Feliz Ano Novo

Para todos os que me lêem e seguem aqui ficam também os meus votos de Bom Ano Novo. Se não for pedir muito às divindades, melhor um pouco do que 2022. Pelo menos, tenhamos essa luz e essa esperança.

Deixo-vos abaixo um notável texto de Agustina Bessa Luís, sobre o Ano Novo, escrito há alguns anos mas que, hoje, com a guerra na Europa à nossa porta, tem uma redobrada acuidade.

(Estátua de Sal, 26/12/2022)


Eu desejaria que o Novo Ano trouxesse no ventre morte, peste e guerra. Morte à senilidade idealista e à retórica embalsamada; peste para um certo código cultural que age sobre os grupos e os transforma em colectividades emocionais; guerra à recuperação da personalidade duma cultura extinta que nada tem a ver com a cultura em si mesma.

Eu desejaria que o Novo Ano trouxesse nos braços a vida, a energia e a paz. Vida o suficientemente despersonalizada no caudal urbano para que os desvios individuais não sejam convite ao eterno controlo e expressão das pessoas; energia para desmascarar o sectarismo da sociedade secularizada em que o estado afectivo é mais forte do que a acção; paz para os homens de boa e de má vontade.

( Agustina Bessa-Luís, in ‘Caderno de Significados’, Guimarães Editora, 2013)


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Um pensamento sobre “Feliz Ano Novo

  1. Ser uma escritora de sucesso, não significa que tenha especial competência para transmitir pensamentos estruturantes para uma sociedade. Resta como positivo que não produza erros de ortografia nem de sintaxe. Quanto a coerência das ideias expressas, já no se pode ser muito positivo…

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