(Daniel Vaz de Carvalho, in Resistir, 04/07/2023)

1 – A guerra das narrativas
Quando do caso Prigozhin, nos media perpassou uma alegre expectativa de “Moscovo já está a arder?” Um conhecido telefona-me em tom irónico: “Então o Putin está em fuga?” e “Agora a vitória da Ucrânia vai ser mais fácil.” Apenas pude dizer, não sei se bem se mal, que quem acredita nas televisões não faz a mínima ideia do que se passa no mundo. É espantoso que gente que há mais de um ano fala na derrota da Rússia ache agora uma vitória da Ucrânia “mais fácil”.
O caso Prigozin consumou-se em cerca de 12 horas, nenhuma unidade militar, entidade administrativa, partido representado na Duma, aderiu à pretensa “marcha sobre Moscovo”, colocando-se pelo contrário ao lado de Putin. Cumprindo a sua missão de intoxicação mental os media mais de uma semana depois continuavam a repetir insistentemente o tema da “instabilidade política na Rússia” ou “Putin vai fazer uma purga nas FA?”, ignorando o facto de o apoio a Putin ter aumentado para níveis próximo dos 90%.
Eram afirmações com ponto de interrogação no fim e aldrabices como as do Moscow News, sediado na Holanda, que como credibilidade vale tanto como o “Observatório dos direitos humanos da Síria”, em Londres, uma espécie de departamento do MI6 (serviços secretos britânicos), etc. Mas a mais estúpida foi a do paradeiro do general Surovkin: “Onde está Surovkin? Terá sido preso?” Apesar do desmentido da filha a novela prosseguiu, como se a localização de altas patentes não tivesse de ser mantida desconhecida.
É a “guerra das narrativas” – a única que o ocidente tem ganho para mascarar as perdas reais – como escreve o ex-diplomata britânico Alastair Crooke: “Vivemos uma “guerra de narrativas”, como a insistência de que apenas uma “realidade”, a ideologia de “regras” liderada pelos EUA, pode prevalecer. A linguagem do ocidente abjura qualquer diplomacia séria e sinaliza que é imperativo manter a narrativa: a Ucrânia ganha, Putin perde. Washington (e a UE/NATO) não podem livrar-se da crença de que a Rússia é frágil, que suas forças armadas são pouco competentes, que sua economia entra em colapso, que Putin acabará por aceitar qualquer “ramo de oliveira” que os EUA lhe estendam”.
Trata-se de “acreditar no absurdo”. Subordinados aos interesses oligárquicos os media funcionam como câmaras de ecos, difundem falsas notícias, a realidade, é ofuscada. Narrativas são elaboradas e mantidas sem cessar, na forma de “tema e variações”. De acordo com os media:
A Rússia destruiu os seus próprios gasodutos; bombardeou a ponte sobre a Crimeia; atacou a sua central nuclear de Zaporozhye (agora prepara-se para a destruir!); atacou o Kremlin com drones; destruiu a sua barragem e central hidroelétrica de Kakhovskaya, inundando os seus campos e aldeias, destruindo suas defesas militares, dificultando o abastecimento de água à Crimeia; a Rússia está derrotada e os soldados desmoralizados.
Na Rússia, como em qualquer país que não obedeça totalmente ao ocidente, não existe um governo, uma Constituição, eleições, existe um “regime”, uma “autocracia”. Não é necessário apresentar provas do que se diz, basta repeti-lo vezes sem conta. Quem o negar entra na lista de suspeitos.
O ocidente está saturado de propaganda destinada a manipular a forma como o público pensa, age, trabalha, compra e vota. Os trabalhadores dos media testemunharam estar sob constante pressão para espalhar narrativas favoráveis ao status quo político do império americano. Os media apoiam todas as guerras dos EUA e mobilizam-se para os objetivos da política externa dos EUA, exibindo preconceitos contra os governos visados pelo império, claro que isto só acontece com um mínimo de pensamento crítico. (Caitlin Johnstone)
As campanhas mediáticas mascararam como os acordos de Minsk foram traídos ou a expansão da NATO, escamoteiam o neonazismo instaurado em Kiev. Aos media compete garantir que ao poder hegemónico é dado fazer coisas más em nome da “ordem internacional baseada em regras”. Chantagem financeira, agressões, assassinatos seletivos (como os ordenados pelo prémio Nobel da Paz Obama no Paquistão e respetivos “danos colaterais”) passam sem crítica.
Assange denunciou estas situações, inclusive os assassinatos de jornalistas da Reuters, Saeed Chmagh e Namir Noor-Eldeen, entre outros, sendo baleados por um helicóptero dos EUA. Julian Assange está preso no Reino Unido, tendo pendente a extradição para os EUA para ser preso por 175 anos.
2 – Acreditar no absurdo
Ainda em maio Blinken declarava que a Rússia estava isolada, derrotada geopolítica, estratégica e financeiramente. Os media repetiam religiosamente a “palavra do senhor”.
Os políticos e elites do sistema funcionam na mentira que, dada a intensa manipulação, se torna subconsciente. É com isto que temos de viver. Porém, o problema dos manipuladores – também a sua fraqueza – é acabarem por acreditar na própria manipulação. Mas nada de positivo pode ser construido através da mentira. A França tornou-se um exemplo dramático e nos EUA a proliferação tanto de sem abrigo como de bandos criminosos e massacres arbitrários, mostram como as sociedades ocidentais estão longe da democracia.
A “lavagem cerebral para a guerra atual é semelhante à de outras guerras”, escreveu John Pilger, em um tuíte, “mas nunca, na minha experiência como correspondente de guerra, foi tão implacável e desprovida de jornalismo honesto como nesta”.
No apoio às oligarquias e ao imperialismo as mentes são constantemente sujeitas a deformações da realidade para que no mínimo a confusão se instale. As evidências e a lógica factual são recusadas, a crítica torna-se suspeita por perturbar convicções instaladas. O que altera os cenários instituídos é recusado como “propaganda russa”, o que vem de Kiev é tomado como verdadeiro, nunca como “propaganda ucraniana”, ou melhor, propaganda da NATO.
Claro que esta situação psicológica e socialmente disfuncional tornou-se absolutamente necessária a um sistema em declínio. A desdolarização do mundo está em curso; a crise financeira é um facto que EUA e UE não mostram ter capacidade de controlar; o armamento da Rússia – e também da China – é qualitativamente superior ao ocidental; o VA do produto industrial da China ultrapassou o dos EUA e UE somados. (Financial Times)
Mas é preciso que as pessoas não tenham ideia destas situações, nem das desigualdades, nem de como a inflação é gerada e como as crises e a guerra aumentam os lucros dos grandes oligopólios. É por isto que a realidade tem de ser ofuscada, com gente muito inteligente a dizer-nos que insistir em lucros excessivos é um disparate porque 99% das empresas são MPME…
Mas não é só nos media, nas redes sociais aparecem textos no mesmo sentido da propaganda, absolutamente idênticos, postados nas mesmas alturas, dispersos em vários países como se obedecessem a uma central, ou talvez gerados por automatismos, para que certas versões da realidade passem por opinião generalizada.
Tudo isto contribui para o síndroma do consenso belicista, necessário para que nos países da UE/NATO se aceite reduzir o nível de vida e aumentar as despesas militares. Que se continue a dar dezenas de milhares de milhões de euros para combater a Rússia e “ajudar” a Ucrânia. Embora, o grosso da “ajuda” acabe em grande parte danificado ou destruído.
Implicitamente, querem que nos preparemos – e paguemos – uma longa guerra sem pensar nas consequências, já que pouco falta para que pensar criticamente seja proibido. Assim, a Alemanha e a França querem acabar com o direito de veto na UE. Estes países consideram importante abolir a votação unânime no CE em domínios como a política externa e a fiscalidade antes do alargamento da UE. Como dizia alguém, não é preciso estar certo, é preciso é ter bons argumentos. E para isso cá estão os media e seus pregadores, ditos “comentadores” e “analistas”.
3 – O patético papel da social-democracia
Como diz certa canção “escutei com atenção um tocador do passado”, também muito novo escutei com atenção um militante do passado falando acerca do fascismo. Disse-me, que era fácil saber o que é fascismo, o fascismo tem tudo o que é negativo, e a partir daqui explicou-me o que para o povo era positivo e o que era negativo.
Impedir que o povo, os trabalhadores, tomem por si clara consciência desta diferença é o papel básico dos media corporativos e seus “comentadores”. Seja na economia, no social, na política externa e geopolítica, o que vale é a “ordem internacional baseada em regras”.
Não há líder da UE/NATO que não se desloque a Kiev a prestar homenagem ao fantoche de serviço. Faz lembrar os atos medievais de profissão de fé e submissão a Roma perante delegados papais. Aqueles líderes repetem o credo estabelecido por Washington de que a Rússia iniciou uma guerra de agressão não provocada, há um claro agressor e um agredido, a Ucrânia vai vencer, as condições de paz são as de Zelensky, etc. Tudo o que se passou antes, desde a expansão da NATO ao golpe de 2014 e após, é dado como não existente. Nunca foi permitido um debate nem ouvida a opinião dos seus povos sobre a justeza e as consequências daquelas posições.
Neste contexto a social-democracia desempenha, como em tantas outras vezes, um papel reacionário contra a unidade popular visando o progresso social. Graças às suas mentiras eleitorais, com os interesses oligárquicos e geopolíticos imperialistas sobrepondo-se aos interesses nacionais e populares, a democracia cessa, fica o campo aberto à demagogia da extrema-direita fascizante ou mesmo fascista.
O branqueamento do nazismo do clã de Kiev, e também dos Estados Bálticos, é de grave responsabilidade da social-democracia. Monumentos à derrota do nazifascismo são destruídos e substituídos por criminosos nazis. Mas não só, livros são queimados, bustos de artistas consagrados são derrubados, pessoas são ameaçadas e perseguidas pela origem e fala russa ou por criticarem o clã de Kiev. Que a direita o omita não espanta, mas que a social-democracia se cale perante o retorno dos monstros nazis, para além da indignação infunde profunda tristeza.
Arrastada por incompetentes e tresloucados a UE afunda-se. Sem o mínimo nexo do que diz, motivada pela sua obsessão ideológica a sra. von der Leyen (já apontada como a Maria Antonieta da UE) afirma que a UE apoiará a Ucrânia até onde for necessário, “O futuro da Ucrânia é o nosso futuro. Estamos construindo esse futuro juntos, já hoje”. Eis o que ela reserva para os europeus da UE: um nada invejável futuro semelhante à vida dos ucranianos. (Ukraine Watch, 22/06) Por espantoso que pareça, é para lá que se caminha, é para onde esta gente nos leva, porque a oligarquia das grandes potências ocidentais nunca aceitou perder os escandalosos lucros que obteve com o saque após o fim da União Soviética.
Aos media compete esconderem o desmantelamento das ilusões do mundo unipolar liderado pelos EUA. Uma narrativa mantida sem contraditório e sem argumentos, bastando a ocultação de factos e inverdades. Escondem a rapidez com que a geopolítica se altera: o fracasso das sanções contra a Rússia levou a que noutros países a hegemonia ocidental seja contestada. A China lidera esta verdadeira revolução com a sua diplomacia nos países árabes, o alargamento dos BRICS, a ligação à Ásia central, etc.
No entanto, o caso Prigozhin mostra as contradições da política russa atual. Não pelas razões propaladas pelos media: os EUA e outros da NATO têm dezenas de empresas militares privadas que operaram em todos os seus cenários de guerra e estão também espalhadas por África, a “promover a paz e a democracia” (?!) dos interesses das grandes transnacionais.
As contradições da política russa residem na unidade nacional conseguida por Putin, facilitada pelo descalabro a que o liberalismo levou a Rússia e outras ex-republicas soviéticas. A Rússia precisa de unidade perante as ameaças expostas pela NATO. Porém a conciliação entre interesses oligárquicos e populares é transitória e sempre perante objetivos/ameaças bem definidas. A oligarquia, mesmo submetida ao poder do Estado representado por Putin, não deixa por natureza de olhar para o ocidente como o seu modelo – acabando por entrar em choque com os interesses nacionais e populares.
Atualmente, em termos históricos e culturais foi recuperado tanto o passado imperial czarista como o soviético. Para o povo russo hoje Estaline é tanto referência da grandeza russa como Pedro o Grande. Putin coloca-se ou é colocado como grande líder, acima das contradições existentes já evidenciadas por Sergey Glasiev e outros. Por mais carismática que uma personagem seja, não pode eliminar as contradições sociais, apenas menoriza-las – temporariamente.
Por ironia, afinal não foi Moscovo que começou a arder, mas sim a França – pelos que noutro país seriam elogiados “combatentes da liberdade”… Por tudo isto, num mundo que se mantém complexo e cada vez mais perigoso, “o mais importante, como nos diz Caitlin Johnstone, é continuar a dizer a verdade, de qualquer maneira nova, envolvente e criativa que possamos imaginar. Quanto mais de nós o fizermos, mais oportunidades haverá para alguém vislumbrar algo para além do véu que obscurece a sua visão do mundo, instalado pela propaganda e desvios cognitivos. Quanto mais criarmos essas oportunidades, maior a probabilidade da verdade ser ouvida”.
Fonte aqui
Uma pergunta? Esta gente não terá uma vida? Não terá os seus próprios problemas? Não terá que fazer? Quem é que se dá ao trabalho de telefonar a sarrazinar o juízo de quem tem opiniões diferentes dos borregos a propósito da Ucrânia? Vão procurar alguma coisa para fazer, sei lá. Vão a praia, que o tempo está bom, que com esta inflação ate ir beber um copo esta caro, vão dar um passeio a pé, façam um voluntariado. Preocupem se com a sua própria vida, deixem os outros ter opiniões divergentes que daí não vem mal aos senhores do mundo e aos que neste século querem cumprir o sonho de Napoleão e Hitler dos séculos anteriores. É parem para pensar. Porque a nossa vida não vai melhorar se, a Rússia for destruída e o que restar do seu povo for reduzido a mais cruel indigência. Ganhamos alguma coisa com a destruição do Iraque, Líbia e Síria? Algum povo ganhou alguma coisa com as depredacoes do seu império? Quando pensamos na, plebe romana, apinhada em prédios que ardiam como estopa, domesticada por pão e sangrentos espectáculos de circo vemos que não. Hoje o circo chamasse Guerra da Ucrânia e exultamos com a morte de russos. Podemos é deixar os telefones dos, outros, em paz. No meu caso concreto, muito pouca gente tem o meu contacto e num caso cortei pela raiz, “não estou para me empachar com ninguém por causa, da Ucrânia”.Felizmente entendeu ou tinha ido de vela.
Sem dúvida que se aprende muito, desde que se preste atenção aos detalhes.
Que a Rússia tenha «um governo, uma Constituição, eleições» é facto de enorme relevância, uma vez que haja «recuperado tanto o passado imperial czarista como o soviético» e quando a sua «oligarquia, mesmo submetida ao poder do Estado representado por Putin, não deixa por natureza de olhar para o ocidente como o seu modelo».
A questão é saber se é sobre o enorme potencial de uma tal situação que devemos encarar o futuro, tomando por certo que o estado do Ocidente é a desgraceira amplamente descrita pelo autor.
Lamentavelmente, fala-nos em final da «verdade», mas inibe-se de a revelar…
PS: as referências ao fascismo (3), nazismo (1), nazifascismo(3), neonazismo(1), regime e autocracia russas(1), social-democracia (4), mereceriam uma clara definição quando a «verdade» for revelada.
Então, os oligarcas já temos, mais desigualmente e tudo, a censura vai entrando, o trabalho escravo, os imigrantes deixados à sua, os mercenários, caminhamos para a pobreza, não deixamos de interferir em África e Médio Oriente, apoiamos ditadores, vamos culpando tudo em minorias e, agora traidores que expliquem a falência do sistema, sindicatos cada vez mais amestrados, bem como os meios de comunicação, corrida ao armamento para sinal de grandeza… se calhar ainda é ao contrário.
Lido:
«Desde o dia 27 de junho que os protestos nas ruas de várias cidades francesas acumulam, ao dia de ontem, 3486 prisões, 808 feridos entre polícias, 269 ataques a instalações policiais, 1105 edifícios danificados, 5892 incêndios de viaturas e 12 202 incêndios em vias públicas».
Ui, se em vez de no «democrático jardim» francês, ocorresse num tido como «autoritário estado selvagem»! «Vândalos» de um lado, «combatentes da liberdade» de outro! Pois!
«combatentes da liberdade» e «manifestantes pela democracia».
Os media têm um vasto mercado para as suas mentiras, propagadas 24/24 horas, em todo o Ocidente: é a massa inconsciente, analfabeta politicamente falando, dos povos embrutecidos pelas TV’s às ordens do SISTEMA. E quando a Igreja vem dar uma ajudazinha – vejam os portugueses a rezar nas ruas pelos nazis ucranianos ! entao é o màximo.
O ocidente/ CS é lixo tóxico, vivemda mentira absurda.
Notícias ao Minuto:
«Ex-funcionários norte-americanos mantiveram conversas secretas com cidadãos russos próximos do Kremlin, incluindo o ministro dos Negócios Estrangeiros, Serguei Lavrov, para discutir o futuro da Ucrânia, avançou hoje a estação televisiva norte-americana NBC.
Segundo este canal norte-americano, o encontro com Lavrov aconteceu em Nova Iorque, em abril passado, e durou várias horas.
Nesta reunião com Lavrov esteve presente, entre outros elementos, Richard Haass, um diplomata veterano que em junho deixou o cargo de presidente do Conselho de Relações Internacionais, um importante ‘think tank’ (grupo de reflexão) de Washington especializado em política externa.
Também participaram na reunião o especialista em assuntos europeus Charles Kupchan e o especialista em assuntos russos Thomas Graham, ambos ex-funcionários da Casa Branca que agora trabalham naquele ‘think tank’, de acordo com a NBC.
Durante as conversas, acrescentou o canal, foram abordadas algumas questões relacionadas com a guerra na Ucrânia, como o destino dos territórios ocupados por Moscovo e que Kiev poderá nunca libertar, bem como a procura de uma solução diplomática para o conflito em curso desde fevereiro de 2022».
Destino para Zelensky igual ao do venezuelano Guaidó?
Tudo muito certo, então para que é preciso o branqueamento? Não vende a comunicação social de lá também a propaganda do regime, onde idiotices como a Tartŕia são levadas a sério? Não tem o poder os sindicatos controlados? Não são as minorias, mulheres incluídas, postas no seu lugar? Não cometem os oligarcas e demais ricos os crimes que lhes apetecem, com ainda menos consequências? Não continua a fazer parte da cultura russa que nada pode melhorar? Então agora são mágicos e conseguem uma guerra moderna sem crimes de guerra, na rebaldaria que, por muito que exagerada, é bem conhecida?
Claro que faz parte da outra face da autarcia; como alternativa é mais do mesmo do que impomos na periferia e que agora se dirige para a metrópole à medida que colapsa.
Tal & Qual:
«É na zona de Saint-Jean-Cap-Ferrat, na majestosa Riviera Francesa, que os mais ricos dos ricos da Ucrânia comem e bebem do melhor, instalados em mansões ou hotéis de luxo. Fugiram do país para não terem de participar na guerra. O presidente do Dínamo de Kiev é só um entre muitos.»
Quem diria!
Desgobalização e Portugal!
Como não declarámos abertamente a nossa aliança com Kiev e a nossa aversão aos russos, apesar de fornecermos material de guerra e ajuda humana a Zelensky, e como a China não reconheceu oficialmente o seu apoio a Moscovo, comprometendo assim o futuro desempenho dos mísseis da NATO, trata-se apenas de uma “boa guerra”, se traduzirmos os EDL (elementos de linguagem obrigatória) deste novo mundo ocidental.
Neste ponto, vemos que a China está a começar a jogar em pé de igualdade com os Estados Unidos.
Os Estados Unidos impuseram leis extraterritoriais ao resto do mundo, exigindo que qualquer exportação de qualquer coisa que contenha um componente americano, mesmo que minúsculo, esteja sujeita a uma licença de exportação dos Estados Unidos. Um componente, ou… um e-mail num servidor americano, ou… um pagamento em dólares.
Por exemplo, Portugal está sujeito a licenças de exportação dos EUA.
A China está a introduzir uma licença de exportação para os produtos chineses. Continua a aplicar-se apenas a si própria.
Dito isto, se a China decidir deixar de exportar Ga ou Ge para um fabricante de semicondutores, esse fabricante ficará em grandes apuros…
Mesmo os EUA, que estão a tentar recuperar o controlo desta indústria nos EUA.
Agora, os EUA vão ter de encontrar uma segunda fonte de extração.
Sem gás, sem gálio, sem germânio, sem petróleo, sem metais raros, etc. ….
Sejamos realistas, estamos em grande apuro!
Um general americano disse “precisamos da China para fazer guerra à China” quando se apercebeu que o fabricante de mísseis Rayhteon tinha de comprar à China as terras raras necessárias para o seu equipamento….
Suponho que a UE votará a favor de medidas de retaliação, como a proibição de importação de terras raras da China e dos seus aliados africanos, para os castigar. Vai correr bem. Eles sabem o que estão a fazer. Acabou-se o cinismo…
Os “globalistas” foram reduzidos a um terço do mundo e a um terço da sua população. Soros , Schwabb, Macron, Sholtz l e todos os amigos deles que comam do nosso chapéu. No fim de contas, não passam de ditadores de lata sem energia própria, sem independência, sem honra, sem escrúpulos, e estas pessoas que desprezam estão a dar-vos um pontapé no traseiro.
E isto é apenas o início! Basta ver algumas conferências para perceber que a maioria dos minerais já está em tensão, mesmo antes de a loucura eléctrica se desenvolver …. . Mais uma vez, o subsolo terrestre não é elástico …. mas os economistas continuam a querer ignorá-lo …. E então? Bem, sim… o palavrão do decrescimento será inevitável, quer queiramos quer não, e como não será escolhido, sofrê-lo-emos dolorosamente…! Só do ponto de vista deles, os chineses têm razão.
Os EUA querem bloquear a China no sector da eletrónica e estão a repatriar a fábrica de Tawain (TMSC) com milhares de milhões de dólares;
OK, eles terão a fábrica e os moldes, mas não os materiais para fazer nada…e depois?
É muito parecido com as sanções contra os russos: pomos sanções em prática e depois apercebemo-nos que demos um tiro no pé!
Estamos a chegar a um momento interessante da história, em que nem mesmo os meios de comunicação social conseguirão esconder que os velhos mamutes da era dos motores de combustão interna já não são a força dominante neste mundo. Por outras palavras: as cimeiras dos BRICS são muito mais interessantes de seguir do que as do G7, dos 20, dos 12, etc., que não fazem mais do que felicitar-se a si próprios, ignorando rotundamente os notáveis progressos realizados por aqueles que foram arrogantemente chamados de Terceiro Mundo e que foram despojados dos seus recursos minerais para construir uma riqueza baseada na espoliação e no desprezo…
Em breve estaremos a enviar pasteis de belém para os chineses… com a sua permissão. O Ocidente está a tornar-se cada vez mais estranho no seu comportamento.
E pensar que somos governados por esta gente, a oligarquia globalista covidista e ucraniana! Isto é um disparate! Onde é que foi parar o bom senso?
E com isto teremos “Proibição dos veículos de combustão interna em 2035″… Ha! Ha! Ha!
Senhoras e senhores, aprendam a andar depressa, porque, juntamente com a bicicleta, este será o último meio de transporte autónomo a circular nos próximos anos.
Quando se brinca com a restrição das exportações de semicondutores para irritar a China, não é de admirar que esta esteja a restringir as suas exportações dos metais necessários para fabricar semicondutores…
Este mundo louco é incrível !
As terras raras e os metais raros estão em todo o lado!
Como os seus nomes sugerem, são raros em todo o mundo ……. E estão presentes em todo o lado.
Só que há o problema de escavar “grandes buracos” para as retirar do solo e, mais ainda, o problema de as refinar, que é muito poluente.
É por isso que costumávamos comprar estes produtos aos chineses, deixando que fossem eles a tratar dos problemas de poluição.
A produção de produtos ecológicos “modernos” aqui no nosso país, com base em materiais de alta tecnologia, vai obrigar-nos a aceitar mais poluição no nosso país …….
Ou mudar para outras tecnologias menos poluentes e mais amigas do ambiente.
Ou a prescindir destes produtos por razões de saúde.
Saudações à ecologia!
Taiwan também está a ser visado, assim como todas as indústrias ocidentais que utilizam componentes electrónicos.
E com a Europa a proibir os veículos de combustão interna a partir de 2035, sem ter visto que a China, que saltou a evolução dos motores de combustão interna que são a glória dos construtores japoneses, coreanos, europeus e americanos, está a inundar-nos com carros eléctricos a preços imbatíveis. A imprensa automóvel, que elogia as qualidades destes automóveis chineses, é quase uma quinta coluna. Em suma, o mundo ocidental está a dar um tiro no pé com todos estes dirigentes incompetentes.
Resumindo:
-> Ucrânia: um negócio do tipo Iraque, com uma falha: o negócio também deveria envolver a Rússia no pacote.