(Carlos Matos Gomes, in Facebook 13/11/2023)

Um regime, como uma empresa, como um Exército, como um navio, tem a existência em perigo quando os seus dirigentes, comandantes ou chefes são indivíduos sem referências, sem capacidade para distinguir o importante do acessório, por indivíduos que, nas inesquecíveis palavras de Eduardo Catroga elegem os pintelhos como objeto principal das suas preocupações. Estamos nesse ponto.
O espetáculo dos representantes dos partidos ao terramoto que hoje fez ruir as já podres estacas onde assentava o Ministério Público, uma instituição basilar no regime democrático, é revelador da “bicheza” que tem vindo a corromper o estado de direito, que é, saliente-se, antes de tudo, um regime de decência. O Ministério Público é (ou devia ser – e foi criado para o ser, um guardião da decência: do respeito pela lei e pela dignidade das pessoas.)
Dado o lamacento passado do MP na sua atuação política contra políticos, a questão deste caso “influencer” era de particular importância para ajuizar da credibilidade do Ministério Público (uma questão de elementar senso).
A pergunta dos portugueses era e é: Qual foi o papel que o MP desempenhou no que tem sido entendido como um golpe levado a cabo pela justiça – lawfare? Ora, do que falaram os “representantes dos partidos”? Da demissão de um ministro de um governo já demitido! E demitiu-se porquê? Respondem os dirigentes aos jornalistas: Porque não tem condições políticas para ser ministro!
Já não surge a pergunta lógica e embaraçosa: E porque não tem? Adivinha-se que a mais consistente resposta seria: Porque a Sandra Felgueiras, a nossa Joana D´Arc da integridade, honestidade e da decência política, fez um programa que o Galamba classificou como estrume. E quem diz que a Felgueiras faz programas que são estrume não pode ser ministro das infraestruturas! E há uns tempos o Presidente da República disse que não o queria!
E porque não o queria? Ele não disse? Podemos pintar um cenário: O Galamba é o ministro das grandes obras, do dinheiro gordo. E o Presidente é um democrata: esse dinheiro tem de ser dividido entre as clientelas… e o Presidente tem de contentar vários clientes… é a democracia a funcionar… E o mercado? O mercado é a arte de escolher os clientes…
Quanto à procuradoria da República e a sua Procuradora Geral, nem uma palavra. São, para os dirigentes políticos, um não assunto e uma personalidade irrelevante. No entanto, a ação dos procuradores, de derrube de um governo causa milhões de euros em despesas diretas (eleições), milhões em despesas indiretas: paralisia de serviços, prejuízos incalculáveis: adiamentos de projetos, aumento de juros e transferência de investimentos. Sobre esses temas de relevo, nem uma palavra dos dirigentes políticos. O que lhes interessa é a pequena rasteira. Esses assuntos são “pintelhos” para os dirigentes dos principais partidos e para a cambulhada de comentadores arrebanhados por uma comunicação social mercenária e cúmplice.
Quando o caso do regime é a demissão de um ministro sem que ele seja acusado com provas credíveis, e não a discussão do papel do Ministério Público num ato inaudito de efetivo golpe de Estado e de consequências desconhecidas – mas certamente desastrosas -, estamos num momento de naufrágio.
E não há salvador. Não há um recuperador como os heróis dos helicópteros da Força Aérea que resgatam náufragos nas tempestades.
O Presidente da República é parte do mundo de golpes baixos e ajustes de contas nas sombras das vielas, construído segundo as prioridades da comunicação social, que tem o expoente em Marques Mendes. Marcelo Rebelo de Sousa era uma vedeta – a principal vedeta na construção de cenários e de criação de falsos casos. Continua a ser.
Espera lá!
Os gajos foram demitidos, ou demitiram-se?
Qual era o negócio habitual dos gajos que foram reconhecidos como mineiros de lítio?
Os gajos andaram a meter cunhas para torcer as leis, ou mudaram as leis?
O gajo espalhava dinheiro pelo local de trabalho à porta do PM ou punha-o em casa ou no banco?
O processo não reflete o que resultou das buscas, mas lá chegará…
Para quando o crime de enriquecimento ilícito, treteiros?
Todo o governo, que não tem a coragem de tomar as decisões que entende importarem ao país, e prefere dar suporte ou patrocinar uma rede de influenciadores que corrompem instituições e decisores a inferior nível, é um corruptor.
Todo o partido, que é o lar de acolhimento de um tal esquema, e dele beneficia, é uma associação criminosa.
Resta saber se esta trapalhada toda não acaba com os nossos Bolsonaros a ir ao pote. É que o Brasil é um país onde pelo menos não há frio em boa parte do território, onde na maior parte do país sempre há uma mangueira ou uma bananeira a espera de quem la va. Mesmo assim foi o que foi, agora imaginem num país destes os senhores privatizações selvagens, corte a direito de apoios sociais de que vive muita gente que agora até diz que vai votar Chega sem se lembrar que o trabalho que tem a varrer ruas é um plano de ocupação de carenciados.
Nos simplesmente somos todos demasiado pobres para aguentar liberalismo selvagem. Ou alguém acha que hoje se aguentaria a meia sardinha, carne de porco morto de moléstia, pardais e até gaivotas? Falam mal do SNS mas doi lhes uma unha e vão ao médico, passam a vida no Centro de Saude, e parece que querem mesmo voltar ao tempo em que para boa parte da população só chamava o médico porque sem a certidão de óbito o coveiro não enterrava o triste.
E se é lamentável que, ainda haja bebés a morrer por falta de assistência alguém sabe qual era a nossa mortalidade infantil quando não havia SNS?
Tenham mas é juízo, se o PS lhes cheira mal votem mais a esquerda que eles tiveram seis anos para demonstrar que já se deixaram disso de comer criancinhas e são um bom antídoto contra casos e casinhos.
Ja agora, pelo MP não ponho as maos na água quanto mais no fogo. E se calhar nem é nada pessoal. Num reles caso de atropelamento, em que a vítima ia toda errada, só falta dizer que o arguido e filho do Putin e não sabe. Depois ficam muito tristes quando a coisa cai logo na primeira instância ou se não cai, aquilo é um repolho tão grande que se o triste do arguido nao recorre para a Relação, porque está farto de ser enxovalhado, recorre o seguro.
Aqui, claro deve ter havido tricas políticas e tentar replicar deste lado do mar o caso brasileiro. Mas há uma certa forma de actuar do MP que perpassa muita coisa. Acusamos porque sim, porque o nosso trabalho é enxovalhar, já nem e acusar.
O juiz que decida se isto é tudo verdade ou não.E se por acaso não sei quantos anos depois, o juiz decidir que meteram o pé na argola, ninguém é responsabilizado. Se de cada vez que um arguido que se viu enxovalhado durante anos numa terra pequena fosse ino
centado o acusador/a ficasse um mês sem receber ordenado era capaz de as coisas correrem melhor.
Entretanto podemos 90% da população ter um futuro negro graças a esta trapalhada toda. Mas há uns quantos a quem a coisa vai dar jeito. Há empresário têxtil que vai dar saltos que nem um macaco se for aprovado um projecto da IL a dizer que isso de fixar ordenados mínimos é um atentado à liberdade económica. Na hotelaria, agricultura e noutros sectores afins vai o mesmo. Há menino desse que nem 500 euros vai levar para casa. Pensem nisso antes de ir votar Chega porque vai tirar o rendimento mínimo aqueles malandros dos ciganos.