Tanta verdade junta mereceu publicação – take XXIX

(Whale project, in Estátua de Sal, 29/10/2023)


(Este texto resulta de dois comentários a um artigo que publicámos de Carlos Matos Gomes, ver aqui. Perante tanta verdade junta, resolvi dar-lhe o destaque que, julgo, merece.

Estátua de Sal, 29/10/2023)


Comentário I

Sempre me surpreendeu a ligeireza com que achamos normal destruir países a pretexto de os livrar da ditadura. Essa falácia, da necessidade de destruições libertadoras, foi repetida na guerra do Iraque e houve um lúcido comentador espanhol que perguntou se alguém acharia lógico que Madrid fosse bombardeada a pretexto de livrar os espanhóis de Franco. Claro que ninguém acharia lógico, como ninguém acharia lógico que se fizesse o mesmo com Lisboa para nos livrarmos de Salazar.

Mas achámos lógico que tal se fizesse com Bagdad e Trípoli e aí já teremos certamente de ter em linha de conta o tal racismo de que se fala. São sub-humanos, podemos fazer com eles o que bem entendermos.

O extermínio total da população negra de Angola chegou a ser equacionado após os ataques da UPA. Mas, apesar da resposta desproporcional com massacres indiscriminados, tal não foi feito. Por uma razão bem simples: havia sempre trabalhos que os europeus não queriam nem podiam fazer no inclemente clima africano.
O clima africano foi sempre uma barreira contra a total substituição da população por população da cor certa. Até meados do Século XVIII nenhuma criança branca lá nascida tinha sobrevivido. Caso contrário, a substituição tinha ido para a frente. Ainda assim, milhões foram mortos e outros milhões escravizados para lá do sol-posto.
Por isso é que sempre estivemos tão prontos a justificar os crimes de Israel. Temos o mesmo complexo de superioridade, não só contra os árabes, como até contra outros brancos como os russos.

Tragicamente, a população palestiniana pode ser totalmente substituída. Os Israelitas não precisam deles. As 18 mil autorizações de trabalho podem ser substituídas por outros migrantes, porque o que não falta neste mundo é miséria, mesmo entre algumas comunidades judaicas. Aliás, Israel já pensou nisso. Foi certamente a pensar nisso que nos anos 70 foram aliciados milhares de etíopes, a pretexto de que seriam uma tribo perdida de Israel. Os seus descendentes, por esta altura, já deverão assegurar muitos dos trabalhinho de corno.

Por isso, o fim dos palestinianos será o massacre total com a conivência de povos que têm o mesmo complexo de superioridade, uma dose de crimes às costas que vai daqui até à lua, e a distorcida moral de que, como são democracias, podem cometer todos os crimes contra os não democráticos. Já os israelitas aprenderam com os nazis tudo sobre respostas desproporcionais, massacres e outras coisas que tais.

E esta nossa moral, de impunidade das democracias, quando toca a cometer crimes, é uma moral ainda mais distorcida porque democracia vai-se tendo cada vez menos. Se temos censura, porque somos considerados incapazes de distinguir o bem do mal; se só indiretamente é que elegemos a tal Comissão Europeia que manda em tudo; se as manifestações são dispersas à bastonada; se quem denuncia os crimes de Israel é cancelado e acusado de ser antissemita, a nossa democracia está a ir de mal a pior. E, do outro lado do mar, a alternância de poder entre dois partidos gémeos assegura que se seja democrático, mas pouco.

Mas não podemos é dizer que não sabíamos, que não vimos os bombardeamentos, que não ouvimos as declarações psicopatas e insanas dos dirigentes de Israel quando o massacre em Gaza se consumar. Somos cúmplices. A ignorância da lei não beneficia o infrator.

Comentário II

E, para ajudar à festa, ainda levamos com o embaixador de Israel na ONU a dizer que a aprovação de uma resolução, a mandá-los parar com os bombardeamentos selvagens e cobardes em Gaza, é um dia negro para a Humanidade e para a ONU. São declarações psicopatas e insanas que não ajudam ninguém, com dois dedos de humanidade, a ter alguma simpatia por tais trastes. Em pleno Século XXI, é intolerável que um ministro Israelita venha dizer que os palestinianos ou emigram ou se submetem, o que quer que isso signifique, ou morrem.

Vivemos tempos negros para a Humanidade. E quando também a Rússia vem com a conversa de merda de que foram os árabes a começar todas as guerras com Israel, do nada – talvez porque a União Soviética também teve muitas culpas no cartório com a criação de Israel -, estão os vizinhos de tal gente bem tramados. A União Soviética cometeu um erro de palmatória, mas isso não é motivo para que a Rússia de hoje não siga outro caminho. É claro que, aqui também há relações económicas perigosas entre as economias de ambos os países, mas nada justifica que se tente legitimar as dantescas ações criminosas de um Estado que sonha poder fazer isso há anos.

Tudo bem, os israelitas foram perseguidos na Europa, mais isto e mais aquilo. Coitadinhos. Ora, coitadinho é corno porque os ciganos também o foram e ninguém falou, nem sequer remotamente, em lhes dar a ponta de um corno. E continuam, até hoje, a passar tudo e mais alguma coisa e a ser usados como bodes expiatórios que alimentam o crescimento da extrema-direita, aqui e na Europa de Leste.

O embaixador Israelita devia ter ficado feliz por, a islamofobia de uns e a capacidade de aceitar subornos de outros ter feito com que 14 países ainda apoiassem na ONU a grande pulhice que eles estão a fazer. E, se falo em subornos é mesmo porque não vejo que interesse podem ter países como Nauru, Ilhas Marshall ou Tonga em apoiar os crimes de Israel. Já quanto à Croácia, Áustria e Hungria está mais que explicado. Aliás, a Croácia, no que diz respeito ao crime de limpeza étnica, também está bem documentada.

Depois houve os abstencionistas, os que não têm coragem para tomar uma posição clara, mas também não querem ser acusados de apoiar crimes de guerra. Lamento desiludir essas lindas Belas Adormecidas mas, se eu vejo um bandido a matar um homem à facada e fico a ver, sem sequer chamar a polícia, sou tão culpado como o criminoso. Não pode haver meios-termos quando um povo se arroga o direito de expulsar ou matar outro, porque é o povo escolhido por Deus para viver naquela terra.

Sim, vivemos tempos negros, mas não pelos motivos que afirma o traste do embaixador de Israel na ONU. É pela indiferença com que o mundo, por um motivo ou por outro, assiste de cátedra a uma matança como faz habitualmente há décadas. Agora já não assiste porque Israel já destruiu toda a infraestrutura de comunicações da Faixa de Gaza. O massacre não será, pois, televisionado.

Daqui a uns anos podemos dizer talvez que os palestinianos de Gaza abandonaram pacificamente a zona e vivem felizes e tranquilos, algures no deserto. O crime perfeito. E a muitos de nós, mais dois milhões de mortos, menos dois milhões de mortos, não nos fará diferença nenhuma.

Mas se, pelo menos, os dirigentes israelitas calassem a boca já tornariam tudo isto um pouco menos difícil de aguentar.


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14 pensamentos sobre “Tanta verdade junta mereceu publicação – take XXIX

  1. Este texto (do Whale project) é UM TEXTO MAFIOSO QUE PRETENDE COMER-NOS POR PARVOS!
    .
    Como, volta e meia, levo comentários censurados, por agora não digo mais nada.

  2. Quando nos deparamos com situações que de alguma forma chocam a nossa sensibilidade e sentido de justiça, que naturalmente variam de pessoa para pessoa, temos demasiadas vezes a tendência de reagir emocionalmente. Também é vulgar confundirmos a árvore com a floresta, isto é, tendemos a extrapolar para um número vasto de indivíduos com caraterísticas raciais, políticas ou religiosas comuns, as ações de uma pequena parte.

    Bem, este comentário de resposta tem de começar por algum lado, e então aqui vai: não é correto dizer que “os israelitas foram perseguidos na Europa” porque os israelitas nunca foram perseguidos em lado nenhum. O Estado de Israel, que por acaso não é reconhecido por uma grande parte dos países do mundo, nasceu em 1948, sob os auspícios de potências coloniais ocidentais em ordem aos seus próprios objetivos geoestratégicos, e com a conivência da Rússia de Estaline.

    E não se deve confundir o “povo judeu”, espalhado pelo mundo e composto por pessoas iguais na sua essência às que podem ser encontradas em todos os lugares, com os cidadãos de Israel, nem tão pouco estes com as suas elites governantes.

    Os judeus foram perseguidos na Europa porque, devido à sua superior cultura face ao restante da população no período de trevas da Idade Média, no qual praticamente ninguém sabia escrever nem fazer contas, eles acumularam riqueza em resultado de serviços prestados às comunidades existentes. Especializaram-se no câmbio de moedas, retirando naturalmente as suas comissões, e nos empréstimos a dinheiro, dos quais legitimamente cobravam depois os seus juros aceites pelas partes. Eles instalavam os seus serviços em bancos à entrada das feiras e mercados dos séculos XII e XIII para servirem comerciantes e compradores, e por esse motivo ainda hoje as instituições de crédito se chamam “bancos”. Como ficaram ricos e se esqueceram de criar os seus próprios exércitos, e viviam numa sociedade governada por ladrões e assassinos, é claro que tiveram problemas. As divergências religiosas foram só um pretexto.

    Também foi assim na Alemanha dos anos 30 do século passado, quando o Estado Nacional Socialista falido precisou do dinheiro dos banqueiros judeus para se financiar no seu esforço de guerra.

    Cerca de 30% dos cidadãos de Israel são de ascendência russa e os judeus nunca foram perseguidos na Rússia. Odessa, por exemplo, já foi uma cidade predominantemente judaica. Os seus avós decidiram abandonar a Pátria, numa altura em que ela estava devastada pela guerra, perseguindo o sonho de ajudar a fundar uma nova pátria comum. Provavelmente nem se aperceberam na altura de que iam viver numa terra que já era de outros. Limitaram-se a seguir o caminho que lhes era apontado, da mesma forma que os judeus ocidentais embarcaram docilmente nos contentores que iriam conduzi-los aos campos de extermínio.

    Outras etnias do atual povo israelita são compostas por descendentes de migrantes oriundos do Norte de África e de várias regiões da Ásia, onde historicamente também não há informação de que tenham sido perseguidos. Este conjunto de cidadãos de Israel, de origem russo-asiática e norte-africana, é globalmente designado por Mizrahi e constituem a grande maioria da população. O governo israelita é naturalmente eleito por eles e foi também no seu seio que foi gerada a seita de fanáticos que ascendeu ali ao poder. Os membros dessa “seita”, chamemos-lhes assim para não os confundirmos com o grosso da população de Israel, são profundamente nacionalistas e fanáticos religiosos. O seu fundamentalismo hebraico é equivalente ao fundamentalismo islâmico do ISIS. Eles são a extrema-direita do país.

    Os israelitas descendentes de europeus constituem uma minoria da população e são nomeados Ashkenazi. Eles são próximos dos valores europeus ocidentais e norte-americanos. Os judeus sionistas que apoiam a Administração Biden são na verdade Ashkenazi. Meses atrás, perante a intransigência do governo Mizrahi em seguir as diretivas de Washington para abrir uma nova frente contra a Rússia, Biden tentou o velho truque da “revolução colorida” para os fazer cair, mas não teve sucesso. Os “idiotas úteis” usados nesse processo foram justamente os Ashkenazi e o pretexto foi combater uma reforma judicial proposta pelo governo Mizrahi, que na verdade iria transformar Israel num Estado Secular.

    As posições em Israel estão extremadas entre o grupo dos “legalistas democráticos” Ashkenazi e os fundamentalistas hebraicos Mizrahi, que exigem o regresso a formas de liderança ancestrais e recusam as atuais instituições parlamentares. São eles que reclamam a anexação total e definitiva da Palestina. Netanyahu não é um radical, mas os que o rodeiam e apoiam sim, e foi por isso que ele, assolado por todos os lados e a enfrentar possível pena de prisão por crimes de corrupção, foi levado apresentar aquele absurdo mapa na Assembleia da ONU. A sociedade está partida em duas, com os americanos à espreita para controlarem o futuro poder instituído seja ele qual for.

    Israel ficou então partida em dois blocos e à beira da guerra civil. O seu crescente isolamento, causado pela aproximação entre os países árabes e o Irão, complicou ainda mais a situação, porque Israel não tem permissão para se afastar da América e à medida que os EUA forem perdendo influência na região também Israel irá ter a sua existência em perigo, tanto mais que o seu outro aliado na região, a Rússia de Putin, está claramente invertendo caminho na direção dos seus novos aliados muçulmanos.

    Muitas pessoas aqui não entendem a verdadeira situação. Não é correto apelidar todos os israelitas de sionistas. Muitos deles nem sequer são religiosos, gostariam de viver em paz e não apoiam o expansionismo dos colonatos para o território palestiniano patrocinados pelos Mizrahi extremistas radicais. Os radicais sionistas pretendem arrastar Israel para uma guerra total contra o Islão e grande parte dos israelitas mais esclarecidos opõe-se a isso, também porque eles sabem que nos tempos atuais essa guerra poderia ditar o fim de Israel.

    A responsabilidade do “problema judeu” no Médio Oriente é toda dos europeus e americanos, que no pós II Guerra Mundial decidiram fazer nascer na região um estado “contra natura”, que simplesmente não pertence ali, apenas para beneficiar os seus próprios interesses geopolíticos e controlar a região do petróleo. Eles puseram milhões de judeus naquele novo “gueto” cercado de inimigos por todos os lados, e patrocinaram governos fascistas de inspiração colonialista porque era essa a única forma de aquela aberração sobreviver ali. Israel é um país ameaçado porque segundo os seus vizinhos “não devia e não tem o direito de estar ali”, o que não deixa de ser verdade, vive em estado de guerra permanente e isso condiciona toda a sua política interna e externa.

    É então relativamente simples de entender que Israel tenha sido desde sempre governada por líderes racistas e sanguinários belicistas. Israel viveu sempre em estado de guerra e um povo a viver nessas condições elege quem aparentemente lhe pode proporcionar segurança. E o caminho mais óbvio para se garantir segurança é sempre a força, não a diplomacia. Foi sempre assim.

    Na Grécia antiga, quando Atenas entrava em guerra ou enfrentava uma crise mais grave, os seus habitantes não tinham dúvidas nenhumas em cancelar a sua democracia e elegiam um líder com poderes absolutos. É daí que deriva o termo “tirano” (1). Em Portugal tivemos uma pequena amostra disso durante a pandemia covid.

    Muito embora a atual administração israelita não seja a que mais agrada a Washington, eles não podem em caso algum deixar cair o seu maior aliado na região porque isso iria revelar-se uma derrota estratégica fatal. Comparado com a queda de Israel (e não se enganem, ela é bem possível) o vexame que se aproxima na Ucrânia é uma brincadeira. Segundo Alaister Crooke (2), o governo Biden entrou literalmente em pânico com a nova situação e o velho agiu como lhe é habitual, isto é, sem pensar nem um bocadinho antes de abrir a boca.

    Ao colocar-se imediatamente, de forma total e sem reservas, ao lado do governo genocida Mizrahi, Biden cometeu exatamente o mesmo erro primário que tinha cometido na Ucrânia.

    No primeiro caso, ao identificar Putin e a Rússia como a personificação do “Mal”, enquanto ele e o Ocidente Coletivo representavam as forças do “Bem” ele queimou logo de início toda e qualquer possibilidade de negociações, pois não é possível explicar às populaça que “o bem” possa alguma vez negociar com “o mal”. Seria o mesmo que Deus negociar com o demónio, nem pensar. Estaria tudo muito bem se as forças da NATO e o seu fantoche nazi manipulado pudessem vencer aquela guerra, como Biden e os seus “neocons” pensavam.

    Mas como já se tornou evidente que isso não vai acontecer, resta ao velho Biden cerrar os dentes e esperar pelo impacto do tremendo vexame que se aproxima. Como muitas vezes acontece, o que lhe parecia ser uma luzinha ao fundo do túnel da enorme crise existencial que a América vive neste momento, revelou-se afinal o farol dianteiro de um comboio avançando para ele a toda a velocidade.

    E como Biden é um tipo esperto, tratou de fazer exatamente a mesma asneira que já fizera na Ucrânia, mas agora no Médio Oriente. Ao posicionar-se incondicionalmente ao lado do governo israelita e do seu genocídio de mulheres e crianças em Gaza, ele perdeu toda e qualquer credibilidade para participar numa solução negociada do conflito. Quando Biden ali chegou, viu que todo o mundo árabe estava contra Israel e então ele conseguiu muito rapidamente fazer com que ficasse contra a América também. E agora, vai fazer o quê? Não é suposto ser este tipo de comportamento que se espera de uma superpotência, mas isso é exatamente o que os Estados Unidos já não são.

    Pepe Escobar, sempre brilhante e bem informado, coloca no seu último artigo, que eu recomendo vivamente também pela informação nele contida (3), a possibilidade de a Rússia, a China e o Irão terem na verdade atraído os americanos para um atoleiro muito pior do que o dos russos na Ucrânia, como ponto de partida para a sua completa expulsão do Oriente Médio.

    Eu acho que o velho Biden, com as reservas de crude dos EUA próximas do zero, nem pensa no que aconteceria à sua pobre e endividada economia, e também, claro, às economias do Ocidente Coletivo global, se os árabes decidissem de repente suspender por tempo indeterminado os seus fornecimentos de crude e gás natural aos países que tão pronta e disciplinadamente se perfilaram no apoio aos genocidas de Netanyahu. Isso poderá muito bem acontecer se se confirmar a cada vez mais previsível escalada. A Europa provavelmente voltaria à Idade Média.

    Bem, acho que os ecoterroristas “verdes” alemães teriam finalmente a sua vitória. Não me parece é que a apreciassem muito.

    (1) Tirania (do grego τύραννος, “týrannos”, governante absoluto) era uma forma de governo usada em situações excecionais na Grécia em alternativa à democracia. Nela, o chefe governava com poder ilimitado, embora sem perder de vista que deveria representar a vontade do povo.

    (2) http://sakerlatam.org/a-casa-branca-esta-abalada/

    (3) http://sakerlatam.org/ira-e-russia-preparam-uma-armadilha-ocidental-na-palestina-pepe-cafe-ep-2/

  3. O mar não dá só choco, dá também alforreca e peixe aranha e espero que nunca te encontres com um se, algum dia, decidires fazer qualquer coisa de útil não te encontres com um. É Deus nos livre dia que acham sempre uma justificacao para a limpeza étnica que dura há décadas.
    Quando a meter os israelitas todos no mesmo saco depois de umas semanas a ver o Governo de Israel a meter no mesmo saco palestinianos e Hamas, para justificar a pulhice com as sondagens a dizer que, a maior parte da, população apoia a pulhice não há muito tempo para floreados literários embora reconheça que, há judeus decentes que não apiam nada daquilo. O problema é que até de antisemitismo alguns teem sido acusados.Noan Chomsky e chamado há décadas judeu que se, auto odeia, por coisinhas dessas.E o mundo que temos.

    • Sim, é o mundo que temos. Infelizmente não existe outro. Eu trocava.

      Como é óbvio, não pretendo defender a “causa judia”, seja lá isso o que for, mas ajudar a outros, e a mim próprio, a compreender como se chegou a isto. A ira honesta é uma coisa boa e apelativa, mas não resolve problemas. O conhecimento sim, desde que ele seja partilhado por um número suficiente de pessoas. Para termos uma visão global do tabuleiro temos de manter algum distanciamento.

      E não é argumento dizer que generalizamos indevidamente porque o inimigo faz o mesmo. Se pensarmos como eles e agirmos como eles, seremos iguais a eles. Tornamo-nos na coisa que queremos combater.

      Falar de “judeus” é falar de muita gente. Vê bem, eu sou ateu. Os meus pais e avós eram católicos. Nunca entrei numa sinagoga. E no entanto, consultando a listagem de nomes de judeus sefarditas portugueses, verifico que ambos os meus apelidos estão lá. “Neto” é nome judeu. Provavelmente há muitos antissemitas por aí que ficariam surpresos. Metade da população portuguesa tem genes árabes ou judeus, ou ambos.

      Há muitos judeus pelo mundo, que têm verdadeira consciência de que o são, o que não é o meu caso, a manifestar-se pela causa palestina. Não é só o Chomsky. Numa recente manifestação realizada nos EUA, em frente à Casa Branca, podia ver-se na TV um cartaz dizendo: “Jews demand an end to the Palestinian massacre”. Estou a citar de memória, mas o sentido era este.

      E sabemos que nos EUA as pessoas arriscam muito da sua vida ao manifestarem-se por questões que contrariam abertamente a política central do Estado Profundo.

      Um abraço, e continua exatamente assim porque estás muito bem.

      Isto é apenas retórica.

  4. Infelizmente não importa muito na presente situação quantos judeus são a favor ou contra o genocídio em curso. Os que sao a favor estão a ganhar.
    Reconheço que há gente decente entre os judeus tal como nos tenebrosos tempos do nazismo houve gente decente entre os alemães. Os meus pais foram emigrantes na Alemanha e conheceram gente dessa. A dona do prédio onde moravam teve um judeu escondido durante quatro anos. O desgraçado era francês e fugira de uma das muitas fábricas de armamento que existiam na cidade e empregavam escravos. Isto tendo uma cervejaria frequentada por soldados nazis. Foi uma espada em cima da cabeça durante anos, em especial no último ano da guerra, em que se o hóspede da cave fosse encontrado o mais certo era ir tudo raso, ele, o casal que o acolhera e os seus filhos pequenos. O homem ia lá todos os, anos até porque o facto de ter tido a família toda varrida fez com que mantivesse os laços que o ligavam a quem lhe permitira ter filhos. Filhos que tinham na já envelhecida alemã a única avó que conheciam. O homem voltara a França muito por saber que Israel significaria ter de fazer a outros o que lhe tinham feito a ele. A desumanidade que passou não o tornou desumano. Sim, as pessoas decentes existem em todos os povos. Infelizmente não são suficientes quando certos povos optam por genocídio e limpeza étnica.
    E sim, as declarações psicopatas e inssnas dos dirigentes israelitas, cometendo crimes em nome de Deus dão me a volta as tripas. Irá? É mais vontade de vomitar mesmo.

  5. A edificante postura de um representante do povo eleito. Giro giro é quando, mais ou menos a meio da diatribe, ele começa a perceber que o que lhe saiu da boca saído está, e que quem tem ouvidos informado ficou, e vai daí começa a secar-se-lhe a boquinha. Ele bem tenta desesperadamente reidratá-la, coitado, mas não dá mesmo, deve ter-lhe parecido que um bocado de cortiça tinha substituído a língua.

    https://youtu.be/4TqRbUe8Rqo?si=FIb6CkBHb5_oHwP_

  6. Ainda não percebi muito bem o que é que há de mafioso em condenar mafiosos genocidas mas também não me interessa nada pois que não escrevo para os outros que isso é para uma certa criatura que, adora chamar nos nomes.
    E eu sei muito bem que a condenação do genocídio, limpeza étnica, ideologias messiânicas e de superioridade racial e religiosa não cola nos poderes deste mundo. Porque ela continua todos os dias e já começou há 75 anos, sempre com gente a bater palmas. Agora está a ter o seu clímax porque um povo de nove milhões de pessoas enfiado num espaco pouco maior que o Alentejo precisa para ontem de espaço vital. E como a população continua a
    aumentar porque continuam a atrair imigração da Diáspora e como pensam que, ainda estão nos tempos bíblicos teem resmas de filhos, até porque na sua ideologia messiânica quem não tiver filhos é maldito, esta se bem a ver que a limpeza étnica não vai acabar aqui. Pelo que todos os que forem vizinhos de Israel que se cuidem. Porque quando Israel achar que precisa de mais espaco voltará a ter uma boa desculpa para abocanhar partes do Líbano, Síria, Jordânia, Egipto ou qualquer outro povo que tenha a desgraça de ser seu vizinho. E mafioso sou eu. Faz sentido. Felizmente sou um mafioso que vive na outra ponta do Mediterrâneo. O que sofrer por causa desta repolhada toda será sempre indirecto mas nunca teremos soldados israelitas a patrulhar as nossas ruas matando sempre por acidente, claro, quem lhes apetece, destruindo e ocupando campos, demolindo casas para lá por colonos e outras pragas que podem cair em cima de quem for vizinho do povo eleito.
    Quanto às performances dos representantes israelitas são realmente grotescas. Aquela do embaixador Israelita na ONU a usar a estrela de David como se hoje os perseguidos fossem eles só porque há gente que os critica e só uma coisa sórdida e porca. Israel continua a justificar as suas atrocidades a custa de uma atrocidade acontecida quando nem ele nem a maior parte de nós éramos nascido. A esse preço ciganos, homossexuais, comunistas, testemunhas de Jeová, eslavos, gente doente, e devo me estar a esquecer de alguém, podiam cometer tudo quanto era crime sem ir presos.
    Porque outra coisa que achamos é que foram só os judeus a ser mortos na grande catástrofe que foi o nazismo. Mas não, havia muitos outros grupos étnicos ou religiosos destinados aos fornos.
    Holiwood também nos foi dando essa ideia pois raros foram os filmes que vimos em que as vítimas do nazismo nao eram judias. O estado de Israel e a sua propaganda exploraram isso com mestria.
    Bem, os eslavos eram os únicos desta lista que não era para matar todos pelo menos logo. Os nazis concordavam que no espaco da então União Soviética seria preciso manter vivos uns 30 milhões de escravos. Que logo seriam mortos a medida que as heróicas parideiras alemas fossem produzindo gente de sangue puro.
    Mas o que é certo é que Israel foi desde a sua fundação o rentista de um holocausto com muitas vítimas esquecidas. E que alguém use hoje uma estrela de David para se dizer perseguido enquanto o seu exército leva tudo pela frente como faziam os nazis e so nojento. Mas assim vai o mundo. E graças ao santo protector dos cachalotes que nos fez nascer na outra ponta do Mediterrâneo. Vale o que vale mas nunca teremos as inocentes vítimas do nazismo e do antissemitismo a bombardear nos.

    • “Primeiro levaram os comunistas, eu calei-me, porque não era comunista. Quando levaram os sociais-democratas, eu calei-me, porque não era social-democrata. Quando levaram os sindicalistas, eu não protestei, porque não era sindicalista. Quando levaram os judeus, eu não protestei, porque não era judeu. Quando me levaram, já não havia quem protestasse”.

      Martin Niemöller (1892-1984)

      Pois não, não foram só os judeus…

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