Os EUA vangloriam-se da sua guerra de informação contra a Rússia

(In Resistir, 15/05/2022)

Esta semana pôde assistir-se a relatos na comunicação social dos EUA admitindo abertamente que os serviços de inteligência americanos estão a semear conscientemente desinformação na comunicação social.

Uma  vez, o ex-diretor da CIA William J. Casey disse abertamente ao presidente americano Ronald Reagan e a outros assessores durante uma reunião na Casa Branca: “Saberemos que o nosso programa de desinformação está completo quando tudo aquilo em que o público americano acreditar for falso”.

Alguns viram essa observação como um aparte irreverente que não era suposto ter uma consequência real. Outros, no entanto, afirmaram que tinha conotações sinistras muito mais deliberadas, cuja escala de controle público do pensamento é um objetivo consciente.

Quando se observa como o conflito na Ucrânia e as relações ocidentais com a Rússia estão  a desenrolar-se e a forma como a comunicação social ocidental  noticia isso, as palavras de Casey parecem ser um aviso sombrio.

Esta semana apareceram alegações chocantes amplificadas na comunicação social americana e ocidental de um massacre na cidade ucraniana de Bucha supostamente realizado por tropas russas. A fonte dessas alegações foi a milícia ucraniana associada ao Batalhão Azov, infestado de nazis. O Batalhão Azov, cujos membros exibem abertamente a insígnia das Waffen-SS, foi treinado e armado pelos Estados Unidos e outros militares da NATO na última década.

Não houve nenhuma tentativa da comunicação social ocidental de verificar as alegações sensacionais feitas contra a Rússia. Foram impressas e transmitidas com entusiasmo, levando a mais sanções ocidentais e fornecimento de armas à Ucrânia em apoio ao regime de Kiev. O que é ainda mais perturbador é que a informação que pretende incriminar as tropas russas é questionável. As supostas atrocidades parecem ter ocorrido vários dias depois de as forças russas se retirarem da área.

Moscovo alegou que os assassinatos foram realizados pelo batalhão Azov, apoiado pelo Ocidente, numa provocação de bandeira falsa para culpar a Rússia. No entanto, a comunicação social ocidental rotulou em reflexo as alegações russas como “propaganda do Kremlin”. Até mesmo analistas ocidentais e fontes de comunicação social alternativa foram difamados ou censurados por ousar desafiar a narrativa de supostas atrocidades russas. Uma dessas vozes independentes é a de Scott Ritter, ex-oficial do Corpo de Fuzileiros Navais dos EUA, que foi temporariamente banido das redes sociais esta semana por fazê-lo.

Uma ironia amarga é que esta semana também se assistiu a reportagens na comunicação social americana admitindo abertamente que os serviços de inteligência americanos estão a semear conscientemente desinformação na comunicação social. Longe de sentir vergonha ou arrependimento, as agências de inteligência e a comunicação social dos EUA estão exultantes com a prática de atribuir à Rússia a “guerra de informação”.

Algumas das histórias de desinformação admitidas incluem alegações de que a Rússia estava planear usar armas químicas na Ucrânia; que o presidente russo Vladimir Putin estava a ser enganado pelos seus generais sobre a falta de progressos na guerra; e que Moscovo estava a procurar obter suprimentos de armas da China para a guerra na Ucrânia. Todas estas histórias são agora reconhecidas como falsas. A comunicação social dos EUA está a mentir ao público e a admitir isso abertamente. Mas, supostamente, tudo bem porque é em nome da guerra de informação contra a Rússia.

Outra história de desinformação foi a alegação feita em fevereiro pelo Departamento de Estado de que a Rússia estava a preparar-se para encenar ataques de bandeira falsa para servir de pretexto para invadir a Ucrânia. Quando o porta-voz do Departamento de Estado Ned Price foi desafiado pelos repórteres na época a fornecer provas concretas, ele insinuou sarcasticamente que esses repórteres estavam a promover propaganda russa. Acontece agora que o Departamento de Estado estava a vender mentiras plantadas por seus serviços de inteligência.

Nada desse conluio chocante entre serviços de notícias supostamente independentes e o aparelho secreto de inteligência deveria ser surpreendente. Afinal, o ex-diretor da CIA Mike Pompeo estava a gabar-se em público sobre o modo como a agência “mentiu e trapaceou o tempo todo” como um distintivo de honra.

Sabemos, de há décadas atrás, como a Operação Mockingbird foi um programa ambicioso da CIA para se infiltrar em todos os meios de comunicação dos EUA com editores e repórteres obedientes como agentes.

Frank Wisner, um importante oficial de inteligência da CIA, uma vez maravilhou-se com o que ele chamou influência da agência sobre a comunicação social como o “Poderoso Wurlitzer”, uma imagem adequada de um tocador de realejo a chamar a atenção para o discurso e a perceção do público.

Num trabalho de investigação de 1977 feito por Carl Bernstein, do Washington Post, famoso pelo seu papel no Watergate, foi relatado que centenas de jornais e emissoras nos Estados Unidos foram recrutados para o serviço da CIA. Os meios de comunicação incluíam o supostamente venerando New York Times até aos jornais provinciais em estados rurais poeirentos. Curiosamente, considerando  a  visão anterior de Bernstein sobre o controle do pensamento público pelo aparelho de inteligência, ele mais tarde tornou-se  um defensor da farsa “Russiagate” inventada pela inteligência dos EUA, implicando o ex-presidente Donald Trump como um fantoche russo.

Outra formidável fonte de verdade é o ex-agente sénior da CIA John Stockwell, que deu testemunhos copiosos e escreveu livros sobre como a CIA executa campanhas de desinformação da comunicação social em escala massiva e mundial.

Na Europa, o ex-editor de jornal alemão Udo Ulfkotte escreveu uma reportagem sobre como a CIA e outras agências de inteligência ocidentais recrutam funcionários em todos os principais meios de comunicação europeus para atuar como os seus olhos, ouvidos e bocas. Sabe-se também que a emissora estatal britânica, a BBC, foi, e talvez ainda seja, censurada pelo seu serviço nacional de inteligência, o MI5.

Embora tais revelações fossem conhecidas e divulgadas, era sempre uma conversa mole para evitar amplificar o escândalo para uma profissão que se gaba de guardiã do interesse público independente, da liberdade de expressão e pensamento, crítica do poder político e todo tipo de outros nobres epítetos.

Sempre foi um conceito ocidental denegrir a propaganda estatal como algo que foi feito na União Soviética e na Rússia de hoje, na China e em outros supostos estados “autocráticos”.

Diz o roto ao nu! A comunicação social ocidental, há muito, é muito mais culpada de vender desinformação ultrajante ao serviço das suas insituições de segurança militar. A farsa das armas de destruição em massa que levou à guerra genocida no Iraque em 2003 foi talvez o ponto mais baixo entre inúmeros outros episódios desonrosos. Há mais tempo tinha havido o falso incidente do Golfo de Tonkin que levou à Guerra do Vietname. Mais recentemente, houve a suposta mas falsa campanha de violações por soldados sob o comando do líder líbio Muammar Gaddafi que levou ao bombardeio da NATO na Líbia e ao assassinato de Gaddafi em 2011. O bombardeamento da NATO à Síria foi precedido de falsas alegações generalizadas da comunicação social ocidental de atrocidades com armas químicas que foram realmente realizados por representantes da mudança de regime apoiados pela NATO.

Na Ucrânia, a guerra foi precipitada pela NATO armando um regime nazi que estava a atacar a etnia russa no Donbass. Desde que a guerra eclodiu em 24 de fevereiro, após oito anos de provocações, a comunicação social ocidental acusou os militares russos de bombardear hospitais e teatros e agora de executar civis a sangue frio.

Isto é da mesma comunicação social que agora admite abertamente ser agente da desinformação e que parece não ter vergonha disso. Na verdade, eles estão orgulhosamente a gabar-se do seu papel de mentirosos como algo nobre. Esses meios de comunicação são cúmplices em alimentar conflitos e guerras. A sua função é encher o público de ignorância e nacionalismo exacerbado contra a Rússia para fortalecer a causa das indústrias e economias belicistas. Neste clima orwelliano distorcido, falar a verdade é cometer crime de pensamento e ser vilipendiado por aqueles que se exaltam na mentira.


Ver também:
La intoxicación lingüística. El uso perverso de la lengua, de Vicente Romano

O original encontra-se em www.strategic-culture.org/news/2022/04/08/us-media-boast-of-waging-information-war-against-russia/ e a tradução em pelosocialismo.blogs.sapo.pt/os-estados-unidos-vangloriam-se-de-196725


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8 pensamentos sobre “Os EUA vangloriam-se da sua guerra de informação contra a Rússia

  1. Os nossos interesses não coincidem com a recusa do retiro hegemónico americano.
    A guerra não é do nosso interesse, serve apenas para atrasar a saída e a submissão ao dólar.
    As guerras têm sido e estão a ser travadas em solo europeu, em detrimento dos povos europeus, fomentadas e alimentadas pela América.

    América dos consórcios, das finanças, da bolsa de valores, da indústria de armas, e agora da indústria química.

    O PIB, os resultados financeiros, os preços da bolsa, tudo nos indica, incluindo o colossal enriquecimento especulativo…
    Tudo está na ponta dos nossos dedos, mesmo à frente dos nossos olhos, por isso porquê recusar-se a lê-lo e deduzir a análise resultante.
    Quem especula sobre o preço das matérias-primas, petróleo, gás, trigo, colza, moedas?
    Quem lucra com a venda de armas, entregas de gás de xisto liquefeito, carvão da Austrália ou do Canadá …..
    Quem está a fazer passar fome à população?
    Vamos sonhar !!!!
    Que a Comissão Europeia, com o acordo dos 27 Estados, recuse esta guerra e a face do mundo seja mudada!
    Parem a corrida aos armamentos!
    Parem a submissão à América!

    A Nato preparou metodicamente este conflito.

    Compreendo que este é um tempo de guerra e que tudo é bom para desacreditar o inimigo,
    Olhando e comentando as notícias de forma imparcial, eu diria que os líderes militares ocidentais, não obtendo resultados no terreno na Ucrânia, estão agora a utilizar os meios de comunicação social para empurrar a Rússia para o erro (há quase 2 meses que todos os meios de comunicação social estão empenhados nesta estratégia de levar os soldados russos a orientar a sua estratégia de acordo com o que estes meios de comunicação social dizem), infelizmente a Rússia tem a sua própria agenda .

    Considero-me um cidadão do mundo e, como tal, sinto-me preocupado com a situação actual. O que é insano nesta manipulação histérica dos EUA, que é retransmitida em diferentes graus na Europa, dependendo dos interesses dos Estados, que são muito mais divergentes do que parecem, é que ninguém pode imaginar até que ponto uma guerra EUA-Rússia seria irrevogavelmente desastrosa para todos… excepto para a China: embora permanecendo um aliado da Rússia – que é enorme – abster-se-á de intervir militarmente. A China não entra em guerra por causa do comércio, como os EUA, mas por causa do comércio enquanto os EUA perdem inexoravelmente a sua liderança económica. Surgiria como a potência mundial absoluta – o que aconteceria mais cedo ou mais tarde – mas em proporções tais que poderia impor um poder esmagador ao mundo (restante)… Os EUA estão cegos pelos seus velhos reflexos anti-Rússia, pela sua propaganda hipócrita, e usam a NATO para colocar as suas peças no tabuleiro de xadrez europeu como bem entender. Toda a inteligência estratégica de Putin será inútil se eles continuarem a sua escalada de provocações sem sentido. A NATO tornou-se a alma condenada dos EUA, uma aberração que mantém reféns todos os países da Europa que a acolheram.

    Uma análise muito boa que vai para além da pista batida da imprensa ocidental, que só tem apoiado sem tentar compreender as políticas dos EUA nos últimos 20 anos.
    Os EUA não suportam a ideia de deixar de ser o número 1 num futuro próximo, pelo que é necessário quebrar qualquer aliança económica ou política entre a UE e a Rússia (ajudada pela Alemanha, Polónia, Lituânia etc,etc) de uma forma ou de outra. Tudo vale, desde que o objectivo seja alcançado (lobbying incessante dos decisores em Bruxelas).
    Os acontecimentos de Maidan não vieram naturalmente do povo ucraniano, mas foram inteligentemente orquestrados pelo Departamento de Estado norte-americano por uma soma de 5 mil milhões!

    O que está a acontecer agora é terrível para os civis ucranianos, é claro, e todos os actos de guerra devem ser condenados. Mas também se deve compreender que tudo o que a Rússia está a fazer agora é por anos de traição por parte da UE e da Nato pela passagem de uma linha vermelha estabelecida há muito, e pelo tratamento abominável da Rússia por parte do Ocidente. O que está a acontecer hoje em dia é inteiramente culpa da Nato e especificamente dos EUA.

    Parece que o mundo é governado por adolescentes em plena gesticulação uma minoria de pessoas decidirá sobre o bem-estar e o mal-estar da humanidade é triste onde está a liberdade a democracia que eles afirmam ser alucinante??

    Pelo menos o que está a acontecer mostra que a democracia era uma mentira, se é que ainda era necessária…
    Ah, mas o polvo é enorme!

    “os únicos pedaços de verdade que pode encontrar na imprensa estão nos anúncios… “thomas jefferson ”

    A censura da informação não leva a nada mais do que ao despotismo! É o bloqueio do pensamento e a recusa dos cidadãos em se informarem e reflectirem! A isto chama-se simplesmente “minar a democracia” para dar lugar a discursos oficiais e à comunicação governamental! Já temos o direito de nos interrogar sobre um certo recuo da liberdade de expressão! E no entanto, a luta pela liberdade começa frequentemente com a defesa desta liberdade de expressão!

    Os 5 princípios da propaganda de guerra, de acordo com Michel Collon:
    1- Esconder os interesses económicos e geoestratégicos
    2- Esconder a história e disfarçá-la
    3- Fazer-se passar por defensor das vítimas
    4- Diabolizar o adversário, apresentá-lo como uma grande ameaça. Fazer com que aqueles que duvidam pareçam traidores
    5- Monopolizar e prevenir o debate.

    • Olá André! Andei hoje à tua procrura pelo Facebook. Vi que já disseste o adeus à plataforma. Fizeste bem! Em breve também me vou libertar do pântano. Já tens o blog a funcionar? Onde é que te posso continuar a ler? Abraço. Grande análise da situação como é habitual!

      • Ainda não!Vou de férias e a partir de setembro recomeço!O blogue vai-se chamar as “Verdades não absolutas”.Falarei disto com tempo…

        Falarei de batalhas de inteligência,de dinheiro,poder,Reset,etc,etc. Os nossos sacerdotes do templo são tão “atraentes” com o seu fascínio de primeira classe, que têm sempre razão, temos de desprezar os russos!

        Mas lembro que a história é indiferente à moralidade, e especialmente à moralidade obscena. A verdadeira tragédia é que todos estes bons estudantes do mundo “livre”, que não descuidam de limar as unhas antes de entrarem nos programas de televisão, são totalmente incapazes de carregar uma arma e, em nome da soberania da Ucrânia, acharão confortável amanhã que os camponeses ou os seus filhos carreguem estas armas por eles. Tragédia é realmente a palavra certa.

        Os nossos líderes esquecem-se sempre que se houver uma 3ª guerra mundial será na Europa mas não nos EUA .

        Também falarei da “resiliência económica ” que é solidificada por um pouco de metal precioso, porque tenho a impressão de que o Ocidente está a empurrar o sistema financeiro ao extremo até à sua explosão, a fim de lançar uma nova ordem económica baseada no abandono do dinheiro e na reorganização de valores com base em novos critérios que antes nada tinham a ver com o mundo!

        Falarei de problemas estruturais. Problemas de energia, do aquecimento global ,do declínio do rendimento agrícola global, etc., são todas elas as causas profundas dos problemas actuais. A maioria das mercadorias está a atingir o seu pico de produção, a pressa em manter o crescimento com taxas baixas é agora insustentável.
        As nossas economias estão completamente dependentes dos combustíveis fósseis, cujo preço só vai aumentar. Estamos a caminhar para um verdadeiro decrescimento.

        Inflação, colapsos dos mercados bolsistas, queda dos factores de produção, não exportação de trigo da Ucrânia e agora da Índia, temperaturas insuportáveis na Índia e em breve na África, etc… O resultado são milhares de mortos de fome, países politicamente desestabilizados e uma inundação de migrantes para o nosso país!
        Recordemos os modos naturais de regulação da população 1) Fome, 2) Guerra, 3) Doenças

    • Uma já velha questão.
      A) «As guerras têm sido geralmente boas para a economia dos EUA. Tradicionalmente levam ao aumento do produto…utilização da capacidade industrial…acréscimo da atividade económica pela procura militar»-Economia, Paul Samuelson.
      B) «Cada espingarda que é produzida, cada barco de guerra que é lançado ao mar, cada granada que é disparada significa em última instância, um roubo a quem tem fome e não tem nada que comer»-Presidente Dwight Eisenhower, citado no Economia.
      C) «Du haut de leur splendeur, les Kennedy ont eté frappés par l’inégalité des conditions sociales…Les Kennedy sont l’aboutissement et la résumé d’une telle contradiction. Ils ont payé cher leur volonté de se placer d’eux-mêmes au cœur de la haine»-Quem terá decidido eliminar K?

    • Muito bem, André 2x Campos.

      Só erraste numa parte:

      «ninguém pode imaginar até que ponto uma guerra EUA-Rússia seria irrevogavelmente desastrosa para todos… excepto para a China»

      É um erro achares que haverá vencedores (China) depois de tal guerra, pois estás a partir do princípio, errado, de que após uma guerra entre potências nucleares ainda haverá planeta habitável. Não! Só cá estarão as baratas e outros seres resistentes à radiação e ao Inverno Nuclear, que será de escala global.

  2. Muito bom texto.

    Os EUA sozinhos nunca conseguiriam nada disto. É preciso também 150 batalhões de agências com comunicação ao serviço de Kiev/Pentágono, e um exército de “jornalistas” ocidentais dispostos a mentir propositadamante em nome da avença…

    Só um exemplo flagrante, e facilmente verificável, dos dois dias que passaram:

    – Ministério da Defesa (MdD) Ucraniano anuncia um grande sucesso, na destruição por 5 vezes seguidas das tentativas russas de fazer uma ponte móvel, e mostra fotos onde com quadrados amarelos identifica mais de 70 veículos russos destruídos. Isto num rio estreito na zona rural a noroeste de Severodonetsk (última coisa do Oblast de Lugansk que falta conquistar).

    Porque desconfiei logo que era mentira?
    1) vem do MdD, uma máquina de mentiras desde o primeiro dia (ex: fantasma de Kiev)
    2) mostra fotos em vez de vídeo (com 5 tentativas destruídas, não tiveram tempo de filmar?)
    3) diz que russos caíram na mesma asneira 5x seguidas sem nunca terem capacidade de contra-atacar contra os alegados ucranianos super-certeiros (só mesmo lunáticos é que acreditaram nesta parte)
    4) identifica como destruídos veículos sem sinais de destruição
    5) não há sinais de bombardeamento (ex: crateras no chão), pelo contrário há rodados recentes em cima do terreno queimado
    6) só se vê meia ponte móvel afundada, ou seja houve de facto uma (mas só UMA) tentativa russa falhada/travada

    E porque é que entretanto já tenho a certeza que era mentira do MdD Ucraniano?
    7) já há relatos da ofensiva russa na vila seguinte, acessível exatamente por essa ponte móvel
    8) o vídeo da zona, feito com drone russo, já foi publicado
    9) vê-se os tais veículos “destruídos” a mover-se, a avançar, e com soldados russos a manobrá-los ou calmamente à sua volta
    10) há tropas russas a andar calmamente já do lado de lá do rio (ou seja, sabem que já não estão em perigo de nova emboscada)
    11) vê-se a segunda ponte móvel à tona, aliás com uma das peças a ser montada
    12) esta não consigo ter a certeza, pois não sou perito militar, mas parece que alguns dos veículos destruídos até são dos ucranianos que tentaram barrar a passam dos russos

    E porque é que coloco aspas nos “jornalistas” ocidentais?
    Porque quando eu, um cidadão anónimo, sem capacidade de investigação, sem curso jornalístico, consigo quase de imediato saber os factos ao cruzar informações em várias fontes online disponíveis para qualquer um, se um jornalista não o faz, ou é o mais incompetente do Mundo, ou está a mentir de propósito!
    E quando ligo a TV cerca de 24 horas depois de eu já saber a mentira, vejo uma “jornalista” ocidental na “imprensa livre” a divulgar a propaganda do MdD Ucraniano, sem verificação, a partir de um directo em Kiev e com um capacete e um colete à prova de bala, de um ridículo proporcional aos milhares de Km de distância entre ela e a linha da frente.
    Para isso, mais valia ela demitir-se, deixar-se estar no seu país, a filmar um impreparado qualquer enquanto lê a cartilha do MdD Ucraniano.

    Ou seja, resumindo e concluíndo, vi em directo uma mentira do MdD Ucraniano com ajuda da máquina de mentiras do Pentágono, a ser INTENSIONALMENTE divulgada por uma “jornalista”, quando a mentira já tinha sido mais do que desmentida.
    E isto foi só um exemplo das últimas 48 horas. Tem sido assim desde há meses atrás!
    Devia ser a todo este sistema (e não apenas aos EUA) que o Putin se referiu quando falou do Império das Mentiras

    O link para a mentira e o desmascarar da mentira, feito num vídeo bem explicativo, e com um mapa da linha da frente no Donbass que faz corar de vergonha os mapas da indústria da “informação”. Ah, e se o The Saker é obviamente pró-Russo, a verdade é que em princípio o vídeo explicativo é de uma fonte independente da Ásia (ou seja, de um indivíduo dos ~85% da população Mundial que nem é Russo nem é Ocidental):

    https://thesaker.is/sitrep-operation-z-two-very-bad-days-for-the-ukraine-the-big-refuse/

    E já agora, aqui fica um quadro geral (em inglês) sobre a “iminente vitória da Ucrânia, e humilhação total da Rússia”, uma mentira cada vez mais óbvia, e sabemos bem com que intenções é feita: levar-nos a apoiar o envio de armas (mais lucros para a oligarquia do Complexo Militar Industrial) para ” heróis da resistência” (os NeoNazis de Azov, Aidar, C14, Svoboda, Sector Direito, etc, e infelizmente muitos soldados inocentes nas garras destes animais) e prolongar desnecessariamente uma guerra que só não foi evitada por teimosia e estupidez Ocidental, porque aquilo que agora vemos sempre foi o objectivo.

    https://www.moonofalabama.org/2022/05/if-ukraine-is-winning-why-is-the-us-requesting-a-ceasefire.html#more

    PS: e agora que a Ucrânia cortou o gás Russo (ou seja, sancionou os seus próprios aliados Europeus) eu quero ver como se fará o spin na “imprensa livre” quando as consequências doerem a valer. E vamos ver como será no futuro. Ou a Rússia e a Alemanha activam o Nord Stream 2 (seria o falhanço total da ofensiva dos EUA nesta guerra económica que dura desde 2008 contra a Rússia), ou a Europa vai passar um Outono e Inverno muito complicados.

  3. “Neste clima orwelliano distorcido, falar a verdade é cometer crime de pensamento e ser vilipendiado por aqueles que se exaltam na mentira.” Está aqui tudo resumido!

    • Certíssimo. Quem me dera ter essa capacidade de síntese, de dizer tudo com tão poucas palavras.

      O equivalente online a essa frase (obviamente mais pateta, mas hei, também temos de nos rir com coisas sérias) foi um meme deste género: mostrava uma maça vermelha e em baixo a legenda “isto é uma banana, quem disser o contrário é Putinista”.

      Até à Eurovisão isto chegou. Um grupo musical medíocre (e só por isso já não merecia ganhar, que isto de misturar política e cultura dá muito mau resultado) e que ainda por cima usa o palco para pedir ajuda para os NeoNazi do Batalhão Azov no bunker da Azovstal, e em que um deles faz claramente uma saudação nazi, parece que ganhou o voto do público Europeu…

      No mínimo, é sinal da lavagem cerebral. No máximo, foi fraude no voto para fins de propaganda. Já para não falar do voto do júri, que esse é sempre político.

      Por menos que isto, a OAS apoiou um golpe de Estado na Bolívia em 2019 feito por fascistas, apoiados pelo Partido Reformista Europeu – cuja maioria dos deputados são da Polónia – que até propuseram a efémera ditadora Añez para o Prémio Sakharov.

      Assim vai um mundinho Ocidental, cada vez mais pequenino e podre.

      Agora vamos ver o que se passará na NATO. A Turquia vai chumbar a entrada da Ucrânia-2 e da Ucrânia-3, ou será que esses países vão passar a chamar “terrorista” ao PKK, dos curdos que nada mais fizeram do que resistir contra o regime autoritário da Turquia, e combateram o ISIS no terreno no Norte da Síria e do Iraque?

      Será que vale mesmo tudo para a “elite” de Davos da “democracia liberal”, em nome dos favores prestados à oligarquia Americana? Ou será que o Pegasus Israelo-Pentagónico gravou algum inconveniente da Sanna Marin e da Magdalena Andersson?

      E já agora, não eram as mulheres que iam fazer a política muito melhor e mais pacífica? Ahahah, estou a brincar, obviamente que já sei a resposta a isso pelo menos desde que li sobre a história da governação Capital-Fascista da Margaret Thatcher, apoiante de Pinochet…

      Mas, hei, se o POTUS tem uma vice-Presidente que é mulher e negra, é porque é de “Esquerda” e é “Progressista”, e como tal toca a ajudar os NeoNazis da Ucrânia a matar no Donbass, os Fascista-Islâmicos da Arábia Saudita a matar no Iémen, os genocidas do Aprtheid de Israel a matar Palestinianos, etc.

      E se não passa na “imprensa livre” é porque não aconteceu… e se passar, é bem feita, pois se o bombardeado tem pele escura ou é russo, é um bombardeamento do bem… é em nome dos “valores Ocidentais”…

      Valores Ocidentais? Já só existe o dólar, e parece que não é por muito tempo:
      https://aviagemdosargonautas.net/2022/05/15/espuma-dos-dias-dinheiro-politizado-e-a-morte-do-capitalismo-por-matthew-piepenburg/

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