoção da ciência) e os salários. É uma forma de desafiar o neoliberalismo, sublinhando que “não estou à venda”, porque “não sou uma mercadoria”. O significado subjacente é uma variante do patriotismo progressista.

Rebellion: Em suma, parece que estamos a regressar na Argentina às crises e aos seus desenvolvimentos vertiginosos

Claudio Katz: Sim, tudo se acelera de novo e começa a desenrolar-se em pleno verão. A impressão inicial de uma trégua até março-abril dissipou-se, porque a audácia com que Milei está a agir é evidente. Esta é a sua principal caraterística e o resto é secundário. O facto de improvisar ou de ter um plano é secundário, comparado com o seu comportamento reacionário determinado, muito semelhante ao de Thatcher, Fujimori ou Ieltsin. Os poderosos estão a apoiá-lo para esta posição e o povo deve responder com a mesma determinação. A moeda foi lançada ao ar, e ganhará quem mostrar maior determinação.

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3 pensamentos sobre “Entre a Argentina e Portugal haverá algum paralelelismo?

  1. Se Milei não quer instituir um regime de terror imita muito bem. O homem responde às greves com despedimentos e isso é terror. Num país onde os apoios sociais foram reduzidos ao mínimo, um despedimento significa uma miséria negra para o despedido e a sua familia num espaço de tempo muito curto. Isso é terror.
    O homem pretende desregular totalmente o mercado laboral dando aos patrões plenos poderes, criando condições quase de escravatura, obrigando os trabalhadores a trabalhar sem condições de segurança e salubridade porque sob a sua cabeça esta pendente o tal despedimento que leva a miséria. E porque a fiscalização das condições de trabalho não existe muito provavelmente as mortes em acidente de trabalho também aumentarao.Isso e terror.
    Mulheres é crianças abandonadas a fúria de pais e maridos que sejam pouco dignos desse nome porque proteger mulheres é crianças da violência machista e promover a dissolução das famílias. Isso é terror.
    A privatização do direito a saúde levará a um menor acesso a meios de contracepção, mais gravidezes em que a mãe sabe que o que espera a criança caso nasca é uma miseria negra, o que a par das restrições ao aborto aumentarao os abortos feitos em vão de escada.E, em consequência a morte de mulheres. Isso é terror.
    Se promessas loucas como a legalização do tráfico de órgãos humanos forem para a frente isso é terror.
    Se as organizações sindicais forem estranguladas com pesadas multas, inviabilizando a sua actividade de proteção e mobilização dos trabalhadores contra políticas contrárias aos seus intereses isso é terror.
    Se os protestos aumentarem e for o exército, gente treinada para matar, com a sua parafernália de instrumentos letais, de guerra, a exercer funções de polícia, isso é terror.
    Claro que Milei não poderá impor o terror absoluto da junta militar terrorista e homicida que nos anos 70, com a bênção dos Estados Unidos, torturou e fez desaparecer mais de 30 mil jovens. Sabe se hoje que drogando os e lançando os de aviões ao mar, ainda vivos. Um terror obsceno horrendo, absoluto.
    Mas há muitos graus de terror e “El loco” esta disposto a aplicar os que forem precisos para levar a cabo a sua política de capitalismo selvagem a que decidiu chamar “anarco capitalismo”.
    Trabalhadores sem direitos, a ganhar salários miseraveis que mal satisfazem as suas necessidades básicas, abandonados a sobrevivência do “cada um por si”, isolados, sem o apoio de estruturas sindicais ou outras viverão no terror.
    A incerteza total do que vai acontecer amanhã, havendo apenas a certeza de que não vai ser bom e terror.
    Lembro me dos anos da troika e do terror em que vivia muito boa gente ante um Governo que quase todos os dias anunciava mais medidas restritivas e ia logo avisando que podiam não ser suficientes.
    Por isso convinha que muitos trabalhadores que votaram Chega vissem bem o que se está a passar na Argentina, o que se passou no Brasil e o que se passa em todos os países em que a extrema direita chega ao poder. Porque em nenhum deles a vida de quem trabalha ou vive de reformas por ter trabalhado melhorou.
    Os Governos “do sistema” podem lamber a mão do dono ou perder a coragem como quando o Governo argentino decidiu aceitar a dívida mafiosa para com fundos abutres assumida pelo governo mafioso de Macri.Mas cair nos braços da extrema direita e como deitar sal nas feridas. Vai garantidamente doer mais e pode ser que muita gente não chegue viva ao fim do caminho. Como os desgraçados mortos quando o Governador do Rio de Janeiro decidiu por a polícia a disparar sobre favelas com helicópteros. Tendo sido morta até gente que regressava a casa com sacos de compras.
    Sem que com este terror se reduzisse a criminalidade. O que não deixa de ter lógica. Se sou morto como um cão quando venho para casa com as compras, se o meu salário é uma pele de batata, se não tenho direito a nada, para que raio vou trabalhar e ser honesto?
    Era a mesma mentalidade que fazia com que a Inglaterra do Século XVII e XVIII tivesse uma criminalidade medonha apesar de ser o país que mais pendurava ladrões na ponta de uma corda. E tinha lógica, se um salteador de estradas sabia que o roubo chegava para acabar a balançar na ponta de uma corda era mais seguro matar o assaltado para que não fosse identificado.
    Nas costas de Inglaterra, em especial em costas remotas do Norte, barco que lá afundasse os tripulantes e passageiros eram todos mortos e a carga pilhada. Havia até “afundadores” especializados em atrair, especialmente em noites de tempestade, embarcações as costas rochosas. O fim de todos os desgraçados que lá iam, que sobrevivessem ao embate, era terem as gargantas cortadas e serem lançados ao mar
    E isto não acontecia por os inglesa serem um povo mais cruel que os outros mas sim por esta mistura ss terror judicial e a miséria negra em que viviam as populações pois que, a pobreza era criminalizada e quem lá caísse ou morria a fome na rua ou nas infames casas de trabalho.
    E não se pode definir o regime inglês como de extrema direita pois que tais designações não existiam ao tempo.
    Mas esta desregulação, a par de terror policial e penal, não gera coisa boa bem na Inglaterra de antanho, nem no Brasil é Argentina de hoje nem em Portugal. Que tem muito menos recursos onde os deserdados possam pelo menos matar a fome.
    Por isso, sejam quais forem os motivos que levaram muita gente a votar na extrema direita, agora que a ressaca disto tudo vai passando, parem para pensar se é mesmo viver no Brasil de Bolsonaro ou na Argentina de Milei, tendo em conta que tendo nos muito menos recursos, inclusive alimentares, vai ser pior ainda, que querem.

  2. Por acaso tenho acompanhado a situação na Argentina…

    Vou tentar fazer uma dissertação sobre a Argentina e um lugar chamado “Bananistão”, (Portugal).

    – Milei é o “liquidatário” é o objetivo do sistema. Depois de terem endividado conscientemente o país, vêm tirar o bolo enquanto a população fica a olhar, pensando que isso é inevitável.
    – Fizeram a mesma coisa com as teorias de Milton Friedman, onde a “Escola de Chicago” veio explicar ao povo que era preciso liberalizar… e privatizaram e distribuíram pelos amigos o património nacional.
    Tentaram-no na ex-URSS com os oligarcas… mas Putin e os serviços secretos do país levantaram barreiras.
    – A escravatura por dívidas é um processo interminável.

    Seja qual for o bandido (ou bandidos) que esteja à frente do Estado, os ricos enriquecem com o trabalho dos pobres, que ficam mais pobres! E não há nada de inevitável nisto, apenas um desejo deliberado da burguesia rica!

    O problema é sempre o mesmo: as pessoas que deviam gerir as nossas finanças andam a fazer asneiras há anos, endividando-nos e, por conseguinte, criando problemas.
    Todas as medidas de austeridade não vão mudar nada porque a origem do problema são essas pessoas incompetentes e/ou malévolas.
    Por isso, sim, não podemos fazer o que queremos com a UE e tudo o resto, e é claro que temos de sair dela, mas a primeira coisa que temos de fazer é livrarmo-nos de todos os traidores!
    As minhas finanças estão no azul porque são bem geridas, mas quando é que vou ter de pagar pela má gestão dos outros?

    Como de costume, os políticos contentam-se em aplicar soluções que são dolorosas para aqueles que os elegeram.
    No entanto, a nossa situação é simplesmente o resultado das suas decisões e da sua gestão ao longo dos últimos 50 anos.
    A dívida torna tudo possível, incluindo a conclusão de um sistema redistributivo em sectores-chave como a saúde e a solidariedade.

    A ilusão do “Bananistão”baseia-se num certo número de certezas, tais como :
    – se não há dinheiro suficiente, basta taxar os ricos.
    – se não se tem dinheiro suficiente, pode-se sempre recorrer ao crédito.
    – não dizer que para ter dinheiro é preciso trabalhar e criar valor.
    – e, por último, podemos acumular dívidas, mesmo que isso implique renegociá-las quando nos convém.
    – não podemos dizer que a imigração nos custa dezenas de milhares de milhões todos os anos sem receber nada em troca.
    – e assim por diante.
    Os Portugueses têm o hábito de olhar para o outro lado quando aprendem coisas que não lhes agradam.

    O que é que separa a civilização da barbárie?
    3 dias….. ou seja, 9 refeições!

    Não somos a Argentina….
    Não somos a Grécia…
    E muito menos a Alemanha dos anos mais negros da história do Universo….

    Não há mais coesão social no nosso país…
    Tornou-se um mosaico de interesses divergentes e antagónicos…
    Mesmo que o VVP invadisse aeuropa estaríamos em completa desordem…

    E por isso ele não está interessado em mais problemas.

    Estamos a caminhar irrevogavelmente para o nosso próprio colapso monetário, financeiro e económico… isso vai resultar numa inundação de forquilhas e pedras de pobres contra pobres….

    E nessa altura ( estamos perto) “Bananistão” será dividida numa série de clãs…
    Pequenos, ao nível da família e/ou da amizade….
    Médio, ao nível de uma aldeia, de um bairro ou de um “grupo de interesses partilhados” ….
    Grandes, sob a forma de antigas estruturas mais ou menos estatais….

    Cada um lutará pela sua própria sobrevivência, a do seu clã, a da sua nova “autoridade” (grupo para-militar, grupo religioso, etc.).

    Isto conduzirá a violência, derramamento de sangue, ferimentos, doenças, epidemias e massacres….

    A população diminuirá muito rapidamente… com os mais “adaptados” a terem mais hipóteses de sobreviver…

    Este cenário apocalítico é mais do que provável.
    Daqui a 6 meses? Em 3 anos?
    Este será o cenário se continuarmos no nosso caminho actual,nem é preciso conhecer o futuro!

    Será o projecto de “aqueles que puxam os cordelinhos”.

    A população não tem consciência das forças subterrâneas que actuam.
    Os governos trabalham “para a nossa felicidade” ….. É ainda o caso da maioria das massas estupefactas com os Jogos do Circo….

    A China acaba de confirmar oficialmente que intervirá se a Rússia for atacada pela NATO…

    Tic….tac….

    O pessoal está tão ocupado como os pequenos prazeres da vida…
    “Eles” não têm qualquer hipótese de ultrapassar o primeiro mês do caos.
    “Nem sequer o sabem”…

    O Estado contrai empréstimos para pagar as suas dívidas de funcionamento, o que não é mais nem menos do que uma corrida precipitada,
    Se se compra um imóvel com um empréstimo que se reembolsa, este continua a ser um imóvel e valoriza-se com o tempo, o que se chama um investimento.
    Se, pelo contrário, se contrai um empréstimo para lazer ou para os serviços de uma mulher a dias, não se obtém qualquer benefício financeiro.
    Os políticos desta geração são os mais gastadores que alguma vez vimos, e estão a distribuir milhares de milhões enquanto os cofres estão a rebentar pelas costuras.

    Estamos sempre a ouvir de “contas certas”, que se deve essencialmente ao estilo de vida de um Estado incontrolável, e que se arrasta há anos.
    No final, o que é que eles querem? Querem que esta dívida seja anulada nos balanços europeus, porque os juros atualmente pagos não serão suficientes e poderemos ser obrigados a vender o resto das jóias de família, e essa será a grande venda.

    Na Argentina de “pão e jogos” os trabalhadores pobres são demasiado pobres, a sua força de trabalho é explorada por uma maioria de patrões egoístas e sem lei, cujo único objetivo é ganhar mais tornando os outros mais pobres……

    E as pessoas que os eleitores-trabalhadores colocaram no governo são primos dos patrões desonestos, que se dão todos muito bem para esbanjar os recursos do Estado proporcionados pelo trabalho de todo um Povo.

    Terão entendido bem o problema?

    O problema na Argentina, na Venezuela e noutros países da América do Sul é que o poder pseudo-democrático é detido por uma oligarquia que vive muito bem da pobreza do povo, que é cuidadosamente alimentada.

    Sem querer perturbar os admiradores enamorados de Javier Milei, ele é um puro produto da oligarquia local.

    Abram os olhos!

    A Venezuela tem uma inflação acumulada é de 10000 %…… Sim 4 zeros! (talvez mais, não contei bem)

    E eles têm petróleo e são pobres!

    A Argentina é a mesma coisa sem petróleo, mas são os reis da soja há muitos anos e as pessoas são pobres ……
    Quanto aos oligarcas, obrigado, eles estão bem!
    E os cofres do Estado estão vazios …….. Para onde é que foi todo o dinheiro?

    Aqui no “Bananistão” passa-se o mesmo, mas quem é que se levanta e põe as coisas em ordem?

    Será que precisamos de um homem “providencial” para deixar de viver a crédito?

    Estão a começar a publicitar o André como uma maravilha. André é uma maravilha ………

    Um “jovem” imaturo sem ideias que não sejam as da sua casta ………. Não há nada melhor do que isto?

    Não tem memória, fizeram isto com um certo Salazar,não é do meu tempo,mas paguei as consequências disso,com a extrema pobreza.

    Sobretudo tentar pensar com clareza …….
    Sim, eu sei, não é fácil, sobretudo sem formação!

    Aqueles que pensavam que as equipas de trapaceiros que governam o “Bananistão” há demasiado tempo eram incompetentes e fracassadas, poderão agora apreciar todo o potencial legislativo contido na Lei de Programação Militar da europa que incluiu Portugal ou nas suas disposições sobre requisições, recentemente enriquecidas, Poderão também saborear os estados de emergência de longa duração que permitirão instituir semanas de trabalho até 60 horas por semana, ao abrigo das leis laborais revistas, que ainda não foram aplicadas mas que serão alargadas a todos os sectores de atividade, graças ao serviço de uma dívida judiciosamente rejuvenescida pelo conceito futurista de economia de guerra.

    Os dissidentes, autores deste tipo de observações desagradáveis nos comentários, têm todas as hipóteses de desaparecer no anonimato e na repressão sistémica arbitrária e autoritária, uma vez que o teste de engenharia social foi quase totalmente bem sucedido na europa desde 2020, com a vacinação experimental forçada das populações ditas indígenas ou de origem europeia.

    A manutenção de crises económicas, financeiras e sanitárias rotativas ou de estados de guerra, se possível militares permanentes, são as únicas formas que os nossos usurpadores sem imaginação encontraram para se manterem no poder, preservarem as suas rendas, eliminarem toda a concorrência social, evitarem revoluções e fugirem a toda a responsabilidade moral e jurídica, continuando a infringir os limites aceites em qualquer civilização ou religião e no domínio das possibilidades geográficas e físicas.

    O que é interessante estudar ou observar nos ciclos de endividamento do planeta, não é apenas quem tem de reembolsar os lançamentos negativos feitos em seu nome, ou a transferência para outrem de direitos de propriedade sobre bens corpóreos ou intelectuais, mas quem participa neste processo complexo e legislativo, que conduz a estes procedimentos, muitas vezes legais e aceites…

    A questão é saber se “a árvore caiu porque estava podre, se foi cortada discretamente para que algumas pessoas pudessem salvar a madeira, ou se toda a seiva foi sugada e ela acabou por apodrecer”? Seja como for, as pessoas pagam…

    Os americanos parecem estar a pedir mais Trump nas próximas eleições. É um bom sinal para este presidente argentino ser comparado a ele. E é porque o que ele diz não está longe de ser verdade aqui. Todos podres, violadores, ladrões…. Casos passados e actuais provam-no.

    No entanto, este novo Presidente argentino foi recebido em Davos.
    Para mim, os povos continuam a ser enganados pelo bando de Davos.

    Seja como for o povo argentino escolheu o seu caminho através do voto, 95% são ignorantes políticos, os resultados foram tão bons como as suas deficiências nos últimos 25 anos, não evoluíram e as mesmas causas produziram os mesmos efeitos, acabaram de obter o pior ignorante globalista e económico à potência de 10.

  3. Depois de quase 20% de nos termos votado no ventrulhas e um pouco mais de 30 % terem votado naquele que disse um dia “a vida das pessoas não está melhor mas o pais está melhor” e que o processo de miserabilizacao a que se chamou “programa de ajustamento” iria continuar “custe o que custar, doa a quem doer” não me parece que tenhamos agua para nos lavar, muito menos para falar mal dos argentinos ou seja de quem for.

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