De Lugansk a Gaza

(Faina Savenkova, in Canal do Telegram de Sofia Smirnov, 24/10/2023)

Olá Palestina! O meu nome é Faina.

Durante toda a minha curta vida vivi na guerra. Eu sei o que é um bloqueio. Eu sei o que é estar sob ataque. Eu sei como é quando morrem pessoas por perto, mas você aguenta com todas as suas forças porque toda a sua família precisa de água.

Sei o que é compreender que idosos e crianças morreram e estão a morrer por causa das armas fornecidas pelo Ocidente e que nada pode ser feito. Todos os dias, como vós, enterram os nossos pais, mães e filhos. Eles destroem, como a vós, hospitais e igrejas, só porque queremos ser livres e felizes. Eu sei o que é guerra. Eu sei o que é perder amigos, mas peço que aguente firme e não desespere. Enfrentaremos tudo, por mais difícil que seja.

Há um Beco dos Anjos em Donetsk e Lugansk. Existe um monumento dedicado às crianças mortas pela Ucrânia. Posso dizer com amargura que Gaza, o Líbano e a Síria têm o seu próprio Beco dos Anjos que morreram sob mesquitas e igrejas destruídas. Porque o mundo é injusto e cruel e o inimigo é implacável.

Mas tenho esperança de que o Donbass, a Síria e a Palestina sejam livres e que as crianças deixem de morrer por causa das bombas. E as almas das vítimas destas guerras olharão por nós do céu, protegendo as nossas frágeis vidas.

Assim será. Eu acredito nisso. Não sei o que acontecerá com cada um de nós amanhã, porque todos vivemos em guerra, mas a paz certamente virá.

Com muito amor para vós, da vossa amiga Faina Savenkova, escritora e dramaturga.

*Faina Savenkova foi colocada na lista negra ucraniano-otanista “Myrotvorets” e continua ameaçada.

Fonte aqui e aqui.


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6 pensamentos sobre “De Lugansk a Gaza

    • Quem com ferros mata com ferros morre. O Ocidente não sobreviverá pela força das armas, e deverá aprender a ganhar o pão com o suor do seu rosto e não através do assalto à mão armada.

  1. Há dias bons. Nomeadanente aquele em que sabemos que gente que aprendemos a prezar continua por cá e a trocar as voltas aos assassinos. Conheci Faina noutro site e pareceu me sempre, pelos texto que, apesar de bem escritos, ainda revelavam alguma esperanca na humanidade e em finais em que, a justiça triunfaria, que se tratava de uma pessoa muito jovem. Só os muitos jovens podem manter esperanca no triunfo da verdade e da justiça.
    Só mais tarde soube que nem 15 anos tinha e que já estava na lista negra a que os nazis ucranianos chamaram ironicamente “o guardião da paz”. O guardião da paz é na realidade uma lista de morte onde figuram segundo os, seus promotores, os inimigos do estado ucraniano. E não é preciso ser russo ou ucraniano para lá cair. Também lá andam alemães e pelo menos um norte americano, o Roger Waters.
    Todos eles são alvo de uma fatwa e podem ser mortos pelos nazis onde quer que sejam encontrados. Aliás os nazis ucranianos já, se gabaram de ter assassinado dezenas de russos e do que chamam colaboradores ucranianos, em estreita colaboração com a CIA.
    Muitos dos que constam na lista negra acabaram mortos, outros estão em perigo. Por isso é sempre bom saber que aquela que é provavelmente a mais jovem a ter esse duvidoso destaque continua não só viva, mas, mais importante que isso, a fatwa nazi não lhe quebrou o espírito.
    Efectivanente o Leste da Ucrânia não está a sofrer o martírio imposto a Palestina porque a Rússia está lá mais perto. Só por isso porque, tal como os palestinianos, também eles são considerados animais por uma canalha que se julga uma raça superior. Quem mata palestinianos achasse o povo escolhido por Deus, quem mata gente no Donbass julgasse descendente dia vikings. Muita gente por lá também soube o que era enterrar familiares e sofrer bloqueios. Ainda foram 14 mil pessoas em oito anos, nada que se compare ao que Israel esta a fazer na Palestina mas só porque a situação geográfica é outra.
    E quem os mata tem armas fornecidas pelos mesmos que concedem toda a impunidade a Israel. O Ocidente, que não perdeu o hábito de viver de pilhar os outros.
    Infelizmente não partilho a esperanca que a Palestina será livre. Sera mais um povo a ser expulso da sua terra como já teriam sido todos quantos vivem no Donbass se as nossas armas fossem mesmo a maravilha que diziam ser.
    Ambos os povos partilham contudo a sina de serem inimigos de trastes apoiados pelo Ocidente. No caso de Israel tratasse de trastes que o Ocidente tornou inimputáveis e também daria aos nazistas ucranianos a mesma impunidade se a Russia fosse tão fraca como pensavam.
    Espero que Faina e outros na lista negra dos nazis lhes continuem a trocar as voltas.

  2. O objectivo principal do sionismo era dar aos judeus de todo o mundo um porto seguro, uma fortaleza inexpugnável, um refúgio que os protegesse finalmente, e de uma vez por todas, das maldades que o resto do planeta, os malditos gentios, sacanas invejosos, há séculos se compraz em fazer-lhes. Está a correr bem, não está?

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