A grande “família” do Chega

(Mihguel Carvalho e João Maio Pinto, in Público, 25/02/2024)

Não foi o Ventura que fez o Chega. Foi o demérito de outros, sobretudo PS e PSD – Miguel Luís

(Não se pode combater aquilo que se desconhece. É por isso que publico este texto. Resultado de louvável investigação jornalistica, diz-nos muito sobre o fenómeno Chega. Há por lá grandes interesses económicos, aristocratas, saudosistas do antigamente, perigosos aficionados do fascismo e da xenofobia, mas também muita gente trabalhadora descontente, enganada pelas promessas “bem-aventuradas” do Ventura.

Estátua de Sal, 25/02/2024)


A direita radical populista atrai a simpatia de várias camadas da sociedade, da aristocracia ao povo de esquerda. Retrato inédito do partido que mais sobe nas sondagens face às legislativas de 2022.


Eram 11h39 de 12 de Abril de 2021 quando a mensagem caiu no endereço electrónico do Chega. Dizia assim: “Gostaria de encontrar informação sobre a maneira como poderemos apoiar financeiramente o vosso partido, sem nos tornarmos militantes.”

O pedido fora remetido pela “assistente do senhor Alain Bonte”, a partir do email de uma sociedade de investimentos imobiliários (SEII), com “empresa-mãe” registada no Luxemburgo e sede em Alcabideche, no mesmo local onde o cônsul honorário da Roménia no Estoril gere o posto diplomático e grande parte dos seus negócios.

Francês de origem, cidadão português e comendador agraciado pelo Estado romeno, o presidente da Fundação Bonte divide os principais investimentos nacionais e internacionais pelo imobiliário, indústria farmacêutica, seguros e informática (sobretudo na área dos jogos digitais). Em Bucareste, entre outros edifícios, uma das empresas controla uma área equivalente a dois campos de futebol em espaços comerciais de rua, destinados a arrendamento.

Mecenas, filantropo, coleccionador de arte, Alain Bonte tem entre os parceiros de negócios e gestores de confiança António Beja (cônsul honorário da Moldávia) e Catia Rădulescu, das mulheres mais poderosas da Roménia, segundo a Forbes. A esta revista, em 2014, a jurista “derreteu-se” em elogios ao “investidor de elite, com formação nas grandes escolas europeias”.

Captura de ecrã de um vídeo publicado pela Bonte Foundation, de Alain Bonte. O empresário de origem francesa mostrava a sua colecção de arte moderna romena no Palácio Nacional da Ajuda, em Junho de 2016

No núcleo duro do empresário cabe ainda a mulher, e também sócia, Isabel Maia D’Aguiar, filha do falecido produtor e realizador francês Ayres d’Aguiar, de origens açorianas. Estão juntos na vida e nos negócios. Passem eles por Lisboa, Bucareste, Estocolmo ou Sliema (Malta).

A 1 de Junho de 2021, pouco mais de um mês após o envio do email ao Chega pela assistente do marido, Isabel transferiu 10 mil euros para uma conta do partido, atestam os extractos depositados na Entidade de Contas e Financiamentos Políticos (ECFP) do Tribunal Constitucional. O PÚBLICO solicitou por escrito aos gestores da SEII informações sobre as motivações do apoio financeiro à direita radical populista, mas não obteve resposta.

Contra as elites, venham as elites

“Quem manda é o povo e não as elites que nos governam.” A frase de André Ventura, qual mantra, serve para todas as estações e eleições desde que o Chega foi fundado, em Abril de 2019. Mas certas elites empresariais e financeiras não fizeram caso disso, nem o apoio e simpatia pelo Chega nessas áreas é novidade. Já a dimensão e variedade, talvez.

Os donativos oficiais de membros dos clãs Mello e Champalimaud, de João Bravo (líder na venda de armas e equipamento militar ao Estado), de Miguel Costa Félix (imobiliário e turismo), e de Jorge Ortigão Costa (grupo Sogepoc) superavam, pelo menos até meados de 2022, 40 mil euros. No mesmo período, Salvador Posser de Andrade (Coporgest, imobiliário, antigo vice-presidente do Chega), a família Pedrosa (grupo Barraqueiro) e o empresário de transportes José Paulo Duarte, transferiram perto de 19 mil euros.

Assine já

Outro financiador (5000 euros) foi o advogado portuense Miguel Sequeira Campos, ex-CDS. Associado a negócios imobiliários, ainda se tentou chegar a ele através de amigos da defunta colectividade Os Mija na Escada. Muitos telefonemas depois, entrou em cena Francisco Pacheco de Amorim, da Pares By Construmed, que, segundo a página oficial, gere mais de 100 milhões de euros em património imobiliário e é líder no mercado de arrendamento. “O doutor Miguel é nosso advogado há mais de 28 anos”, confirmou o mandatário do Chega para as legislativas e irmão do mais mediático Pacheco de Amorim: Diogo, deputado e dirigente. Miguel Sequeira Campos, entretanto, justificou ao PÚBLICO o donativo: “Fi-lo por me identificar com o conservadorismo do partido na eutanásia, no aborto e na segurança interna.”

O advogado Miguel Sequeira Campos é um dos financiadores do Chega  

Às receitas do Chega não falta pedigree contra-revolucionário. 

E nem sequer é necessário atender ao breve currículo de Diogo Pacheco de Amorim na ala política do MDLP (movimento da chamada rede bombista de extrema-direita no pós-revolução; o tribunal condenou alguns dos operacionais responsáveis pelo extenso rol de crimes e mortes, mas os alegados mandantes ou financiadores nunca foram julgados), chefiada, entre outros, pelo tio Fernando Pacheco de Amorim. 

O empresário e gestor Miguel Sommer Champalimaud (10 mil euros) esteve implicado na tentativa de golpe spinolista da “maioria silenciosa”, a 28 de Setembro de 1974. Francisco Van Uden (100 euros), monárquico na linha de sucessão ao trono e ex-comando com carreira na área imobiliária, foi chefe operacional do ELP (Exército de Libertação de Portugal), braço da rede terrorista citada. “Luta contra o comunismo” na versão dele. “Ajudámos o chamado levantamento popular do ‘Verão Quente’ de 75, em que houve assaltos às sedes dos partidos comunistas e de extrema-esquerda”, concretizou, ao semanário Sol

A aristocracia também quis embalar o novo rebento político, logo à nascença. Vai daí, juntaram-se esforços em certas famílias. 

Eduardo de Melo Mendia, quinto conde de Mendia (imobiliário, turismo e restauração, citado no escândalo Paradise Papers), Luís Mendia de Castro, quarto conde de Nova Goa (instituições financeiras e empresariais), e Eduardo Guedes Mendia, quarto conde e terceiro marquês de Mendia (ex-Portucale, ex-Grupo Espírito Santo, gestor e administrador), sinalizaram a sua simpatia pelo Chega, com contribuições oficiais de pouco mais de 1000 euros no total. 

José Cunha Coutinho, barão de Nossa Senhora da Oliveira, foi outro. Médico, membro da Sociedade de Geografia de Lisboa, o antigo candidato do PPV (Portugal Pró Vida), partido que se fundiu com o Chega, foi investido Cavaleiro da Ordem de São Silvestre pelo Vaticano, graças às “contribuições notáveis à sociedade” e “serviços relevantes” prestados à Igreja. Nas redes sociais, partilhou, entre outras, a fotografia de André Ventura tirada na catedral de Almudena. Junto à estátua de Josemaria Escrivá, o líder do Chega rezou pelo fundador do Opus Deis e “agradeceu” os 12 deputados eleitos de 2022. 

O PÚBLICO tentou também falar, sem sucesso, com Luís Lancastre Lima Raposo, dos órgãos sociais do Grupo Reditus (tecnologias de informação e serviços de outsourcing). Entre Janeiro e Junho de 2021, este elemento do conselho fiscal transferiu 3600 euros para a conta do Chega. 

“Queria vê-lo mais homenzinho…” 

A estreia de André Ventura no Parlamento, em finais de 2019, suscitou curiosidade nestes ramos sociais, abastados e proeminentes, de moldura conservadora. 

O ponto alto foi um jantar no restaurante Montes Claros, em Monsanto, a 5 de Fevereiro de 2020, já o líder do Chega era candidato a Belém. 

O evento fora idealizado para personalidades influentes que, no entanto, queriam discrição. O advogado Jorge de Abreu dinamizou contactos, deu dinheiro (3008 euros em 2019 e 2020) e o partido assegurou que não haveria jornalistas por perto. Para uns, era também a oportunidade de ouvir e conhecer Ventura em carne e osso, à razão de 65 euros por comensal, e com direito a levar para casa, por mais 50 euros, o livro-programa do líder, O Dia em que Disse Chega

A lista de presenças no jantar registou, entre outros, os nomes de José Morais Cabral (ex-CDS, fundador da CIP e ligado a negócios farmacêuticos), João Talone (sexto visconde de Ribamar, gestor e ex-CEO da EDP), Cristina e Teresa Roque (herdeiras do falecido banqueiro Horácio Roque, do BANIF) e de André Luiz Gomes (advogado de Joe Berardo e arguido no processo em que se investigam suspeitas de crimes em créditos da Caixa Geral de Depósitos). Tal não significou que ficassem “clientes” de Ventura e do partido. “Apoiante, eu?! Não, credo!”, reagiu Rita Salgado ao PÚBLICO, pelo telefone. “Fui ao jantar por curiosidade. Paguei e vim embora. Nunca votei nem votarei Chega”, garante a empresária do ramo alimentar ligada ao movimento ultracatólico Schoenstatt. 

João Talone, gestor e ex-CEO da EDP, foi um dos participantes num jantar com André Ventura no restaurante Montes Claros, em Monsanto, a 5 de Fevereiro de 2020. Rui Gaudêncio (arquivo) 

O médico João Almeida e Castro, presidente da IPSS Ser + (prevenção e combate à sida), vinculado ao imobiliário de luxo e dirigente do Porsche Club 356 de Portugal, também esteve no Chega nesta fase inicial do partido, mas, apesar das insistências do PÚBLICO, não quis explicar se a relação se mantém. 

O gabinete de estudos, dirigido pelo deputado Gabriel Mithá, foi o passo seguinte. Na Primavera de 2021, a ideia era atrair a “inteligência” de direita para a elaboração do futuro programa eleitoral que, com a inesperada queda do Governo PS em finais desse ano, foi necessário apressar. 

“Fiz parte do grupo de trabalho da Justiça com a condição de não revelarem o meu nome, pois não quero essas ligações nem tenho vocação política, mas já percebi que isso não foi respeitado…”, começou por desabafar Aida Franco Nogueira ao telemóvel. A jurista, filha do antigo embaixador e ministro dos Negócios Estrangeiros de Salazar, Franco Nogueira, “talvez” vote no Chega. “Mas só se o doutor Ventura moderar a linguagem”, avisa. “A política são ideias discutidas com elevação. ‘Prostituta política’ e ‘idiota útil’ não são expressões dignas de alguém que já demonstrou alguma coragem”. 

A advogada notou a ausência do tema Defesa nos debates televisivos. “Faltam investimentos, a imagem das instituições militares é vergonhosa. Não quero nem desejo aconselhar o doutor Ventura, mas, se o fizesse, dir-lhe-ia para bater à porta de Nuno Rogeiro.” Aida Franco Nogueira reclama ainda controlo apertado à imigração — “as nações são como as nossas casas, só deve entrar quem a gente quer” — e, enquanto católica praticante, admite desconforto com as lutas pela identidade de género. “Enfim, é uma minoria”, reage. “As pessoas são o que quiserem e devem ser bem tratadas. Mas algumas opções talvez derivem de problemas físicos ou distúrbios psicológicos. Quanto a exibicionismos, mudanças de sexo e aulas de educação sexual para crianças, santa paciência!” 

Aida Franco Nogueira (ao centro) em Setembro de 2018, durante uma cerimónia de evocação do centenário do nascimento do seu pai, o embaixador Franco Nogueira, que foi ministro dos Negócios Estrangeiros de Salazar. Nuno Ferreira Santos (arquivo)  

Embora separada pela ideologia, premissas e objectivos, a jurista assume certa atracção por trincheiras opostas. “Concordo muitas vezes com as posições do PCP. É um partido patriota”. Até ao dia das eleições, Aida Franco Nogueira espera, pois, que Ventura… cresça. “Queria vê-lo mais homenzinho. Tudo pode ser dito com elevação. Até o maior insulto.” 

De direita, conservador e católico, Frederico Pais, 38 anos, prefere a versão mais ponderada do líder, mas aceita que estique a corda: “Caso contrário, não é falado. O Chega não está cá há 50 anos, precisa de criar ruído”, refere ao PÚBLICO este ex-JSD, militante 650 do Chega. 

Fundador do portal Alerta Emprego e da Betting Connections, consultora sediada em Sliema (Malta) e empresa líder no recrutamento para a indústria de jogos e apostas online, Frederico “fez-se” na coligação Basta!, nas europeias de 2019, a estreia do Chega. Desde logo, rejeita estereótipos: “Fui expulso do colégio, andei numa escola pública e era o único branco da turma. Tenho amigos desse tempo.” Quando Ventura acicatou a etnia cigana, escreveu à direcção a criticar o discurso, no qual não se revê. No dia 10 de Março, depositará o voto no partido que “junta o senhor do café ao dono do banco” e ao qual confia o combate à pedofilia e aos violadores… Mas devagar. “O Chega é o Ventura: não tem quadros nem equipa. Prefiro-o na oposição, a fazer barulho. Se não votasse no Chega, votava na CDU. Os gajos do PCP são incorruptíveis.” 

Carlos Alberto Damas, ex-funcionário do BES e biógrafo da família Espírito Santo, lembra-se bem do tempo do PCP papão, “muralha de aço” do primeiro-ministro Vasco Gonçalves. “Hoje a muralha de aço é o Chega, mas contra o socialismo”, afirma o historiador. Damas filiou-se logo de início no partido de Ventura e aí se manteve até 2022. Nesses anos, e dada a sua especialidade, ofereceu os seus serviços à distrital de Lisboa para organizar arquivos e, talvez, iniciar a construção da memória do partido. “Pensei que o Chega quereria uma espécie de museu”. Acabou a falar sozinho, desapontado. Carlos Alberto Damas assume-se “defensor dos animais, antitouradas e antilatifundiário”. No dia 10, o Chega ainda contará com ele. “Para mim, será um voto de protesto”, explica ao PÚBLICO. “Depois voltarei ao PAN, que é, na verdade, onde me sentia bem.” 

O Texas pode ser aqui 

Entre apaniguados, o líder do Chega é também idolatrado à conta de certos saudosismos por resolver. Casos de devoção a um passado mitificado e a narrativas excludentes com grande ignição nas redes sociais. 

Luís Aguiar de Matos, engenheiro, criador de cavalos e antigo vice-presidente do Sporting na direcção de Sousa Cintra (1989-1991), partilha nas redes sociais fotografias e referências a Salazar, “honesto dirigente”. Em 2021, votou Chega por, entre outras razões, querer “um sistema de saúde livre da patética ideologia de esquerda, privilegiando os doentes, dando resposta eficiente em vez de tratar de abortos, drogados, bêbados e pessoas que querem mudar de sexo”. Nesse ano deu ao partido, com a mulher, 1500 euros. Por estes dias, anda sobressaltado. “Os imigrantes só são necessários para fazer trabalhos que nós não quisermos. Não sou segregacionista, mas não podemos arriscar meter cá gente sem valia humana”, justifica. Independentemente do tipo de trabalho, segundo revelou em Dezembro do ano passado o Observatório das Migrações, “sem os imigrantes, alguns sectores económicos entrariam em colapso” em Portugal. Quando se pergunta a Aguiar de Matos se defenderia o mesmo para os milhares de portugueses que emigraram durante a ditadura, responde: “Não. Mas nesse tempo não havia atentados terroristas.” 

André Ventura e Luís Aguiar de Matos

  

Luís Delgado e Silva, engenheiro, 71 anos, viveu em 13 países diferentes, incluindo EUA, Nigéria e Irão, antes de regressar a Portugal em 2008 e de se candidatar nas listas do Chega à Câmara de Loulé em 2021. 

Lá fora, tirou a pinta a vários modelos de governo e concluiu: “O sinónimo de socialismo é mediocridade.” Foi gerente de operações na Schlumberger, líder mundial em serviços petrolíferos, e dirige a secção portuguesa da Society of Petroleum Engineers, associação profissional sem fins lucrativos cujos membros estão ligados à exploração e produção de energias. Se pudesse, Delgado e Silva importava o seu modelo de governação preferido: o estado norte-americano do Texas. “É seguro, com uma qualidade de vida incrível. Quando lá vivi nunca fechava a porta de casa”, diz. As estatísticas anuais do FBI desmentem esta percepção: em 2022, a taxa de criminalidade violenta no Texas estava acima da média nacional; os crimes de ódio têm, na maioria, motivações raciais e são dirigidos a minorias étnicas e sexuais. 

Para Delgado e Silva, “o país ainda não recuperou da golpada do 25 de Abril”. Insiste: “Foi uma fantochada. O resultado está à vista. Uma democracia com 90% de analfabetos não faz sentido”. Segundo o último Censos (2021), não chegam a 300 mil aqueles que não sabem ler nem escrever. 

Convenção Nacional do Chega em Viana do Castelo, no dia 14 Janeiro. Nelson Garrido  

Enquanto isso, o coronel de infantaria aposentado Cordeiro Simões, anda extasiado, nas redes sociais, com “a onda que vai varrer a ideologia socialista e comunista”, graças ao “esclarecedor” e “educado” Ventura. Pelo meio, reforça a admiração por Salazar, com ilustrações e partilhas. Noutros locais da Internet elogia Queipo de Llano, responsável por assassinatos em massa e peça-chave da revolta militar que instaurou a ditadura franquista em Espanha. 

O coronel comandou um batalhão em Timor, esteve no Comando da Força Conjunta Aliada da NATO e foi conselheiro da embaixada portuguesa em Viena. Nas autárquicas de 2017, integrou um movimento independente em Pombal. Cordeiro Simões não fala com jornalistas. Aliás, criticou o trabalho dos repórteres em Timor-Leste, em 2000, num trabalho académico: a maior parte, disse, “não tinha formação básica”. Ele, sim, soube “reconhecer e destrinçar quem andava preocupado em contar histórias e quem andava a beber gin tónico em Díli.” Ao pedido de entrevista do PÚBLICO justificou, por WhatsApp, a recusa: “Não faltarão pessoas que apreciem a chiqueira política.” 

Por vezes nem é preciso. A montra está nas redes sociais. 

Sargento pára-quedista aposentado, artista plástico, Cândido de Oliveira adoptou o pseudónimo literário Cândido Arouca para escrever romances com títulos como O Amor não pára pra jantar. Integrou as listas do movimento Nós Cidadãos nas legislativas de 2015, encabeçou a lista do Chega à Câmara de Aveiro (2021), é dirigente distrital e conselheiro nacional. A propósito dos ordenados da classe política, escreveu, no seu Facebook: “Só o cano frio da espingarda encostado à testa é capaz de impor algum respeito.” 

Já Amílcar Ferreira investe na área petrolífera, imobiliária, agrícola e turística. Candidato à Câmara de Leiria em 2021, publica fotografias abundantes de Salazar nas redes sociais, a par de informações falsas e xenófobas a partir de vídeos do Martim Moniz. “Uma retrete a céu aberto”, escreve. 

Portugal adentro, o Chega deve muito da sua influência e do seu já razoável músculo eleitoral ao facto de, nos primeiros anos, ter desbravado caminho em terras onde há muito não iam políticos em campanha. 

Sucederam-se almoços, jantares, arruadas e pequenos comícios. “Há quem entenda que devíamos ser um partido de queques, das elites, que devíamos ser os mesmos de sempre. Nós somos a voz do Portugal esquecido”, proclamou Ventura, na convenção de Santarém (2023). 

Qual íman, o líder atraiu geografias negligenciadas e narrativas do ressentimento, do abandono e da marginalização. Onde o Estado falhou, nas políticas públicas e no acesso a bens, assistência e serviços, deram frutos as incursões do Chega fora das grandes zonas urbanas, semeadas quando a direita radical populista ainda gatinhava. 

Chega, íman do abandono 

Segundo um estudo dos investigadores Pedro Magalhães (ICS) e João Cancela (Nova) — Negligência Política e Apoio à Direita Radical: O caso do Portugal rural — mais do que as divergências económicas e culturais entre zonas urbanas e rurais, é o despovoamento que estará a contribuir para a ascensão do Chega em territórios de província. Um apoio impulsionado pela percepção rural de que partidos e políticos tradicionais se preocupam mais com a população urbana e os seus interesses. 

A estratégia pulveriza barreiras mentais e ideológicas. 

Acção de campanha do Chega em Viseu, em Janeiro de 2022 Adriano Miranda (arquivo)  

Nos dias úteis, Paulo Gila Martins percorre cerca de 30 quilómetros entre Borba e Vila Viçosa ou o Alandroal para deixar as duas filhas na escola, trabalhar e regressar ao final da jornada a Santiago Rio de Moinhos. 

No papel, é lavador de veículos. Na prática, pinta, arranja jardins, trata de animais. Doente dos intestinos, os biscates quase não lhe dão para os gastos. A mãe sofre do coração, a pensão de reforma não chega a 200 euros. A esposa ganha o ordenado mínimo. 

Paulo queixa-se da falta de transportes — “aqui passa um autocarro de manhã e ao final da tarde por causa das escolas, nada mais” —, de ausência de investimentos — “não há um centro de mercadorias” —, de empregos — “quem quer trabalhar num supermercado?”. 

Em 2017, candidatou-se à freguesia nas listas da CDU. “Mas nunca fui comunista”, atalha. “Votei sempre PS, menos dessa vez. Foi pelas pessoas.” 

Depois aderiu ao Chega. “Deixei de pagar as quotas, estou a cortar nas despesas, mas o meu voto vai para o Ventura”, garante. “Anda meio mundo a roubar e outro meio a ver.” E desabafa: “Vêm para aqui imigrantes ganhar 500 euros e roubar empregos.” 

Para “aqui” é… Borba?, perguntámos. 

“Não, aqui não há imigrantes. Digo pelo que vejo na televisão e vou lendo. Paquistaneses e isso… Eles, coitados, vêm para trabalhar, mas estar aqui sem fazer nada e a gente a pagar, não.” O certo é que em 2022, os imigrantes em Portugal foram responsáveis por um saldo positivo de 1604,2 milhões de euros da Segurança Social. Por outro lado, os estrangeiros contribuíram com 1861 milhões de euros para a Segurança Social e beneficiaram de cerca de 257 milhões. No total, os estrangeiros representaram 13,5% dos contribuintes do sistema

Ainda assim, de revolta em revolta, Paulo chegou ao voto de protesto. “Calhou ser o Ventura, podia ser outro.” Dia 10 de Março será fiel à opção dos últimos anos. “É preciso mudar algo, mas oxalá o Chega não seja Governo. O partido tem certas coisas que não me agradam…” 

Se isto não é o povo… 

Das cidades médias à margem sul de Lisboa, Ventura também atraiu curiosos, desencantados e divorciados de outras forças políticas. E dinheiro, diga-se. 

A família do empresário da construção Silvério Baeta, de Leiria, transferiu mais de 3000 euros para o partido nos primeiros anos. 

Carina Ascenso Francisco, escritora de livros infantis, volta a entrar na lista de candidatos a deputados pelo distrito. Fundou uma editora, percorre escolas e bibliotecas, quer resgatar “valores da família” e de uma sociedade “mais equilibrada”. No Chega já foi conselheira nacional. “Somos muitas mulheres no partido, mas a maioria ainda não tem uma vida que as liberte para a actividade política.” Até 2021, Carina tinha dado quase 1400 euros ao Chega. 

Convite para a apresentação de um livro de Carina Ascenso Francisco  

Em Benavente, o gestor e empresário agrícola José Alves Inácio, não assume as simpatias políticas, apesar do donativo de 500 euros ao partido. “Dei em nome do meu filho, o militante é ele”, explicou ao PÚBLICO. O dono da Herdade de Porto Seixo viu ruir um negócio badalado: a exploração de cannabis para fins medicinais na sua propriedade, pela VF 1883 Pharmaceuticals. “Eram apenas meus rendeiros, não sou investidor. Devem-me seis rendas.” A empresa prometia 600 postos de trabalho, mas faliu antes de começar e deixou oito milhões de dívidas. Por estas e por outras, José Alves Inácio não é de direita nem de esquerda. “Sou a direito!”, assume. “Gosto de gente séria, não me interessam as cores. Se o PCP diz coisas certas, também aplaudo.” 

Aplaudir comunistas foi o que fez Miguel Luís no Barreiro, antigo bastião operário, desde a infância. O supervisor de videovigilância orgulha-se da herança familiar de luta política, mas vai votar no Chega e pede ao PÚBLICO para trocar o nome nesta investigação. “É para não me caírem em cima”, justifica. “O meu avô paterno esteve preso, a minha avó queimava os Avante! para a PIDE não descobrir e quase todos os meus parentes e amigos são da CDU. Sou um benfiquista no meio de sportinguistas”, ironiza. 

Ex-guarda-redes profissional de futebol, Miguel Luís desperta às seis da manhã para deixar os dois filhos na escola e desaguar na outra margem, em Alcântara Mar, às oito. Procurou um T2 para morar, mas resignou-se à antiga casa dos avós, os preços eram incomportáveis. “Tenho amigos com mais de 40 anos que vivem em casa dos pais ou continuam juntos sem se amarem por não terem dinheiro para fazer vidas separadas. Enfim, não vivemos, sobrevivemos…” 

Quotidianos sem horizontes abriram a auto-estrada da revolta. 

“Não foi o Ventura que fez o Chega”, explica. “Foi o demérito dos outros, sobretudo PS e PSD.” 

No ano passado ainda cedeu à tradição: votou CDU. Mas a vontade de enviar outro “recado” nas urnas ganhou força. “As pessoas perderam qualidade de vida, recebem o ordenado mínimo e, enquanto fazem contas no supermercado, passam outras com marisco, fios de ouro ao pescoço e BMW à porta. Não sou racista nem xenófobo, tenho família africana, a emigração faz parte da história da família. Como é que eu posso ser fascista, de extrema-direita? Longe de mim! Mas o que conta é o dia-a-dia, o que os olhos vêem. Para isso não há respostas.” 

Paulo Gila Martins: “É preciso mudar algo, mas oxalá o Chega não seja Governo. O partido tem certas coisas que não me agradam…” DR  

A penetração do Chega em bastiões tradicionais da esquerda, sobretudo no Alentejo ou na área metropolitana de Lisboa, é um facto que as mais recentes eleições reforçaram. Mas a retórica da direita radical populista não fez apenas isso: converteu almas desavindas. 

“As ideias que queremos no Governo são as do Chega”, assume Rui Senra, chefe de produção têxtil, ao PÚBLICO. O também locutor de rádio, candidato do MRPP à Câmara de Barcelos (2013) e pelo distrito de Braga nas legislativas (2015 e 2019), está confortável com a decisão. “Não é uma mudança radical. Os dois partidos defendem o povo. E se nunca fui marxista-leninista, também agora não sou de extrema-direita.” 

Em 2013, Fernando Choupina, cabeça-de-lista do BE à Câmara de Macedo de Cavaleiros ainda escrevia, em letras grandes, no seu Facebook: “Fora com os partidos de direita.” O professor de Matemática já se candidatara pelo PSD à freguesia de Carrapatas. Agora as suas redes sociais são “amigas” da página oficial do Chega e das intervenções mais inflamadas de Ventura. 

Fernando Choupinha quando militava pelo Bloco de Esquerda

Na carruagem da direita radical populista, há também quem se prepare para sair após a próxima “estação”. É o caso de Pedro Bento, feirante, sempre atrelado a reboques de farturas ou máquinas de pipocas. Militante 201 do Chega, autarca em Camarate, reconhece as suas limitações. “Tenho o 7.º ano, não sou um bom orador.” Nas legislativas ainda dará o voto a Ventura. “Depois, saio”, garante. “Não concordo que ele decida tudo. O partido que prometeu serve outros interesses, não tem ligação ao povo.” 

Já o caso de Margarida Menezes não passa de um equívoco, segundo ela. 

A fundadora do Clube das Virgens, ex-concorrente da Casa dos Segredos e negacionista, ficou com o “selo” Chega quando, em 2021, contrariou, nas redes sociais, a vacina contra a covid-19, e defendeu o “grande” André Ventura. “Bem-haja pela coragem de enfrentar a escuridão. És luz!”, escreveu. Agora explica: “Trabalhava no Infarmed e ele estacionava o carro junto ao pavilhão quando ia às reuniões dos políticos por causa da covid. Conversávamos e as pessoas juntaram dois mais dois…” 

 Margarida, hoje conhecida pelo projecto infantil Maggy – A Fada dos Sonhos, admite ter escrito um texto de apoio ao Chega nas redes sociais e transferido um simbólico contributo para o partido. “Um amigo meu do Barreiro, ligado ao imobiliário, desafiou-me: ‘Vens para o partido para arranjarmos contactos na política a ver se a gente depois se safa a vender casas.’ Mas, na verdade, sou abstencionista”, assume. 

Margarida Menezes enquanto “Maggy”  

Como se faz um “exército” 

O cruzamento de fontes abertas e documentação interna do Chega revela com nitidez outra “fotografia” da militância e do seu eleitorado: dezenas de filiados fazem, há anos, por vezes décadas, o caminho das pedras para alcançar um emprego público, sem sucesso. Batem a todas as portas, candidatam-se a lugares nas autarquias (para serralheiros ou cantoneiros, por exemplo), nos hospitais, escolas, ao SEF, às polícias, perto ou longe de casa. Muitas vezes não têm habilitações para a função a que se candidatam, “chumbam” ou faltam na avaliação psicológica, nas provas de aptidão cultural ou de conhecimentos. Alguns relataram as suas histórias de vida na TVI. Acreditam, como diz André Ventura, que o “sistema” não os favorece, está viciado e sempre a favor dos “mesmos”. Recusaram, porém, narrar ao PÚBLICO esses altos e baixos da existência por terem mudado de vida, não quererem assumir a militância no Chega ou até pelo facto de já não pertencerem ao partido. 

Não é o caso de Rute Cirne, do Algarve, proprietária de um stand de automóveis em Albufeira, militante do Chega e delegada eleita ao terceiro congresso do partido (Coimbra, 2021). 

Em Janeiro de 2022, quando já vendia carros (a empresa é de 2000) queixou-se no programa Linha Aberta, da SIC, de viver com os três filhos numa casa da autarquia sem condições pela qual paga 330 euros. Na ocasião, lamentou as paredes dos quartos e estrados dos colchões cheios de fungos, as roupas e sapatos estragados. Em actas das assembleias municipais ficaram registados os apoios públicos face às suas dificuldades económicas: um subsídio de arrendamento de 175 euros (2016); uma casa com renda convencionada (2021). Trabalhou no Lidl para pagar contas. “Fui sempre uma revoltada.” E mais fica quando sai à rua. “Não sou racista, mas às vezes, confesso, roço um bocadinho…” E porquê? “Isto está cheio de imigrantes, andam em bando, recebem subsídios para tudo”, queixa-se. “Por isso, tudo aquilo que o Ventura diz faz sentido. Se pudesse, casava com aquele homem!” Na realidade, Portugal não está entre os países europeus com maior número de estrangeiros (são cerca de 750 mil, 7,5% da população). Pelo contrário: de acordo com o mais recente relatório anual do Observatório das Migrações, divulgado em Dezembro de 2023, Portugal está no 18.º lugar entre os 27 países da União Europeia com mais imigrantes. 

Mas o “exército” do Chega é também feito de pessoas como Rute. 

De casais como Maria Gomes e António Nunes, com negócios na área do audiovisual. Eram da Igreja Maná e estiveram para acompanhar o “apóstolo” Jorge Tadeu ao congresso do Chega em Coimbra, para o qual o fundador da igreja neopentecostal foi convidado, mas, à última hora, não apareceu. 

Ou ainda de imigrantes brasileiros como o enfermeiro Thiago Moreno que, em 2019, em Coimbra, tentou agredir com ovos o ex-deputado federal brasileiro Jean Wyllys (PT) e que foi vencedor do Big Brother Brasil. Antigo candidato a vereador em Maraçatuba (São Paulo) pelo Partido da Mobilização Nacional (PMN), de centro-direita, Thiago foi presidente municipal do PT. É português desde 2022 e promove o culto evangélico e o investimento em acções nas suas redes sociais. Além de Ventura, claro. 

Outro “soldado” é Rui Mendes, ex-árbitro de futebol e vendedor imobiliário em Marco de Canaveses. A carta que escreveu ao ex-presidente da Liga de Clubes, Valentim Loureiro, a denunciar uma alegada tentativa de aliciamento para falsear um jogo resultou no mais mediático escândalo de corrupção desportiva. “Quem aguentou o Apito Dourado pode bem ser do Chega”, graceja. Rui já foi presidente de uma junta de freguesia pelo PSD, andou pelo CDS e só lamenta ver Ventura tão sozinho. “Os bons valores estão escondidos, mas vão aparecer na hora certa”, confia. 

Na verdade, não escasseiam áreas onde o Chega arregimentou forças para as batalhas que se avizinham. “Esta entrevista acaba aqui!”, reagiu, ríspido, Paulo de Carvalho, presidente do Sindicato Independente dos Técnicos Auxiliares de Saúde, quando o PÚBLICO quis ouvi-lo sobre a filiação no Chega. “Uma coisa é perguntar-me enquanto cidadão, outra é pôr em causa a minha independência perante mais de 34 mil associados”. E desligou. 

Rui Mendes, ex-árbitro de futebol e vendedor imobiliário em Marco de Canaveses. Jorge Miguel Gonçalves (arquivo)  

Mário Vaz, profissional de seguros, delegado sindical na Lusitânia e dirigente do Sindicato Nacional dos Profissionais de Seguros e Afins (SINAPSA), não respondeu aos pedidos para conversar, apesar de ter sido delegado eleito por Vila Real à convenção do partido em Santarém (2023). 

Mais conhecidos serão os apoios nas forças de segurança, entre guardas prisionais ou até mesmo nas hierarquias. Casos de Hélio Baiona, agente principal da PSP,

alvo de processo disciplinar por comentários racistas sobre um GNR cigano na página “Comunidade Chega”. Ou de Susana Moreira, directora-adjunta do Estabelecimento Prisional do Porto (EPP), candidata nas listas do Chega pelo Porto nas legislativas de 2022 e delegada às duas últimas convenções. Já o guarda prisional Ivo Sernadela, coordenador da concelhia de Santo Tirso do partido, é presidente da Associação Cultural Desportiva Recreativa dos Funcionários da mesma cadeia. 

“A primeira reunião para se criar o Chega no Porto foi um susto!”, recorda ao PÚBLICO Joaquim Mesquita, dono de uma loja de roupa clássica na Foz. “Apareceram porteiros de discoteca, um senhor com ar de quem vinha de matar porcos no matadouro, extremistas, gente sem escola. Tínhamos vergonha. Hoje já há quadros, ninguém se esconde.” 

O antigo militante número 100 — deixou de pagar quotas entretanto — exibe nas redes sociais uma fotografia com Santiago Abascal, líder do Vox, em Madrid. É o seu modelo. Em Espanha cultiva a afición, por cá é coordenador do grupo de aficionados tauromáquicos do norte. “O meu sonho é realizar uma tourada no antigo Palácio de Cristal, ainda hei-de falar com o meu amigo Rui Moreira sobre isso…” Para Ventura, projecta um futuro radioso. “Sou pai de três filhos e, no Carnaval, tivemos 24 miúdos numa festa lá em casa. Vinte deles disseram que iam votar no Chega.” 

Extrema-direita: a barreira invisível? 

Os mais recentes estudos (do centro de sondagens do ICS-ISCTE e o Retrato Digital de Portugal 2015-2023 do Observatório de Comunicação) mostram que os jovens entre os 18 e os 34 anos são os propulsores desta fase ascendente do partido, sobretudo graças a uma agressiva dinâmica digital protagonizada por André Ventura e pela deputada Rita Matias. 

Mas algo mais se move. 

A extrema-direita, nas versões violenta ou mais doutrinária, impulsiona dinâmicas de rua e nas redes sociais que ajudem a criar, nas correntes mais jovens da opinião pública, em zonas suburbanas e no território estudantil, um ambiente propício ao voto no Chega. O objectivo a longo prazo é contagiar o partido para a adopção de uma agenda política mais autoritária, nacionalista, nativista, racista, xenófoba e anti-“ideologia de género”. Publicamente, André Ventura rejeita estas abordagens e cumplicidades. 

Há duas correntes em campo.

A primeira, subversiva, é protagonizada pelo Grupo 1143 do neonazi cadastrado Mário Machado (esteve preso por sete anos e foi condenado por crimes de roubo, sequestro, ameaça, coacção e posse ilegal de arma). Já em 2019, o promotor da recente manifestação contra a alegada “islamização da Europa” se referia ao Chega como um “Cavalo de Tróia” para a extrema-direita no Parlamento, incentivando os “nacionalistas” a ingressarem no partido (fizera o mesmo, no início do milénio, com os skinheads e o PNR). Gonçalo Aidos, então responsável pelos contactos internacionais do movimento neonazi Nova Ordem Social (NOS), foi dos que se aproximaram do Chega, tendo mesmo transferido, em 2020, um contributo simbólico para o partido. Ao que apurou o PÚBLICO junto de fontes policiais, a maioria das centenas de perfis associados a membros e simpatizantes do Grupo 1143 nas redes sociais apoia as causas do Chega. 

A segunda corrente, doutrinária, coloca a ideologia extremista e as narrativas do ódio ao serviço da mobilização digital e da provocação às comunidades imigrantes. A série de vídeos propagandísticos de Afonso Gonçalves e do seu movimento Reconquista, intitulada A Grande Invasão (baseada na teoria conspirativa da substituição dos europeus brancos por outros povos), é filmada em diversos pontos do país e será transmitida até 10 de Março. Faz parte da estratégia da extrema-direita para abrir caminho ao reforço eleitoral do Chega nas legislativas. “O meu apoio a André Ventura, líder indisputado do Chega!”, escreveu Afonso Gonçalves, no Twitter, a propósito de uma polémica interna com um dirigente brasileiro candidato pelo Porto. 

Momento da V Convenção Nacional do Chega em Santarém, com Ricardo Regalla, à esquerda, e Rui Paulo Sousa, ao centro, e José Pacheco, à direita. Paulo Pimenta (arquivo)  

Em alguns movimentos (1143, Reconquista, Identidade e Futuro, entre outros), há antigos e actuais militantes do Chega (Luís Graça, ex-dirigente nacional, é um deles). Mesmo não existindo vínculos formais com a direcção do partido, estes activistas querem influenciar o rumo do partido, apresentando, de forma mais radical, alguns temas que o Chega já defende. 

Se as narrativas, por vezes, se confundem, talvez isso se deva, em parte, a dois influencers do universo Chega. 

Um é Gonçalo Sousa, candidato por Lisboa nas legislativas, habitué em eventos de juventude do partido e a mais relevante personagem das redes sociais de extrema-direita, a larga distância. O outro é Francisco Araújo, dirigente no Porto. Têm em comum a promoção do salazarismo, de visões supremacistas brancas, o revisionismo histórico e a reciclagem de teorias anti-semitas e conspirativas. Beneficiam ambos de amplo reconhecimento e lastro junto da direcção do partido, com Gonçalo Sousa à cabeça. 

Conseguirá Ventura blindar o partido a estes movimentos, — como, de resto, proclama, apesar de ter ignorado as questões do PÚBLICO sobre o tema — ou cederá à tentação de absorvê-los quanto mais visibilidade e aceitação tiverem? “A lista de extremistas que, em tempos, se preparavam para entrar no partido e que entreguei em mão ao André tinha nomes ligados ao assassinato de Alcindo Monteiro. Era extrema-direita dura”, recorda ao PÚBLICO o antigo vice-presidente do Chega, Nuno Afonso, que se desfiliou e encabeça a coligação Alternativa 21 por Lisboa. “Já tinha suspeitas de que vagas de pessoas desse género podiam entrar, havia gajos da NOS, a extrema-direita a sério. Mas quando mostrei a lista ao André, a resposta foi: ‘Não faz mal, queremos os votos de toda a gente’”. 


Gosta da Estátua de Sal? Click aqui.

8 pensamentos sobre “A grande “família” do Chega

  1. Bem,acho que o chega pouco representa em Portugal,apenas serve os descontentes do sistema que outrora estavam contentes com o sistema.

    Estudei o fascismo de Salazar,nasci no ano em que ele morreu,e por isso acho que o André é apenas Realpolitik.

    O André Ventura será um bêbê de fraldas para o verdadeiro fascista,que não sabemos quem vai ser,mas vai chegar mansinho,e esse sim será muito perigoso..

    O que chama a atenção é sobretudo: 1) a continuidade com as políticas que as precedem. 2) a dicotomia entre palavras e actos. Gritam contra a Europa, mas recusam-se a abandoná-la. Clamam pelo controlo das fronteiras, mas recusam-se a fazê-lo, deixando a UE.

    A extrema-direita sempre trabalhou com e para as classes burguesas e altas.

    O nível de vida, o desenvolvimento humano e o rendimento per capita não aumentaram em nenhum lugar onde a extrema direita tenha tomado o poder. Estagnou na melhor das hipóteses, regrediu na pior. E a extrema-direita nunca consegue regular e limitar os fluxos migratórios.
    Porque a imigração e o aborto têm isto em comum: autorizam-nos e regulam-nos precisamente para que corra bem e em boas condições. Se proibirmos o aborto, também pode haver mais no final (mais do que nenhuma Política de contracepção neste tipo de situação), mas eles são feitos ilegalmente e com aumento da mortalidade.
    A imigração é a mesma, há contrabandistas e um sector económico informal precisamente porque não existe uma forma segura e supervisionada para que esta imigração ou estas migrações ocorram bem.

    Assistimos, de certa forma, a uma americanização de toda a nossa sociedade. Quer se trate de política, dos meios de comunicação social ou mesmo de movimentos de direitos sociais, temos visto há anos que toda a retórica foi importada dos EUA, adaptando um pouco o discurso para que pareça inovador.

    A polarização que estamos a observar na política com a lua-de-mel ideológica da direita que começa a ter lugar em França, mas que já se verifica há anos em muitos países ou regiões europeias, penso em particular na Flandres na Bélgica, que é o exemplo desinibido, leva-nos à criação de uma ala conservadora de pensionistas liberais e racistas que querem manter os seus ganhos em vigor para os seus herdeiros, vendendo ilusões de segurança às massas…

    Enquanto a esquerda, sempre dividida e divisível, apesar de não se ter movido muito e não se ter movido muito, torna-se a extrema esquerda, porque a direita, que se afasta cada vez mais das condições do diálogo, só pode acusá-la, na sua visão narcisista, de não estar no “real”. E ouvimos a mesma coisa do outro lado.

    O que me desafia muito nestas discussões sobre a extrema direita é que falamos muito sobre as Políticas destes países, que trazem consigo um certo discurso e um certo projecto, é inegável, mas também me parece que parecemos muito pouco do lado dos eleitores. E, a este respeito, esquecemos muito facilmente, penso eu, que a extensão da estupidez e da malícia humana é particularmente forte entre os eleitores nesta vertente política. Eles são insensíveis à razão, insensíveis aos argumentos e são apenas ondas de emoção e ódio. Cada vez mais cidadãos estão a cair nesta confusão, porque estão a tornar-se cada vez mais polarizados por causa de políticas que não são de extrema-direita, mas que fazem tudo para ir ao extremo. Receio que, mesmo permanecendo objectivamente na informação e na explicação, seja demasiado insuficiente para se conseguir uma inversão da situação sem circunstâncias excepcionais, para grande infelicidade daqueles que suportarão os custos, isto possa ser o pior.

    Na verdade, a extrema-direita não tem qualquer justificação razoável para existir, nenhum dos seus argumentos é válido, social ou economicamente. Em outras áreas, seria considerado fraude, charlatanismo ou excessos sectários, mas não, na política é aceitável porque deveria servir à democracia. Mas não, a extrema-direita empobrece a democracia e faz-nos perder colectivamente o nosso tempo a lutar contra ela, quando, como qualquer atitude francamente irracional, deveria ser banida.

    Já em Portugal, o simples facto de favorecer o voto de leis, das quais serão atingidas secções inteiras de inconstitucionalidade, é suposto mostrar que a referida Constituição já não está “adaptada” e, portanto, que se torna “a norma” questioná-la e, portanto, por que reformá-la, o Terreno estará pronto. Faz parte dos projectos e é a estrada para a extrema-direita. O liberalismo económico está a reforçar-se para minar o fundamento da ajuda pública e o funcionamento do serviço público, cuja essência é a igualdade entre os cidadãos no que respeita aos seus direitos fundamentais. O cocktail é explosivo. A UE, no seu funcionamento, tem aí a sua quota-parte de responsabilidades há vários anos.

    Portugal em geral está a radicalizar-se para a extrema-direita e, com a gente, também é sentido, e tem sido, infelizmente, há alguns anos. Bom depois de ver os rostos dos proprietários dos nossos canais de televisão, para não mencionar o governo composto por muitos fachos com um direito de falar acima da média pode ser difícil escapar à catástrofe… Parte da classe trabalhadora está completamente sobrecarregada com as asneiras que é lançada contra eles, e é triste, mas para 90% deles eles não terão tempo para procurar mais. O que lhes vendem é necessariamente verdade..

    O debate público sobre uma dualidade nacionalismo-alter-globalismo, sobre questões de identidade, como se o nazismo estivesse a ressurgir e que fosse a questão do século, mas, na verdade, está apenas a ofuscar a luta de classes e o estabelecimento de um sistema verdadeiramente socialista. A maioria das pessoas são apenas pessoas que querem sobreviver socioeconomicamente e que estão fartas dos burgueses , que se autodenominam , mas que gastam seu tempo especulando sobre o multiculturalismo .

    Todas as identidades são engraçadas em comparação com os fascistas Banderistas que estão desenfreados na Ucrânia.
    O nosso país armam maciçamente os batalhões fascistas ucranianos na sua guerra contra a Rússia, mas as consequências pós-guerra destes batalhões armados até aos dentes serão deletérias e duradouras para a população ucraniana, especialmente depois de um status quo e/ ou de uma derrota da Ucrânia.

    Nestas condições, a agitação da “ameaça fascista” em Portugal perdeu toda a sua credibilidade, especialmente se persegue um objectivo fundamental: bloquear o caminho para o Chega.

    Também é importante notar a classe social desta gente de extrema direita: ficção científica, escola de negócios, filhos de políticos ou comerciantes ricos, etc.
    A burguesia radicaliza-se neste período de crise do capitalismo.
    A porosidade entre estes grupos de extrema-direita e os grandes partidos com as suas empenas na rua é muito acentuada, e, no entanto, nem os meios de comunicação nem os partidos “liberais” se dignam a opor-se francamente à extrema-direita. Pelo contrário, estão a unir forças para bloquear a “perigosa” extrema-esquerda.
    A crise do capitalismo está aqui, e quando a exploração já não é suficiente, a burguesia volta-se para a violência. O século XX é um triste exemplo disso.

  2. “Não foi o Ventura que fez o Chega. Foi o demérito de outros, sobretudo PS e PSD – Miguel Luís”. Parece-me que está tudo dito. Se bem que, se fosse eu, retirava o ‘sobretudo’. Os apêndices se bem que com culpas, podem ser perfeitamente descartados. O Centrão dos interesses é que é o culpado. Gostava de acrescentar duas referências bibliográficas. O livro saído no inicio do ano em França de Emmanuel Todd, um ilustre ‘desconhecido’ sem obra que se recomende, “La Défaite de l’Occident”, Paris, Gallimard, janvier 2024 e o outro de Götz Aly, em castelhano, “¿Por qué los alemanes? ¿Por qué los judíos? – Las causas del Holocausto”. Acho que merecem leitura, se ela for feita sem óculos com lentes polarizadas.
    Quanto à ‘louvável investigação jornalística’, concordo. Também começaria por apresentar os ‘mafiosos’ do costume primeiro e só depois, lá para os fundos que já poucos leem, a voz de um ou dois descontentes para compor o ramalhete. Não se pede mais aos jornaleiros, trabalhadores assalariados de empresas que vendem jornais.

  3. A conjugação de interesses entre extrema direita e grandes grupos económicos não é de hoje nem de ontem.
    A extrema direita foi sempre a grande arma dos grandes grupos ecominicos e dos privilegiados em geral para garantir que os rebanhos de trabalhadores desprovidos não se virassem para a extrema esquerda.
    Foi assim com a Itália fascista, foi assim com a Alemanha nazista, foi assim nas ditaduras ibericas.
    Aos trabalhadores esta gente promete ordem e cria bodes expiatórios. E, claro, é aproveitada a burrice e uma certa maldade das pessoas.
    Por mim não tenho nenhuma pena nem nenhuma compreensão pelas Rutes deste mundo. Que tinham obrigação de saber mais. Porque, afinal de contas se há imigrantes a receber subsídios também ela os recebe.
    Conheço muita gente que vive em casas de autarquias e as condições não são assim tão más. Casas de habitação social não são palácios, mas permitem a dignidade de não ter de viver na rua a preços comportaveis e a senhora pode ter a certeza que se a, extrema direita ca mandasse a sério se calhar nem isso tinha.
    Conheço muita gente que vive de apoios sociais e garante que vai votar no Chega para os ciganos, esses malandros, perderem o rendimento mínimo. É são suficientemente estúpidos para não perceber que também eles perderiam os apoios.
    Não tenho paciência para tentar compreender e entender gente dessa.
    Esse exército do Chega de deserdados da sorte que acham que já não teem nada a perder mas querem ver se outros perdem. Muitas vezes aquilo que acham que eles teem.
    Não entendo gente desta nem consigo ter empatia pelas Rutes deste mundo. Assim partissem todos as pernas no dia 10. Todos quantos vão votar na extrema direita para destruir a vida a alguém. Porque não acredito que, alguém que vive de reforma ou trabalho acredite que a extrema direita lhes vai melhorar a vida. Mas querem piorar a vida de outros.
    No dia 10, uma boa caganeira também serve para que fiquem nos seus covis.

  4. Bemnà muita pouca coerência nestas eleições,até o mais coerente é o “Operàrio”,não sendo eu de partido nenhum..

    Ninguém fala do euro digital,ningém fala da agricultura,de nada de nada que interesse aos portugueses nos próximos 4 anos..

    Ontem vi o AV a falar que ninguém “roubará mais um cêntimo ao estado”….Ele não precisa disso o proprio euro digital tratará disso..

    A moeda digital será uma arma de destruição maciça das nossas liberdades!

    Será a morte definitiva da democracia, que já está muito doente….

    Na sequência de “você não terá mais nada, mas será feliz”.
    Como manter a máquina a funcionar após a implosão do (impossibilidade de reembolsar dívidas, hiperinflação, conflito bélico na UE)? Os cupões de racionamento modernos são uma solução: não cumulativos, intransferíveis, limitados, ajustáveis, removíveis (se não formos sábios).
    Qualquer grande crise monetária termina com uma nova moeda.
    O Euro digital está preparado para ser essa moeda.
    Até lá, limitamos o seu impacto para que não seja já uma parte interessada no sistema que entrará em colapso, mantendo-o plenamente operacional.
    Mas a UE está a cometer um erro fundamental de análise.
    Não há união monetária sem união política, pois o dinheiro está no centro de toda a Política.
    A próxima grande crise verá os Estados Unidos da Europa ou o regresso a países isolados.
    A segunda opção é a mais provável e de longe.
    Nenhum Grego morrerá na Finlândia sem ser forçado a fazê-lo.
    Não há nação europeia.
    Assim que o euro digital estiver em vigor ou pouco antes, é de esperar uma grande crise bancária.
    Enquanto roubamos pessoas, por um lado, distribuiremos alguma ajuda em euros digitais para forçar a passagem para a moeda .
    Estamos a assistir ao nascimento dos neuronuméricos, que são assim chamados devido ao seu grau de ingenuidade e submissão, sugerindo que as caixas não estão todas cheias, ou que transbordam, criando um curto-circuito no sistema de análise, os mesmos que foram enganados com o euro, mas com a possibilidade de fazer menos Preto, sim menos …. esta é a grande diferença.
    A única pergunta a todas as suas máscaras é: quando é que as pessoas vão acordar?
    Receio dizer nunca!
    O Ocidente se apaixonará pelo seu mundo distópico, e os sortudos partirão para outros céus mais brandos.
    E sim, há outros países, continentes, outras formas de pensar à parte do Ocidente colectivo que irão diminuir cada vez mais!

    Estas elites que apoiam o Chega é um sistema político, que vai muito para além disso, dado o carácter monárquico do regime Português!
    Embora a Constituição tenha gravado valores , o desgaste do tempo e a corrupção das elites tornaram-se, em muitos aspectos, ineficaz em termos da forma como os “negócios” são feitos, de tal forma que os lóbis, a corrupção, a ineficácia judicial, a consanguinidade e, por último, mas não menos importante, o colete de forças dos padrões e do individualismo robusto tornaram o exercício do poder e das decisões independentes cada vez mais ineficaz e incerto!
    Mas tudo está a ser feito para criar o caos, as oposições e as diferenças, tornando os valores populares e partilhados de pouca utilidade.
    Os valores dinásticos baseiam-se em mantras de poderosos transmitidos para além da família, numa esfera definida sobretudo pelo poder, pela chantagem e pela corrupção.
    Este não é necessariamente o mundo de todos.

    Hoje, sob a capa da democracia , fazem-nos crer que só querem o melhor para nós. É o cinismo da nossa sociedade, onde os cidadãos honestos são levados a acreditar que interessar-se pelo dinheiro é errado e demasiado complicado. Amar o dinheiro e enriquecer!
    Mesmo no seio das elites existem hierarquias de sub-elites, sendo elas próprias porta-vozes e subalternos dos que ocupam posições mais elevadas.
    O único liberalismo que conta é aquele que lhes convém (não o liberalismo das elites, que é o capitalismo corrupto).
    Como é que podemos falar de um sistema de elites ao mesmo tempo que de democracia ou de equilíbrio?
    O engraçado é que mesmo algumas pessoas que estão nessas elites superiores podem estar sujeitas à seleção darwiniana, quer para si próprias, quer para os seus descendentes…
    Os jovens dos nossos bilionários não estão todos livres dos “problemas” que afligem os nossos ( debilidade, etc.) – basta olhar para o filho do Biden! (é um exemplo, deve haver muitos como ele, tal como deve haver também o contrário e filhos mais inteligentes de elites portuguesas)
    e, no entanto, ele “geriu” empresas, e é aí que 20% parece irrelevante para estas pessoas…
    No que diz respeito ao caso Biden, é evidente que outros poderosos os protegem, mas até quando? até à próxima eleição do pai? a menos que existam laços tão estreitos entre esses outros poderosos e a família Biden, por exemplo, que mesmo após o desaparecimento de Joe, Hunter continue a ser protegido para evitar que os negócios partilhados com os outros sejam demasiado afectados. A ligação de elites…
    Se estas pessoas de casta superior (mas não necessariamente mais felizes) mantêm a sua riqueza e poder, é sem dúvida graças aos seus subordinados directos (que também não são pobres nem de classe baixa, mas também não são bilionários nem de casta superior).
    Estes subordinados directos foram bem treinados e educados, alguns deles (felizmente) não têm as falhas dos seus líderes, e são eles que mantêm as coisas a funcionar!
    Se a história nos ensina alguma coisa, os novos príncipes do mundo entrarão em guerra entre si quando já não puderem tirar nada aos plebeus.

  5. Um bom artigo de investigação que mostra os financiadores visíveis. Há muitas formas de financiar indirectamente. O dinheiro dá muitas voltas.
    O que gera algum espanto é esta investigação ter sido feita apenas ao Chega e não a todos, sublinhe-se a todos, os partidos? Seria interessante investigar o rasto $$$ de todos os financiamentos aos partidos políticos. 🙂

  6. Estão todos acagaçados com o Chega. Os bufos que fizeram este artigo, fruto duma actividade pidesca esqueceram-se de escrever os nomes da população gay que financia o BE e o LIVRE. Já o PCP não tem quem o financie porque durante o PREC roubou o suficiente para amealhar para o futuro.
    Ri-te, Ri-te que no dia 10 de Março ainda vais rir melhor

  7. Quem vai rir és tu, a menos que tenhas amealhando o suficiente para assegurar o teu futuro. Ou roubado, o problema é teu.
    Claro que os grandes grupos económicos financiam os partidos que mais lhes podem garantir o futuro de viverem de explorar quem tiver a desdita de ter de trabalhar para eles. Parvos seriam se não o fizessem.
    Não deves saber nada de história mas foi assim na Alemanha Nazi, na Itália fascista e nas ditaduras ibéricas.
    Na Alemanha Nazi os grandes grupos económicos tiveram tudo a ganhar incluindo até mão de obra escrava que quando já não servia para trabalhar saia pela chaminé.
    Hoje em dia o que se pretende é explorar imigrantes e quando não puderem trabalhar venha o competente pontapé no traseiro de volta para a terra deles.
    Quando aos partidos a esquerda do PS vão vivendo sim da carolice dos seus militantes qualquer que seja a, sua orientação sexual que não é escondida.
    Está descansado que no dia 10, se os deserdados deste país tratarem de votar a direita na esperança não que a vida deles melhore mas que a dos outros piore ninguém vai ter vontade de rir.
    Eu pelo menos não vou ter. Perdi muito nos anos de chumbo 2011 2015. E não estou só a falar de dinheiro. Foram anos de chumbo que nao quero ver repetidos só porque há gente que não gosta de ciganos e não se fica por comprar um sapo verde. Ou porque não gosta de caras escuras. Ou porque acredita no Pai Natal. Ou porque quer ver a vida dos outros andar para trás.

Deixar uma resposta

Este site utiliza o Akismet para reduzir spam. Fica a saber como são processados os dados dos comentários.