Esperança média de vida!

(Hugo Dionísio, in Canal Factual, 28/02/2023)

4 horas… 240 minutos… 14400 segundos…. Eis a esperança média de vida de Bahkmut, para um soldado Ucraniano, de acordo com os testemunhos de um soldado americano regressado da guerra e de um jornalista afecto ao regime de Kiev!

Arrastado pelas calçadas de Odessa; perseguido pelos centros comerciais de Kiev ou arrancado à força do seu lar… Um qualquer civil, com idade compreendida entre os 18 e os 60, com excepção dos que tenham incapacidades muito evidentes, corre sérios riscos de ser legalmente intimado a juntar-se, com força obrigatória geral e sob pena de deserção, à “força” militar que tenta a qualquer custo prolongar a presente guerra até ao próximo verão.

É isto! A sua função não é mais do que esta! Vítimas de um processo de conscrição forçada, homens e algumas mulheres, sem qualquer treino militar, recebem uma formação apressada, num qualquer centro de “treino”, dirigido sob os nada auspiciosos princípios estratégicos dos EUA, estes filhos da classe trabalhadora têm funções bem determinadas e muito precisas:

•            Ocupar os postos de combate nas trincheiras, bunkers e demais fortificações do Donbass, substituindo as melhores e mais combativas forças que são posteriormente encaminhadas para a reserva;

•            Tentar sobreviver o máximo de tempo possível, para que, contados os números e a esperança média de sobrevivência em combate, o regime “Banderista” possa aguentar-se até ao verão.

Porquê o verão? questionarão alguns. Alguns até lhe chamarão primavera. Mas, atentando ao ritmo a que vão as coisas, não será na primavera que as forças armadas, que hoje albergam todo o tipo de representações da extrema-direita mundial, receberão as tão prometidas quanto desejadas armas. Arma, as quais, uma vez mais, adiarão o final do conflito, celebrarão a morte de mais dezenas de milhares de soldados dos dois lados, mas, principalmente, soldados ucranianos. Contudo, não deixarão de encher os bolsos aos que mais lucram com todo este conflito.

Enquanto “poupam” as melhores tropas para a ofensiva que os EUA preparam já desde o outono, a juventude e a classe trabalhadora do país é arrancada às suas vidas, para intervir numa guerra que não queriam. Hoje, para além de uma lei que impede os jovens de 17 anos de saírem do país, o regime banderista requereu às suas embaixadas em todo o Ocidente, para que identifiquem cidadãos ucranianos nos respectivos países, que estejam em idade de combater, os aliciem e encaminhem para os inúmeros campos de treino que já existem nos países da NATO.

Para além de já terem surgido entrevistas de jornalistas ocidentais com jovens ucranianos com 16 anos, em pleno teatro de guerra, surgem também os relatos, segundo os quais, em alguns países, o assédio perpetrado pelos agentes, ao serviço das embaixadas ucranianas, roça a ilegalidade. Gostaria agora de ouvir onde andam os tais que tanto se preocupavam com as alegadas “esquadras chinesas”.

De referir que, neste caldeirão de recrutamentos, ao contrário dos “fugitivos” ucranianos, os mais efusivos e motivados recrutas são os representantes dos mais variados grupos e facções da extrema-direita mundial. Estão bem documentadas as representações dos saudosistas de Mussolini, com as suas bandeiras da República de Salo, aos representantes do Estado Islâmico. O regime de Zelinsky constitui hoje uma celebração viva do 3.º Reich, na sua versão transnacional e transcultural. Um autêntico carnaval do fascismo, do nazismo e do ódio que o move. O que os une não é mais do que um misto de dinheiro e ódio. Não existe qualquer intuito libertador ou emancipador: apenas o dinheiro dos nossos impostos que lhes paga os soldos e o ódio aos russos. Ódio que é instigado e posteriormente usado como motor de guerra.

Se, muitos dos representantes deste ódio, junto do povo ucraniano, já se contam entre os inúmeros cemitérios construídos, é do estrangeiro que se alimenta hoje o regime de Zelinsky, para poder fazer face ao serviço que lhe foi encomendado: instigar, alimentar e arrastar uma guerra em nome da NATO e em representação dos interesses estratégicos dos EUA. Foi o próprio Biden que, na sua visita “surpresa” (surpresa só para quem estivesse a dormir), veio dizer que “não sairemos da Ucrânia”. Nós sabemos…

Enquanto os “músicos” (pronto, eu chamo-lhes mercenários, não há problema) são obrigados a carregar camiões de corpos humanos deixados a apodrecer pelas tropas afetas ao regime banderista, para os deixar – por razões de salubridade e humanidade – à entrada dos postos avançados do inimigo, na Assembleia Geral da ONU, percebemos a razão pela qual estes desgraçados têm de continuar a morrer, não aos milhares, não às dezenas, mas já às centenas de milhares.

Numa mostra de total insensibilidade que confirma que quem não chora a morte de 900.000 iraquianos mortos numa guerra “inventada”, também nunca choraria a desgraça de centenas de milhares de ucranianos, russos ou outros; a votação da resolução condenatória da intervenção russa constituiu mais um momento de celebração da guerra e da sua continuidade. Pudemos ouvir os líderes ocidentais dizer que “a federação russa tem de ser derrotada” porque eles querem e “a Ucrânia está a ganhar a guerra”, mesmo que esteja em farrapos. Nem um só piscar de olhos, fôlego ou olhar que denunciasse uma qualquer compaixão, o receio de uma escalada que nos mate a todos ou o mais ínfimo ou envergonhado desejo de paz e harmonia. Nada, vezes nada!

 E se as leituras ocidentais à votação revelam, uma vez mais, toda a falácia da comunicação que todos os dias nos forçam a ouvir, houve um país que os deixou mesmo muito preocupados. Se choveram as parangonas a dizer “o Brasil condenou o Kremlin”, nem tão pouco os EUA ficaram contentes com a posição. Todos sabem que “o mundo” não é a maioria da humanidade e “a maioria” não aplica as sanções, e muitos votam mais por jogo de cintura do que por convicção.

Esta posição de Lula da Silva já era conhecida e, a meu ver, o que faz a diferença no final, não é a condenação da guerra nem os jogos de cintura que dele já conhecemos. De uma forma ou outra todos os seres humanos justos têm de a condenar. Condená-la pelo que é, pelas suas causas e não pela propaganda desabrida. No final, o que conta, são duas coisas ainda mais fundamentais e que jogam com a matéria, e não com as ideias, que possam ser repetidas até à exaustão como “o mundo está com a Ucrânia”, leia-se, “está com a NATO”. Trata-se, primeiro, da adesão às sanções, e a este respeito, o Brasil permanece firme na rejeição do isolamento do seu parceiro BRICS+; em segundo, o fornecimento de armas, e, também aqui, Lula deu uma resposta de mestre, lembrando que um ser que se diz pacifista e democrata, não combate países, nações, culturas ou civilizações: combate a fome e a miséria.

Pelo que representa Lula da Silva no mundo inteiro, e, a este respeito admitem-se sempre reflexões em torno da ligação entre discurso e realidade das suas políticas concretas, o que é um facto é que o presidente brasileiro é um exemplo para todo o Sul Global, mas não só, também para muita da esquerda europeia e americana, com especial incidência naquela que mais dói ao Império: a penetração do “Lulismo” junto do que hoje se classifica como “esquerda liberal identitária” é muito grande. Se a aceitarmos como “esquerda”… claro.

Ora, quando jogada esta pretensão de Lula em tornar-se um obreiro pela paz, com a proposta chinesa de acordo de paz, com as pressões da Turquia, adicionadas às informações de Bennet, ex-primeiro ministro Israelita que referiu terem sido os EUA que bloquearam os acordos de paz, no final de março de 2022, à data já redigidos… Tudo somado, onde fica o inferno, por mim caracterizado na primeira parte do artigo e, todos os dias, a toda a hora e em “modo de guerra” comunicacional, repetido até à exaustão pela comunicação social corporativa dominante?

Com o que sabemos hoje, apenas quem interpreta a política ao nível do jardim-de-infância ou da pré-primária, ainda pode considerar – com honestidade – que o problema dos EUA e dos seus braços (UE, o político; NATO, o militar) é a proteção da Ucrânia e do povo ucraniano. Aliás, só a esse nível se pode considerar esta uma guerra entre dois países eslavos e não entre a federação russa e os EUA (com os seus tentáculos, claro).

As palavras de Sholz, a esse respeito, dizem tudo: “ainda não é tempo de paz”!

É assim que se comportam aqueles que se consideram Donos Disto Tudo: não é o sofrimento humano que determina a urgência da resposta; é a defesa dos seus egoístas, autocráticos e discricionários interesses! E a Alemanha sabe, melhor do que ninguém, que exército ajudou a formar para se destruir a si própria.

Acolhendo um grupo de aprendizes ucranianos para serem formados na construção de blindagens, fez questão o governo alemão de afixar nas paredes dos dormitórios o seguinte aviso: “Atenção, a exibição de imagens alusivas ao fascismo e ao nazismo é proibida na Alemanha, podendo dar pena de prisão e multa”.

Mas quem se lembraria de colocar um aviso destes numa formação em Portugal? Ou em Espanha? Ou mesmo na Alemanha?

Acho que diz tudo deles… Mas diz ainda mais destes, da sua hipocrisia e desfaçatez!

O fascismo e o nazismo são produto e instrumento do capitalismo e do imperialismo!

Não nascem e prosperam no vácuo. Vejam o que disse Pompeo, ex-secretário de estado de Trump, sobre o aumento de tropas dos EUA em Taiwan: “é um começo”!

Sholz tem razão. Não é tempo de paz, é tempo de luta! Sob pena de, qualquer dia, serem os nossos filhos a terem de enfrentar quatro horas de esperança de vida, em nome de interesses que não apenas não lhes dizem respeito, como são contraditórios aos seus interesses.

Já acontece, está a acontecer e por obra dos mesmos interesses!

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10 pensamentos sobre “Esperança média de vida!

  1. Eu sei q é uma pergunta fácil para uma Resposta difícil, mas cá vai ela:
    -Quanto é que o regime putinista lhe paga para escrever este rol de mentiras, meias verdades e autênticas obscenidades?
    Agora deu-lhes para se preocuparem com os “coitadinhos” dos ucranianos q podem morrer na guerra q lhes foi imposta pelo proto fascista e imperialista Putin?!
    Mas q cambada de gaijos mais asquerosos!!!

    • Portanto, quando os Ucranianos violaram o acordo de cessar fogo que lhes foi imposto por uma resolução (2202) do Conselho de Segurança da ONU, foi uma guerra imposta pelo proto-fascista Putin ?

      Quando os relatórios diários da OSCE (organização que monitorava o cumprimento do cessar fogo) demonstram inequivocamente que os Ucranianos começaram a acumular equipamento (tanques, carros de combate e Howitzers de 155 mm) e homens junto à linha de cessar fogo (em violação da distância a que deveriam ter esse equipamento da linha, tal como as milícias do Donbass) e começaram a bombardear as Repúblicas Populares (agora regiões da Rússia por referendo) desde 16 de Fevereiro de 2022 ininterruptamente até 24 de Fevereiro de 2022, quando as pessoas que habitavam essas regiões começaram a reunir os seus bens à pressa e a fugir às dezenas de milhares para a Rússia (sendo que, neste momento, há mais de 2 milhões de refugiados na Rússia), isso foi uma guerra imposta pelo proto-fascista Putin ?

      Quando as negociações de Paz estavam a decorrer em Março/Abril, quando o Ministro Israelita Naftali Bennet servia como um mediador dessas negociações e quando essas negociações (se levadas a termo) poderiam ter acabado naquele mesmíssimo momento com a “desnazificação” e “desmilitarização” da Ucrânia – as razões invocadas pela Federação Russa para o iniciar a Operação Militar Especial – e quando essas negociações foram sabotadas pelos EUA, França e Alemanha (nas palavras do primeiro ministro israelita!!!), isso foi uma guerra imposta pelo proto-fascista Putin ?

      A Rússia estava disposta a abdicar da “desnazificação” e “desmilitarização”!!!

      Tem noção disto ?

      Tem noção de que a guerra só continua por causa dos caprichos de uma superpotência em decadência ?

      Está a tentar atirar areia para os olhos de quem ?

    • O senhor Cruz não dá uma p´ra caixa! Incapaz de avançar um único argumento para contraditar o autor do artigo, recorre à insinuação torpe e à calúnia soez. Nem vale a pena perder tempo com afirmações tolas. Revejo-me totalmente nos argumentos com que lhe responde o Mateus Ferreira..

    • A mim ninguém me paga nada! E tenho pena de que pense assim, só pela simples razão de eu passar uma informação com a qual não concorda. Seria mais útil que questionasse os factos! Eu sou contra a guerra, qualquer guerra e sou solidário com as vítimas de qualquer guerra. Ao contrário de muitos outros, sempre estive contra todas as guerras e os seus instigadores. Se quiser discutir argumentos… Boa. Caso contrário, a sua questão é tão válida quanto eu lhe questionar quanto lhe pagam os genocidas da CIA. Pagam-lhe alguma coisa? Não acredito! Aqueles a quem pagam comportam-se de forma mais insidiosa e inteligente! Acusações fáceis de quem lhe custará pensar, criticar e questionar. A política não é futebol nem religião e moral. É muito mais do que isso e nem todos a entendem. Ao contrário de gente que é contra a Rússia por “invadir” a Ucrânia, calando todas as guerras da NATO em todo o mundo, incluindo está, nos meus textos não encontra uma única apologia ou branqueamento da guerra, de qualquer uma. Onde esteve até 2022? Em coma? É que já havia guerra antes, sabe disso? Onde esteve nessas situações? Deixe-me adivinhar… Do lado do agressor…. Certo? Ou de lado nenhum… Não quis saber! O que significa estar do lado do agressor. Poupe-me á sua política de jardim de infância ou do futebol.

    • Sabe que mais ? Não, não estou!

      Da mesma maneira que não estou a incluir os refugiados que estavam na Rússia desde 2014.

      E o senhor está a incluir o corte de abastecimento de água desde 2014 à Crimeia por parte do regime genocida de Kiev ?

      A esta não responde, pois não ?

      Ou vai dizer que é tudo uma conspiração russa ?

      Vá enganar outros!

  2. Concordo,e o objectivo é dizer a verdade e ir contra a essência do que estamos a ser alimentados nos meios de comunicação social.

    Parece que o massacre das duas últimas guerras mundiais não foi suficiente: aqui vamos nós outra vez. Mas se enviarmos os decisores para a frente, talvez isso os acalme!

    A este ritmo, Putin está à beira da “vitória” por falta de combatentes. Ou os americanos e europeus terão de enviar tropas e a terceira guerra mundial começará realmente a sua fase final. Neste caso, é mesmo muito provável que a China se envolva e decida retomar Taiwan. Este conflito será então titânico, porque o Brasil e a Índia também poderão intervir e talvez até a Austrália. No final? O fim do homem pode muito bem ser..

    Numa guerra não há vencedor. Nunca há. Há apenas sacrifícios. Mas como parece serem rápidos a lutarem, se eles vierem para levar os meus filhos ou os filhos dos meus vizinhos para irem defender os interesses dos grandes deste mundo, eu irei e levar-vos-ei para que possam ir no seu lugar. Não me agradeçam, será um prazer..

    O presidente búlgaro, Roumen Radev, com a sua posição contrasta de forma notável com a dos líderes europeus mais corruptos: “A minha posição é clara: sou categoricamente contra o envio de armas das reservas do exército búlgaro para a Ucrânia.”

    A geopolítica do nosso mundo está a mudar perante os nossos olhos e os nossas elites e meios de comunicação social não querem ver ou aceitar um mundo multipolar com o novo eixo Rússia-China e a ascensão dos BRICS.

    Os E.U.A. têm apenas um objectivo: para permanecerem os senhores do mundo com a sua falsa moeda, a vida humana não é tida em conta, é simplesmente necessário produzir armas e oferecê-las aos pobres lavadores de cérebros que acreditam estar a lutar pela liberdade…. O homem é um predador, existe pela força física, a mente ainda está muito atrasada…

    A Legião Internacional, lutando com os ucranianos, é semelhante aos mercenários estrangeiros, lutando contra os russos. 5360 mercenários estrangeiros foram mortos pelos russos, de acordo com um antigo general da Inteligência de Guerra Electrónica, apoiado pelos meios de comunicação turcos e referenciado pelo Serviço de Inteligência Israelita, por volta de 12 de Fevereiro de 2023.

    O que é surpreendente é que a Ucrânia, com apenas 43 milhões de habitantes, já tenha perdido mais de 100.000 homens para a guerra num ano, o que levanta a questão: quantos homens estão no exército ucraniano? E serão todos eles ucranianos?

    Estratégia de mordiscar os russos, a fim de esgotar o potencial de luta ucraniano.
    Apenas os mercenários permanecerão, pelos quais os russos não mostrarão misericórdia.

    Putin não é nenhum “santo”, mas não incompreensível, pois provavelmente é muito sinceramente patriótico e deseja sinceramente ver o acordo de Minsk implementado. Sabendo que, de facto, “os” russófilos de língua russa da Ucrânia têm sido desde então atacados pelos “ucranianos” do Ocidente, incluindo os seguidores do representante de Hitler, Stephan Bandera, cuja estátua foi “restaurada para melhor” e honrada pelo Zelinsky com um talento de pianista bastante original para mencionar apenas isso. Embora de facto muitos dos antepassados dos actuais “ucranianos” não fossem ucranianos antes de 1940

    Muito pior e mais prejudicial que Putin são Gates e Schwab que, juntamente com o Goldman Sachs,rotchilds, Bank e o principal fundo de pensões Blackrock, entre outros, manipulam os presidentes das “democracias”, especialmente os EUA.

    A capacidade industrial da China excede a da UE e dos EUA em conjunto; o dado é fundido!

    Eles farão como os EUA fizeram em 1945 e pegarão nas castanhas quando os beligerantes estiverem de joelhos ….

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